quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Reflexão – Cientistas amados e odiados pela agroquímica

Mata do Bugalhão, Serra De Montemuro. Foto de Luís Monteiro

A Syngenta não gostou das conclusões de um estudo que encomendou a James Cresswell, um perito em flores e abelhas na University of Exeter. Como a sua investigação de 2012 tivesse subvalorizado os impactos da varroa no extermínio das abelhas em relação aos impactos dos pesticidas da Syngenta, a empresa pressionou-o no sentido de ele considerar uma abordagem diferente. 
É o próprio Cresswell a admiti-lo: «É evidente que a Syngenta tem uma agenda». Confessa que aceitou o patrocínio da Syngenta sob pressão da sua própria universidade, carente de verbas que lhe permitem manter-se no topo dos rankings académicos.

Cresswell é um dos exemplos de como cientistas e investigadores universitários, financiados por gigantes químicos e da biotecnologia como a Syngenta (agora a ser comprada pela China National Chemical Corporation) e a Monsanto (agora em processo de fusão com a Bayer), são pressionados a produzir relatórios favoráveis à validação e aprovação dos seus produtos para uso nos mercados. Tudo através de acordos de confidencialidade acerca de pormenores menos favoráveis revelados pelas investigações.
Muitos desses acordos revelam que as entidades reguladoras são muitas vezes mais colaboradoras do que cães de guarda, explorando a pesquisa conjunta e acordos de patentes que eles concordam em manter secretos. 
Danny Hakimdec in NYTimes 31dez2016.

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