quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Reflexão – pode uma empresa simultaneamente produzir veneno que provoca o cancro e remédio para ele?

Imagem captada aqui.

A Syngenta aterrorizou um cientista durante 15 anos para abafar os impactos negativos da atrazina, o segundo herbicida mais popular nos EUA, após o glifosato. Aprovado em 1958, foi proibido na Europa em 2005 por alegados danos ambientais, nomeadamente o elevado risco de contaminação da água. Tyrone Hayes, professor da UC Barkeley, foi contratado pela Novartis, mais tarde Syngenta, para investigar os impactos da atrazina nos anfíbios. A publicação dos resultados da sua investigação foi posteriormente bloqueada porque não agradava à empresa, uma vez que, entre outras coisas, se concluía que a atrazina provoca hermafroditismo nas rãs, transformando machos em fêmeas ao induzir uma enzima chamada aromatase, que causa a sobreprodução de estrogénio. A Syngenta tentou convencê-lo a manipular os dados. Depois de recusar, demitiu-se, tendo sido proibido de debater sobre os dados recolhidos em painéis que não fossem da Syngenta.

Posteriormente, Tyrone Hayes aprofundou a sua investigação e concluiu: a atrazina castra e efeminiza quimicamente a vida selvagem, estimula o cancro do peito e da próstata, atrasa o desenvolvimento mamário e induz o aborto em ratos de laboratório.

Apesar de ter sido várias vezes ameaçado e de a sua correspondência eletrónica ter sido pirateada, os resultados da investigação de Tyrone Hayes deram força a processos judiciais de 20 companhias de águas que acusavam a Syngenta de contaminar o seu produto e, por isso, serem obrigadas a gastar imenso dinheiro em equipamentos para filtrar e depurar a água. A Syngenta acabaria por ser obrigada a indemnizar aquelas empresas em 105 milhões de dólares.

Entretanto, investigações mais recentes mostram que a exposição à atrazina provoca problemas reprodutivos não só em mamíferos como também em aves e peixes

Tyrone Hayes sublinha dois tipos de conflito de interesses em que a syngenta se enredou. Primeiro, produz sementes transgénicas destinadas a tolerar os herbicidas que vende: o negócio das sementes transgénicas mais não é do q eu um meio para vender mais herbicidas. Segundo, até 2000 a Syngenta produzia não só a atrazina, - que induz aromatase e provoca a sobreprodução de estrogénio, um efeito que pode aumentar o risco de cancro da mama -, mas também produzia o letrozol, um inibidor da produção de estrogénio e que é utilizado no tratamento do cancro. Mercola.

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