«O “Correio da Manhã”, cuja notícia menciona números e percentagens, gaba-se de que reforçou a liderança, com uma média de vendas de 97.190 exemplares a que corresponde a quota de mercado de 59,8%. Omite, no entanto, o facto de já ter vendido mais de cem mil exemplares e ter atingido uma quota de 66%. Esta situação é geradora de alguma esquizofrenia, quando se vê a notícia a afirmar o reforço da liderança e, ao mesmo tempo, o director a alertar para «a queda abrupta da venda de jornais». É óbvio que ele sabe do que está a falar. O “Expresso” publica um texto bonacheirão sobre as publicações do grupo Impresa, como se elas vivessem no melhor dos mundos. Parece um texto escrito pelo departamento de marketing. Onde está a comparação com períodos anteriores? Qual é, de facto, a tendência das vendas? A seriedade do texto pode avaliar-se pela referência que faz a “duas” publicações do grupo: «o “Jornal de Letras” e a “Artes e Ideias” registaram também um crescimento, com quase sete mil exemplares em circulação». Quem debitou as banalidades numéricas ignora que o título completo do “JL”, nome pelo qual é conhecido, é “Jornal de Letras Artes e Ideias”. A “Artes e Ideias” !? Estão a gozar com os leitores. No “Diário de Notícias”, o assunto foi entregue aos cuidados de uma subdirectora, que fez uma redacção sobre percentagens (omitindo números concretos) e baralhou vendas em papel com assinaturas digitais e estas com acessos digitais não pagos. Para aumentar a confusão, mistura períodos de seis meses com períodos de dois (percebe-se porquê: maio e junho foram meses em que as vendas subiram por causa do campeonato europeu de futebol). Sobre o fantástico crescimento das percentagens, será bom ter em conta que um aumento de 10 leitores para 20 corresponde a um aumento percentual de 100%.» João Alferes Gonçalves in Vendas de jornais: uma deplorável manipulação – Clube de Jornalistas.
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