segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Bico calado

  • Um navio de cruzeiros da Cardinal esmagou uma marina em Messina, Sicília. Dizem que foi por causa de ter aumentado a potência dos motores devido a ventos e correntes fortes que se faziam sentir na altura. Os prejuízos estão calculados em 250 mil euros.
  • «(…) A história das frustrações longamente recalcadas de Fernando Lima (...) é apenas um relato pessoal, parcial e por vezes assumidamente vingativo do seu autor. Se alguma coisa ilustra, por osmose e pelo exemplo em causa, é a miséria ética e política de uma Presidência que acabou com um descrédito e um desprezo geral nunca antes alcançado por aquelas bandas. (…) o livro de Fernando Lima não vai além dos arrufos de comadres, dos estiletes de ocasional veneno distribuídos por não nomeados (ou, ainda a medo, pelo chefe), da descrição de alguns lances de baixa e baixíssima política, das mais bacocas banalidades apresentadas como informações importantíssimas e das paranóias conspirativas e securitárias em que tanto o autor do livro como o seu amo do Palácio sempre gostaram de se consumir e de se imaginar alvo. Tudo convergindo para o único episódio que, bem espremidas as 400 páginas, era, como se adivinhava, o fim principal do autor: contar a sua versão do triste e célebre caso das “escutas a Belém” que José Sócrates teria mandado instalar. (…) No dia 18 de Agosto de 2009, no final do primeiro governo Sócrates, o jornal “Público” fazia manchete desta notícia estrondosa: “Presidência suspeita estar a ser vigiada pelo Governo”. Ao longo do texto, todo feito de insinuações e suspeitas de fonte não nomeada, vendia-se a ideia de que “Belém” tinha fortes indícios de que estaria a ser escutada, vigiada, espiada por São Bento, e, nomeadamente, através de um assessor de Sócrates que, entre outras ocasiões, se teria aproximado demasiadamente de pessoal do Presidente, durante uma visita à Madeira, com o fim evidente de escutar o que diziam. A “notícia” só não morreu de imediato de um ridículo atroz porque havia ali um dado que, esse sim, era evidente e grave: com fundamento ou sem ele, Belém desconfiava do Governo, o PR desconfiava do PM, e queria que se soubesse. E se Sócrates tratou logo de desmentir a parte que lhe dizia respeito, Cavaco manteve-se num sibilino silêncio, a pretexto de não interferir com o ambiente político, numa altura em que se avançava para eleições legislativas. Obviamente que o silêncio foi lido como confirmação das suspeitas de Belém, e obviamente que interferiu com a campanha, permitindo ao PSD afixar cartazes onde anunciava que a liberdade estava em perigo. Não foi uma jogada de mestre, foi uma jogada típica de Cavaco Silva: nem que sim nem que não, atira a pedra e esconde a mão. (…) A 18 de Setembro, o “Diário de Notícias” divulga a verdadeira bomba: toda a história tinha sido congeminada entre Belém, através de Fernando Lima, e a direcção do “Público”, chegando-se ao ponto de orquestrar a forma e o conteúdo da notícia inicial (…) passadas as eleições, Cavaco Silva decide, enfim, prestar esclarecimentos ao país. Fê-lo numa comunicação televisiva que ficará para a história da hipocrisia e da cobardia política.  (…) informou o país de que, tendo nesse mesmo dia chamado uns “técnicos”, estes lhe haviam revelado que até o seu computador podia ser infiltrado. E, já agora, um tal de Fernando Lima era descartado das suas funções, mas mantendo-se ao serviço — no tal sótão, a ler jornais até ao fim dos tempos. Típico de Cavaco: não se atreve a despedir o homem com medo das represálias, mas também não se atreve a não fazer nada, com medo da reacção política. Não se atreve a confirmar as suspeitas levantadas pela sua Casa Civil, mas também não se digna a negá-las. (…) O desterrado conta agora, seis anos volvidos, que Cavaco levou o seu descarte ainda mais longe, ao ponto de fingir que não viu o seu antigo assessor quando com ele se cruzou em público. E, tendo-o reconduzido nas funções de sótão para o seu segundo mandato, nunca mais lhe quis pôr a vista em cima. Magoado, “chocado”, Lima seguiu em silêncio o seu “caminho das pedras”, cinco anos fechado no seu sótão a ruminar esta pífia vingança. 400 e tal páginas em que deixa sem resposta as únicas perguntas que interessavam: quem, afinal, congeminou a tal conspiração das escutas — foi ele, foi Cavaco, foram ambos ou foi outrem? E Cavaco sabia, consentiu, aprovou, acompanhou? E, enfim, a pergunta que qualquer ser decente se fará ao ler esta longa recriminação: por que razão alguém, assim distratado e publicamente humilhado por quem serviu tantos anos, se mantém em funções, em lugar de se demitir imediatamente?» Miguel Sousa Tavares in Nos sótão da presidência – Expresso, via A estátua de sal.
  • O Facebook censurou este artigo do Daily Star, intitulado The footage that proves bombs were planted in Twin Towers (As imagens que provam que colocaram bombas nas Torres Gémeas». O FB censura conteúdos mas o seu patrão insiste em mentir, dizendo que a plataforma é apenas tecnológica.

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