terça-feira, 30 de agosto de 2016

Bico calado

Tailândia. Foto de Gemunu Amarasinghe/AP.
  • A Comissão Europeia mandou a Apple devolver 14,5 biliões de euros de incentivos fiscais à Irlanda ilegalmente concedidos entre 2003 e 2014. WSJ.
  • «Mas o que é que deu a vários políticos no activo que quando chega o Verão perdem o juízo todo? Eu sei que o sol tem estado muito forte, e a canícula é grande, mas todos são gente com dinheiro para se protegerem, estarem repousados no ar condicionado, usarem bons chapéus e porem cremes no corpo. Mas não, passam-se da cabeça e do corpo e é um estendal pouco dignificante nas revistas do “coração”, que, pelo menos uma vez por ano, não têm como matéria prima apenas as estrelinhas das telenovelas e os famosos porque são “famosos” e têm gente que, todos esperamos, sabem o que fazem. Às vezes duvido. Podem dizer, e esse é também o argumento comercial e interesseiro das revistas e dos fotógrafos que vendem as férias dos “famosos”, que não havendo nada a esconder, tudo se pode mostrar. Mas mostrar e exibir são duas coisas diferentes. Não são fotos de paparazzitiradas às escondidas, mas exposições e poses consentidas e certamente negociadas, feitas voluntariamente num exibicionismo insensato, para não dizer outra coisa. Vejamos dois exemplos: o que leva o nosso Presidente da República, que eu pensava mais comedido nestas matérias, a exibir a sua praia em companhia, numa companhia que, aliás, sempre se tinha pautado pela reserva e ainda bem? O outro exemplo é o de Assunção Cristas que se mostra para a fotografia com um vestido curto com kiwis (Nossa Senhora do Gosto alumiai-nos a todos!) e noutra série de fotos combinadas com os calções que antes se chamavam hot pants e o hot estava lá por alguma razão. É-me indiferente que o Presidente queira aparecer de “namorado” ou que a líder do CDS tenha resolvido ser sexy, estão no seu direito de ter as ilusões que quiserem. Mas não me venham depois dar lições de moral do comedimento, de moral da reserva, ou da moral que deve assistir a adolescentes e adultos na defesa da privacidade, sua e dos seus.» Pacheco Pereira in Proposta de proibição do Verão para os políticos  - Sábado 26ago2016.
  • «Num país onde há tanta gente nos supermercados em fato de treino, custa a aceitar resultados tão fracos. Veja-se Cuba, tem um ditador reformado que anda de fato de treino o dia inteiro, mas teve 11 medalhas. Segundo fontes, que eu inventei (não pode ser só o Marques Mendes), ficámos em quarto lugar dos países onde a prestação dos seus atletas olímpicos é mais criticada. Ou seja, nem a dizer mal chegámos à medalha. Esperava mais destes críticos. É natural que certas pessoas sintam que ficámos aquém das expectativas. Não nos podemos esquecer de que somos um país habituado a ter gente a ganhar medalhas, como por exemplo, o Ricciardi, o Mexia e o Zeinal Bava (melhor banqueiro da Europa, melhor gestor da Europa, do mundo, etc). Depois de termos gasto 20 mil milhões de euros com banqueiros de topo, 17 milhões, em quatro anos, para atletas olímpicos, são luxos a que não nos podemos dar. Desta vez, até o ladino João Miguel Tavares teve a distinta lata de se vir queixar do “choradinho olímpico” e do que gastámos (segundo o CM) com aquela malta, exactamente na mesma página onde já choramingou pelos direitos de autor que o fisco lhe cobrava e na coluna onde defendeu as escolas privadas com natação e cavalos pagos por nós. Pessoalmente, prefiro pagar a canoa do Pimenta que a “dressage” do Martin. Infelizmente, os nossos atletas olímpicos, depois de quatro anos fracassados, ao contrário dos heróis do João Miguel Tavares, não são convidados para uma Arrow Global ou para um Goldman Sachs. (…) Confesso que também estou farto do choro pós-olímpico, mais concretamente dos choramingas que, de quatro em quatro anos, se queixam que Portugal não trouxe medalhas. Aposto que se um daqueles atletas, de repente, saca uma medalha com um golo à Ederzito, vão a correr fazer um site para pedir desculpas. Aos que se sentem mais desgostosos com a nossa competitividade olímpica, deixo um conselho, podem sempre doar 0,5% do vosso pagamento de IRS a instituições, e há várias dedicadas ao desenvolvimento desportivo de jovens. Mas, se calhar, dá uma trabalheira ter de preencher o quadro 9 do anexo H do IRS. Não compensa, prefiro queixar-me. Na minha moderada opinião, estou a calmantes, é imoral exigir seja o que for de quem desprezámos durante quatro anos.» João Quadros in Mais críticos, mais chatos e com mais lataJNegócios 26ago2016.

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