terça-feira, 5 de julho de 2016

Bico calado

  • A Shell quer que a Escócia permanece no Reino Unido apesar das incertezas provocadas pelo Brexit. Herald Scotland.
  • Tony Blair poderá ser julgado em tribunais escoceses por crimes de guerra, avisa  Alex Salmond, do Scottish National Party. Press TV.
  • «(…) o que Maria Luís diz é o que todos já sabemos: que estas sanções não têm nada a ver com execução orçamental. Têm a ver com obsessão ideológica, são políticas. A Bruxelas é isso que preocupa. Se Maria Luís continuasse ministra muito provavelmente não estaríamos a assistir a esta vergonha, mas seguramente que continuaríamos a afundar-nos em desigualdade e pobreza. Bruxelas não quer saber de metas, nem de défice. Quer saber de quem esteja ao serviço dos 'donos' e se esqueça do seu povo. E isso, sabemos, continuaria a ser feito na perfeição.(…)» Marisa Matias.
  • «(…) Chama-se Schmock, essa personagem, e a sua réplica mais famosa, a que melhor serve para a caracterizar como um jornalista que se molda a todo os ambientes porque não se sente condicionado por convicções nem princípios, é aquela em que proclama: “Aprendi [...] a escrever para todas as tendências. Escrevi à esquerda e depois à direita. Sei escrever de acordo com qualquer tendência”. A actualidade de Schmock está bem visível na dança frenética de directores, sub-directores, editores, colunistas e outros membros da oligarquia que domina hoje os órgãos de comunicação social: de jornal para jornal, da televisão para o jornal, do jornal para a rádio e vice-versa e em todos as direcções. O verdadeiro Schmock, o que mais zela pela glória do seu antepassado, é aquele que completa o círculo em menos tempo. Se a mesma pessoa pode pôr-se ao serviço de tanta gente e de tantas instituições da nossa paisagem mediática é porque deixou de haver o princípio da incompatibilidade. Se não se fizesse tábua rasa de uma função eminentemente cultural do jornalismo que perdurou deste o Iluminismo até aos nossos dias (segundo a qual os media, através do exercício organizado e sistemático da crítica, dão forma, em conjunto com outras instâncias do conhecimento e da socialização da cultura, a uma opinião pública racional), se essa função estivesse tão profundamente inscrita na sua forma de existência que, destituído dela e da respectiva efectualidade, um jornal ou uma revista só poderiam morrer, como morre uma planta sujeita a um clima que lhe é estranho, os nossos Schmock não teriam a oportunidade de prosperar. Eles só existem e prosperam no seio de uma cultura decorativa, onde se pode escrever ou programar à esquerda ou à direita, de acordo com a tendência de ocasião. E todo o seu trabalho é dirigido a uma massa informe, em que também os leitores e os espectadores são vistos como receptores acríticos. Eles cumprem uma função que só se pode desenvolver sobre as cinzas do jornalismo e de todo o projecto cultural. Como Lacan dizia do amor, também eles poderiam dizer dos jornais, rádios e canais de televisão que dirigem, por turnos: a nossa missão consiste em dar o que não temos a alguém que não o quer. (…) » Antónioo Guerreiro in A jornalização em curso (2ª parte) – Público 1jul2016.
  • «Enquanto a imprensa não tratar de si e não for ela mesma a garantia da sua idoneidade, teremos de ser nós a questionar toda a informação que nos chega e a perguntar se haverá interesses disfarçados por trás das notícias, se alguém terá alguma coisa a ganhar com a abordagem ao assunto e, principalmente, que ideia sobre o mundo e a vida nos está a ser dada a engolir. Acreditar é um perigo, é dar de bandeja o poder de construir a nossa realidade a outros. O homem que questiona é livre, e só esse homem pode esperar alcançar um vislumbre da verdade e cruzar a vida sem estar à mercê de manipulações e interesses alheios. O futuro dos media tradicionais está nas suas próprias mãos. Não sei como poderão sobreviver ao perderem aquilo que os diferencia, que é nada mais do que o facto de serem uma referência, o que se traduz na confiança que temos em relação à informação que nos passam. Esta confiança foi traída e ou a imprensa tradicional nos prova que está acima de interesses económicos e de grupos, ou o seu futuro avista-se curto. É que a informação anda por aí e não há tempo para se viver enganado.» Sónia Belacó – Visão 4jul2016.

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