domingo, 8 de maio de 2016

Bico calado

Imagem apanhada aqui.
  • «O Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas, em Santa Maria da Feira, recebe quase seis milhões de euros anuais do Estado para financiar mais de dois mil alunos. Graças aos dinheiros públicos, não falta ao colégio uma piscina quase olímpica. A escola pública de Santa Maria da Feira, ao lado e com qualidade, perdeu, nos últimos anos, 1100 dos seus 1700 alunos. O Colégio da Nossa Senhora da Boavista, em Vila Real, recebe 1,2 milhões de euros anuais por 15 turmas em contrato de associação. As escolas públicas vizinhas têm capacidade para receber cerca de um terço dessas turmas. A autarquia teve o cuidado de desenhar a rede de transportes públicos de acordo com as necessidades dos alunos do colégio, não tendo a mesma preocupação com os alunos da escola do Estado. No Externato Secundário do Soito, no Sabugal, a quase totalidade dos alunos está lá por financiamento público. Existe no Sabugal uma alternativa que poderia receber duas das quatro turmas do Externato, de que o presidente da Câmara foi diretor. (…) O que está em causa é um processo muito comum em Portugal: a necessidade pública de contratar um serviço privado transforma-se, aos olhos do contratado, num financiamento obrigatório permanente. E foi assim que se instalou um negócio à sombra de dinheiros públicos, na esperança infundada de que estes contratos fossem eternos: em 2011, 71% dos colégios privados com contratos de associação dependiam em mais de 90% do Orçamento de Estado; 34% dependiam a 100%. Em nome da mais elementar boa gestão de recursos, o Governo não vai abrir novas turmas de início de ciclo (5º, 7º e 10º ano) em áreas onde exista capacidade instalada e desaproveitada da rede pública. (…) E é por isso que, por uma vez, eu e os senhores da troika estamos de acordo: o memorando exigia a redução e racionalização das transferências para escolas privadas com contrato de associação. Esta redundância de oferta, com brutais prejuízos para a escola pública e para os contribuintes, resistiu a cinco anos de discursos contra o desperdício e de cortes cegos na educação.» Daniel Oliveira in O negócio da mesada – Expresso 7,ai2016, via A estátua de sal.
  • «Numa estranha entrevista ao jornal Sol, o ex-PM, Pedro Passos Coelho, no seu tom cínico limão, disse: “O Presidente da República irradia felicidade.” Escrevo – “estranha entrevista” – porque, vendo Passos na bancada da oposição, dir-se-ia estar numa missão de redimir toda a sua vida num sagrado silêncio. Também me parece estranho que o mesmo Passos que ainda há pouco gargalhava, no Parlamento, perante o discurso de Centeno, tenha um tom crítico em relação à felicidade do PR. Não é bonito escarnecer da felicidade dos outros. Passos está atento à alegria de Marcelo da mesma forma que o ex-PR, Aníbal Cavaco Silva, dava atenção ao sorriso das vacas. No fundo, são pessoas que estão sem nada para fazer. O Doutor Pedro Passos Coelho precisa de ocupar o tempo. Tem de começar a fazer qualquer coisa que tem boa idade para isso. Até a Maria Luís arranjou emprego e sabemos bem como ela era especialista em acabar com ele. O Doutor Coelho não pode continuar assim, deprimido, sem aceitar a realidade. (…) Todas as manhãs, um Passos deprimido acorda sedento de más notícias – “Diz-me que os juros subiram! Diz-me que Tozé Seguro pegou fogo à sede do BE! Diz-me que houve um terramoto e morreram todos menos eu!” – É terrível. Ninguém aguenta ter como profissão ficar sentado numa bancada, a ouvir a voz de professora primária de Cristas e as gargalhadas do Doutor Rebelo de Sousa, com um pin enferrujado, de boca calada, deixando passar o tempo lentamente, até às autárquicas, na esperança de acordar um dia com uma notícia de uma grande desgraça nacional. João Quadros in Do riso e do esquecimentoJNegócios 6mai2016.
  • Galeria das inaugurações de Passos Coelho, segundo o DN. E segundo o JN.

1 comentário:

OLima disse...

07 Agosto 2015 • Lusa
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, inaugura esta sexta-feira a nova Ponte da Foz do Rio Dão, uma obra que custou mais de 10 milhões de euros e fica integrada no Itinerário Principal (IP) 3, entre Mortágua e Santa Comba Dão.

De acordo com a Infraestruturas de Portugal (IP), a nova ponte, sobre a albufeira da Barragem da Aguieira, "tem por objectivo substituir a existente, dado que a mesma apresentava patologias devidas a reacções expansivas do betão".

http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/passos_coelho_inaugura_nova_ponte_no_ip3.html