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A Câmara de Guimarães acionou plano de ação para várias autoridades fiscalizadoras investigarem a autoria da descarga ilegal no rio Ave, detetada ontem de manhã nas imediações da captação do Bioso, Gondomar.
A ocorrência não é extraordinária, tendo a câmara de Guimarães, no passado, apontado o dedo a Santo Emilião e a Gondomar como responsáveis pelas descargas de poluentes que ciclicamente afetam o Ave. A empresa de extração de pedra de Gaspar Borges, vice-presidente do Sporting Clube de Braga, já esteve debaixo de fogo das autoridades policiais e municipais por fortes suspeitas de poluir amiúde o rio. Segundo uma investigação do JN, por altura de uma forte descarga, o rio tingia-se na zona da Veiga, onde desaguava uma papa prateada, composta por pó de pedra e água. Ainda segundo a investigação do JN, o foco poluente começava em tubos que saíam do território da empresa Nicolau de Macedo, pedreira de extração de granito administrada por Gaspar Borges, atravessando, a partir daí, a estrada nacional, passando por montes e valetas até chegar à zona da Veiga. Apesar de a empresa ter sempre negado a autoria da descarga e dizer garantir o cumprimento de todas as regras, fora-lhe, perante as evidências, instaurado um auto de notícia. Aliás, só para a Nicolau de Macedo, a GNR de Guimarães já elaborou cerca de 20 autos de notícia e decorria, em agosto de 2015, um processo criminal na 7.ª secção do Tribunal de Braga na sequência de descargas alegadamente provenientes daquela empresa. Refira-se ainda que Gaspar Borges, vice-presidente do Sporting Clube de Braga e proprietário da pedreira Nicolau de Macedo, é o responsável pelo Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SIDVA), que recebe milhões de euros das empresas daquela bacia hidrográfica para tratar as águas residuais das indústrias e que a responsabilidade de Gaspar Borges nas empresas que despoluem é feita através da construtora ABB, que, em 2008, adquiriu a Aquapor, que tem a concessão do tratamento de águas para vários municípios. Esta concessão significa a exploração das três estações de resíduos do Ave e a cobrança, a todas as indústrias ali ligadas, de 56 cêntimos por cada mil litros de água suja tratada.
Guimarães tem pugnado pela descontaminação do Ave, uma componente do projeto de candidatura daquela cidade a Capital Verde Europeia. São 12 os parâmetros de avaliação para a atribuição do título de Capital Verde Europeia a uma cidade, entre os quais tratamento de águas residuais e gestão da água, eficiência energética, zonas verdes urbanas que integram a utilização sustentável dos solos, natureza e biodiversidade.
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