Angola. Foto de Mário Rui Ribeiro 6jan2016.
- Estatuto de celebridade televisiva beneficiou Marcelo, revela estudo citado pelo Diário Económico.
- Marcelo, troca tintas: a última dele em matéria de política educativa. FB.
- «Faz muita falta um calendário com todos os debates, como há com os jogos do mundial de futebol. (…) As combinações são infinitas. Sabendo que até podemos pôr Marcelo a debater com Marcelo, porque Marcelo diz uma coisa e o seu contrário, é difícil apanhá-los em concordância.» João Quadros in Tsunami de debates – JNegócios 8jan2016.
- «Foi particularmente vergonhosa para a democracia no seu conjunto a parte em que Marcelo se vangloriou de fazer uma campanha sem gastar dinheiro por causa da crise, embarcando num populismo baixo. ‘Não vá por aí’, pediu Nóvoa, cuja notoriedade baixa exige mais meios de campanha, naturalmente. Marcelo insistiu: ‘Vou, vou, vou.’ E vai. E ‘ao ir por aí’ - apenas porque a sua notoriedade televisiva de décadas lhe permite dispensar campanhas tradicionais - mete mais um prego no caixão da democracia. Nóvoa conseguiu expor algumas contradições de Marcelo - e está a milhas da experiência política e televisiva do outro professor. A discussão que este quis fazer sobre ‘onde [Nóvoa] esteve no 25 de Novembro de 1975’ é especialmente datada e Nóvoa teve a delicadeza de não recordar a Marcelo onde ele estava em 1973.» Ana Sá Lopes in Marcelo a perder com Nóvoa? Sim, aconteceu – i 8jan2016.
- «O mesmíssimo Paulo Morais que dispara sobre todos os vagos e supostos conflitos de interesses, quando tem à sua frente um caso concreto, prefere voltar à generalização: Maria de Belém não tem de responder pelos seus atos, mas por ser de um partido. Mesmo que haja, como há, atos seus que indiscutivelmente cabem nos ataques que Morais costuma fazer. Pelas costas. Porque Paulo Morais tem a vontade de conquistar que esta conversa garante, mas não tem o nervo frio para confrontar, cara-a-cara, os que fazem aquilo que condena. Assim como não tem o rigor para dar ao discurso sobre a corrupção a solidez política que ele precisa. Só que tomou de tal forma conta do tema que quem o ataca pode passar por cúmplice da corrupção. E ninguém quer correr esse risco quando está perante um candidato que aparece nas sondagens com menos de 2%. O benefício não vale o custo. E é assim que o discurso sobre a promiscuidade entre o público e o privado balança entre dois extremos perigosos. De um lado, a relativização, onde tudo se deve resumir ao cumprimento da lei. Se a política trata do tema vem logo a acusação de populismo. Do outro, os que se dedicam à generalização sem rigor para ganhar uns votinhos e uns aplausos fáceis.» Daniel Oliveira, FB.
- «’Viemos com o peso do passado e da semente, esperar tantos anos torna tudo mais urgente e a sede de uma espera só se estanca na torrente”. O início da canção “Liberdade” de Sérgio Godinho e o final do artigo que António Costa publicou no DN do passado fim-de-semana entrelaçam-se na remissão para ela com que o termina. A canção diz que só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, Saúde, Educação, quando houver liberdade de mudar e decidir. O artigo de Costa também, fala do que já foi feito, do que está a ser feito e do que será feito graças a essa liberdade de mudar que exercemos em Outubro passado. Em boa hora o fizemos. A partir daqui começam a desafinar. Godinho canta a sede de uma espera de 48 anos. A sede de Costa é bem mais curta, apenas quatro anos e meio. A nossa, que sentimos nas vidas o impacto dos quase 10% do PIB que a fatia dos salários emagreceu para engordar a parte do bolo que cabe aos lucros, rendas e proveitos financeiros desde a entrada no euro, não é apenas laranja como a de Costa e ameaça ultrapassar os 48 anos da original enquanto não renegociarmos a dívida, a permanência no euro e os termos do Tratado Orçamental que Costa não quer renegociar por, diz ele, ser possível conciliá-los com o pão, a habitação, a Saúde e a Educação. Desafina sobre isto o artigo inteiro. Regressando à canção, naquela que porventura será a sua mensagem mais forte, ela diz-nos que não há liberdade a sério enquanto não pertencer ao povo o que o povo produzir. Em 1974 isto tinha um significado muito diferente do que possamos dar-lhe hoje. O conceito de “povo” alargou-se. Hoje muita da burguesia que naquele tempo não o era, hoje é tão povo como o povo, produz como ele, vê-se tão desapossada como ele, indigna-se tanto como o povo mais povo quando lê um Primeiro-ministro escrever apenas duas linhas sobre uma alegada estabilidade do sistema financeiro poucos dias depois de enterrar muitos meses de urgências de pão, habitação, Saúde e Educação em mais um banco falido por aquela burguesia que nada produz e vive à conta de todos. Costa bem pode cantarolar o que quiser. Não haverá liberdade a sério enquanto não explicar, entre outras liberdades que se permitiu, como é que aceitou recusar ofertas melhores pelo BANIF para vendê-lo ao Santander com os cofres a transbordar de dinheiro que é nosso, seis vezes mais do que o valor exigido pelas autoridades europeias. A trama do BANIF adensa-se, ler aqui. “O galo canta de galo, a galinha cacareja e o pintainho deseja o fim de tanto badalo e o galo canta de galo. O galo come faisão, a galinha é quem o assa e o pobre do pinto passa, passa uma fome de cão e o galo come faisão.” (Sérgio Godinho – “O galo é o dono dos ovos”)» Filipe Tourais in Costa Canta Godinho – O país do Burro.
- «Os títulos da imprensa do dia obrigam-me a voltar ao tema BANIF, aqui tratado ontem. É que hoje lê-se em toda a parte “BCE recusou oferta para o Banif que poupava 1,7 mil milhões ao Estado”, quando o que deveria ler-se seria “Governo aceitou que o BCE recusasse oferta para o Banif que pouparia 1,7 mil milhões aos contribuintes”. É um bocadinho diferente. Um bocadinho tão grande como a que existe entre “"Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária", o primeiro artigo da nossa Lei Fundamental, que continua em vigor, e “"Portugal é uma colónia que deve obediência ao BCE, baseada na indignidade da delinquência banqueira e na vontade da grande finança e empenhada na destruição de uma sociedade cada vez menos livre, justa e solidária", o país que nos é sugerido pela omissão de “Governo aceitou”. E o Governo de uma República soberana não podia ter aceitado oferecer 1,7 mil milhões que pertenciam a todos os portugueses a um banco espanhol.» Filipe Tourais in O país do Burro.
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