- «O Banif fechou ontem as portas para sempre. É a morte do banco fundado por Horácio Roque, que não merecia que a sua memória fosse manchada por este colapso. Mas não se chegou aqui por acaso. A gestão política do caso feita pelo Banco de Portugal, em conivência com o anterior Governo, conduziu a este fim. (…) Tudo somado, Carlos Costa já passou uma fatura aos portugueses de 6,3 mil milhões de euros. No mínimo tem de explicar-se. (…) A anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, também deve uma explicação aos portugueses. (…) O que fez Maria Luís desde dezembro de 2012, quando pela primeira vez a DGCOM defendeu a extinção do Banif? Como foi possível passarem dois anos e nove meses sem serem tomadas decisões que impedissem o fim do sétimo maior banco português? E o anterior primeiro-ministro também não sabia de nada? Ninguém lhe disse o que se passava? O que parece ter acontecido é que, primeiro, Maria Luís não dedicou nenhuma atenção ao assunto (aliás, considerava Jorge Tomé, presidente do Banif, “o Varoufakis português”). Depois, com o caso BES/Novo Banco, a sua enorme preocupação (e a de Passos Coelho) foi afastar o mais possível o Governo da fogueira e empurrar tudo para cima do Banco de Portugal e do governador, estratégia com que este, ativa ou passivamente, foi obviamente conivente. E com a aproximação das eleições de 4 de outubro deste ano, o que Passos e Maria Luís não queriam de todo era que fosse necessário a resolução de mais um banco, pelo que o assunto foi varrido para baixo do tapete. (…)» Nicolau Santos in Os responsáveis pela morte do 7º banco português - Expresso Diário, 21dez2015, Via Estátua de Sal.
- «Não deixa de ser curioso que tenha sido a TVI a lançar o pânico sobre o hipotético encerramento do Banif na semana passada, levando a uma queda abrupta do seu valor em bolsa, quando a TVI é propriedade do grupo espanhol Prisa, que tem como accionista de referência o Banco Santander, o mesmo que ontem adquiriu, pelo habitual preço de saldo, a posição do Estado no Banif.» João Mendes in Aventar.
- «O estouro do Banif é um exemplar manifesto de incompetência, irresponsabilidade e dolo. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu com o BES, não se conhecem actos de manipulação de informação relevante nem práticas de gestão suspeitas de condutas criminosas. (…)Nestes três anos, Maria Luis Albuquerque, Pedro Passos Coelho e o Governador do Banco de Portugal limitaram-se porém a tergiversar, a prometer soluções que ora não avançavam por causa da saída limpa, ora ficavam congeladas por causa do calendário eleitoral. Quando Bruxelas anunciou que a brincadeira estava para acabar (este fim-de-semana), bastou uma notícia especulativa na TVI para que mil milhões de euros desaparecessem do balanço e a salvação do Banif passasse a ser feita à custa dos impostos. A aura de Pedro Passos Coelho como político responsável, que quer que “se lixem as eleições”, apagou-se nessa conta astronómica. Já se sabia que os cidadãos teriam de pagar alguma coisa, mas três mil milhões de euros é um custo demasiado alto para que a sua gestão neste caso mereça um mínimo de condescendência.» Editorial do Público de 21dez2015.
- «Por muito que esta história se repita, o tempo nunca volta atrás. Mas podemos apurar e punir os responsáveis. O sistema bancário precisa de uma enorme limpeza e de ficar sob controlo público de facto, não de novo reforço da esfera privada. Os contribuintes não podem continuar a ser a garantia de que, na banca privada, a má gestão é um crime que compensa.» Mariana Mortágua in Cara de saída limpa –JN 22dez2015.
- «Os bancos não podem ser mantidos artificialmente no mercado com o dinheiro dos contribuintes», Margrethe Vestager, Comissária Europeia para a Concorrência.
- «O que o anterior governo fez com este processo, escondendo a porcaria debaixo do tapete, para não ter mais uma chatice a caminho das eleições, é vergonhoso e imperdoável. O melhor que o PSD tem a fazer é aplaudir de pé e cabeça baixa. Costa até nisso lhes deu uma lição. Deu a cara pela decisão, não se escondeu, nem escondeu.» Paulo Baldaia (TSF).
- «A serem verdadeiras tais acusações, nem Passos Coelho, nem Paulo Portas, nem Maria Luís Albuquerque deveriam voltar a ser ministros – é tão simples quanto isso. Uma intervenção que pode chegar aos 3 mil milhões de euros num banco do tamanho do Banif é uma absoluta obscenidade, bem mais grave, em termos proporcionais, do que a intervenção no BES.» João Miguel Tavares in Passos Coelho tem de se explicar – Público 22dez2015. Via O Voo do Corvo.
- Factos lamentáveis que o fim do BANIF vem confirmar, por Ricardo Paes Mamede, in Ladrões de Bicicletas.
Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Bico calado - Passos, Portas, Maria Luís, Carlos Costa e outros com cara de saída limpa
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