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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Reflexão: «O Brasil não tem as cores da bandeira francesa por causa da lama de Minas Gerais»

Imagem retirada daqui.

Acabei de ler o texto de Katheen Gomes, publicado no Público de 16 de novembro

Julgo ter percebido tudo muito bem e até lido as entrelinhas. A presidente do Brasil tardou em visitar as zonas afetadas e a certificá-las como tal. Só depois os media de reverência puderam falar do problema. 
Até quando é que os media vão esperar pelas convocatórias dos presidentes, dos primeiros-ministros e dos autarcas para falarem de acontecimentos ou de problemas como este? Até quando os presidentes, os primeiros-ministros, os autarcas têm que patrocinar notícias como esta? 

A 6 de novembro, o Ambiente Ondas3 conseguia «pescar» esta notícia, traduzida e sumariada a partir do The Guardian:
• Uma lagoa que retinha efluentes tóxicos de uma mina de ferro da Samarco em Minas Gerais, no sudeste do Brasil, colapsou e inundou casas vizinhas matando, pelo menos 15 pessoas, havendo 45 desaparecidas.

O próprio Público contava a estória em 9 de novembro, três dias depois…

Os donos do Brasil devem ter pensado que divulgar a estória desta catástrofe ambiental iria beliscar a imagem de um país que vai ser palco dos Jogos Olímpicos de 2016. A maioria dos media, subserviente aos «donos desta coisa», pouca atenção deu a este desastre. É que a indústria alimenta muita boca, inclusive a de proprietários e administradores de media, que não costuma morder a mão de quem lhe envia publicidade para ser publicada a bom preço.

Convenhamos, por outro lado, que o cidadão comum acaba por ter aquilo que quer, de que gosta ou o que merece. Está visto que calamidades ambientais são coisas de somenos importância para o cidadão comum, até que uma enxurrada lhe entre pela porta, lhe leve os bens e o deixe de tanga. Aí ele bate o pé, chora baba e ranho e faz-se o centro das atenções e das desgraças do bairro, da cidade, do país e do mundo, como se viu, recentemente, em Albufeira. No meio do berreiro, critica tudo e todos e jura a pés juntos que não tem culpa de nada. Nessa altura, todo o mundo faz como ele fez até ao momento: encolhe os ombros e muda de canal.

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