Atenas 2015. Imagem retirada daqui.
- «Não quero mais este tipo na minha casa, na minha rua, no meu bairro, na minha cidade, na minha pátria. Este tipo vendeu-nos, com um descaramento inacreditável. Este tipo parece um serventuário; parece, não: é um serventuário da alemã, e enxovalha-nos a todos quando, reverente e subalterno, caminha ao lado dela, atento ao que a alemã diz, e toma nota e fixa o que a alemã diz com reverente cerimónia. Este tipo disse que gastávamos demais, nós, os portugueses, que nunca soubemos o que era prosperidade, ter uns tostões a mais no bolso, satisfazermos os pedidos dos nossos filhos, por muito modestos que fossem. (...) Este tipo é um mentiroso relapso e contumaz: toda a gente sabe e ele também, mas passa adiante. Este tipo disse, agora, que está em campanha, ter como prioridade o equilíbrio social entre os portugueses; mas foi ele que nos aplicou essa miserável doutrina do empobrecimento, mascarada de austeridade. (...) Este tipo desavergonhado, que diz que não disse o que disse, e diz o que não faz, com um impudor nunca visto. Este tipo, este tipo. Não quero mais este tipo na minha casa, na minha rua, no meu bairro. Não quero este tipo em nada do que me diga respeito. Escorracem este tipo do nosso viver quotidiano. Este tipo. Baptista Bastos, Este tipo inaudito e desavergonhado - JNegócios, 24jul2015.
- « (...) Uma das grandes aquisições da crise grega para a consciência europeia, foi a revelação às claras, sem ambiguidade, sem disfarces, da brutalidade do exercício de um poder. Nos nossos dias isto não é desejado pelos poderosos, que gostam de disfarçar o seu poder na discrição e no segredo, onde ele é sempre maior. Ao revelar o poder, enfraqueceu-o. Dos alemães aos parceiros menores como Passos Coelho, saber-se o que fizeram, saber-se o que impediram e vetaram, saber-se o que disseram, nas portas fechadas do Eurogrupo, e perceber-se que o resultado foi uma imposição punitiva de uma política em que ninguém acredita a um governo e a um povo, cria uma situação sem retorno. (...) Ouviram algum genuíno protesto dos partidários da “realidade” com as fugas de capital na Grécia? Não, são normais, é a “economia empreendedora” a fugir para o exílio desde que os comunistas do Syriza ocuparam o poder. Fraudes bancárias, corrupção, fuga de capitais, paraísos fiscais, práticas de dumping fiscal, “planeamento fiscal”, fuga aos impostos dos ricos, offshores, falências fraudulentas, etc., etc são sempre ou desculpabilizados, ou silenciados ou minimizados. Podem perguntar ao senhor Juncker sobre o que fez no Luxemburgo, mas o senhor Juncker foi escolhido por Merkel, Rajoy e Passos para ser um presidente fraco da União. Também não cabem na “realidade” as questões sociais. Pobreza, desemprego, empobrecimento, disfunções sociais várias, desagregação dos serviços públicos usados pelos mais necessitados, inversão do elevador social, refugiados, emigração económica, exclusão social, aumento das desigualdades, etc., só aparecem como “danos colaterais” no discurso dos próceres da “realidade”, ou então, temos a certeza de que estamos em campanha eleitoral. A política da “realidade” tem apenas como actores os empresários, e mesmo assim apenas os que fazem parte do lado fashionable da economia, falam de uma economia sem trabalhadores e de um povo que não existe. (...)» José Pacheco Pereira, A direita radical encontrou o "fim da história" e chama-lhe "realidade" – Público 25jul2015.
- «Vem agora o dr. Passos, que esteve no Funchal e nos Açores, a dizer coisas, entre as quais: 'Vamos dar uma nova alma a Portugal.' E 'Portugal tem direito a um futuro melhor.'Estas frases possuem um nexo entre si, de que sobressai a admissão de culpa do primeiro-ministro. Afinal, nos quatro anos de poder, tirou-nos a alma e extorquiu-nos o direito a um futuro melhor. É uma conversa armadilhada, que não resiste à mais vulgar reflexão. E a nossa apatia, revelada com infinita tristeza pelos nossos maiores, parece endémica.» Baptista Bastos, O triste viver - CM 29jul2015
- As fortes pressões do Norte fizeram com que os países do Sul desistissem de criar um organismo apoiado pela ONU para lutar contra a evasão fiscal, no último dia da conferência internacional sobre financiamento do desenvolvimento realizada em Adis Abeba, na Etiópia. Essa evasão fiscal priva os países todos os anos de biliões de dólares em impostos. Outras Palavras.
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