quarta-feira, 1 de julho de 2015

Bico calado: Dona Democracia e suas duas mordaças

Imagem retirada daqui.

« (…) forças que nada têm de democráticas, mas têm tudo de negociantes e usurários, tomaram de assalto o poder político. Ao fazê-lo, perverteram a via democrática, transformando-a num instrumento dos seus interesses perversos. Fizeram-no lentamente, progressivamente, instalando em 1944 um sistema de controlo que aproveitou o conflito mundial de 1939-45 e teve a sua expressão nos acordos de Bretton Woods (...), onde nasceram o FMI e o Banco Mundial. (...) O FMI foi criado para (...) fazer do dólar americsano a moeda dominante (...) Os países signatários de Bretton Woods foram os autores iniciais de uma mordaça à Democracia que se foi acentuando com a globalização e teve a sua irónica expressão dentro da própria União Europeia atual, pois se no acordo de New Hampshire odólarfoi modelo, na criação do euro a referência foi o marco alemão. Os ingleses, sempre atentos, ficaram logo de fora – e com isso evitaram o perigo da mordaça europeia. Porque esta estratégia alemã foi um verdadeiro ‘diktat’ aos países de moedas mais fracas (...) Paul Krugman, o americano Prémio Nobel de Economia e professor catedrático de Economia e Assuntos Internacionais na reputada Universidade de Princeton, (...)  questiona severamente quer a forma de negociar quer as exigências dos parceiros europeus em relação aos gregos. (...) Numa gráfico que acompanha o artigo, demonstra-se que as previsões do crescimento do PIB da Grécia pelo FMI falharam todas. (...) A expressão de Krugman é ‘estão a brincar connosco’. Permito-me acrescentar que é umas estratégia propositada e que faz parte do amordaçar da Dmocracia pela via financeira. A prova mais evidente deste facto é que o apertar do cerco À Grécia ficou fortíssimo quando o Syriza foi eleito e Alexis Tsipras, Varoufakis e o governo helénico, escudados no voto, bateram o pé ao programa de austeridade. Se fosse preciso mais outra evidência, basta ver a reação dos ministros do Eurogrupo (nem todos, aliás!) e da gritaria contra um referendo grego sobre o pacote de medidas que lhes pretendem fazer ‘engolir’, a troco de mais dinheiro emprestado. Esta insistÊncia na mordaça financeira mostra uma segunda, queé a mordaça política: fica evidente que o desejado pelos ‘tróicos’ e seus mentores, é afastar o governo do Syriza e colocar no seu lugar outros que lhes sejam favoráveis.»
Vasco Garcia in Dona Democracia e suas duas mordaças, Açoriano Oriental de 29junho2015. Vasco Garcia é prof. catedrático e foi eurodeputado, tendo rompido, em 2013, com o PSD.

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