- «Um primeiro-ministro que (por evidente necessidade, reconheça-se) impôs ao país o mais brutal agravamento da carga fiscal em muitas décadas não pode aparecer aos olhos da opinião pública com uma história fiscal com tantas fragilidades. Um governante que aprovou leis que transformam o não pagamento de alguns cêntimos nas portagens das SCUT em multas de muitas centenas de euros não pode querer que aceitemos os seus buracos negros fiscais com um encolher de ombros. O político que vetou uma proposta de alteração legislativa que proibia a penhora das casas dos contribuintes em incumprimento fiscal não pode ter um currículo fiscal com falhas. Um líder partidário que, num congresso entre os seus pares, protesta contra as fugas aos impostos, em nome da defesa dos valores da social-democracia, não pode aparecer depois envolvido em casos de “distracção” sobre os deveres contributivos. Afinal queremos viver num país onde a exigência se cultiva, ou não? O problema de Pedro Passos Coelho não é essencialmente ético, é fundamentalmente político. A aura que se esforçou por cultivar de governante austero, determinado e inflexível perante as receitas do Estado cola mal com essa imagem de contribuinte relapso, laxista e flexível. Se não sabia que tinha de pagar à Segurança Social, devia saber; se se distraiu em relação aos deveres fiscais e deixou o seu processo arrastar-se até à fase da execução fiscal, é laxista. Em qualquer um dos casos, é digno de censura pública pelo seu passado e essa mancha não se limpa com o pagamento a reboque dos impostos ou contribuições em falta. As corridas atrás do prejuízo depois de o fisco avançar com penhoras ou de todo o país ter dado conta que o seu primeiro-ministro passou anos em incumprimento são um salvar da face, não a redenção de actos culposos. Considerar que este comportamento de quem nos Governa é aceitável é transmitir um poderoso estímulo a todos os cidadãos para que se distraiam de pagar impostos ou que não se preocupem em saber que têm de descontar para a Segurança Social.» Manuel Carvalho in Passos Coelho, O Príncipe imperfeito, Público 3mar2015.
- Sobre os abusos permanentes aos trabalhadores dos hipermercados CONTINENTE, por trabalhadora abusada.
- O governo canadiano assinou um acordo, válido por 14 anos, de venda de armas e equipamento militar à Arábia Saudita, enquanto pretende fazer passar a imagem de que defende os direitos humanos de um bloguer condenado a ser chicoteado.
- Os jovens usam as redes sociais para construir uma boa imagem de si e não para fomentar o diálogo intercultural ou desenvolver uma colaboração crítica, revela estudo dee professores da Universidade Autónoma de Barcelona.
Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Bico calado
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário