segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Bico calado

  • Miriam Leitão, da BBC, entrevistou à distância Yanis Varoufakis. Fartou-se de interromper o ministro grego sempre que o curso da resposta não lhe convinha ou não convinha aos especialistas que, nos bastidores, lhe mandavam dicas para as orelhinhas. Interrompido pela entrevistadora, ele não pode dizer que o governo do qual faz parte pretende acabar com o conluio da cleptocracia grega. Abaixo, ele explica o que não pôde explicar na BBC: «(...) É interessante como eles mudam de discurso. Antes das eleições, a narrativa era de que a Grécia é uma história de êxito, que estamos saindo da crise. Quando chegam as eleições, de repente, a Grécia vai ficar sem dinheiro com um governo do Syriza. Quer dizer, tudo isso foi uma manobra política. Foi uma intenção de chantagear. É perfeitamente compreensível que a senhora Merkel, que o senhor Draghi, que o senhor Juncker queiram um governo grego que faça o que eles mandem. Mas não é assim. Todas essas advertências foram teatrais. Um jogo antidemocrático que acredito que beneficie Le Pen, Farage, e o Aurora Dourada.(...)»
  • «Por que é que na Grã-Bretanha milhões de pessoas estão convencidas de que é necessário um castigo coletivo chamado ‘austeridade’? A crise económica de 2008 revelou um sistema podre. Durante muito pouco tempo os bancos foram considerados criminosos com obrigações para com o público que tinham traído. Mas a mensagem mudou em pouco tempo. As fotografias de cadastro dos banqueiros culpados eclipsaram-se dos jornais e uma coisa chamada ‘austeridade’ tornou-se o fardo de milhões de pessoas. (...) Consta que os cortes desta ‘austeridade’ representam 83 mil milhões de libras. Isso é quase o montante do imposto evitado pelos mesmos bancos e por empresas como a Amazon e a News UK do Murdoch. Além disso, os bancos criminosos recebem um subsídio anual de 100 mil milhões de libras em seguros e garantias de borla - uma quantia que poderia financiar todo o Serviço Nacional de Saúde. A crise económica é pura propaganda. Políticas extremas governam neste momento a Grã-Bretanha, os Estados Unidos, grande parte da Europa, Canadá e Austrália. Quem defende a maioria? Quem está a contar a sua história? Quem está a manter o registo direito? Não é isso que os jornalistas deveriam fazer? » John Pilger in War by media and the triumph of propaganda.

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