domingo, 28 de setembro de 2014

Bico calado

  • “Mas atenção: ‘os jornalistas’ são uma abstracção. Quando se acusa «os jornalistas» – e o caso BES é apenas um exemplo – da qualidade e do sentido da informação e da opinião que nos chegam, de quem estamos a falar? Das centenas que nos últimos anos têm vindo ou estão na iminência de ser «reestruturados», ‘rescindidos’, empurrados para a «reforma» ou simplesmente despedidos? Dos que vêem os salários reais diminuídos, os que nada recebem pelas horas extraordinárias, os que são impedidos de progredir na carreira e no vencimento, os que têm contrato com um jornal e, sem receber mais um cêntimo, têm de trabalhar para o online, a rádio ou a TV do grupo? Dos precários, os pagos à peça, os freelance não por opção mas por lhes ser recusado contrato? Dos estagiários curriculares, utilizados de borla e de cara alegre, como substitutos dos profissionais que já lá não estão? Dos que praticam todos os dias, agarrados ao computador, um noticiarismo muitas vezes pouco estimulante mas que é útil? Dos que têm por tarefa correr as portas dos tribunais e das sedes partidárias em busca de uma frase bombástica ou de uma mexeriquice que faça manchete ou abra um noticiário? Dos que vêem as suas propostas para uma reportagem ou uma investigação serem recusadas porque «não há dinheiro» ou são ‘inconvenientes’ à ‘linha’ do órgão, isto é, ao interesse comercial ou político dos patrões? Dos que, ocupando ou não lugares de coordenação, de forma responsável e paciente orientam, corrigem e ajudam o trabalho dos menos experientes, entregues quotidianamente a uma rotina essencial à qualidade do produto final e à necessidade de que a edição esteja pronta a tempo e horas? Dos que, discreta mas honradamente, longe dos holofotes, desenvolvem trabalho de qualidade, incluindo em lugares de responsabilidade executiva ou realizando investigações de importante significado social e político, aproveitando as brechas abertas pela guerra das audiências?” Fernando Correia.
  • O populista Nigel Farage, o tal eurodeputado pago com os impostos dos europeus e que bota abaixo todos os organismos europeus, recebe 2,25 milhões de euros de dezenas de doadores conservadores btitânicos, revela o Mirror.
  • O partido conservador britânico quer impedir o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de se imiscuir nas decisões dos tribunais britânicos. Pois claro: querem estar livres de penalizações por eventuais crimes cometidos no âmbito das suas intervenções militares no estrangeiro.

Sem comentários: