“Não se pense que a falta de elevação da direcção do PS se ficaria por aqui. Em 1983 fora eleito por unanimidade pelos partidos europeus da Internacional Socialista, na então União dos PS da CEE, para um dos seus quatro vice-presidentes. Em 1987 receberia uma carta do presidente daquela organização, o ex-primeiro-ministro da holanda, Joop Den Uyl, informando-me agastado que Constâncio lhe mandara dizer por Luís Filipe Madeira não querer que eu continuasse naquele lugar. Era um lugar de eleição europeia e não de eleição do PS e a única condição legítima para deixar de continuar a deter aquela vice-presidência seria não ser reeleito ou deixar de ser do PS. Eu não estava ali graças a Constâncio, mas sim porque outros partidos assim o tinham decidido quatro anos antes. Não tinha remuneração, nem senhas de presença, nem viagens pagas. Mesmo assim, num acto só comparável às emoções primárias de dirigen tes de países subdesenvolvidos, Constâncio não hesitaria em fazer-me o que, sem nunca ter tido coragem, gostaria de ter feito a Mário Soares."
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, pp 300-301
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