"Quando Murdoch chegou a Lisboa ao fim da manhã desse mesmo dia, vindo de Los Angeles no seu avião particular, vinha munido de um memorando em que se podia ler Portuguese Project/Strictly Confidenticil. A sua leitura, para além dos vários cenários de investimento, não oferecia qualquer dúvida quanto à paternidade da Emaudio. «A News Corporation tem a oportunidade de investir num número de empresas de comunicação social em Portugal, nas ex-colónias portuguesas de Macau, Angola e Moçambique e no Brasil» estando «um grupo de amigos íntimos e apoiantes do presidente Soares» disposto a colaborar com Murdoch «através de uma nova companhia (a estabelecer em Portugal) — a "Atlantic Media Investments". Esta seria um "joint venture" entre a "News Corporation" (ou uma das suas subsidiárias) e o grupo dos apoiantes de Soares sob os auspícios da Fundação de Relações Internacionais (FRI), uma organização sem fins lucrativos próxima do presidente Mário Soares. Uma nova empresa, chamada Emaudio, está em vias de constituição pelos apoiantes de Soares para através dela fazerem os seus investimentos», sendo o principal objectivo «maximalizar o lucro de cada um dos seus investimentos» e «garantir o controlo de interesses na comunicação social favoráveis ao presidente Soares e, assumimos, apoiar a sua reeleição em 1991."
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, pp292-293.
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