“[Mário Soares] Assegura o controlo pessoal das finanças do partido através do seu cunhado, que tem ordens absolutas de não permitir o acesso a pessoas estranhas ao serviço. O que equivale a dizer que ninguém na direcção do partido tinha acesso àquele pelouro, dirigido, simbolicamente, no Secretariado Nacional, pelo fundador e fiel amigo Joaquim Catanho de Menezes. E, de um modo geral, divide para reinar, promove poderes paralelos entre dirigentes partidários e ministros. Desconfiado como é, entrincheira-se num bunker de intrigas e de contra-informação na sua residência, que transforma num santuário de bajulação dos seus «fiéis». Despromove e demite todos os que se atrevam a dar muito nas vistas ou que acabem por ser imolados naquelas intermináveis sessões de esconjuração, fazendo depois circular razões de incompetência, ambição desmedida ou, até, megalomania para justificar os seus actos! Zenha seria uma das primeiras vítimas desta política. Os avisos «de amigo» da corte de bajuladores de que ele aspirava à chefia do partido e do governo, que Maria Barroso atribuiria à ambição desmedida da Maria Irene, conduziriam à circulação de boatos de que Zenha quereria ele próprio a pasta das Finanças, razão pela qual se teria oposto a Vítor Constâncio.”
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, p123
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