“O PS poderia, se quisesse, desempenhar um papel fundamental para a defesa da democracia em Portugal e dos interesses ocidentais. Os EUA estariam na disposição de ajudar o PS a atingir esse objectivo. Foi isso mesmo que o embaixador [Frank Carlucci] disse a Mário Soares, a Salgado Zenha e aos vários dirigentes socialistas com quem foi, rapidamente, estabelecendo contacto. Uma das suas primeiras medidas foi a substituição de todo o pessoal político-diplomático da embaixada por homens de grande «qualidade» e só habitualmente encontrados nas capitais de interesse prioritário para os Estados Unidos. A cada um cabia acompanhar um partido ou um sector que Carlucci coordenava. Todas as manhãs, segundo ele próprio me contaria, ainda o país estava a dormir e já ele e os seus homens reuniam na Avenida Duque de Loulé para fazer o ponto da situação. (...) E das reuniões matinais sairiam informações e recomendações para Washington, para a Casa Branca, para o Departamento de Estado, Langley ou Pentágono no quadro do plano de acção definido para o restabelecimento da democracia em Portugal. As embaixadas dos EUA espalhadas pelo mundo tinham igualmente instruções para comunicar todos os aspectos relacionados com a situação em Portugal tendo, em 1976, Kissinger declarado que, a partir de certa altura, a maior parte das informações que lhe chegavam às mãos das suas embaixadas, em 1975, falavam do nosso País.”
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, p76
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