segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Jardim, a grande fraude (11)

"Voltando ao Alberto João. Como o PPD tinha ganho na Madeira as Constituintes, ele achou Iogo que devia governar. Pediu-me uma audiência e recebi-o. Vinha acompanhado de mais uns dois ou três dirigentes do PPD. Insistiu na ideia,assim de um modo muito imperativo. Tinha que ser o PPD a governar, já! como era costume naquela época. Eu, [general Carlos Azeredo] que por causa das caisas andava sempre fardado,  disse-lhe que não era assim e expliquei para que não restassem dúvidas: ‘Estas eleições não foram feitas para isso que o senhor pretende. E enquanto a República Portuguesa mantiver em cima dos meus ombros a responsabilidade de aqui a representar e em seu nome governar, eu falo e o senbor abana as orelhas. Fiz-me entender?’De imediato pus as mãos no chão, fiquei a quatro, Ievantei uma pema e pus o pé ao nível do nariz dele e disse: ‘Caso contrário dou-lhe uns coices para aprender’. (Ao mesmo tempo que falava, o general levantou-se da cadeira onde estava sentado e, pondo-se a quatro para que eu visse e não tivesse dúvidas, exemplificou na perfeição o que se passara 33 anos antes. Só com pequena diferença, admito: no final queixou-se de uma ligeira dor numa perna, que nunca mais ficou o que era depois de um acidente que sofreu.)”

Jardim, a grande fraude, Ribeiro Cardoso – Caminho 2011, p91-92.

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