Camarate, Sá Carneiro e as Armas para o Irão, por Frederico Duarte Carvalho, Planeta outubro 2012, p221-222.
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Camarate (26)
“Também durante este trabalho fiquei a saber como é que os documentos do Fundo de Defesa Militar de Ultramar (FDMU) teriam ido parar às mãos de Sá Carneiro. O então secretário de Estado da Comunicação Social, o advogado independente Carlos Sousa Brito, era amigo do general Soares Carneiro e foi ele quem, anos antes, o apresentara a Sá Carneiro. Foi aliás Soares Carneiro quem sugeriu, após as eleições de Dezembro de 1979, que se colocasse Adelino Amaro da Costa na pasta da Defesa. E quando o general foi escolhido para ser candidato da AD de Sá Carneiro contra Ramalho Eanes, os documentos chegaram a Sousa Brito que os foi levar ao primeiro ministro: ‘Disse-me então Sá Carneiro que quem deveria receber esses documenetos era o ministro das Finanças, Cavaco Silva. E eu próprio me encarreguei da tarefa de as ir entregar’, contou-me o antigo secretário de Estado da Comunicação Social. E Sousa Brito foi ao Ministério das Finanças com os documentos, onde os entregou a Manuela Ferreira Leite, então chefe de gabinete de Cavaco Silva. Mais tarde, quando o secretário de Estado da Comunicação Social procurou saber qual o destino que tinha sido dado aos mesmos, foi informado que Cavaco Silva, por sua vez, passara o caso para o subsecretário de Estado do Orçamento, Rui Carp: ‘Realmente, recebi a missão de perguntar aos militares sobre esses dinheiros do Fundo’, confirmou-me o subsecretário da AD. Rui Carp afirma que chegou a fazer diligências junto dos militares, sem que daí tivesse resultado algo de substancial. E ainda acrescentou que chegou a trocar impressões com Adelino Amaro da Costa sobre a investigação, pois era habitual cruzar-se com ele à hora do almoço: ‘O Ministério das Finanças e o da Defesa ficavam, cada um, nos dois torreões do Terreiro do Paço. Por isso, era comum almoçarmos na Central da Baixa, na Rua do Ouro. Lembro-me de termos falado sobre a necessidade dessa investigagção’, mas pouco mais me adiantou Rui Carp. Contudo, um pequeno detalhe sobressaiu depois deste circuito. O então chefe de Gabinete de Rui Carp era Ramiro Ladeiro Monteiro, que foi depois diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e, em Fevereiro de 1976, seria nomeado pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva para ser o primeiro diretor do Serviço de Informações e Segurança (SIS), cargo que ocupou até 1994. (...) Mas no dia da sua morte fiquei a saber um outro facto sobre a sua vida que, até essa altura, ignorava por completo: Ramiro Ladeiro Monteiro era um ‘velho’ amigo de António Esteves, o pai de José Esteves.”
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1 comentário:
“Adelino Amaro da Costa andava armado com arma de calibre de guerra depois de ter manifestado a sua preocupação pela venda de armas ao Irão”, disse o dirigente do CDS/PP Nuno Melo que compareceu na Assembleia da República na sua condição de presidente da VIII comissão parlamentar. O eurodeputado precisou que foi o antigo chefe de gabinete de Amaro da Costa que lhe fez a revelação.
http://www.publico.pt/politica/noticia/amaro-da-costa-andava-armado-afirma-nuno-melo-1584520
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