sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A Arte de Furtar (24)

“E se esta ainda não bastar para alimpar de todo a nossa República e Reino porque há nele muitos incapazes da milícia (...) temos outra tesoura muito eficaz para os extinguir no Reino sem que escapem, assim haja quem aplique. Esta se chama Degredo. (...) Dirá alguém que a melhor tesoura de todas é a forca. Não a tenho por tal, porque aqui tratamos de emendar e não de extinguir o mundo, além de que não haverá forcas que bastem para tão grande pindura. Por mais capaz de tanta gente tenho o degredo, comam-se lá embora uns aos outros,  isso mesmo lhe servirá de castigo, e ficaremos livres deles até que se melhorem, que é o que se pertende, e os que se melhorarem tornem a nos ajudar com seu exemplo.”

A Arte de Furtar, Tomé Pinheiro Da Veiga/Padre António Vieira, p487-493  – Oficina de Martinho Schagen, Amsterdão 1744

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