terça-feira, 20 de novembro de 2012

Reflexão

A diminuição de recursos naturais devia influenciar a avaliação da dívida soberana de alguns países, defende um estudo produzido pela Iniciativa Finanças do Programa Ambiental das Nações Unidas, que junta pessoas da ONU a profissionais do sector financeiro privado. 

Esta notícia trouxe-me à memória um artigo de George Monbiot publicado no Guardian de 7 de agosto de 2012 e intitulado Os Grandes impostores, cujo sumário redigido por mim reproduzo a seguir: 
(1) a natureza está a ser avaliada para poder ser trocada por dinheiro; 
(2) este sistema, criado pelo governo de Tony Blair, começou com uma empresa que, por 100 mil libras, calcula e elabora anualmente o valor  dos ecossitemas ingleses; 
(3) este novo sistema já tem um Natural Capital Committee, uma Ecosystem Markets Task Force e um glossário próprio – a natureza chama-se agora capital natural, os processos naturais chamam-se serviços de ecossistemas, os montes, as florestas, os rios são infraestruturas verdes, os habitas e a biodiversidade são categorias de ativos dentro de um mercado de ecossitemas e os terratenentes são os fornecedores de serviços de ecossistemas, como se tivessem criado a chuva, os montes, os rios e a vida selvagem ; 
(4) atribuir um valor à natureza e incorporar esse preço no custo dos bens e serviços cria incentivos económicos para a sua proteção; 
(5) o governo de David Cameron já está a desenbolver um mercado para a vida selvagem e já criou créditos de biodiversidade; 
(6) a mercantilização da natureza sonega-nos o direito ao debate – já não poderemos dizer que queremos proteger uma paisagem ou um ecossitema porque nos dá prazer porque quem quer pode e manda vai dizer-nos que o seu valor já foi calculado e que é muito superior ao valor que lhe damos ou queremos dar;  
(7) como os mercados vão dominar, os governos vão deixar de regulamentar, acabando o sistema por ser controlado pelas grandes corporações.

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