terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Arte de Furtar (9)

“Um fidalgo piedoso lançou pregão na sua terra que tal dia dava um vestido novo por amor de Deus a cada pobre. Ajuntaram-se no seu pátio infinitos e a todos deu vestidos novos  mas obrigou-os a que logo os vestissem. E tomou-lhes os velhos, e neles achou bem cosida e escondida por entre os remendos maior quantidade de dinheiro vinte vezes que o que tinha gastado nos vestidos. Estes tais não há dúvida que são ladrões que com unhas bentas esfolam a República, tomando mais do que lhes é necessário. Fora melhor distribuí-lo por outros, que, por não pedirem, padecem.”

A Arte de Furtar, Tomé Pinheiro Da Veiga/Padre António Vieira, p316  – Oficina de Martinho Schagen, Amsterdão 1744

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