domingo, 18 de novembro de 2012

A arte de furtar (6)

“O Rei que se governa com verdadeiras leis, mas que não sejam mais que a da natureza, há de presumir que até o que possui não é seu, e que lhe é dado para conservar seus vassalos. E que se o defraudar fora do bem comum com gastos supérfluos, que poderá cometer nisso crime, a que se dê nome de furto. De três maneiras pode um Rei ser ladrão. Primeira, furtando a si mesmo. Segunda, a seus vassalos. Terceira, aos estranhos. A si mesmo furta quando gasta da Coroa e e dos rendimentos do Reino em coisas inúteis. Aos vassalos quando lhes pede tributo demasiados, e que não são necessários. E aos estranhos, quando lhes faz guerra sem causa.”

A Arte de Furtar, Tomé Pinheiro Da Veiga/Padre António Vieira, p82-83 – Oficina de Martinho Schagen, Amsterdão 1744

Sem comentários: