Queixavam-se a propósito de uma decisão do conselho de administração em atribuir uma viatura no valor de 1300 contos a cada diretor, com a garantia de pagamento das despesas de manutenção, seguros e imposto de circulação e 200 litros de gasolina por mês. Um desses beneficiários (...) era o novo lider do PSD, Cavaco Silva.(...)
O artigo do jornal (...) adiantava que os funcionários daquela instituição queixavam-se de que fora uma decisão ‘imoral e injusta’, porque no contexto de uma crise profunda que atinge fortemente a maioria do povo português, beneficia precisamente os mais favorecidos’ e ainda para mais ‘à revelia de uma política de rigor ´tão frequentemente propalada, representa um injustificável esbanjamento de dinheiros públicos’.
Os trabalhadores ainda consideravam ilegal a decisão do conselho de administração do Banco de Portugal ‘porque assume, objetivamente, o carécter de uma substancial remuneração complementar - sobre a qual não ocorre qualquer incidência fiscal - que é superior ao vencimento médio dos bancários’.
Acrescentava o mesmo artigo que as benesses estavam em aplicação desde a semana anterior, o que coincidia com a semana imediatamente antes do congresso do PSD e que ‘as viaturas atribuídas podem ser utilizadas pelos diretores da empresa e também pelo seu agregado familiar durante o período de trabalho ou fora dele’.
O nome de Vitor Constâncio era depois citado como sendo ele o primeiro responsável pela ‘situação de privilégio’, sendo aquela a ‘cópia mais ou menos fiel de outras aplicadas anteriormente em diversas instituições da banca nacionalizada’.
Frederico Duarte Carvalho, Cavaco vs Cavaco pp202-204, Vogais 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário