sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Os Pescadores, de Raul Brandão (6)

“A ria tem uma luz como nunca vi em parte nenhuma. É doirada e viva, sem ser forte. É feita de água azul trespassada de sol. Nem mesmo em pleno Verão senti que fosse dura. Abre como um sorriso – morre quase sempre enternecida. É sã sem chegar à saúde exuberante. É sã e delicada. Envolve os seres e as coisas do mesmo tom carinhoso e meigo. As mulheres desenvolvem neste ambiente uma alma serena e respondem ao sorriso da luz com um sorriso de ternura. São como certas flores, criadas num momento feliz, que atingem a perfeição. O que aqui fica bem é o vestido escuro e a limpidez de sentimentos. Esta luz inteligente sabe muito bem que a arte é o encanto da vida e a mulher a suprema criação da arte.”

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