domingo, 19 de agosto de 2012

Os Pescadores, de Raul Brandão (2)

“É que em todas as terras à beira-mar o homem acumula, lavrador e pescador ao mesmo tempo. O poveiro não, tem de seu o areal e o mar. E esse mesmo lho disputam. Foi sempre um eterno explorado pelo fisco, pelos regatões, pelos homens de negócio – e por último tiraram-lhe o areal, que era a única coisa em que ele fazia finca-pé para os seus varais, para as suas velas, para os seus costumes. No mar, com a rede de arrasto, mataram a criação. Vi eu muitas vezes os vapores deitarem fora sacos de peixe por criar, que a rede de malha miúda rapava nos fundos. Conseguiu-se assim destruir uma comunidade com carácter e vida própria.”

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