sábado, 21 de julho de 2012

Bico calado

  • E este montado, recentemente ardido, vai ser rearborizado com eucalipto?
  • “’Quando Salazar autorizou a ponte sobre o Tejo (fingia-se contrário à sua realização, mas era fita), pediu um estudo no qual participei com o Duarte Pacheco, o promotor, aliás, da obra. A obra acabaria, no entanto, adjudicada aos americanos. Como estávamos em Guerra Colonial, o chefe do governo, para dar manteiga a Washington, disse ao presidente Eisenhower: ‘Vocês não façam muito barulho nas Nações Unidas, não me ataquem demasiado que eu dou-vos a concessão da ponte.’ (...) Quem concebeu, porém, o perfil transversal, quem estudou os processos, os caixões, etc, fui eu. Eu tinha uma ideia muito diferente e muito melhor, mais barata, mais bonita, mais estável, nunca lhe poria aquela grelha no pavimento, uma ponte não é para ficar furada e aos tremeliques. É incrível que se tenha aceite semelhante acabamento. Só tipos pouco escrupulosos é que procedem assim. Os americanos não a pintaram sequer. Como quiseram ganhar o prémio dos prazos e não exceder os orçamentos, deixaram-na ficar com o tom do zarcão. Só depois foi pintada. Eu preferia que tivesse sido de uma cor mais adaptada ao ambiente, um azulado, um esverdeado, um laranja... mas ficou aquela para ninguém perceber a aldrabice feita.” Edgar Cardoso citado por Fernando Dacosta em Máscaras de Salazar, pp. 160-161.
  • Todo jornalista deveria seguir Marx, por André Barcinski in Folha de S. Paulo.

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