sábado, 10 de março de 2012

A botânica, a mais bárbara ciência criada pelo homem, segundo Julio Diniz


“(...) Em  certa época em que me quiseram ensinar botânica, nunca tive coração para dilacerar a bicos de alfinetes essas pobres flores alpestres com o único fim, o mais fútil de quantos pode imaginar uma ciência, de substituir o nome prático que lhe dá o povo, por o nome pedante da nomenclatura técnica. O botânico! Nunca vi gente mais fleumáticamente cruel! Com que indiferença eles partem ma manhã para o campo, munidos do indispensável estojo, que me produz o efeito de um aparelho de torturas em tribunal inquisitorial, e atravessam planícies, trepam colinas e outeiros, profundam vales, devassam moitas, costeiam rios, colhendo quantas flores encontram, sem que o belo das cores ou o inebriante dos perfumes lhes mereçam uma exclamação de prazer. Com que selvagem sangue frio procedem a esta provisão de plantas, que amontoam sem gosto em suas caixas de folha ou de cartão, e voltam à cidade carregados de modestas presas para, fechados no seu gabinete, encetarem o seu trabalho de destruição! (...) Nas suas mãos as pobres flores são torturadas, despedaçadas, como as vítimas nos circos pelas garras das feras; pétala a pétala caem desfolhadas; os bicos de alfinetes, movidos por mãos sem piedade, rasgam-lhes os cálices, destroem-lhes os nectários, penetram nos ovários que rompem, disseminam-lhes os órgãos, germens de futuras flores que sem remorsos aniquilam, estendem-lhes os restos inanimados sob o campo do microscópio e, com a placidez do filósofo e uma insensibilidade de selvagens, examinam as ruínas de uma bela obra. Que buscam eles nestes trabalhos de destruição? Um nome, um nome pedante, bárbaro, inarmónico, prosaico, nome de bulir com os nervos, nome que fomenta as silabadas, para o aplicarem, sem compaixão nem consciência, à obra mais singela, poética e despretencioas da natureza! (...) Esta voz das plantas fez-me desgostar da botânica, que penso ser a ciência mais bárbara que ainda inventaram os homens.” 
Júlio Dinis in O ramo das maias, Cartas e Esboços literários, Livraria Civilização, Porto 1946.

1 comentário:

Rivaldo R. Ribeiro disse...

Essa foto me faz lembrar de uma amiga india. Ela e seu marido sempre saem pelas florestas da região procurando orquideas. São Lindas.

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RIVALDO-ALDEIA MUNDUS.