quinta-feira, 9 de maio de 2024

AÇORES: PESCADORES PREOCUPADOS COM EXCESSO DE CAPTURA DE ATUM

Produtores preocupados com excesso de pesca de atum-patudo. Presidente da FPA alerta que a quota do atum-patudo poderá esgotar devido a excessiva pesca desta espécie, que puxa os preços para baixo. Governo publicou portaria a restringir capturas. Açoriano Oriental 8mai2024.

FRANÇA: TOCHA OLÍMPICA ESCONDE VÍTIMAS DA POLUIÇÃO DA ARCELORMITTAL

Ação com bandeira da SteelWatch, com "Red Rebels", aliados e ativistas locais, em frente à fábrica de produção de aço da ArcelorMittal em Fos-Sur-Mer, França, a 7 de maio de 2024. Crédito: Jeremy Sutton-Hibbert/SteelWatch
  • Na véspera da chegada da tocha olímpica a Marselha, defensores comunitários da Libéria, África do Sul, Brasil e México realizaram a sua própria cerimónia da tocha com os residentes locais de Fos-sur-Mer, em frente à enorme fábrica de aço a carvão da ArcelorMittal, no sul de França. Em vez da tocha olímpica de ‘aço de baixo carbono’, que foi fabricada pela ArcelorMittal para os jogos de Paris 2024, a tocha soltava fumo escuro. Não é uma visão invulgar para os habitantes de Fos-sur-Mer, onde o pó e o fumo saem regularmente das chaminés da ArcelorMittal e entram nos pulmões dos residentes locais. Olhando para os impactos da ArcelorMittal nas comunidades e no clima em todo o mundo, é difícil contestar que a tocha preta com fuligem é um símbolo mais exato do legado da empresa. Mas os bancos parecem ter caído nas alegações brilhantes da ArcelorMittal sobre a ação climática e os direitos humanos. De acordo com o relatório da Reclaim Finance sobre o financiamento bancário da indústria siderúrgica, entre janeiro de 2016 e junho de 2023, os bancos comerciais emprestaram mais de 66 mil milhões de dólares à ArcelorMittal e às suas filiais. Avançar para um mundo em que se produza menos aço e sem combustíveis fósseis atenuaria as crises de saúde pública causadas pela poluição, evitaria a desflorestação e manteria o carvão no solo, onde deve estar. Mas, apesar das alegações de sustentabilidade da ArcelorMittal, dois novos relatórios da Fair Steel Coalition e da SteelWatch revelam que a empresa está, na verdade, a empurrar-nos na direção oposta, expandindo os seus projetos destrutivos de extração de minério de ferro e a capacidade de produção de aço fóssil em todo o mundo, com consequências graves, por vezes mortais, para as comunidades vizinhas. No México, quatro defensores dos direitos humanos indígenas Nahua que se manifestaram contra a mina Peña Colorada da ArcelorMittal & Ternium no México desapareceram ou foram encontrados mortos desde 2020. Na África do Sul, a poluição do ar, da água e do solo causada pela produção de aço fóssil da ArcelorMittal contribui para o aumento das taxas de doenças respiratórias, cancro e infertilidade entre os residentes maioritariamente negros, um legado do planeamento industrial da era do Apartheid. E na Libéria, a ArcelorMittal está a tentar ativamente triplicar a dimensão da sua mina de minério de ferro, apesar da oposição das comunidades tribais Mano, que argumentam que a empresa destruiu as suas terras, florestas, água e meios de subsistência tradicionais sem uma compensação adequada. Em vez de investir numa transição que mitigaria a poluição, os conflitos e o uso de combustíveis fósseis, a ArcelorMittal tem distribuído a maior parte de seus lucros aos acionistas, quando há uma necessidade premente de usar esse dinheiro para apoiar a transição para o aço livre de fósseis. Entre 2021 e 2023, a empresa distribuiu mais de 11 mil milhões de dólares aos seus acionistas sob a forma de recompras e dividendos. Este valor é 22 vezes superior ao montante investido na descarbonização durante este mesmo período - apenas 500 milhões de dólares. Julia Hovenier, BankTrack.
  • Os residentes de um bairro predominantemente unifamiliar a leste de Killian, em Miami-Dade, Florida, ficaram aliviados por terem conseguido bloquear a construção de um lar de idosos com 216 camas no seu bairro. Venceu o argumento de que o lar iria impactar negativamente o pacato estilo de vida de suas excelências. Fonte. Quando estes 'solidários? precisarem de cuidados assistidos, quero ver como se vão desenrascar.
  • A Venezuela perde o seu último glaciar, que se reduz a um campo de gelo. Os cientistas reclassificam o glaciar Humboldt, também conhecido como La Corona, depois de ter derretido mais depressa do que o previsto. Neelima Vallangi, The Guardian.

BICO CALADO

 
  • "O rapper norte-americano Macklemore lançou um single intitulado "Hind's Hall", o nome dado ao Hamilton Hall da Universidade de Columbia por manifestantes anti-genocídio em honra de Hind Rajab, de seis anos, assassinada em Gaza pelas forças israelitas. O artista diz que todas as receitas da faixa serão revertidas para a UNRWA. A canção e o vídeo que a acompanha são uma acusação tão contundente à destruição de Gaza apoiada pelos EUA que o YouTube, propriedade da Google, impôs imediatamente a restrição de idade. Macklemore ataca Biden, a brutal repressão policial contra os manifestantes, a confusão entre anti-sionismo e antissemitismo, os políticos norte-americanos e o lóbi de Israel, com versos que nos vão perseguir durante dias, como ‘A Nakba nunca acabou, o colonizador mentiu’. Este é o primeiro artista do sistema a abordar esta questão, com uma faixa destinada a uma circulação alargada. Provavelmente não será a última. A oposição ao genocídio de Gaza está a passar rapidamente de coisa certa a coisa fixe, o que é um grande problema para o império.” CAITLIN JOHNSTONE, Oposição à máquina de guerra é novamente fixe, e o império está a ficar nervoso. Substack.
  • "(...) A nova vontade de se celebrar o 25 de Novembro emerge daqui. A nova extrema-direita plasmada no anti-comunismo da IL e no neofacismo do Chega, normalizado pelos media como ‘liberais’ ou ‘direita radical’/’extrema-direita’ apresentam-se às regras do jogo. Querem celebrar o 25 de Novembro pelo que foi, isto é, um golpe de Estado contra a democracia no trabalho, contra a dualidade do poder popular, enfim, o início do fim da revolução. O princípio da reconstrução do aparelho de Estado capitalista para uma nova reconversão produtiva e política: de uma burguesia dependente do trabalho forçado – e das colónias africanas, até 1974 - para uma burguesia de hegemonia limitada ou um protetorado de facto, dos investimentos, máquinas e capitais alemães, franceses e ingleses (e norteamericanos, espanhóis, chineses, ou outros). (…)” Raquel Varela, 25 de Novembro: uma ‘contrarrevolução democrática’.
  • A entrada num concerto no Nordeste, S. Miguel-Açores, é grátis para os locais. Fonte. Os de fora do concelho pagam 15 euros por 3 dias de festival. E, mantendo esta ‘lógica’ mercantil: quanto poderiam pagar os de fora de S. Miguel? E os de fora dos Açores? E os de fora de Portugal? E os de fora da Europa?

quarta-feira, 8 de maio de 2024

MADEIRA: MAQUINARIA PESADA VIOLA FLORESTA LAURISSILVA

  • Hernâni Correia, da Associação Social Democrata do Ambiente, Terra e Oceano, afirma que a utilização de maquinaria pesada para uma ação de limpeza de infestantes é desproporcional e intrusiva, que não tem justificação a não ser no desejo de vingança e destruição às ordens e comando de governantes que se julgam plenipotenciários. A DPFL - Associação Cívica para a Defesa e Proteção da Floresta Laurissilva -, irá apresentar queixa-crime da secretária Rafaela Fernandes e do responsável do instituto das florestas, disse o presidente Célio de Ornelas, por destruição de bem público, crime ambiental e destruição e violação dos seus deveres de zelo. Sara Silvino, Tribuna da Madeira 3mai2024.
  • O presidente da Junta de Freguesia da Marinha das Ondas, José Alberto Suzana, intervindo na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, apelou à câmara municipal e às entidades competentes que travem a ampliação para o dobro das instalações da suinicultura instalada no lugar de Matos por estar mesmo ao lado das casas e isso ir provocar mais problemas à população. Diário das Beiras 6mai2024.
  • Rampa da Falperra planta 600 árvores para minorar poluição. Emília Monteiro, JN 7mai2024. Não se diz quando vão plantá-las. Assim se faz lavagem verde. Alegremente.

REINO UNIDO: SUPREMO CONSIDERA ILEGAL ESTRATÉGIA DO GOVERNO PARA ATINGIR EMISSÕES LÍQUIDAS NULAS

Protesto junto do Royal Courts of Justice, em Londres, em fevereiro. Fotografia: Leon Neal/Getty Images
  • A mais recente estratégia do Reino Unido para cumprir os seus objetivos legalmente vinculativos de atingir emissões líquidas nulas é ilegal, decidiu o Supremo Tribunal. O juiz Clive Sheldon confirmou quatro dos cinco fundamentos para a contestação legal. Os grupos ClientEarth, Friends of the Earth e Good Law Project argumentaram que a estratégia revista do governo era ilegal porque fornecia muito pouca informação sobre a avaliação do governo relativamente ao risco de as políticas não serem cumpridas. Os grupos também manifestaram a sua preocupação quanto à dependência de tecnologias como a captura e armazenamento de carbono, que são dispendiosas e ainda não foram comprovadas à escala mundial. Fonte.
  • Investigadores indianos desenvolveram um novo processo de reciclagem de módulos solares em fim de vida que transforma o chumbo em monóxido de chumbo, menos tóxico. EMILIANO BELLINI, PVMagazine.
  • O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, afirmou que os países pobres devem demonstrar uma contabilidade e transparência mais claras para justificar os seus pedidos de financiamento climático. Babayev instou os governos dos países em desenvolvimento a elaborarem relatórios que mostrem os seus progressos na redução das emissões de gases com efeito de estufa e as suas despesas com a crise climática. Fiona Harvey, The Guardian.
  • Janos Pasztor, cientista aposentado do clima e diplomata, - ex-conselheiro de topo para o clima do antigo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon -, colabora com uma empresa de geoengenharia solar como consultor independente. A israelo-americana Stardust Solutions afirma ter angariado 15 milhões de dólares de investidores privados, tendo algum dinheiro vindo do Ministério da Defesa israelita. "Quer se seja a favor ou contra, ou mesmo não se tenha a certeza da eventual utilização da injeção de aerossóis estratosféricos (SAI, ou geoengenharia solar), é necessário que toda a sociedade discuta o assunto", diz Pasztor. Andrew Freedman, AXIOS.

BICO CALADO

 
  • A incursão do Hamas em Israel, a 7 de outubro, transformou a política do Médio Oriente. A Unidade de Investigação da Al Jazeera (I-Unit) levou a cabo uma análise forense dos acontecimentos desse dia - examinando 7 horas de imagens de câmaras de vigilância, câmaras de traço, telemóveis pessoais e câmaras de cabeça de combatentes do Hamas mortos, e elaborando uma lista exaustiva dos mortos. A investigação descobriu que muitas das piores histórias que surgiram nos dias que se seguiram ao ataque eram falsas. Isto aplica-se especialmente às atrocidades que foram repetidamente utilizadas por políticos em Israel e no Ocidente para justificar a ferocidade do bombardeamento da Faixa de Gaza, como a morte em massa de bebés e as alegações de violação generalizada e sistemática. A Unidade I revela que as alegações da Força de Defesa de Israel de que encontrou 8 bebés queimados numa casa em Kibbutz Be'eri eram totalmente falsas. Não havia bebés na casa e os 12 civis que lá se encontravam foram mortos pelas forças israelitas quando estas invadiram a casa. Este foi um dos vários incidentes em que a polícia e o exército parecem ter matado cidadãos israelitas. O dia 7 de outubro é um mergulho profundo nos acontecimentos que levaram à morte de dezenas de milhares de pessoas, cujo significado irá repercutir-se durante décadas. Fonte.
  • Israel ataca instalações de armazenamento de ajuda em Rafah, Gaza. MEM.
  • 33 milhões de dólares transferidos das grandes farmacêuticas para os médicos na Austrália. Fonte.
  • A dívida pública da Ucrânia há muito que excede o seu PIB, enquanto não só a indústria ucraniana, mas também as suas terras foram hipotecadas a empresas ocidentais. Fonte.
  • “A portuguesa iolanda (sic)” – o Público de 7 de maio de 2024, na página 29, usa minúscula no nome da representante portuguesa ao Festival da Canção. E são estes meninos que há anos, diariamente, fazem questão de gritar o seu repúdio pelo último acordo ortográfico!
  • A forma mais eficaz de combater a corrupção é acabar com a sua principal maternidade, o sítio onde ela mais se alimenta, as offshore.” E assim, Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, regressou a um tema recorrente e precisamente na Madeira, a terra da Zona Franca, o Centro internacional de Negócios da Madeira que está concessionado à Sociedade de Desenvolvimento da Madeira (SDM), 51,14% detida pelo Grupo Pestana e pelo Governo Regional com 48,16%. Já no ano passado o BE insistia na “ilegalidade” da “borla fiscal concedida, entre 2007 e 2013” no IRC às empresas sediadas na Zona Franca. O Tribunal Geral da União Europeia tinha rejeitado um recurso apresentado pela Governo Regional da Madeira, concordando assim com a decisão da Comissão Europeia de considerar ilegais ajudas estatais à Zona Franca da região. As empresas só podiam beneficiar de uma taxa de IRC reduzida – que variou de 3% a 5% entre 2007 e 2020 – caso criassem e mantivessem um determinado número de postos de trabalho no arquipélago, o que a Comissão Europeia e depois o Tribunal Geral da União Europeia alegaram que não aconteceu. O BE recordava, nessa altura, que “a anunciada criação de emprego na região não correspondia à verdade. Por exemplo, uma única pessoa era gerente de 323 empresas, o que era contabilizado como 323 postos de trabalho diferentes. Doze pessoas ocupavam mais de 100 cargos, empregos a tempo parcial eram contados como a tempo inteiro, contratações fora da região ou do país eram apresentadas como se fossem na Madeira, multiplicando-se assim números de emprego fictícios”. Em 2021, o então o secretário de Estado adjunto e dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, confirmava que o valor, por imposição da Comissão Europeia, que as empresas teriam de repor nos cofres do Estado poderia ficar em “quase em mil milhões”. E esse valor foi confirmado, mas o processo ainda não está fechado. Para acabar com a “maternidade” da “corrupção”, o BE vai propor a proibição “de transferências de e para offshore”, reforçando que “são fatores de desigualdade e de pro moção da corrupção”. “Para além do mais, queremos garantir também que todas as em presas que operem em offshore não possam ter contratação públi ca, nem beneficiar de apoios públicos”, acrescentou, desafiando “todos os partidos que queiram efetivamente combater a corrupção” a aprovar este projeto de lei. (…) “Boa parte da direita, que tem um discurso de combate à corrupção, na prática não quer mudar nada de substancial. Como se sabe, os sucessivos casos de escândalos nacionais ou internacionais, é através dos offshore que boa parte das redes de branqueamento de capitais ou das redes criminosas gere e distribui o seu dinheiro”, argumenta o BE.” ARTUR CASSIANO, Bloco quer acabar com a “maternidade” da corrupção – Público 7mai2024.

terça-feira, 7 de maio de 2024

ALGARVE: ZERO REJEITA SOLUÇÃO DA TOMADA DE ÁGUA NO POMARÃO

  • A ZERO deu parecer desfavorável ao projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão, por considerar que insiste na lógica de aumento da oferta através de mais captação e armazenamento, quando todos os cenários futuros apontam para uma contínua redução da precipitação. A Associação aponta a necessidade da região apostar numa estratégia de longo prazo assente em soluções direcionadas para uma maior eficiência no uso da água disponível. O projeto prevê a construção de uma captação superficial na zona do estuário do rio Guadiana, a montante do Pomarão, com conduta adutora até à albufeira de Odeleite, abrangendo os concelhos de Mértola, Alcoutim e Castro Marim, num total de condutas que varia entre 37 e 41 quilómetros, em função da alternativa de traçado. A captação deverá ser, em média, de 16 a 21 hm3 de água, entre outubro e abril, parando o bombeamento nos meses excecionalmente secos e quando, desde o início do ano hidrológico, forem atingidos 30 hm3 ou atingida a capacidade de armazenamento do sistema Odeleite-Beliche (164 hm3). O plano inclui também a construção de uma estação de dessalinização do Algarve e o investimento na redução das perdas de água no sector urbano. “Contrariamente ao preconizado na Diretiva Quadro da Água relativamente à necessidade de implementação de estratégias capazes de tornar os usos e consumos de água mais sustentáveis, prossegue-se numa lógica de aumento da captação e retenção de um recurso escasso para fazer face a consumos insustentáveis através de projetos que fomentam um aumento da procura por esse mesmo recurso”, justifica a ZERO. Segundo a associação ambientalista, este é mais um projeto que ilustra esta lógica de intervir diretamente sobre as massas de água para captação de caudais adicionais destinados a aumentar a retenção e armazenamento de água, não só com o objetivo de garantir que não falta água às populações, mas que simultaneamente pretende garantir que a agricultura praticada na região continua a dispor dos caudais necessários para manter ou, até mesmo aumentar, os seus níveis de consumo e desperdício. Almerinda Romeira, Jornal Económico.
  • Os Ecologistas en Acción apresentaram uma denúncia à Fiscalía de Ourense contra a mina da Penouta, propiedade da canadiana IberAmerican Resources, após análises realizadas às águas terem revelado níveis alarmantes de metais pesados, por vezes 112 vezes superiores ao valor máximo legalmente permitido.
  • Líderes de três Primeiras Nações de New Brunswick deslocaram-se a Otava para manifestar a sua oposição à expansão de uma central nuclear na província. Angel Moore, AP.
  • As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram dezenas de mortos, causaram estragos em 300 municípios, romperam uma barragem e desalojaram mais de 80 mil pessoas. Há ainda mais de uma centena de pessoas desaparecidas enquanto o mau tempo já provoca danos em outros Estados do Sul. As tragédias são resultado da falta de adaptação e de combate às mudanças climáticas, duas áreas onde os Executivos precisam fazer mais e onde o Legislativo têm promovido ativamente retrocessos, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “O maior problema que a gente enfrenta neste momento não é a previsão, é a aceitação”, afirma Astrini. “A gente precisa aceitar que, infelizmente, esse é o novo normal. Mas não basta aceitar pacificamente, é preciso aceitar e tomar atitudes.” Astrini explica que existem três tipos de resposta possíveis diante da crise climática: a mitigação das causas, a adaptação em preparação para as consequências e a redução de danos diante das tragédias. “Mitigação é quando você ataca o problema: é quando você interrompe o desmatamento, quando você tira uma termoelétrica de operação, quando substitui uma fonte poluente por uma fonte renovável”, afirma o especialista. “A adaptação é quando o problema vai acontecer e você começa a adaptar principalmente as populações mais vulneráveis ao problema. Por exemplo, quando tira as populações da área de risco, quando dá mais assistência para um pequeno agricultor lidar com uma seca. Adaptação é também quando você reforça a rede de saúde, porque vão aumentar os casos de dengue, porque o ciclo de reprodução do mosquito vai ficar mais longo por causa de chuvas desproporcionais e do calor prolongado.” Reduzir danos diante das tragédias é o que tem sido feito, atacando os resultados e não nas causas. "Deputados trabalham dia e noite para destruir a legislação ambiental do Brasil com afinco. Neste momento estão querendo acabar com a Lei de Licenciamento Ambiental, querem acabar com a reserva legal na Amazônia, querem acabar com as reservas indígenas”, diz Astrini. “A gente nunca teve um Congresso tão agressivo nesse esforço para desmontar a legislação ambiental no Brasil”, afirma. Letícia Mori, BBC.
  • Claudecy Oliveira Lemes é investigado por gastar mais de R$ 25 milhões num desmatamento químico em áreas que somam 81 mil hectares – equivalente à cidade de Campinas (SP) – no Pantanal mato-grossense. Desde 2019, o pecuarista tem 15 autuações por danos ambientais no bioma e já recebeu multas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT) que somam R$ 5,2 bilhões. Mesmo assim, o fazendeiro obteve R$ 10,07 milhões em empréstimos de crédito rural concedidos pelo Banco do Brasil entre 2021 e 2022. Esse absurdo foi possível devido a brechas na legislação do bilionário crédito rural brasileiro, que no ano passado distribuiu R$ 364 bilhões. Leandro Prazeres, BBC.
  • Vale usurpa 24 mil hectares de terras públicas na Amazônia. A multinacional brasileira, que comprou irregularmente terras federais há alguns anos, pressiona agora trabalhadores rurais sem-terra e tenta desmobilizar movimentos sociais no sudeste do Pará. Sílvia Lisboa, Sumaúma.
  • 70% dos jornalistas ambientais foram atacados ou ameaçados, de acordo com relatório das Nações Unidas. Marion Esnault, Reporterre.

BICO CALADO

  • “(…) nas ilhas britânicas parece haver quem se tenha esquecido do que é ser decente. A nova lei que vai levar à deportação para o Ruanda de migrantes que chegam a Inglaterra por meios ilegais enquanto procuram asilo é das mais flagrantes violações éticas e do direito internacional de que me recordo. A lei agora aprovada já tinha sido chumbada por um tribunal superior, por ter considerado que não protegia os direitos individuais de cada requerente, mas a nova versão não corrige os problemas, apenas limita a capacidade de escrutínio pelo sistema judicial. (…) Vários requerentes de asilo já começaram a ser detidos, para serem enfiados num avião e levados para o Ruanda, onde o Governo britânico garante que serão bem tratados e onde poderão fazer o seu pedido de asilo ao Governo de Kigali. Tudo menos aborrecer Downing Street, onde o problema pode ser esquecido se for bem regado com milhões de libras pagas ao país africano, para que seja ele a tratar do trabalho sujo. (…) percebe-se que o problema dos migrantes não é o peso económico de os albergar e tratar de forma humana, mas sim um preconceito contra os desvalidos, que tiveram o azar de nascer num país pobre, em guerra ou até deixado de rastos por uma grande potência colonial, como foi Inglaterra ou Portugal. Imaginemos o que estas pessoas jovens poderiam fazer pelo país, se bem acolhidas e orientadas. (…)” Luís Pedro Carvalho, Inglaterra perdeu a decência – JN 6mai2024.
  • A Qantas vai ser multada em 100 milhões de dólares por vender bilhetes fantasma a milhares de clientes. A companhia aérea de bandeira australiana Qantas aceitou uma coima de 66 milhões de euros por ter induzido os clientes em erro com as suas práticas de venda de bilhetes durante e após a pandemia de COVID-19. A Qantas admitiu que, entre 21 de maio de 2021 e 26 de agosto de 2023, a companhia aérea anunciou bilhetes para dezenas de milhares de voos que já tinha decidido cancelar. CNA.
  • A Boeing está a enfrentar um número crescente de denunciantes que revelam preocupações de segurança, na sequência da morte recente de dois denunciantes anteriores. Dana Kennedy. NYPost
  • O JN dá conta do encerramento compulsivo da Aljazeera em Israel. Fá-lo no interior da página 23, e sem um pio de solidariedade para com colegas jornalistas.
  • “(…) as portagens na CREP vão manter-se! Porque a proposta apresentada pelo PCP nesse sentido foi chumbada por PSD, Chega, IL e CDS! Ou seja, os partidos que apoiam e suportam Rui Moreira no Porto, e que ainda recentemente bateram com a mão no peito contra o Governo PS que não quis abolir as portagens na CREP. Afinal, quando chega a hora da verdade, deixam cair a máscara! Chama-se a isto mentir.” Rui Sá, JN 6mai2024.
  • “(…) Pela terceira vez consecutiva, quando chega ao governo, o PSD recorre ao mesmo truque: jura ter encontrado as contas públicas num estado que não esperava. Foi assim com Durão Barroso, quando acusou o Governo de Guterres de ter deixado o país ‘de tanga’. O mesmo aconteceu com Passos Coelho, que dizia ter herdado de Sócrates uma situação ‘mais pesada’ do que afirmara o Governo anterior. Em ambos os casos, a denúncia das surpresas desagradáveis serviu para justificar o facto de os Governos recentemente eleitos adotarem políticas contrárias ao que haviam defendido na campanha eleitoral (aumentar em vez de diminuir os impostos, cortar em vez de aumentar as pensões, etc.). (…) O que o PSD prometeu durante a campanha foi fazer um milagre. Não vale a pena agora tentar convencer-nos de que o milagre não vai acontecer por culpa do Governo anterior.” Ricardo Paes Mamede, Público 6mai2024.