terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Bom Ano!

Cartoon de Ben Jennings/The Guardian

Suíça: central nuclear encerrada após falha técnica

  • É você que gosta das azeitonas todas iguaizinhas, todas pretinhas e brilhantes? Pois veja neste vídeo os truques químicos que estão por detrás disso.
  • A central nuclear de Leibstadt, no norte da Suíça, foi desligada da rede elétrica e desativada devido a uma falha técnica. SwissInfo.
  • O ex-diretor da empresa pública de eletricidade da Etiópia e 49 outros colaboradores foram acusados de corrupção ligada à barrangem  Grand Ethiopian Renaissance (GERD), no rio Nilo Azul. AFP/Terra Daily.
  • A Plataforma de Reflexão Angola escreveu ao Embaixador da Islândia para Portugal, Kristján Andri Stefánsson, a propósito do escândalo desencadeado pelas Fishrot Files, um conjunto de documentos publicados pela WikiLeaks no passado dia 12 de Novembro demonstrando o envolvimento de um dos maiores gigantes mundiais no sector da pesca – a companhia islandesa Samherji – num esquema de corrupção e suborno com ligações aos governos da Namíbia e Angola, e também ao banco Norueguês DNB, usado para a realização dos pagamentos ilícitos e lavagem de dinheiro. Folha 8.
  • Está em risco, no Arizona, a sobrevivência de oito espécies ameaçadas de extinção, incluindo quatro tipos de peixes endêmicos, porque grandes quantidades de água subterrânea estão a ser extraídas para construir o muro da fronteira de Donald Trump. The Guardian.
  • O Environmental Integrity Project e outros advogados estão a processar o ministério do Ambientedos EUA por não atualizar os padrões de poluição de águas residuais para instalações de processamento de carne durante 15 anos seguidos. The Texas Observer.

Reflexão: uma ditadura ambiental para combater as alterações climáticas?


Perante uma máquina democrática gripada, será que temos que impor medidas autoritárias e impopulares para melhor responder à emergência climática? Catherine Gauthier, diretora geral da Environnement Jeunesse, Dominic Champagne, autor, encenador, ativista do Pacto de transição, Patrick Bonin, especialista em alterações climáticas, e Dominique Bourg, filósofa, professora da Faculdade de Geociências e do Ambiente da Universidade de Lausanne, discutiram o tema no sábado, 26 de outubro, no Museu de Belas Artes de Montreal. Um debate moderado por Simon Roger, jornalista do Le Monde. Duração: 1:40:05

Patrick Bonin, da Greenpeace Canadá, não hesita: «O nosso sistema democrático é provavelmente o menos mau dos sistemas, e ainda há muito para fazer. Mas é óbvio que uma ditadura ambiental não é a solução. Sim, devemos agir rapidamente, mas colocar o poder nas mãos de um pequeno punhado de pessoas que tomariam as decisões sozinhas e as imporiam - não é disso que precisamos. Temos que envolver as pessoas, abrir o sistema democrático, fazer com todos remem para o mesmo lado.»
Pode dizer-se que, de um modo geral, houve consenso. Segundo os participantes do painel, as correções no sistema democrático podem lubrificar a ação do Estado contra as mudanças climáticas: mais educação para a população e os decisores, uma transição para um sistema de votação proporcional, o fim dos subsídios às indústrias do setor de combustíveis fósseis, um muro contra o lóbi dessas indústrias, a adoção de uma lei-quadro climática através da qual todas as políticas públicas devem passar.
Dominic Champagne foi provocador:  «Há um grande ato de desobediência às leis da natureza que está a ser praticado por quem lucra com o crime. A indústria de petróleo e gás, e aqueles que a financiam, são os primeiros a desobedecer às leis da natureza. É normal que essa violência que exercemos contra a natureza mereça uma resposta da natureza. Mas infelizmente, aqueles que ainda tenham reservas significativas de energia, armas, mobilidade, provavelmente ainda se sairão melhor, e não é certo que a humanidade saia vencedora. A ditadura verde, se houver, será imposta pela natureza, infelizmente.» Le Devoir.

Bico calado

  • Boris Johnson está a ser investigado sobre alegações de fraude eleitoral após alegações de que os Conservadores teriam oferecido comendas a figuras importantes do Partido do Brexit para os tentar convencer a não concorrer nas eleições gerais. The Independent.
  • EUA atingem número recorde de assassinatos em massa em 2019, titula a Deutsche Welle.
  • Sabia que os EUA instalaram armas nucleares na Islândia sem informarem as autoridades? Descobriu-se agora, via National Security Archive.
  • Uma quarta rodada de documentos internos divulgados pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW) foi publicada pelo WikiLeaks, expondo ainda o relatório oficial sobre um alegado ataque de armas químicas em 2018 em Douma - arredores de Damasco, na época mantido por Forças islâmicas apoiadas pela CIA - como tendo sido manipulado para justificar um ataque dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França contra o governo sírio. Os documentos apontam para um esforço sistemático para omitir provas descobertas por investigadores que levantam dúvidas significativas sobre a linha oficial apresentada por Washington e seus aliados de que o governo de Bashar al-Assad tinha levado a cabo um ataque de armas químicas que matou 49 pessoas. WSWS. A propósito: Portugal contribuiu com € 40.000 para um Fundo Fiduciário da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW) para apoiar o projeto de atualização da atual armazem de equipamentos e laboratórios da OPCW. Este projeto resultará na construção de uma nova instalação, o Centro OPCW de Química e Tecnologia.
  • O tribunal de Luanda, Angola, determinou o arresto de propriedades de Isabel Dos Santos e seu marido, incluindo ações do Banco BFA e da empresa de telefones móvel UNITEL. Fontes: Observador e Jornal Económico.
  • A redução da população da Grécia, devido à baixa taxa de natalidade e à emigração, tem provocado o encerramento de escolas e jardins-de-infância em todo o país. Só em 2019-2020 foram encerrados 14 jardins-de-infância e 9 escolas primárias em 19 municípios da região de Attica. Entre 2009 e 2014, 1.705 unidades escolares foram encerradas: 796 escolas primárias, 509 jardins-de-infância e 400 escolas secundárias. O governo tenta aplicar medidas para manter ou para fazer regressar os jovens. EurActiv.
  • A Síria ponderará avançar com uma ação internacional contra os EUA por roubar-lhe petróleo. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que as forças americanas garantiram os campos de petróleo no nordeste da Síria, propondo que a Exxon Mobil, ou outra petrolífera dos EUA, pudesse geri-los. MEM.
  • Os soldados venezuelanos que participaram da tentativa de golpe apoiada pelos EUA em abril de 2019 e posteriormente fugiram para os EUA foram encarcerados em campos de detenção do ICE desde então. Mint Press.
  • O governo da Venezuela concluiu a construção de 3 milhões de casas que foram entregues a preços baixos às famílias mais desfavorecidas. Alba Ciudad.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Armando Silva Afonso: Cancelamento da barragem de Girabolhos facilitou cheias no Mondego

  • Sem a construção da barragem de Girabolhos, a montante da Aguieira, cancelada em 2016, será muito difícil travar a repetição de cheias no Mondego, defende o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Engenheiros. «Temos que deixar de olhar para as barragens associadas à energia, e olhar para as barragens com todas as suas funções, de regularização, de armazenamento de água, de controlo de cheias e penso que isso vai ser cada vez mais importante no futuro», afirmou Armando Silva Afonso. Entretanto, Alfeu Sá Marques, especialista em hidráulica pela Ordem dos Engenheiros, sublinha que a barragem de Girabolhos, projetada para uma zona que envolvia os concelhos de Gouveia, Seia, Mangualde e Nelas, adicionaria uma capacidade útil de regularização do Mondego de 245 hectómetros cúbicos de água (um hectómetro corresponde a mil milhões de litros), sendo que o rio tem neste momento uma capacidade de 365 hectómetros cúbicos, com as barragens de Fronhas, Raiva, Caldeirão e Aguieira. Caso se adicionasse à construção da barragem de Girabolhos a edificação de outras duas barragens projetadas para o Mondego (Midões e Asse Dasse), passaria a haver uma capacidade útil de 889 hectómetros. A barragem de Girabolhos integrava um conjunto de dez novas barragens do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, lançadas pelo Governo de José Sócrates, mas a sua construção foi cancelada em 2016, no primeiro Governo de António Costa, quando já tinha sido concessionada à Endesa. Jornal do Centro.  «Não podemos imaginar que vamos artificializar, para sempre, o leito dos rios e o seu curso», defendeu João Matos Fernandes, em resposta à Ordem dos Engenheiros do Centro, que defende a construção da barragem de Girabolhos, a montante da Aguieira, para travar a repetição das cheias no Mondego. «Regularização do caudal rio Ceira, um afluente do Mondego, em Coimbra, é a nossa aposta. Trata-se de um rio que corre livremente e que, com o apoio de fundos europeus, estamos a começar a regularizar, utilizando apenas métodos de engenharia natural. Trata-se do oposto daquilo que é fazer uma barragem e termos um rio com capacidade de diminuir afluência de caudais ao próprio rio Mondego», explicou.
  • Surgiram várias petições em Istambul contra um enorme projeto de canal defendido pelo presidente turco Tayyip Erdogan. O Kanal Istambul de 45 km proposto, localizado nas margens ocidentais da maior cidade da Turquia, ligaria o Mar Negro ao norte e o Mar de Mármara ao sul. Erdogan diz que facilitará o tráfego e evitará acidentes no estreito natural do Bósforo, uma das vias mais movimentadas do mundo, que atravessa a cidade. A Oposição e os ambientalistas dizem que o relatório de impacto ambiental, uma etapa fundamental para projetos de infraestrutura tão grandes, não esclarece adequadamente todos os problemas que o canal pode causar. Reuters.

Reflexão – Hortas em telhados


Os telhados da Ópera, na Bastilha, Paris, já têm hortas.

Bico calado

  • «(…) Curiosíssima é ainda a referência à Secção dos Municípios com Barragem da Associação Nacional de Municípios. Esta não foge à regra geral (porque haveria de fugir?) das outras secções, que convido o leitor a visitar na página da internet da ANMP. São nove e com temas absolutamente cruciais para o desenvolvimento regional, como a atividade taurina! A maior parte das atas são secretas o que não deixa de ser curioso, numa corporação autárquica. Um pouco mais de transparência não lhes ficava mal. A menos que esse segredo seja para “proteger” a pouquíssima utilidade e ainda menor participação que aquelas que são públicas já revelam. Em concreto, a dos Municípios com Barragem integra oitenta e oito municípios e já realizou seis reuniões. De duas delas não há ata. Das outras quatro, duas atas são de acesso reservado!!! Das restantes, em que os senhores autarcas se deram ao incómodo de partilhar com os humildes cidadãos as suas elevadíssimas decisões, uma foi electiva e nela participaram apenas 26% dos membros (conceção bizarra da participação democrata!) A outra teve quórum ainda inferior (24%) e foi, vejam bem, para protestar com a atuação da EDP!!!! E esta, hein? – como diria o saudoso Fernando Pessa!» José Mário Leite, in Jornal Nordeste.
  • «(…) Será que sente vergonha por Sousa Lara, porta-voz nacional do Chega para questões de segurança e geopolítica, ter beneficiado durante anos do pagamento de uma subvenção vitalícia? O regime de subvenções vitalícias, nascido na década de 80 por acordo entre o PS e PSD, sempre foi um privilégio inaceitável da elite política portuguesa. O Bloco de Esquerda combateu-o energicamente e, em 2005, conseguimos finalmente acabar com este insulto aos portugueses. Isso cortou o pagamento a Sousa Lara, mas não o direito, porque infelizmente, os direitos adquiridos anteriormente continuam em vigor por decisão de PS e PSD. É por isso que na lista de 300 privilegiados consta o nome de Sousa Lara, o porta-voz do Chega. Vergonha? No currículo do porta-voz do Chega encontra-se ainda o envolvimento num dos maiores escândalos da década de 90, o “Caso Moderna”, um escândalo de corrupção, gestão danosa e associação criminosa ligado à Universidade Moderna, onde não faltaram as presenças da maçonaria e de Paulo Portas. O Ministério Público acusou-o inicialmente de quatro crimes de apropriação ilícita, associação criminosa e administração danosa. Sousa Lara acabaria condenado em primeira instância por administração danosa e ilibado em segunda instância, tal como praticamente todos os arguidos. O jornal onde André Ventura é hoje comentador residente comentaria à época que o desfecho do “Caso Moderna” era uma vitória dos poderosos. Vergonha? Contudo, o que deu dimensão nacional a Sousa Lara (e internacional, diga-se) foi a censura a Saramago. O então subsecretário de Estado da Cultura de Cavaco Silva decidiu vetar a presença de uma conhecida obra do escritor na candidatura portuguesa ao Prémio Literário Europeu. A justificação? “Não representa Portugal.” Poucos anos mais tarde, José Saramago ganharia o Prémio Nobel da Literatura. Uma chapada de luva branca. Hoje, André Ventura rasga as vestes em nome da liberdade expressão, mas escolhe ter ao seu lado um dos mais conhecidos censores portugueses. Vergonha? E o que dizer de Peixoto Rodrigues? Este sindicalista da polícia, presidente do Sindicato Unificado da PSP, foi aposentado compulsivamente por ter faltado 83 dias seguidos ao serviço sem apresentar justificação. Está ainda constituído arguido num processo de fraude onde terá lesado o Estado em mais de 60 mil euros. Apesar de André Ventura conhecer estas lamentáveis práticas abrigou-o nas suas listas e classificou-o como um dos “rostos da proposta política do partido”. Vergonha? E o que sentiu André Ventura quando lhe apareceu a Polícia Judiciária à porta para o investigar no âmbito do mega-processo de corrupção autárquica “Tutti Frutti”? A PJ suspeita que André Ventura tenha feito parte de um esquema partidário que criou um saco azul de financiamento ilegal através da contratação de um assessor fantasma para o seu gabinete de vereador na Câmara Municipal de Loures. Vergonha? (…)» Pedro Filipe Soares, in As vergonhas de Ventura.
  • Uma jornalista assassinada. Negócios offshore obscuros. Uma pequena nação sob o domínio de interesses criminais de larga escala. Estes são os principais parâmetros que levaram à eleição do primeiro-ministro maltês Joseph Muscat como pessoa do ano da OCCRP 2019 em Crime organizado e corrupção.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Tomar: SEPNA/GNR lavra auto de contraordenação por construção ilegal de açude

  • O Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR elaborou um Auto de Notícia por Contraordenação, remetido à Agência Portuguesa do Ambiente para instrução de processo contra a Câmara Municipal de Tomar por construção ilegal de açude junto à Roda do Mouchão. A denúncia fora feita em outubro passado pelos Aqua Tomar, através de Américo Costa.
  • «(…) Mas sendo verdade que vamos ter de nos afastar das zonas costeiras ou das margens de rios mais sensíveis à crise climática, também é verdade que não faz sentido algum projectar um aeroporto numa área sujeita aos mesmos riscos e vulnerabilidades. Mesmo que a pista do Montijo fique a uma cota cinco metros superior à actual, as previsões apontam para o risco de inundações e de efeitos de tsunami a partir de 2050 ou 2070. O que nos leva à questão essencial: se o ministro se preocupa, e bem, com a sustentabilidade das aldeias do Mondego instaladas no leito de cheia, por que razão não assume a mesma previdência em relação ao Montijo?» Manuel Carvalho, in Público.

Reino Unido: ar de Londres é um dos campeões dos microplásticos

  • A quantidade de microplástico descoberto no ar de Londres surpreendeu os cientistas. «Encontramos uma grande abundância de microplásticos, muito maior do que o que foi relatado anteriormente», disse Stephanie Wright, do Kings College London, que liderou a pesquisa. "Mas qualquer cidade do mundo será algo parecida." A pesquisa, publicada na revista Environment International, recolheu os microplásticos que caem no telhado de um prédio de nove andares no centro de Londres. Isso garantiu que apenas microplásticos da atmosfera fossem recolhidos. Foram identificados 15 tipos diferentes de microplásticos, com taxas de deposição variando de 575 a 1.008 peças por metro quadrado por dia. A maioria dos microplásticos eram fibras de acrílico, provavelmente de roupas. Apenas 8% dos microplásticos eram partículas, na maioria poliestireno e polietileno, ambos comumente usados em embalagens de alimentos. A taxa de deposição microplástica medida em Londres é 20 vezes maior que em Dongguan, China, sete vezes maior que em Paris, França e quase três vezes maior que Hamburgo, Alemanha. The Guardian.
  • O ministro da Educação da Itália, Lorenzo Fioramonti, demitiu-se por não obter do governo biliões de euros que, segundo ele, eram necessários para melhorar as escolas e universidades do país. EurActiv. Foi o preço que pagou por querer apçlicar taxas sobre passagens aéreas para poder introduzir no currículo das escolas italianas o estudo das alterações climáticas e do desenvolvimento sustentável e por se meter com a ENI, sugerindo que ela deveria interromper a exploração de petróleo e concentrar-se nas renováveis.
  • Um tribunal ambiental chileno aceitou uma queixa das comunidades indígenas no deserto do Atacama, no norte do país, sobre a expansão de minas de lítio que obrigaria ao aumento significativo do uso de água pela SQM e pela Albemarle. Reuters.
  • Gujarat, província indiana que faz fronteira com o Paquistão, está a ser invadida por pragas de gafanhotos que andam a dizimar as culturas. Esta praga não se verificava desde 1993-94. The Hindu.

Reflexão - «O presente da morte - O consumo patológico tornou-se tão normalizado que mal o notamos»


«Não há nada que eles precisem, nada que eles já não tenham, nada que eles queiram. Mas você compra-lhos. (…) Eles parecem divertidos no primeiro dia de Natal, idiotas no segundo, embaraçosos no terceiro. No décimo segundo jazem em aterros sanitários. (…) ninguém vai usá-los, ou mesmo olhar para eles, depois do dia de Natal. Eles são projetados para provocar agradecimentos, talvez um ou dois esgares e depois são descartados. (…) 
À superficialidade dos produtos corresponde a profundidade dos impactos. Materiais raros, eletrónica complexa, a energia necessária para o fabrico e o transporte são extraídos e refinados e combinados em compostos de total inutilidade. Quando se toma em consideração os combustíveis fósseis cujo uso encomendamos em outros países, o fabrico e o consumo são responsáveis por mais da metade de nossa produção de dióxido de carbono. (…) 
Este boom não aconteceu por acidente. As nossas vidas foram cercadas e moldadas para o estimular. As regras do comércio mundial forçam os países a participar no festival do lixo. Os governos reduzem impostos, desregulamentam os negócios, manipulam as taxas de juros para estimular o consumo. Raramente os engenheiros dessas políticas param e perguntam "gastar em quê?" Quando todos os desejos e necessidades concebíveis foram satisfeitos (entre os que têm dinheiro disponível), o crescimento depende da venda dos produtos inúteis. (…) 
Homens e mulheres adultos dedicam as suas vidas a produzir e comercializar esse lixo e a dissimular a ideia de viver sem ele. (...) 
As melhores coisas da vida são gratuitas, mas descobrimos uma maneira de as vender. O crescimento da desigualdade que acompanhou o boom consumista garante que a crescente maré econômica já não pode elevar todos os barcos. Nos EUA em 2010, apenas 15 da população acumulou 93% do crescimento dos rendimentos. A velha treta de que devemos destruir o planeta para ajudar os pobres, já não pega. (…) Faça-lhes um bolo, escreva-lhes um poema, dê-lhes um beijo, conte-khes uma piada, mas, pelo amor de Deus, pare de destruir o planeta para dizer que gosta de alguém.(…)».
George Monbiot, The gift of Death.

Mão pesada

Um aterro sanitário na área de Graham vai pagar uma multa de 734 mil dólares por poluir um afluente do rio Nisqually, em Washington. The News Tribune

Bico calado

  • Fundos europeus pagaram uma obra duas vezes. A Câmara Municipal de Fornos de Algodres recebeu para a fazer dizendo que o terreno era seu quando não o era. Hotel privado [Palace Hotel - Termas São Miguel] que era o único interessado já tinha recebido para a mesma obra. Público.
  • «No dia 18 de Dezembro, Francisca Van Dunem, actual ministra da Justiça, participou numa homenagem a João Antunes Varela, jurista e um dos criadores do Código Civil de 1966. Isto seria muito normal, não fosse o caso de Antunes Varela ter sido ministro da Justiça entre 1954 e 1967. Ou seja, foi ministro da Justiça de uma ditadura, que não tinha legitimidade, que não respeitava direitos e liberdades e onde muitos julgamentos eram uma farsa. (…) Ao falarmos de Antunes Varela, estamos a falar de um ministro da Justiça de um regime onde havia os tribunais plenários para fazer julgamentos políticos, onde, muitas vezes, as sentenças já iam escritas pelos pides. Foi ministro da Justiça de um regime que manteve um histórico socialista, partido que suporta o seu governo, Edmundo Pedro, dez anos preso sem sequer ter sido condenado. E, como Edmundo Pedro, muitos outros ficavam eternamente presos sem culpa formada. Além dos que, uma vez cumprida a pena, continuavam nos calabouços com o pretexto de que representavam um perigo para a segurança do país. A ministra da Justiça de um regime democrático fazer uma homenagem a um ministro da Justiça de uma ditadura, evitando criticar as injustiças a que esse homem presidiu, é indigno e é, objectivamente, participar numa lavagem do antigo regime. Tal como se eu, enquanto economista, escrever um artigo a falar dos bons resultados conseguidos pelos ministros das Finanças e da Economia de Pinochet, brilhantes economistas doutorados na Universidade de Chicago, sem nunca me referir à natureza torcionária do regime, estarei a branquear aquele regime. E, se isto é verdade para um ministro da Economia ou das Finanças, muito mais o é para um ministro da Justiça. Afinal, o ministro das Finanças ainda pode alegar que é um tecnocrata que nada tem a ver com presos políticos ou com o funcionamento dos tribunais e das polícias. No caso de um ministro da Justiça, tal alegação é, apenas, absurda.» Luís Aguiar-Conraria, Público.
  • «A ADSE enfrenta atualmente dificuldades importantes criadas pelo governo e pelos seus representantes no Conselho Diretivo. (…)As dificuldades atuais da ADSE, não resultam da falta de dinheiro (em 2019, os trabalhadores e os aposentados descontaram das suas remunerações e pensões até Novembro 562 milhões € quando em 2018 tinha sido 546 milhões € e a previsão no Orçamento de 2020 é que atinja os 633 milhões € no próximo ano e a ADSE tem aplicados a prazo no IGCDP 350 milhões €), mas sim de atos de gestão das representantes do governo no Conselho Diretivo onde têm a maioria,  e de obstáculos e declarações do governo, como as feitas recentemente pela ministra Alexandra Leitão, que criam dificuldades e instabilidade aos beneficiários. É exemplo comprovativo dos efeitos das dificuldades os elevados atrasos nos pagamentos dos reembolsos aos beneficiários no Regime livre, bem como a reação de todos os prestadores à nova proposta de Tabela de preços do Regime convencionada que, depois de prometida há mais de um ano e meio por força do Decreto Lei 33/2018 de 15 de Maio de 2018, ainda não é completa e que poucos dias depois de enviada se disse que se vão mudar preços  pondo em causa a credibilidade da própria tabela. (…) As representantes do governo no Conselho diretivo da ADSE têm-se oposto também a assinatura de convenções com pequenos e médios prestadores, de que é exemplo os Hospitais das Misericórdias que se encontram espalhados por todo o país, mesmo em concelhos onde o numero de prestadores que têm convenções com a ADSE é manifestamente insuficiente, criando assim dificuldades aos beneficiários no acesso a cuidados de saúde e promovendo, desta forma, uma maior  concentração nos grandes grupos de saúde pois obrigam os beneficiários a deslocaram-se aos seus hospitais. Até parece que a intenção era virar todos – beneficiários, grandes, pequenos e médios prestadores e IPSS – contra a ADSE como efetivamente aconteceu para depois justificar a intenção do governo de transformar a ADSE numa mutua, desresponsabilizando o Estado, o que permitiria  a fácil e rápida captura da ADSE pelos grandes grupos de saúde (Luz, JMS, Lusíadas, Grupo HPA, Trofa, SANFIL), como este governo mal tomou posse anunciou pela voz da ministra Alexandra Leitão. Um dos problemas que enfrenta a ADSE é falta de trabalhadores, e a deficiente motivação dos atuais por falta de meios, para poder funcionar normalmente, respeitar os direitos dos beneficiários, e combater eficazmente a fraude e o consumo desnecessário muito dele promovido pelos prestadores para aumentar a faturação e os lucros. A falta de trabalhadores está a estrangular a ADSE, a causar a insatisfação dos beneficiários e a fragilizá-la face aos grandes grupos privados de saúde. A ADSE tem atualmente 194 trabalhadores quando precisa 270, e o governo conjuntamente com os seus representantes no Conselho Diretivo da ADSE tem criado continuas dificuldades no seu preenchimento. (…) A transformação da ADSE numa mútua como defende a ministra Alexandra Leitão (ECO e EXPRESSO-ONLINE, 18/12/2019), abriria a porta a uma rápida e fácil captura da ADSE pelos grandes grupos privados da saúde. A ADSE movimenta anualmente mais de 680 milhões € por ano, sendo 630 milhões € resultantes dos descontos feitos nas remunerações e pensões dos trabalhadores da Função Publica constituindo, por isso, um “fruto apetecível”, nomeadamente para os grandes prestadores privados da saúde. Sem a proteção do Estado rapidamente seria capturada por aqueles grupos que encontrariam quem estivesse disposto a isso, em troca de alguns benefícios pessoais, e utilizando os enormes meios que dispõem e o controlo que têm nos media colocariam à frente da mútua uma administração “amiga”. E assim criariam as condições para transformar a ADSE num seguro de saúde igual aos muitos que já existem com “plafonds” na despesa e com copagamentos elevados, transformando a ADSE num instrumento de obtenção de lucros ainda maiores do que aqueles que já tem. Mesmo que a direção da futura mútua não fosse da sua confiança, sem o apoio do Estado, rapidamente a capturariam com o enorme poder de mercado que possuem (mais de 60% dos serviços faturados à ADSE têm como origem os 6 maiores grupos privados de saúde), o que lhes dá um enorme poder de chantagem. Dificilmente qualquer administração resistiria sem o apoio do Estado. Pensar o contrário é pelo menos ingenuidade. O que aconteceu no Montepio devia servir de reflexão para os muitos que falam de mutualismo sem qualquer conhecimento e experiência da realidade concreta do mutualismo em Portugal. No Montepio um pequeno grupo apoderou-se da administração da Associação Mutualista  e delapidou mais de 1500 milhões € das poupanças que os associados têm no Montepio, atribuindo-se a si privilégios chocantes (os membros do Conselho de Administração usufruem remunerações mensais que variam entre 26.000€ e 31.000€, têm direito cada um deles a viatura de alta gama com todas as despesas pagas, a cartões de crédito, e direito a pensão completa, igual à sua remuneração mensal, ao fim de 20 anos de serviço, quando os trabalhadores do próprio Montepio, que são associados, precisam de 40 anos de serviço). E este grupo depois de se ter instalado aproveitou os meios e recursos do próprio Montepio para se perpetuar no poder. E o Montepio não é um caso isolado em Portugal, muito pelo contrário. O que a ADSE verdadeiramente precisa é do aumento do  poder dos beneficiários que deviam ter direito a dois membros do Conselho Diretivo e não apenas de um, cabendo ao governo a nomeação do presidente do conselho diretivo, e tendo o governo o poder de veto sobre algumas matérias claramente definidas; e também o aumento do poder do Conselho Geral de Supervisão, deixando de ser órgão um meramente consultivo e passando a ter poder vinculativo em várias matérias (por ex. pessoal, orçamento embora impondo que ele seja equilibrado, etc.) e tendo poderes também para fazer uma verdadeira fiscalização da atividade do Conselho diretivo, o que atualmente não sucede. Para além disso, a ADSE precisa de um Conselho Diretivo onde os seus membros tenham efetivamente experiência e competências de gestão e a maioria não seja apenas da confiança e obedientes às instruções do governo, mesmo em matérias de gestão corrente que a lei não permite, como atualmente sucede. E o governo não pode fugir as suas responsabilidades como garante da ADSE pois esta faz parte do Estatuto laboral dos trabalhadores da Função Pública.» Eugénio Rosa, in Jornal Tornado.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Sado tem importante comunidade de cavalos-marinhos

  • O projeto Guardiãs do Mar: Mulheres Pescadoras Líderes da Conservação do Oceano, liderado pela exploradora da National Geographic Raquel Gaspar, encontrou uma importante comunidade de cavalos-marinhos no Sado.
  • Um estudo recente da American Geophysical Union descobriu uma das concentrações de plástico que excede em muito o plástico oceânico global superficial: os rios. Os investigadores consideram os rios como estradas para o plástico entrar no mar e não como lugares significativos onde o plástico se acumula. «Este estudo mostra que a acumulação de plástico nos corredores dos rios é imensamente maior que a quantidade de plástico encontrada nos oceanos do mundo. Os rios não funcionam apenas como puras vias para os resíduos plásticos viajarem até aos oceanos, mas também representam sumidouros a longo prazo, com microplásticos que se enterram em leitos de córregos e sedimentos de várzeas». Gizmodo.
  • O TOXMAP, um mapa interativo que permitiu aos utentes públicos identificar fontes de poluição, foi retirado da Internet 15 anos depois de criado. Hospedado pela Biblioteca Nacional de Medicina (NLM), o site foi benéfico para investigadores e advogados. Alguns observadores consideram que o desaparecimento do TOXMAP está relacionado com as reversões do presidente Trump em relação às políticas ambientais estabelecidas pela administração Obama. Newsweek.
  • O uso intensivo de sal nas estradas no inverno é um problema crescente, dizem os cientistas. Todos os anos, mais de 21 biliões de quilos de sal são espalhados nas estradas para evitar os efeitos do clima de inverno. Mas isso tem um custo: descongelar o gelo degrada estradas e pontes, contamina a água potável e prejudica o ambiente. Embora o sal ajude a manter as estradas limpas no inverno, ele não desaparece com a neve. Uma parte derrete-se nos rios e lagos. O resto que permanece nas estradas corrói o asfalto, as pontes e os canos que transportam água potável, causando contaminação por chumbo em alguns lugares. Demasiado sal no ambiente pode matar pequenos organismos e mudar o sexo dos sapos. Rhode Island, Massachusetts, New York, New Hampshire e Vermont são os estados que aplicam mais sal. USAToday.

Bico calado

  • Nos EUA, cresce a procura de bunkers sofisticados em silos de mísseis abandonados e outras estruturas subterrâneas, comercializados para pessoas preocupadas com tudo, desde alterações climáticas, a terrorismo e a agitação civil. «O medo vende ainda melhor que o sexo», diz um professor de antropologia. «Se você pode assustar as pessoas, pode vender-lhes todo o tipo de coisas.» NYTimes.
  • Os planos de Israel para anexar o vale do Jordão ocupado foram congelados após a decisão do Tribunal Penal Internacional de iniciar uma investigação completa sobre alegados crimes de guerra nos territórios palestiniaos, informa a Ynet News.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Brasil: principais cidades turísticas têm 42% das praias poluídas

  • Principais cidades turísticas do Brasil têm 42% das praias poluídas, titula a Folha de S. Paulo
  • A província vitivinícola argentina de Mendoza, conhecida ppelo seu vinho tinto Malbec, explodiu em protesto contra a súbita reviravolta de uma lei de proteção da água de 2007 que mantinha com sucesso projetos de mineração intensivos fora da província. Os agricultores ficaram furiosos ao ouvirem o anúncio da aprovação do governo de 19 projetos de mineração de urânio, cobre, ouro, chumbo, prata, zinco e ferro, alegando a criarão de dezenas de milhares de novos empregos e a aplicação das royalties para novos projetos de irrigação. Entretanto, os ambientalistas alertaram que esses megaprojetos poderiam ameaçar as fontes de água das quais dependem agricultores e viticultores, numa província semiárida que já está passando pela pior seca da sua história. The Guardian.
  • O Japão quer despejar a água contaminada da central nuclear de Fukushima.. Os pescadores temem o pior. A água do desastre de Fukushima é mais radioativa do que as autoridades divulgaram anteriormente, levantando dúvidas sobre as garantias do governo de que ela será tornada segura. NYTimes.

Mão pesada

A PT Kaswari Unggul, filial das Plantações Bakrie Sumatera, foi multada em 1,8 milhão de dólares por responsabilidades nos incêndios ocorridos nas suas plantações de óleo de palma em 2015. Mongabay.

Reflexão: «Depois das tempestades, reconstruímos nos mesmos lugares e congratulamo-nos por isso, como se fosse um dever patriótico. E ficamos admirados quando a grande tempestade seguinte chega e destrói o local».


Em meados da década de 1980, o pessoal de Wall Street começou a adquirir propriedades ao longo da costa leste dos EUA para construir segundas residências. Em Long Beach Island, em New Jersey, um deles queixou-se ao presidente da Câmara, dizendo-se descontente com o clima. «Ele queria que eu fizesse alguma coisa», recordou o presidente, citado no recente livro de Gilbert M. Gaul, «A Geografia do Risco: Tempestades Épicas, Subida do nível das águas do mar e o Custo das Costas da América.» «Olhei para ele e disse: ' O que é que você quer que eu faça? Você quer que eu pare a chuva? '"
Este é o tipo de estórias que a Gaul usa para ilustrar o “desenvolvimento imprudente das costas” e o sentido de direito de alguns dos envolvidos no desenvolvimento e na compra de casas em zonas costeiras de alto risco. Gaul, ex-jornalista de investigação do Washington Post e de outros jornais, e duas vezes vencedor do Prémio Pulitzer, defende que as tempestades não são apenas muito caras - totalizando 750 biliões de dólares em prejuízos nas últimas duas décadas - mas parecem estar a tornar-se mais severas.
Em «A Geografia do Risco», Gaul concentra-se nos personagens envolvidos no desenvolvimento e no planeamento: os políticos que tomam decisões sobre a proteção das zonas costeiras e oferecem subsídios por danos; as seguradoras que lucram centenas de milhões de dólares; e os cientistas que estudam os fatores ambientais, extremados pelas alterações climáticas, que causaram algumas das maiores tempestades da história.
Gaul diz que é difícil defender que um determinado furacão é causado diretamente pelas alterações climáticas. Mas diz que a subida da temperatura está a ajudar a criar condições para tempestades mais severas, e que devemos «descobrir como isso está a contribuir e como isso pode mudar à medida que avançamos se o planeta continuar a aquecer».
Durante a construção da costa moderna, construímos mais de cem mil casas ao longo das baías, desenterrando velhos pântanos e aterrando-os, tornando aquelas zonas mais vulneráveis. As zonas húmidas atuam essencialmente como uma esponja. Elas ajudam a absorver as tempestades e os impactos das ondas durante os furacões e agem como um amortecedor para as zonas trás delas.
Os proprietários costeiros nunca pagaram prémios sobre o risco real de inundações. O NFIP terá concedido grandes descontos para propriedades mais antigas e de maior risco que sofriam inundações frequentes. E, até recentemente, operava sem reservas. Quando grandes tempestades como Harvey, em 2017, resultaram em reivindicações maciças, fez empréstimos ao Tesouro dos EUA - uma forma disfarçada de subsídio.
Há uma série de outros subsídios que incentivam a construção descontrolada ou mesmo imprudente nas planícies propícias a inundação. Eles variam de subsídios federais para estradas e pontes, assistência em desastres para cidades litorais e autarquias locais, injeção de de areia na frente de casas de praia que valem um milhão de dólares para ampliar a praias erodidas.
Resumindo, construímos 3 triliões em propriedades. Há quem fale em 10 triliões. Muitas delas são segundas residências. Não há uma polegada da costa que não tenha construções em New Jersey. Após as tempestades nós reconstruímos exatamente nos mesmos lugares e congratulamo-nos por isso, como se fosse um dever patriótico. E ficamos admirados quando a grande tempestade seguinte chega e destrói o local.» 
Hope Reese, in Undark.


Bico calado

  • Um armazém da Amazon em Seine-Saint-Denis, onde 50.000 pacotes são triados, foi privado de eletricidade durante a noite, após um corte reivindicado pela CGT. O sindicato denuncia as fracas condições locais de trabalho e a reforma das pensões. Le Parisien.
  • Apesar de constituir apenas 8% da população de Los Angeles, os negros americanos representam 42% dos sem abrigo. Isto não é um acidente: é o resultado de décadas de racismo estrutural calculado, segundo um relatório do New York Times publicado em 22 de dezembro, citado pela Mic.
  • «"É hoje pacífico", diz o acórdão nas conclusões, "que os jornalistas não têm apenas uma ampla latitude na formulação de juízos de valor sobre os políticos, como também na escolha do código linguístico empregado. Admite-se que possam recorrer a uma linguagem forte, dura, veemente, provocatória, polémica, metafórica, irónica, cáustica, sarcástica, imoderada e desagradável." E andamos nós a discutir como combater as fake news no Facebook. Afinal, diz-nos o Supremo Tribunal, o jornalismo não é uma profissão com regras, as notícias não têm de ser verdadeiras nem separadas das opiniões. E as opiniões, bem, desde que tenham políticos como objeto é fogo à vontade. Só uma pergunta: como este é um artigo de opinião e sou jornalista, posso dizer que estes acórdãos são criminosos, ou isso já será abusar da liberdade de expressão?» Fernanda Câncio, in O Supremo tabloideDN 21dez2019.
  • O suspeito de fornecer a bomba que matou a jornalista de investigação Daphne Caruana Galizia faz parte de um grupo que canalizou € 200.000 para um partido e fundação do Parlamento Europeu com ligações estreitas a Nigel Farage, revela o Byline Times. Outro membro desse grupo foi Ryan Schembri, primo direito do chefe de gabinete do primeiro-ministro de Malta, Keith Schembri, interrogado pela polícia por alegadamente ter ordenado o assassinato. Adrian Agius e Ryan Schembri controlavam ou eram diretores de empresas responsáveis pela grande maioria das doações à Aliança Europeia pela Liberdade (EAF) - um partido político pan-europeu de eurocéticos de direita - e a sua fundação, a Fundação Europeia da Liberdade (EFF). Caruana Galizia, assassinada em outubro de 2017, foi a primeira a descobrir a ligação entre Ryan Schembri, Adrian Agius e A Aliança Europeia pela Liberdade através de empresas listadas na publicação dos Panama Papers em 2016.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Crime ambiental compensa? 76% das multas aplicadas não são cobradas

  • «Em cinco anos a Inspeção do Ambiente só conseguiu cobrar 24% das multas que foram passadas. Entre 2014 e 2018 houve mais de três mil e trezentas inspeções ambientais e foram instaurados mais de cinco mil e setecentos processos de contraordenação, mas, na prática, a maior parte do valor das multas ficou por cobrar. Dos trinta e sete milhões de euros que deveriam ter sido cobrados a Inspeção do Ambiente só conseguiu cobrar nove milhões.»
  • A EDP Renováveis assinou um contrato de 33 megawatts a 20 anos num leilão de energia eólica realizado na Grécia para vender a eletricidade gerada pelo parque eólico de Xironomi, cuja exploração comercial deverá começar em 2022. Entretanto, a EDP Renováveis garantiu contrato de longo prazo de 15 anos no leilão polaco de energia, para venda de eletricidade a ser produzida por um portfólio de 11 projetos de energia eólica onshore, com capacidade total de 307 MW. A instalação dos parques eólicos está prevista para 2021 e 2022. Fontes: ER e EDPR.
  • A Suíça despejou, durante 12 anos, 6700 bidões cheios de resíduos nucleares da sua central de Muehleberg no Atlântico, a 700 Km ao largo da costa irlandesa. Embora essa prática tenha sido proibida a partir de 1993, os resíduos continuam no fundo do mar. Nouvo RTS.
  • Empresas de alimentação, extração ilegal de madeira, mineração de ouro e centrais de carvão lideram os ataques mortais a ativistas ambientais nas Filipinas. Via Global Witness.

Reflexão – «Valdecañas: especulação urbanística e corrupção estrutural»


Apenas a 164 Km de Madrid, nas proximidades da Serra de Gredos e numa área natural protegida, integrado na Rede Natura 2000, um dos paraísos VIP de especulação imobiliária e financeira aumentou nos últimos anos. Valdecañas, na Marina Isla, é a nova coqueluche. Tudo ao som e ao toque de corrupção metódica e estrutural, escreve Manuel Cañada, no El Salto.

«Como é possível que, oito anos depois da primeira sentença declarando os projetos de Valdecañas ilegais e ordenando a reposição da terra na situação anterior à aprovação, o veredito judicial não tenha sido cumprido? Como é possível que, depois das três instâncias jurídicas mais importantes se terem pronunciado no mesmo sentido ninguém, absolutamente ninguém, tenha assumido a menor responsabilidade, criminal ou política?»
Talvez possamos explicar o enigma se examinarmos quem são os beneficiários e os autores do crime e a desobediência sustentada. Um paraíso para ricos, pois claro. Que o conquistaram através de agentes que souberam e conseguiram manipular a legislação. 

Bico calado

  • Foi preciso Marcelo voar 12.000 Kms Lisboa-Cabul-Lisboa para falar do nosso Orçamento? E ninguém lhe perguntou quem e quanto pagam por 230 militares português no Afeganistão, para não falar na pegada ecológica desta deslocação.
  • A empresária angolana deu uma entrevista ao Observador na semana passada. Este domingo, nas redes sociais, publicou uma versão alterada, com destaque e fotos diferentes e sem algumas perguntas, lamenta o Observador.
  • O ex-vice-chanceler austríaco Heinz-Christian Strache gastou entre 2.000 e 3.000 euros por mês jogando o jogo para telemóvel "Clash of Clans" e cobrou as taxas ao seu partido político de extrema direita, o Partido da Liberdade. DW.
  • O ex-diretor executivo da France Telecom e dois subordinados foram condenados a quatro meses de prisão por responsabilidades nos suicídios de 35 funcionários em meados dos anos 2000. The Guardian.
  • O avançado Troy Deeney, que regressou aos golos na importante e surpreendente vitória do Watford frente ao Manchester United (2-0), realçou que nunca sentiu pressão por não estar a marcar, porque pressão é outra coisa totalmente diferente. «Pressão era ver a minha mãe ter três trabalhos para pagar o Natal. Isto é futebol.» A Bola. Entrevista em vídeo.
  • A ToTok, uma aplicação de mensagens dos Emirados usada por milhões de telemóveis na Ásia, Médio Oriente, Europa, África e América do Norte foi considerada uma ferramenta de espionagem do governo e, como tal, eliminada da plataforma da Google Play. BBC.
  • A Tax Justice Network divulgou o seu Índice de paraísos fiscais das empresas, classificando os países segundo a sua cumplicidade no paraíso fiscal global das empresas. As 10 principais jurisdições são responsáveis por 52% dos riscos de evasão fiscal corporativa no mundo. Ler mais aqui.
  • Áudio do julgamento de Bolsonaro no exército, in Youtube.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Espinho: mar galgou a frente ribeirinha


Captada cerca das 4h30 da tarde de domingo, esta imagem sugere um cavalo a galopar sobre o mar de Espinho. 
Este mesmo mar tomou a liberdade de, no fim-de-semana da véspera de Natal, matar saudades de espaços há algum tempo tomados e ocupados pela voracidade humana, apoiada em decisões de autarcas ansiosos por protagonismos balofos e recônditos interesses.

Autoconsumo de energia elétrica em consulta pública

  • A Quercus recorda que já em 2018 tinha antecipado um cenário de cheias no Baixo Mondego decorrente da deposição de inertes após as obras de desassoreamento da albufeira do açude-ponte em Coimbra. «O gigantesco aterro que está a ser efetuado no rio Mondego vai provocar graves problemas em termos de retorno das cheias e assoreamento do rio, com prejuízos para todo o vale do Mondego a jusante de Coimbra, nomeadamente para a produção agrícola e nas localidades ribeirinhas», dizia o comunicado de 25 de julho de 2018. Notícias de Coimbra.
  • A ERSE colocou em consulta pública a regulamentação sobre o autoconsumo de energia elétrica
  • A Ohio River community of Newport uniu-se para reduzir os impactos das inundações e aumentar os espaços verdes. Para tal, vai concretizar 4 projetos: despavimentar algumas zonas, aplicar contentores de captação das águas das chuvas, construção de jardins de chuva e plantar árvores. EHN.
  • O terremoto de magnitude 5,4 que sacudiu a cidade de Pohang, na Coreia do Sul, em novembro de 2017, foi desencadeado pela geração de energia geotérmica, concluiu uma investigação encomendada pelo governo. Um projeto de energia renovável liderado pelo governo estava programado para construir a primeira central geotérmica do país em Heunghae, Pohang, em 2018. Diferente do sistema geotérmico tradicional, que usa calor subterrâneo liberado naturalmente da terra para gerar eletricidade, este novo sistema geotérmico perfurava rochas impermeáveis para criar condutas através das quais seria injetada água a alta pressão para trazer o calor subterrâneo à superfície. O relatório concluiu que o processo de perfuração e infusão criou inicialmente micro-terremotos em torno da instalação, mas a pressão acumulada das injeções de água ao longo do tempo provocou terremoto de Pohang, o segundo maior terremoto da história da Coreia do Sul. O terremoto provocou a evacuação de 1.800 pessoas e 135 feridos, além de danificar 57.000 estruturas cuja reparação custou cerca de 123 milhões de dólares. Um grande número de moradores ainda vive em contentores e ginásios devido ao risco de desabamento dos seus edifícios. The Diplomat.

Bico calado

  • Chamado «Cicatriz de Belém», este presépio de Banksy é iluminado por luz que atravessa um buraco de um pedaço de betão  em quatro direções que sugerem a Estrela de Natal. A obra está no Hotel Walled-Off do Banksy, onde todos os quartos têm vista para uma secção do muro de betão construído por Israel para cortar a Cisjordânia ocupada do território israelita. EuroNews.
  • O Facebook eliminou o que considerou ser uma rede global de mais de 900 contas, páginas e grupos da sua plataforma e do Instagram que alegadamente usava práticas enganosas para impôr narrativas pró-Trump a cerca de 55 milhões de utentes. A rede usava contas falsas, amplificação artificial e, principalmente, fotos de perfil de rostos falsos gerados através de inteligência artificial para espalhar conteúdo polarizador e predominantemente de direita pela web, inclusive no Twitter e no YouTube. Wired. Afinal o perigo não vinha da Rússia…
  • Inspeção-Geral da Educação abriu mais dois processos disciplinares no Externato Ribadouro e tem cerca de duas dezenas de averiguações em curso. Inflação de notas subverte acesso ao ensino superior, titula o Expresso.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Portugal: PS, PSD e CDS-PP rejeitam propostas para restringir ou banir o glifosato

  • As propostas do BE e do PAN para restringir ou banir o glifosato de espaços públicos, - o glifosato é um herbicida que poderá ser cancerígeno -, foram rejeitadas no Parlamento com os votos do PS, PSD e CDS-PP. Público
  • O projeto de "Os Verdes" apresentado na Assembleia da República para a suspensão das dragagens no estuário do Sado foi aprovado graças aos votos do PEV, PCP, Bloco de Esquerda, PSD, Livre e PAN. O PS e o CDS-PP votaram contra enquanto o Chega e Iniciativa Liberal abstiveram-se. Setúbal Mais.
  • A EDP vende seis barragens no Douro por 2,2 mil milhões: Miranda, Bemposta, Picote, Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro. O consórcio francês, formado pela Engie (participação de 40%), Crédit Agricole Assurances (35%) e Mirova – Grupo Natixis (25%)”, já é o segundo maior produtor de energia em Portugal, presente na Tejo Energia e na Turbogás. Observador.

Suíça encerra central nuclear de Muehleberg

  • O município de Copenhaguen aprovou um projeto de plantação de frutíferas, incluindo amoreiras e macieiras, em espaços público num esforço para ligar as pessoas à flora e comida locais. Dalya News.
  • A central nuclear de Muehleberg, na Suíça, foi definitivamente encerrada. Esta é a primeira de 5 centrais nucleares que a Suíça pretende encerrar, respeitando a vontade expressa por um referendo popular realizado em 2017. Reuters.
  • O supremo tribunal holandês ordenou ao governo a redução dos gases de efeito estufa, porque considera que «deve proteger o cidadão da deterioração do meio ambiente, e a luta contra a crise climática é uma questão de interesse geral». El País.
  • A Alemanha acusou os EUA de interferir nos seus assuntos internos por impor sanções às empresas que trabalham num grande projeto para abastecer a Europa Ocidental com gás russo. EurActiv.
  • Durante dois anos, os reguladores da Carolina do Sul encontraram evidências de que a poluição radioativa estava a contaminar a água potável numa pequena comunidade ao norte de Columbia. Mas o Departamento de Saúde e Controle Ambiental do estado decidiu não multar a Jenkinsville Water Co. Foi a terceira vez desde 2010 que o DHEC identificou poluição radioativa acima dos padrões de água potável e decidiu não multar a companhia de água. segundo registros. The State.
  • Os bastidores do plano para assassinar a ativista ambiental hondurenha Berta Cáceres, por Danielle Mackey, Chiara Eisner, in The Intercept.

Mão pesada

A Seattle Barrel and Cooperage Company foi multada em mais de 50 mil dólares por cerca de 30 despejos de produtos cáusticos em esgoto em 2018 e 2019. A empresa foi ainda multada em 30 mil dólares por carÊncia de rotulagens diversas e intimada a investir 15 mil dólares em formação sobre tratamento de produtos perigosos. The Seattle Times.

Bico calado

  • «Desde a privatização dos CTT há seis anos, triplicou o número de trabalhadores com contratos precários, fecharam cerca de 100 balcões pelo país e o custo de selo para uma carta normal aumentou 47%. Quando vos disserem que os privados gerem melhor que o Estado, lembrem-se disto.» Vicente Ferreira.
  • «(…) Há quem ache que os devemos ignorar. Com Bolsonaro não resultou. Que devemos reagir sempre com indignação ou ridicularizá-los. Com Trump não resultou. Que os devemos integrar. Na Alemanha dos anos 30 não correu bem. Eu acho que se deve atacar onde lhes dói. Se uma das razões do voto é a insegurança social, exibe-se o programa de que o Chega! tem agora vergonha, onde se propõe a total privatização do SNS e da Escola Pública, a desregulação laboral e a redução drástica dos impostos para os ricos. Mostra-se como são eles os amigos da “elite do regime”. Se é por causa do descrédito da política, fala-se da pensão vitalícia que o porta-voz Sousa Lara recebia ou do candidato às europeias que é arguido por alegada burla ao Estado (…)» Daniel Oliveira.
  • O premiado jornalista sérvio Stevan Dojčinović, fundador e editor-chefe da Rede de Relatórios de Crime e Corrupção KRIK, foi detido no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi quando chegava aos Emirados Árabes Unidos para falar numa conferência sobre anticorrupção da ONU. Após várias horas de detenção, Dojčinović foi colocado num avião de regresso a Sérvia. 
  • Angola recuperou mais de 5 biliões de dólares roubados dos cofres do Estado, informou Francisco Queiroz, ministro da Justiça, citado pela Aljazeera.
  • Autoridades de ocupação israelitas vão reduzir a área de pesca no sul da Faixa de Gaza de 15 para 10 milhas náuticas. MEM.
  • Os escritórios da Maersk no Rio de Janeiro e São Paulo foram revistados pela Polícia Federal brasileira em relação a alegações relacionadas ao pagamento de suborno à petroleira nacional Petrobras durante um período de 10 anos até 2012. A dinamarquesa  Maersk é acusada de pagar 3,4 milhões em subornos para obter contratos de transporte da gigante brasileira de energia. Splash247.
  • A principal autoridade antitrust do Chile anunciou que vai multar em cerca de 70 milhões de dólares as três principais empresas de ração de salmão (BioMar Group, Skretting e Salmofood ) por conluio na manipulação de preços entre 2003 e 2015. A agência solicitou o perdão para o EWOS Group, da Cargill, porque agiu como denunciante no caso. Undercurrent.
  • Na Guatemala, exumações de ossos de cadáveres enterrados em valas comuns já conseguiram identificar 3.500 dos presos políticos desaparecidos da Guatemala, detidos pelos militares. 45 mil é o número total de desaparecidos durante ditadura militar entre 1960 e 1996. Tudo começou em 1954, com um golpe apoiado pelos EUA que depôs o presidente eleito, seguindo-se um prolongado período de ditadura militar combatida por grupos de guerrilheiros. National Geographic.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Orçamento de Estado 2020 prevê aumento de 12,8% para o Ambiente

  • A secretária do Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Susana Prada, a diretora regional do Ordenamento do Território, Paula Menezes, e o ex-secretário do Equipamento e Infraestruturas Amílcar Gonçalves (atual presidente da empresa pública Águas e Resíduos da Madeira) vão ser inquiridos na Assembleia Legislativa. Os nomes foram indicados pelo PS, partido que propôs a instalação da comissão de inquérito para apurar de que forma o Governo Regional tem atuado ao nível da extração de inertes nas ribeiras e na orla costeira da Madeira, numa altura em que surgiram alertas na imprensa regional para eventuais ilegalidades e atentados ambientais. O PS quer ainda ter acesso a vistorias e relatórios efetuados pelos Serviços de Hidráulica, relatórios de retirada de material sólido no leite da ribeira dos Socorridos, bem como aos relatórios de inspeção e fiscalização e ainda aos processos de contraordenação instaurados. Observador.
  • A despesa total consolidada prevista na proposta do Orçamento do Estado para 2020 para a área do Ambiente e Ação Climática vai crescer 12,8%, para 2,76 mil milhões de euros, comparando com a estimativa para este ano. Dinheiro Vivo.

Suíça: referendo para introduzir metas de combate À crise climática

  • A Noruega nomeou ministro do petróleo e energia um deputado de direita que há tempos considerou as turbinas eólicas «monstros brancos». Como chefe do ministério de petróleo e energia, Sylvi Listhaug será responsável por gerir a participação maioritária da Noruega na petrolífera Equinor, concedendo licenças para parques eólicos e decidindo onde as petrolíferas podem perfurar. Reuters.
  • Na Holanda, agricultores e trabalhadores da construção civil bloquearam estradas com tratores e concentraram-se junto dos escritórios da emissora nacional NOS em protesto contra as regras de poluição ambiental. Os protestos começaram depois que uma decisão judicial de maio ter acusado a Holanda de violar as regras da União Europeia de poluição por nitrogénio reativo. Os campos são uma importante fonte de excesso de nitrogénio, juntamente com as indústrias de construção e transporte, e os agricultores sentem que estão a ser acusados injustamente. EurActiv.
  • Ativistas ambientais suíços recolheram assinaturas suficientes para avançar com um referendo que pretende estabelecer metas específicas de combate à crise climática na constituição do país. Federal News Network.
  • Eco Blocks and Tiles é a primeira empresa no Quénia a fabricar telhas e outros materiais de construção a partir de resíduos de plástico e vidro. Reuters.
  • Alunos, pais e professores manifestaram-se em Harrisburg um dia depois de mais uma escola de Filadélfia ter sido forçada a fechar na sequência da deteção de altos níveis de amianto no seu recinto. O Franklin Learning Center é a quinta escola que teve que fechar este ano. Entretanto, os legisladores disseram que iriam propor 125 milhões de dólares em fundos de emergência para remediar o amianto nas escolas. CBS.
  • 50 biliões de toneladas são retiradas anualmente do leito do rio Mecão. Em 20 anos os impactos registados são gravíssimos, incluindo elevados níveis de erosão das suas margens em algumas zonas do Camboja e do Vietname e destruição de espécies piscícolas e demais biodiversidade. BBC.

Reflexão – Pobreza, poluição e trabalho infantil


Hartmut Schwarzbach ganhou o prémio Foto do Ano 2019 da UNICEF pela sua foto de uma jovem apanhando lixo plástico em águas poluídas no porto de Manila, nas Filipinas. A UNICEF considerou a foto significativa porque fala «da luta corajosa pela sobrevivência de crianças perante três tragédias do nosso tempo: pobreza, poluição e trabalho infantil. DW.

Bico calado


Todas as batalhas de destituição na história americana, incluindo a de Trump, ocorreram em momentos «em que o tecido social parece frágil e o futuro incerto», escreve Peter Baker, correspondente do NYTimes na Casa Branca e autor de um livro sobre impeachment.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Tomar: mau funcionamento da ETAR de Seiça responsável por poluir rio Nabão

  • «A ETAR de Seiça fez descargas de esgotos diretamente na ribeira de Seiça que desagua no rio Nabão, um atentado ambiental que poluiu o rio Nabão e está a chocar a população. Pelas redes sociais são cada vez mais as imagens que mostram a espuma, com uma cor acastanhada e a emanar um cheiro nauseabundo no Nabão.» Américo Costa. Para disfarçar e ocultar as descargas poluentes de que o rio Nabão tem sido alvo nos últimos dias, a autarquia local terá baixado o açude do Flecheiro. Desta forma a espuma castanha e mal cheirosa que se acumulava junto à ponte velha e à zona desportiva escoou pelo rio abaixo. Tomar na Rede.
  • O rio Besos fiou repleto de peixes mortos um dia depois de um grande incêndio ter consumido uma fábrica de lixo industrial em Montornes del Valles,cerca de 15 Km a nordeste de Barcelona. AFP/Terra dAily.
  • Ministros das Pescas da União Europeia falham prazo legal para acabar com a sobrepesca e ignoram medidas para aumentar a resiliência dos oceanos face às alterações climáticas. PongPesca.
  • Os 20 melhores jogadores de futebol do mundo produzem pelo menos 505 toneladas de emissões de CO2 por ano viajando sozinhos, muito acima da média, revelou um estudo da Football Predictions.
  • Um complexo petroquímico da Formosa Plastics previsto para o sul da Louisiana, entre New Orleans e Baton Rouge, será construído em terrenos que abrigam cemitérios históricos que os especialistas acreditam serem prováveis cemitérios de escravos. The Guardian.
  • A carbonífera Murray Energy, entrou em falência em outubro, alegando 2,7 biliões dívidas e mais de 8 biliões de impostos por pagar. No entanto, Robert E. Murray, ex-executivo-chefe, recebeu 14 milhões de dólares e pagou ao seu sucessor 4 milhões. NYTimes/The Union Journal.

Mão pesada

O governador de New Jersey processou os proprietários da antiga fábrica de produtos eletónicos Handy & Harman Electronic Materials Corp. por descarrega de um produto químico cancerígeno que contaminou poços de água potável nas proximidades. NorthJersey.

Bico calado

  • A Câmara da Mealhada multou em mais de 62 mil euros o empreiteiro a quem adjudicou a reabilitação da escola secundária local, devido ao atraso da obra. Notícias de Aveiro.
  • Isabel dos Santos utilizou 300 milhões de euros da operadora angolana Unitel para controlar a ZON e criar NOS, conta o Observador.
  • A Shell revela que não pagou impostos no Reino Unido relativos a 2018, titula o Finantial Times. Não foi a única. Na Austrália, a ExxonMobil e a Chevron pagaram zero em 2017-2018, bem com as empresas de Rupert Murdoch, de Brookfield, a Goldman Sachs e um grupo de empresas de carvão e de fraturação hidráulica. Michael West.
  • A Igreja Mórmon arrecadou 100 biliões livres de impostos, alegando reservá-los para a Segunda Vinda. RT.
  • Líderes do Congresso dos EUA contribuirão com 150 milhões de dólares para os palestinianos da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental dois anos depois de o governo Trump ter todo o apoio, reporta o Haaretz.
  • Pervez Musharraf, um ex-ditador militar que renunciou em 2008 sob ameaça de destituição, foi condenado à morte por traição. Mas ele vive no exílio auto-imposto em Dubai e é improvável que volte, reporta o The Guardian.