sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Espinho desenvolve logística descarbonizada e economia circular no seu Mercado


Espinho foi o município mais bem classificado no concurso para «Logística descarbonizada e economia circular para mercados tradicionais de frescos». 
Das 45 candidaturas de municípios até 50 mil habitantes, apenas 22 foram apuradas. Espinho vai, por isso, receber 44.043,68€ , 90% dos quais cofinanciado. Este contrato implica reduzir os impactes ambientais gerados pela atividade conexa ao mercado municipal; descarbonizar a logística de fornecimento e entrega de produtos frescos, através da utilização de veículos zero emissões; diminuir a intermediação nas cadeias de distribuição alimentar com contributos na descarbonização e diminuição das emissões; reduzir a embalagem descartável e os plásticos no transporte, armazenamento, exposição e comercialização dos produtos, através da reutilização de produtos sustentáveis; promover a adoção de lógicas de sustentabilidade, economia circular e economia de partilha; implementar de práticas de desperdício alimentar zero, na gestão de excedentes, prazos e validades de produtos fresco; promover uma cultura sustentável através da educação e implementação de valores ambientais. Fonte: Fundo Ambiental.

Bayer vai vender empresas e despedir milhares

  • «Na ES de Manhente foi colocada urna rede enorme no átrio interior da escola! A rede representa o nosso oceano. Sempre que passamos por baixo da rede sentimo-nos corno os peixes e outros animais mannhos quando nadam no mar e olham para a superficie da água — a rede é a nossa superficie. Resta saber... quanto tempo vamos conseguir manter o nosso oceano limpo? Muitos animais marinhos, quando olham para a superfIcie do seu mar, não veern senâo lixo. Porque grande parte do nosso lixo acaba no mar! O nosso oceano, a nossa rede, está limpa de lixo e de poluição. No entanto, ao passearmos pela nossa escola, vemos muito lixo fora dos caixotes: no chão. por cima das mesas. nos parapeitos das janelas e até em cima dos telhados do coberto! E não é por falta de caixotes, mas sim por falta de cuidado. A partir de agora, o lixo que deitares no chão irá ser apanhado, lavado e colocado na rede. Vamos ver  quanto tempo consegues manter o teu oceano limpo! Este é urn projeto para consciencializar toda a comunidade sobre o lixo e o que fazemos dele! Depende de todos nós manter o planeta limpo e reduzir o consumo de material nâo reutilizável.» EB de Manhente.
  • Estatísticas apuradas pelo Inquérito Mobilidade e funcionalidade do território nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa – 2017.
  • Um número recorde de voluntários aderiu este ano à 25ª edição da campanha de recolha de lixo das praias do Reino Unido. Mas a Marine Conservation Society, que organiza o evento, alertou que ainda há enormes quantidades de lixo plástico nas praias do Reino Unido, apesar de uma queda de 16% em comparação com o ano passado. A média de 16 garrafas de vidro e plástico e latas de bebidas recuperadas em cada 100 metros de praia reforça  a necessidade da introdução urgente de um sistema de devolução de depósitos. The Guardian.
  • Mais de mil mineiros e trabalhadores da maior central a carvão da Bulgária, Maritsa East 2, manifestaram-se em Sófia para proteger os seus empregos e exigir do governo apoio à produção de energia a carvão. Reuters.
  • A farmacêutica alemã Bayer que comprou a Monsanto, empresa de sementes dos EUA, anunciou a venda de uma série de empresas, cerca de 12 mil despedimentos e 3,3 biliões de euros em prejuízos. Werner Baumann está sob pressão para aumentar o preço das ações da Bayer depois de uma queda de mais de 35% este ano, provocada pela preocupação com mais de 9 mil processos que enfrenta por causa de casos de cancro alegadamente provicados pela exposição ao herbicida Roundup da Monsanto. Reuters.
  • Um tribunal de Cartagena ordenou ao Estado colombiano, nomeadamente as suas agências ambientais, agrícolas e de saúde, que promova políticas em matéria de precaução ambiental e busca das causas que afetam a sobrevivência das abelhas.  O tribunal também ordenou a promoção de estudos científicos, incluindo a atribuição de prémios de pesquisa sobre abelhas, a realização de fóruns e simpósios sobre estes insetos, bem como a análise de legislação estrangeira sobre a proteção de abelhas e criar uma boa promoção nos media com vista a sensibilizar os cidadãos para a importância da conservação dos agentes polinizadores e em especial das abelhas. El Tiempo.
  • A Austrália, os EUA e o Canadá registaram três dos piores desempenhos num grupo de 100 nações devido em termos de defesa da biodiversidade, diz um relatório da WWF publicado esta semana durante a Convenção sobre Diversidade Biológica, no Egito. Os países do Caribe, América Latina, Sudeste Asiático e Pacífico estão nos antípodas, melhores na promoção da biodiversidade, natureza e floresta como parte de sua resposta climática. The Guardian.

Reflexão – «Quando o verde lava mais branco»


A jota do CDS esteve no sábado a celebrar do Dia da Floresta Autóctone no projeto do Cabeço Santo (Águeda) em ação de voluntariado a arrancar eucaliptos, a plantar carvalhos e a sensibilizar para a coisa. (...)
Este projeto da Quercus conta com o apoio e parceria da Altri (uma das principais empresas de produção de pasta de eucalipto para papel, propriedade do grupo Correio da Manhã e uma das maiores poluidoras do rio Tejo). No mesmo sentido, a antiga Portucel tem parcerias com a WWF. Estas empresas não querem expiar os seus pecados nem sequer fazer offset (impacto positivo num local para compensar o impacto negativo noutro). Querem mesmo mostrar que esta economia e o seu modo de fazer as coisas é compatível com o planeta e com a sociedade. Não é.
Acresce que nos tempos recentes ninguém fez mais contra a floresta autóctone que a ex-ministra do eucalipto e dos despejos, Assunção Cristas. Não obstante, a Juventude Popular ganhou agora este galhardete verde para proclamar que o que interessa são ações individuais para nos sentirmos bem connosco próprios e que tenhamos bom coração. Querem provar que não é a ordem social que a sua ministra impôs que faz medrar o eucalipto mas sim a ganância dos indivíduos e que é a ação dos indivíduos que salva. Não é.
O projeto Cabeço Santo, de acordo com o seu fundador, é uma “viagem espiritual”. Nesse aspeto - a relação entre o indivíduo consigo mesmo e com a natureza - o projeto será certamente um sucesso, ainda para mais com o atual advento do new age. Como explicam no site, seria extremamente caro o recurso à mão-de-obra remunerada e o trabalho feito com amor tem um significado e alcance maior. Ou seja, assumem que o projeto não é alternativa replicável na sociedade. Falta, pois, lutar por uma economia diferente, o que não é compatível com o abraço de urso da indústria de celulose.
Precisamos de ação individual? Certamente. Mas precisamos ainda mais de ação coletiva. E precisamos de organizações não governamentais. Mas precisamos acima de tudo que essa ação não seja o “greenwash” (pintar de verde) às empresas responsáveis pelo colapso ambiental no país.» Nelson Peralta, FB 26nov2018.

Cabeço Santo responde: «De facto, o Projecto Cabeço Santo não será replicável neste tipo de sociedade, será certamente numa sociedade mais justa, onde os actos de justiça, de solidariedade e de respeito falem mais alto. Quanto às parcerias do Projecto com a Altri, derivaram da necessidade de encontrar um parceiro que permitisse o nascimento de um projecto com alguma dimensão naquela zona. Faz parte de todo um histórico que não cabe aqui mencionar, mas que felizmente está bem documentado naquele que para alguns é o melhor blogue de conservação da natureza a nível ibérico. História que convém conhecer, e que, como qualquer coisa feita por alguém, é sujeita a críticas. Mas é certamente uma história que só pode encher de orgulho quem verdadeiramente defende a conservação da natureza e luta contra o poder do dinheiro no domínio da sociedade. Incluindo a luta contra o domínio das celuloses ou o domínio de empresas de meios de comunicação social. Os objectivos do Projecto não são os mesmos das empresas que são parceiras. Os objectivos do Projecto não são os mesmos de grupos de pessoas que se juntam e decidem fazer alguma coisa para salvar a biodiversidade. Mas o Projecto não seria a mesma coisa sem os contributos de toda a gente que de uma forma ou de outra faz alguma coisa para que naquela zona vá nascendo de forma utópica uma sociedade diferente. (...)»

Mão pesada


  • A empresa Fabrióleo, produtora de óleos vegetais, sediada em Torres Novas, foi multada em 27 mil euros por infrações detetadas na área da gestão de resíduos, emissão de poluentes do ar e descarga de águas residuais. MedioTejo.
  • O Ibama, com apoio da Polícia Militar do Mato Grosso, embargou 8 mil hectares de cerrado e impediu a destruição de outros 1.120 hectares na região de Santa Teresinha (MT), na Bacia do Araguaia. Iniciada em novembro, a Operação Siriema III resultou até o momento na aplicação de R$ 37,4 milhões em multas.

Bico calado

  • Ovar em 13.º na prevenção da corrupção, informa o Ovar News. Ver estudo aqui.
  • A Coreia do Sul vai comprar a Israel dois sistemas de radar de alerta antecipado para reforçar as suas defesas aéreas contra mísseis balísticos. MEM. Há 20 dias: «A empresa de defesa israelita Elbit Systems Ltd ganhou um contrato de 68 milhões de dólares para monitorizar grande parte do litoral europeu». 



quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Praias passam para os municípios em janeiro de 2019

Praia Marbelo, Espinho. Maio 2007.

As praias passam para os municípios em janeiro de 2019, determina um Decreto-Lei  agora publicado no Diário da República. Os municípios que pretendam adiar a transferência para 2020 podem comunicá-lo à Direcção-Geral das Autarquias Locais até 60 dias após a entrada em vigor deste diploma. «As Câmaras Municipais passam a ser responsáveis por limpar as praias, manter, conservar e gerir os equipamentos necessários para a segurança e salubridade das praias, reparar e manter as estruturas necessárias para garantir a segurança nas praias, concessionar, licenciar e autorizar infra-estruturas, equipamentos e apoios de praia, concessionar, licenciar e autorizar o fornecimento de bens e serviços nas praias, assim como a prática das actividades desportivas e recreativas, criar e cobrar taxas e tarifas relacionadas o exercício destas competências pelos municípios e fiscalizar o cumprimento da lei e punir a sua violação.» Via JE do MarLá vamos ter que rever o filme habitual do choradinho autárquico da falta de verbas para tudo isso. 

Polónia: Carvão, Gás, Seguros e Banca patrocinam cimeira do clima das Nações Unidas

  • O ReTuna é o primeiro centro commercial do mundo de produtos em segunda mão. Fica nos arredores de Eskilstuna, a cerca de 100 km de Estocolmo, Suécia. HP.
  • A Jastrzębska Spółka Węglowa, a maior produtora europeia de carvão, é uma das patrocinadoras da cimeira do clima organizada pelas Nações Unidas na próxima semana em  Katowice, Polónia. A seguradora PZU, o banco PKO e a companhia de gás PGNiG também patrocinam a cimeira. DeSmogUK. Conflito de interesses e greenwash em grande!
  • Petição ao Parlamento Europeu e Ministros Nacionais das Pescas: Invistam nos nossos oceanos!  «Membros do Parlamento Europeu e Ministérios das Pescas dos estados membros estão atualmente a debater como gastar 6 mil milhões de euros dos contribuintes da União Europeia no Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP). Estas negociações irão decidir que atividades apoiar no mar entre 2021 e 2027. Para que os nossos oceanos tenham futuro, é preciso garantir que parte dessa verba é investida na conservação do mar. Os nossos oceanos estão a ser atacados há décadas. Seja pela poluição, pelo lixo, pela sobrepesca ou pela destruição do fundo do mar, os seres humanos só agora estão a começar a compreender quão grave é o estado dos nossos oceanos. Para prevenir derrames de petróleo, combater o crime contra o ambiente, acabar com a morte acidental de animais nas artes de pesca, lidar com os plásticos que poluem os oceanos, temos de investir pelo menos 1.5mil milhões de euros (25% do EMFF) na proteção e recuperação dos nossos oceanos. Juntos, podemos tornar essas medidas realidade. Assine esta petição agora para dizer aos nossos políticos europeus que quer investir na natureza no mar.”Assinar a petição aqui.
  • O antigo governador de New Jersey tornou hábito a transferência de dinheiro proveniente da aplicação de multas ambientais para tapar buracos em diversos projetos nada relacionados com o Ambiente. Os legisladores disseram basta: a partir de agora, toda verba recolhida das multas ambientais será mesmo para aplicar no Ambiente. USAToday.

Bico calado

  • Luís Campos Ferreira usou o telemóvel para fazer soar o toque de entrada de toiros quando os deputados aprovaram a redução do IVA para as touradas, conta o insuspeito Expresso.
  • Javier Valdez, repórter de investigação, foi morto. No dia a seguir, os colegas começaram a receber mensagens acerca da falsa detenção dos assassinos. As mensagens tinham links que, acionados, instalavam spyware que não só seguia as comunicações do proprietário do telemóvel como acionava remotamente o microfone e acâmara. Tudo através do Pegasus, spyware vendido pelo grupo israelita NSO ao governo mexicano. Embora o programa tenha sido adquirido para alegadamente combater o terrorismo, mais de 47 jornalistas já foram assassinados desde que Peña Nieto tomou posse em 2012, 15 dos quais depois da morte de Valdez em maio de 2017. NYTimes.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Cimeira do gasóleo foi cancelada

  • No Brasil, as térmitas colonizaram uma área tão grande como o Reino Unido
  • Falhou o projeto da Oxitec/Oxford University de  mosquitos geneticamente modificados para combater a malária, o dengue a febre amarela e o zika. OCanada. Impacto do Brexit? Sobre este imbróglio, convirá relembrar o que este blogue registou aqui.
  • Uma reunião que deveria ser uma cimeira do gasóleo, realizada na tarde de terça-feira, 27 de novembro, foi reduzida para uma reunião de funcionários públicos. A comissária da indústria Elzbieta Bienkowska convidara 15 ministros, - da Áustria, Bulgária, República Checa, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Polónia, Roménia, Suécia, Espanha, Eslováquia e Reino Unido. Apenas os ministros do Luxemburgo e da Roménia confirmaram a presença uma semana antes da cimeira, pelo que a mesma foi cancelada. 
  • Uma forma de atrair polinizadores, estimular a produção agrícola e a biodiversidade será reservar 25% dos terrenos para culturas económicas como especiarias, girassol, plantas medicinais e forragens, defende Stefanie Christmann, do Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Áreas Secas.  É uma boa opção mesmo para zonas pobres, uma vez que não exige maquinaria nem tecnologia, apenas um pequeno investimento em sementes. «Se expandirmos o esquema, todo o ambiente beneficia, torna-se mais resiliente às alterações climáticas. Teríamos muito mais insetos, flores e pássaros. E seria muito mais auto-sustentável. Acho que a Monsanto não vai gostar disso porque querem vender os seus pesticidas. As experiências levadas a cabo durante cinco anos em vários sítios mostraram que as culturas foram polinizadas com mais eficiência, houve menos pragas, como pulgões e mosca-verde, e a produtividade aumentou em quantidade e qualidade», afirma Stefanie Christmann. The Guadian.
  • Um novo método para tratar a água de modo mais eficiente e barato acaba de ser descoberto. Os investigadores dos laboratórios de Menachem Elimelech, da Yale, e Huazhang Zhao, da Universidade de Pequim, usaram um material conhecido como nanocoagulante para livrar a água de contaminantes. Ao remover uma ampla gama de contaminantes numa única etapa, a descoberta promete melhorar significativamente o uso secular de coagulantes para tratamento de água. A Actinia é uma anêmona do mar com um corpo esférico que tem tentáculos que se retraem enquanto descansam e se estendem enquanto capturam a sua presa. Com esse predador marinho como modelo, os pesquisadores sintetizaram o coagulante, usando componentes orgânicos e inorgânicos para replicar a estrutura da Actinia. Tal como a Actinia, o nanocoagulante tem uma estrutura de núcleo-casca que gira de dentro para fora na água. A casca desestabiliza e fortalece partículas suspensas maiores, enquanto o núcleo exposto captura as menores dissolvidas. Nature Nanotechnology.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Brasil bate recorde de desflorestação na última década

  • Uma formiga pequena, conhecida como formiga-de-fogo, vinda da América do Sul (Brasil, Argentina e Uruguai) e que causa uma picada desagradável aos humanos, foi detetada pela primeira vez numa zona de Marbella, Espanha. Apesar de ter apenas 1 milímetro de comprimento, a picad desta formiga pode provocar a cegueira em animais selvagens e domésticos. EFE Verde.
  • O Brasil registou os seus piores números anuais de desflorestação numa década. Entre agosto de 2017 e julho de 2018, 7.900 m² foram abatidos, um aumento de 13,7% em relação ao ano anterior e a maior área desmatada desde 2008. Depois de cair por vários anos, a desflorestação começou a subir novamente em 2013, um ano depois da presidente Dilma Rousseff aprovar um novo código florestal que amnistia os abates em pequenas propriedades. A desflorestação aumentou em quatro dos seis anos desde então, inclusive em 2016, ano em que Rousseff foi demitida e substituída pelo seu ex-vice-presidente Michel Temer, que, por sua vez, fez mais concessões aos interesses do agronegócio em troca do apoio que recebeu no Congresso. The Guardian.

Mão pesada

O capitão de um navio de cruzeiros da Carnival/P&O acusado de queimar combustível com níveis excessivos de enxofre foi multado em 100 mil euros por um tribunal de Marselha. The Guardian.

Reflexão - Por que cobrir o Ambiente é uma das missões mais perigosas do jornalismo?


Por que cobrir o ambiente é uma das missões mais perigosas do jornalismo?
por Eric Freedman, no NiemanLab

«(…) 40 repórteres em todo o mundo morreram entre 2005 e setembro de 2016 por causa das suas reportagens ambientais – mais do que foram mortos cobrindo a guerra dos EUA no Afeganistão .

As polémicas ambientais geralmente envolvem negócios influentes e interesses económicos, batalhas políticas, atividades criminosas, rebeldes contra o governo ou corrupção. Outros fatores incluem distinções ambíguas entre “jornalista” e “ativista” em muitos países, bem como lutas pelos direitos indígenas à terra e aos recursos naturais. Tanto nos países ricos como nos países em desenvolvimento, os jornalistas que cobrem essas questões encontram-se no fio da navalha. A maioria sobrevive, mas muitos sofrem traumas graves, com efeitos profundos em suas carreiras.
Por exemplo, em 2013, Rodney Sieh , um jornalista independente na Libéria, divulgou o envolvimento de um ex-ministro da Agricultura num esquema corrupto que utilizou mal as verbas destinadas a combater a doença parasitária e infeciosa do verme da Guiné. Sieh foi condenado a 5 mil anos de prisão e multado em 1,6 milhão de dólares por difamação. Esteve três meses numa prisão da Libéria antes que um clamor internacional pressionasse o governo a libertá-lo.
No mesmo ano, o repórter canadiano Miles Howe foi designado para cobrir os protestos dos Índios Elsipotog em New Brunswick contra a fraturação hidráulica do gás natural.  “Muitas vezes, eu fui o único jornalista credenciada que presenciou prisões violentas, mulheres grávidas sendo algemadas, pessoal dertrubado”, lembra ele. Howe foi preso várias vezes , e durante um protesto, um membro da Real Polícia Montada do Canadá apontou-o a dedo e gritou: “Ele está com eles!” O seu equipamento foi apreendido e a polícia revistou a sua casa. Chantagearam-no, oferecendo-se para pagá-lo por fornecer informações sobre os próximos “eventos” – por outras palavras, espiando os manifestantes.

Enquanto alguns jornalistas são capazes de lidar e recuperar, outros vivem num estado de medo de futuros incidentes, ou sofrem de culpa do sobrevivente se eles escapam e deixam parentes e colegas trás. A maioria dos jornalistas não procurou terapia, geralmente porque não havia serviços disponíveis ou por causa do fator machismo da profissão. 

Apesar dos códigos profissionais exigirem uma cobertura equilibrada e imparcial, alguns repórteres podem sentir-se compelidos a tomar partido nessas histórias. “Isso aconteceu no Standing Rock”, diz Tristan Ahtone , membro do conselho da Associação de Jornalistas Índios Americanos, referindo-se aos protestos na Reserva Índia Standing Rock, em Dakota do Norte, contra o Dakota Access Pipeline.

Penso que cada vez mais os jornalistas ambientais precisam do mesmo tipo de formação em termos de segurança que muitos correspondentes de guerra e estrangeiros recebem atualmente.
Não houve condenações no homicídio de 2017 da jornalista de rádio colombiana Efigenia Vásquez Astudillo , que foi atingida enquanto cobria um movimento indígena para recuperar terras ancestrais que tinham sido convertidas em fazendas, resorts e plantações de açúcar. Como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas observa , “o assassinato é a forma final de censura».

Bico calado

  • «(…) Culpados, suspeitos, inocentes, mas todos merecedores de não serem vítimas de abusos, sim, esse o grande crime cometido nesta malfeitoria agora tornada sistemática. Mas, só por curiosidade, não seria interessante saber quem ganha reles dinheirinho para passar as gravações? Pelo menos, livrávamo-nos da ingenuidade de que alguém faz isto por alguma convicção.». Ferreira Fernandes, in Eu, a juíza do interrogatório e o Mendes das claques - DN 25nov2018.
  • «(…) Também eu tenho uma cadela e dois gatos que adoro quase como se fossem pessoas e a quem dedico um tempo que noutro tempo ninguém dedicaria: comida cara, treino semanal numa comportamentalista, passeios diários, atenção como se fosse uma criança. Mas o mundo é mais do que os meus afetos e necessidades. É o planeta que não soubemos proteger até entrar em colapso, porque estamos cada vez mais longe da natureza. Tão longe que amamos cães como se fossem filhos. Tão longe que substituímos o ambientalismo pela sua versão infantil e urbana: o animalismo.» Daniel Oliveira, in TSF.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Alguns projetos em fase de consulta pública

Pico, Açores.
  • As autoridades locais de Bath, Inglaterra, preparam-se para aplicar uma taxa de 9 libras pela entrada dos veículos mais poluentes no centro da cidade. O congestionamento do trânsito é uma problema antigo e até agora nenhuma alternativa apresentada foi concretizada devido aos altos custos envolvidos. Agora muita gente queixa-se da exorbitância da taxa. The Guardian.
  • Uma forma de conter a pesca excessiva é reduzir os subsídios prejudiciais à pesca - verbas dos governos à indústria para manter os barcos na água mesmo quando isso não faz sentido económico ou de gestão da pesca, sugerem as Pew Charitable Trusts.

Reflexão: David Attenborough não merece a tribuna do povo na próxima cimeira do clima?

Pico, Açores.

David Attenborough não merece subir à tribuna do Povo na próxima cimeira do clima em Katowice, Polónia, argumenta Paul Renteurs, no The Independent de 24nov2018.

Este ano um dos lugares da cimeira vai ser ocupado não por um político ou funcionário público, mas pelo Povo. As Nações Unidas já identificaram o homem perfeito para falar em seu nome: Sir David Attenborough receberá os conferencistas à lareira e embalá-los-á em tons suaves e soporíferos, com as preocupações das “pessoas reais”. 
Desconfio sempre de gente que diz que fala pelo povo. Dizer isso é assumir a homogeneidade do pensamento único, o que é perigoso e chato. A minha desconfiança adensa-se quando se vê que Sir David faz parte dessa cultura que favorece o apelo às massas sobre a perícia, o estilo sobre a substância e os sentimentos sobre o conhecimento. Podem dizer que Sir David irá apresentar dados fornecidos por pessoas do mundo inteiro sobre os impactos negativos das alterações climáticas, mas por que motivo não deixam essas mesmas pessoas falar por si próprias? Os recursos tecnológicos de que dispomos permitiriam divulgar os pontos de vista de cada uma dessas pessoas sem necessidade de serem transmitidas por um ventríloquo. Mais: não consta que Sir David Attenborough seja perito em alterações climáticas. 
Numa recente entrevista à BBC, Sir David fez questão de salientar que o objetivo desta iniciativa era lembrar aos políticos “que este não é um empreendimento teórico” – aparentemente não compreendendo que, por uma questão de ciência, o empreendimento de combater as alterações climáticas é quase todo teórico. 
O propósito de conferências como a COP24, por mais árido e fútil que possa parecer, é transformar a teoria, o conhecimento e a compreensão de especialistas em mudanças práticas e efetivas. “As pessoas” - quem quer que elas sejam - não trazem nenhuma contribuição útil para este processo, especialmente numa época em que, de forma tão consistente, mostraram ser incapazes de fazer boas escolhas.
O coquetel de superficialidade, o menosprezo pela perícia e a suposição de consenso que produziu este truque de sorte tem um nome: chama-se populismo.

Memórias curtas - quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Pico, Açores.

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares da última semana foram, segundo a Google Analytics:
Durante o mesmo período, a maioria das visitas vieram, por ordem decrescente, dos seguintes países: Portugal, Itália, Brasil, Rússia, EUA, Austrália, França, Índia, Arménia e Bélgica. 

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa, foi a seguinte: Coimbra, Aveiro, Açores, Lisboa, Porto, Braga, Évora, Setúbal e  Viana do Castelo.

Bico calado


«(…) Há o país dos patrões da estiva, que acham que podem tudo. Que os trabalhadores são mercadoria e carne para canhão, alugados ao dia, convocados por sms, sem proteção na doença ou na maternidade, sem direito a organizar-se e a ter direitos. No país da Operestiva (a empresa detida pelo grupo turco Yildirim, que opera no porto de Setúbal), não há negociação coletiva nem Constituição. É tanta a arrogância e a sede de dominação que, para esta empresa, mais vale um porto paralisado do que fazer um contrato coletivo. Em caso de aperto, recrutam-se ao desespero uns mercenários, paga-se umas centenas de euros a um punhado de fura-greves e negoceia-se com o Governo uma manobra para esmagar quem trabalha: autocarro de vidro-escuro para esconder a cara de quem lá vai dentro, polícia de intervenção para varrer para o lado os que, de pé ou sentados no chão com os braços dados, fazem uma barreira contra a escravatura e a falta de escrúpulos. Quem defende isto não está a pensar na Auto-Europa nem apenas em Setúbal. Quer espalhar por todo o lado o paraíso dos patrões: contratos ao dia, praças de jorna e trabalhadores amordaçados, domesticados pelo medo de haver alguém que os substitua amanhã, que lhes fique com o trabalho e o salário. (…)
Contra este país, os estivadores. Se o porto pára quando eles páram, então é porque os precários de Setúbal, trabalhadores “eventuais” há 15 ou 20 anos, são necessários. Não vale a pena inventar: um porto não funciona com 90% de trabalhadores contratados ao dia. Isso é uma mentira. Nenhuma necessidade temporária, nenhum pico de atividade, corresponde a 90% do trabalho ao longo de 20 anos. (…) A Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, tinha por isso uma responsabilidade: obrigar empresas e sindicato a sentar-se à mesa e promover uma solução para pôr a funcionar o porto de Setúbal, que passa necessariamente por um contrato coletivo de trabalho que acabe com a precariedade destes trabalhadores e das suas famílias, vinculando-os. E tem um poder enorme que pode e deve utilizar: o poder de retirar a licença de concessão a uma empresa que se revele incapaz de ter os trabalhadores necessários para assegurar o funcionamento do Porto. Em vez disso, preferiu arquitetar pela calada com essas mesmas empresas uma manobra para aniquilar a luta contra a precariedade e para atropelar o direito à greve do elo mais fraco desta história: os precários que precisam daquele trabalho para comer. É um precedente muito grave para a nossa democracia, que este Governo decidiu abrir. É uma escolha repugnante para quem tenha algum apego pela democracia, pelos direitos constitucionais e por quem vive do seu trabalho – e luta pela sua dignidade.» José Soeiro, in A ministra fura-greves  - Expresso Diário 23nov2018.


domingo, 25 de novembro de 2018

Guimarães: munícipes vão pagar apenas os resíduos que produzirem

  • Guimarães vai expandir o sistema PayT de recolha de lixo e separação de resíduos a toda a cidade dentro de três anos. Este sistema pretende incentivar as pessoas a separar o lixo, com vantagens na fatura: pagam conforme a produção de resíduos indiferenciados. Em três anos, foi possível registar uma redução em 34% na recolha de resíduos indiferenciados e a taxa de reciclagem aumentou em 126%. 81 dos utilizadores pioneiros deste sistema foram reconhecidos pelas boas práticas e terão direito a um mês de tarifa gratuita. Através do Payt, a tarifa passa a estar indexada ao número de sacos de lixo utilizados, pelo que cada utilizador paga consoante a quantidade que produzir. Como a recolha dos materiais recicláveis é gratuita, quanto mais reciclar menos paga. CM Guimarães.
  • O próximo programa de apoio comunitário, o Portugal 2030, vai disponibilizar 130 milhões de euros para aplicar na recuperação de áreas abandonadas pelas pedreiras e resolver questões ambientais no país. Este mecanismo de financiamento da União Europeia encontra-se em discussão pública, pelo que ainda não está decidido se será a Empresa de Desenvolvimento Mineiro a liderar a execução dessa intervenção. Lusa/Jornal Económico.
  • A EDP Renováveis acaba de inaugurar um parque eólico em Muxía, em A Coruña. Integram-no 34 aerogeradores, com uma potência global de 68 MW. Energías Renovables.
  • Dezenas de ativistas ambientais bloquearam as ruas da Praça do Parlamento em Londres para manifestar as suas preocupações para com o Ambiente e exigir justiça climática. The Guardian.
  • Há 20 anos, o furacão Floyd inundou os tanques onde as suiniculturas da Carolina do Norte colocam as fezes dos porcos, criando situações deploráveis. O estado acordou com uma das maiores empresas suinícolas do estado, a Smithfield Foods, o financiamento para investigação sobre alternativas ambientalmente mais seguras, saudáveis e sustentáveis para o tratamento dos efluentes. 20 anos depois, muitos suinicultores continuam a colocar os efluentes em tanques abertos apesar de todo o dinheiro gasto nas investigações. Em setembro o furacão Florence inundou 33 tanques, causando cenários semelhantes aos de 20 anos antes. O acordo falhou redondamente porque transferiu as responsabilidades dos suinicultores para os investigadores. Por isso, mais de 500 moradores aderiram a 26 processos judiciais contra a Smithfield acusando-a de os fazer sofrer com maus cheiros, moscas e trânsito pesado ao pé de suas portas. Até agora foram atribuídas indemnizações relacionadas com 3 processos em suiniculturas de Bladen, Pender e Duplin. A Smithfield tem sido um peso pesado na política local: só este ano contribuiu com cerca de 73 mil dólares para as campanhas eleitorais de vários candidatos ao Senado. Entretanto, a Smithfiled foi adquirida pelo grupo chinês WH Group Ltd e fala-se num projeto de cobertura dos tanques que permitirá a eliminação dos maus cheiros e a captação dos gases para fins energéticos. The News & Observer in Raleigh e ProPublica.

Relatório governamental colide com política ambiental de Trump


E esta?

Colidindo contra toda a política apregoada pela administração Trump, o relatório do próprio governo norte-americano alerta para as grandes ameaças à saúde, segurança, qualidade de vida e crescimento económico. 

Sumário: 
1 As alterações climáticas criam novos riscos e acentuam as vulnerabilidades existentes nas comunidades dos Estados Unidos, apresentando desafios crescentes à saúde e segurança humana, qualidade de vida e taxa de crescimento económico.
2 As alterações climáticas poderão provocar perdas crescentes na infraestrutura e propriedade americanas e travar a taxa de crescimento económico ao longo deste século se não houver uma mitigação global substancial e sustentada e esforços de adaptação regional.
3 As alterações climáticas afetam os sistemas naturais, construídos e sociais de que dependemos individualmente e através das suas relações entre si. Esses sistemas interligados estão cada vez mais vulneráveis a impactos em dominó, que geralmente são difíceis de prever, ameaçando serviços essenciais dentro e fora das fronteiras da nação.
4 Comunidades, governos e empresas estão a trabalhar para reduzir os riscos e os custos associados às alterações climáticas tomando medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e desenvolver estratégias de adaptação. Embora os esforços de mitigação e adaptação tenham-se expandido substancialmente nos últimos quatro anos, eles ainda não se aproximam da escala considerada necessária para evitar danos substanciais à economia, ao ambiente e à saúde humana nas próximas décadas.
5 A qualidade e a quantidade de água disponível para uso das pessoas e ecossistemas em todo o país estão a ser afetadas pelas alterações climáticas, aumentando os riscos e os custos para a agricultura, produção de energia, indústria, lazer e ambiente.
6 Os impactos das alterações climáticas em ocorrências extremas relacionados com o clima, qualidade do ar e transmissão de doenças através de insetos e pragas, alimentos e água ameaçam cada vez mais a saúde e o bem-estar do povo americano, particularmente populações que já são vulneráveis.
7 As alterações climáticas ameaçam cada vez mais os meios de subsistência, as economias, a saúde e as identidades culturais das comunidades indígenas, perturbando os sistemas sociais, físicos e ecológicos interconectados.
8 Os ecossistemas e os benefícios que proporcionam à sociedade estão a ser modificados pelas alterações climáticas, e esses impactos devem continuar. Sem reduções substanciais e sustentadas das emissões globais de gases de efeito estufa, ocorrerão impactos transformadores em alguns ecossistemas; alguns ecossistemas de recifes de coral e gelo marinho já estão a sofrer essas mudanças transformacionais.
9 Espera-se que o aumento das temperaturas, do calor extremo, da seca, dos incêndios florestais em pastagens e de chuvas torrenciais venham perturbar cada vez mais a produtividade agrícola dos Estados Unidos. Os aumentos esperados nos desafios para a saúde da pecuária, declínios no rendimento e na qualidade das safras, e mudanças em eventos extremos nos Estados Unidos e no estrangeiro ameaçam os meios de vida rurais, a segurança alimentar sustentável e a estabilidade de preços.
10 O envelhecimento e a deterioração das nossas infraestruturas serão agudizados pelo aumento das chuvas torrenciais, inundações costeiras, calor, incêndios florestais e outros eventos extremos, bem como mudanças na precipitação e temperatura médias. Sem adaptação, as alterações climáticas continuarão a degradar o desempenho das infraestruturas no resto do deste século, com a possibilidade de impactos em dominó que ameaçam nossa economia, segurança nacional, serviços essenciais, saúde e bem-estar.
11 As comunidades costeiras e os ecossistemas que as sustentam estão cada vez mais ameaçadas pelos impactos das alterações climáticas. Sem reduções significativas das emissões globais de gases de efeito estufa e das medidas de adaptação regional, muitas regiões costeiras serão transformadas até o final deste século, com impactos afetando outras regiões e setores. Mesmo num futuro com menores emissões de gases de efeito estufa, muitas comunidades devem sofrer impactos financeiros, já que as inundações crónicas de maré alta provocam a subida de custos e a desvalorização da propriedade.
12 As atividades de ar livre, o turismo e a qualidade de vida dependem dos benefícios proporcionados pelo nosso ambiente natural que serão degradados pelos impactos das alterações climáticas de várias maneiras.

Reflexão – Por que motivo o eucalipto merece um manifesto com publicidade paga?

  • «(…) Também fiquei espantado com o conceito de biodiversidade, quando nos querem convencer que os eucaliptais têm muita biodiversidade. Toda a gente sabe que a biodiversidade desses ecossistemas antrópicos é baixíssima e até muitíssimo mais baixa do que a de um baldio. Não é preciso ser-se cientista para alguém se capacitar disso. Por exemplo, não vejo rebanhos de ovelhas a pastarem em eucaliptais, mas vejo-as nos baldios. Outra atitude indecorosa é quererem convencer toda a gente que os eucaliptais não são tão inflamáveis como os ditos matos. Sou biólogo e botânico, por isso, durante os estudos universitários tive várias disciplinas de Zoologia, Botânica e Química. (…) sei química suficiente para saber que as essências elaboradas pelos eucaliptos são muito voláteis e altamente inflamáveis. Por favor, não considerem que as pessoas não são minimamente instruídas ou que são estúpidas. Claro, que a retórica economicista é própria da sociedade de mercado em que estamos inseridos. Mas, como as pessoas não comem eucaliptos, eu preferia que o meu país produzisse alimentação suficiente, até para exportar (para a "tecla" das divisas), do que tenha de importar, como estamos a fazer. Os países árabes são, actualmente, muito ricos, mas não estão a preparar os respectivos países para o futuro, pois importam praticamente toda a alimentação. Um dia poderão ter muito dinheiro, mas se não tiverem ninguém que lhes venda a comida, morrerão à fome de nada lhes valendo a riqueza. Se Portugal investisse na produção alimentar, estava a preparar melhor o país para o futuro, poderia exportar, não tinha o país tão poluído, não teríamos incêndios tão devastadores e mortíferos, assim como não estaríamos a transformar as nossas montanhas em desertos de pedra. Claro que no texto do dito anúncio pró-eucalipto, não se refere a tremenda poluição das águas do Tejo, nem o cheiro nauseabundo das regiões da Leirosa, Cacia e Setúbal. Nem sequer querem ver que estão a poluir a "gaiola" (Globo Terrestre) onde eles próprios vivem. Aliás, muitos deles sabem disso, mas são tão egoístas que preferem deixar que o problema seja resolvido pelas gerações vindouras, porque, por agora, conseguem ainda viver, com abundância e fausto, apesar do grau de poluição que o Globo já apresenta. (…).» Jorge Paiva, in Notas sobre a publicidade do eucalipto - DN 23nov2018.
  • «(…) A questão principal é que até hoje os sectores ligados à produção de pasta de papel, que vivem da gigantesca área de eucalipto que existe em Portugal (consumindo árvores quer das áreas geridas, quer das áreas não geridas), nunca tinham sentido qualquer necessidade de defender o seu catastrófico modelo de negócio. Catastrófico para o conjunto da sociedade, note-se bem, e não para os próprios, obviamente. Os argumentos invocados no manifesto, (…) não apresentam qualquer novidade no debate público (…) O manifesto depois cita três frases do relatório da Comissão Técnica Independente dos incêndios de Pedrógão Grande e Góis, relativas à importância ou não do eucalipto na maior propagação e o seu controlo na redução dos incêndios. As frases escolhidas para o manifesto são pouco conclusivas, e outras poderiam ter sido usadas dos relatórios, como por exemplo (…) A escolha criteriosa de frases que confirmam a tese do lobby da celulose, aos invés de outras, coincide com o facto de apenas um membro da Comissão Técnica Independente ter assinado o manifesto. Este manifesto caricatura o debate que começou há décadas na sociedade portuguesa, mas que se acentuou com o agravamento dos incêndios florestais. Esse debate tem-se feito à volta do combate e prevenção dos incêndios rurais e florestais, da gestão, do abandono, das alterações climáticas. O que o lobby da celulose deixa claro é que não aceita que - no meio de todas estas questões - o eucalipto possa sequer ser abordado. E por isso invoca uma “perseguição” ao eucalipto, que não existe. O manifesto diz-nos que é totalmente inadmissível que se possa discutir o impacto de ter uma espécie exótica, sem qualquer selecção que evite a sua combustão rápida, a ocupar 10% do território nacional num país altamente atreito a incêndios florestais (tal como os seus vizinhos mediterrânicos). Existe um binómio entre o eucalipto e o abandono. Quanto mais eucalipto, mais abandono e quanto mais abandono, mais eucalipto. Não se pode imputar o êxodo rural ao eucalipto, mas invocar o rendimento do eucalipto como factor fixador de populações - como é feito no manifesto - é negar duas realidades medidas: o rendimento florestal é cada vez menor e a população rural também. O eucalipto não fixa populações, beneficia-se da sua ausência e, fruto da pouca necessidade de mão-de-obra envolvida na sua produção, o eucalipto é beneficiado pela falta de pessoas no meio rural. Não precisa de gente e aparenta criar rendimento, como cultura de abandono. Mas isto exclui todos os riscos da gestão de abandono - o mais visível dos quais o risco de incêndio. Mais do que a árvore “eucalipto”, o que o lobby das celuloses defende é o modelo de negócio associado ao mesmo: ter à disposição, com baixíssimos encargos, quase um milhão de hectares de um país perto do centro da Europa, aproveitando-se de uma situação de propriedades atomizadas e abandono do meio rural (para o qual contribui), e não responder por qualquer risco associado a esta cultura de abandono. (…) O impacto de extensas áreas de monocultura - geridas e não-geridas - é ainda um factor para degradação da água, dos solos, dos nutrientes e da biodiversidade. A cultura do eucalipto, mas principalmente o modelo de negócio associado à mesma, são um dos maiores promotores da desertificação e do despovoamento de Portugal.(…)» João Camargo, in Manifesto milionário pelo pobre eucalipto - Expresso 19nov2018.

Mão pesada


15 ONGs britânicas vão receber mais de 2 milhões de libras provenientes de multas aplicadas a diversas empresas por diversas violações de legislação ambiental e irão aplicá-los em projetos de limpeza e requalificação das áreas afetadas: a multa de 975 mil à Wessex Water Services Limited  por fuga de esgotos não tartados em Swanage, Dorset, será atribuída à Dorset Waste Partnership, à Dorset Litter Free Coast, à Sea Project, ao Purbeck District Council/Swanage Town Council e à Durlston Country Park and Nature Reserve; a multa de 232 mil libras à United Utilities Water Limited por descarga de esgotos não tratados será doada à Community Forest Trust; a multa de 200 mil à Yorkshire Water Services Limited reverterá para a Yorkshire Wildlife Trust; a multa de 1235 mil à Northumbrian Water Limited reverterá a favor da Durham Wildlife Trust, da Wear Rivers Trust e da Marine Conservation Society; a multa de 100 mil libras à Tesco Distribution Limited por fuga de gasóleo para um curso de água reverterá para a Yorkshire Wildlife Trust; a multa de 24.329 libras à Angel Springs Holdings Limited será revertida a favor da Marine Conservation Society. GovUK.

Bico calado

  • «Está toda a gente indignada com o “falhanço do Estado” no caso da estrada que ruiu matando pelo menos cinco pessoas. (…) Portugal é um dos países mais atrasados da Europa, em que as infra-estruturas estão envelhecidas ou nunca foram modernizadas, não existem onde deviam existir, em que faltam serviços essenciais por todo o país, com mão-de-obra muito pouco qualificada, com patrões muito mal preparados, com baixa produtividade, com uma administração burocrática que não promove o mérito, e é corrupta e clientelar, com instituições de regulação que não regulam nada, com inspectores que não inspeccionam nada, com um território que não tem qualquer policiamento fora das cidades, com escassez de meios para tudo e abundância de desperdício por todo o lado. (…) Um país com tanto atraso estrutural gera inevitavelmente má governação a nível local e nacional, porque falta massa crítica para fazer melhor. E falta pressão para que tal aconteça. Por isso temos o Estado que temos e somos, por regra, tão mal governados. (…) Mas não se iludam: a maioria dos portugueses pode protestar muito, nos cafés antigos, e nos cafés modernos que são as redes sociais, mas, com excepção dos seus imediatos interesses, não quer saber muito disto é até colabora participando na pequena corrupção, na fuga aos impostos, nos pequenos truques quotidianos com o ambiente, a qualidade dos alimentos, as obras na casa, etc., etc. Só se preocupa com a pátria pelo futebol e de resto manifesta uma indiferença cívica total. (…) Mas, a sua quota-parte de responsabilidades está na sistemática falta de protesto cívico, de punição pelo voto de autarcas e governantes que tão mal gerem os dinheiros públicos, e por muitas vezes fecharem os olhos ao facto de a gestão ser tão má que deixa cair pontes e estradas, como é má gestão fazer um pavilhão gimnodesportivo que custou milhões e depois deixam estar fechado a degradar-se, mas que queriam muito para a sua terra. Ou quando nem querem ouvir falar do encerramento de pedreiras ilegais ou fábricas pirotécnicas, porque dão emprego onde não existem alternativas. Por todo o país fora, até um dia em que as coisas correm mal. (…) este caso só teve a cobertura mediática que teve porque os cenários eram espectaculares para a televisão, e os drones tornaram muito barata a filmagem aérea. (…)» José Pacheco Pereira, in A entrada dos drones na vida política nacional – Público 24nov2018.
  • "A ambiguidade da lei serve para tirar aos estivadores o direito à greve que efetivamente é seu e para dar aos juízes o direito à greve que dificilmente lhes pertence. Para uns a polícia da República, para outros a resignação da República. E é assim porque assim tem de ser: uns mandam, outros obedecem." Daniel Oliveira, in Expresso Diário 23nov2018.

sábado, 24 de novembro de 2018

França: uso de pesticidas aumentou 12%

  • O uso de pesticidas aumentou 12% em França entre 2014 e 2016. Franceinfo.
  • A INTERPOL levou a cabo, com várias agências, ações contra crimes marítimos de poluição, tendo identificado 500 infrações, incluindo descargas ilegais de petróleo e lixo de navios, violações das regras de emissões dos navios, bem como poluição de rios e escoamento da terra para o mar. A «30 Dias no Mar», que decorreu durante o mês de outubro, contou com a colaboração de 276 agências ambientais e policiais de 58 países, envolvendo entidades ambientais, marítimas e de fronteira, forças policiais nacionais, alfândegas e autoridades portuárias. JE do Mar.
  • O lóbi da carne dos EUA saliva com a perspetiva de inundar o Reino Unido com bacon e carne de porco produzidos usando práticas que atualmente são ilegais no Reino Unido, alertou o professor Tim Lang, da City Universit. As caixas de gestação e a ractopamina, hormona de crescimento químico - ambas proibidas no Reino Unido -, são usadas regularmente nas suiniculturas dos EUA, representando os menores custos de produção do mundo. Qualquer acordo comercial futuro que inclua a aceitação da carne suína norte-americana poderia ter um impacto desastroso na indústria de suínos do Reino Unido, além de diluir os padrões de bem-estar, dizem tanto a indústria quanto os ativistas. The Guardian.
  • A Gaoyi Iron and Steel Company, sediada em Yuncheng, despejou ilegalmente e enterrou grandes quantidades de escória de aço em locais próximos da sua fábrica durante 10 anos. Reuters.

Mão pesada

  • A Northumbrian Water Ltd foi multada em 50 mil libras por responsabilidades na poluição da ribeira de Wapping Burn, na confluência das ribeiras Gore Burn e Peterlee, em 2016.  Essa quantia será doada fundação Wear Rivers que levará a cabo operações de requalificação da zona.
  • A Northumbrian Water foi multada em 135 mil libras por responsabilidades na poluição de um curso de água em Aykley Heads, Durham, com esgoto não tratado. Essa quantia será atribuída À fundação Wear Rivers e à Marine Conservation Society para trabalhos de requalificação do local.
  • Um empresário agropecuário de Gibbet Hills Farm, em Howden Le Wear, foi multado em cerca de 8 mil libras por fuga de efluentes não tratados para um curso de água. A quantia será atribuída à fundação Wear Rivers para requalificar o sítio.
  • A suinicultura M&K Hodgson Limited foi multada em 5.300 libras por fuga de efluentes não tratados para campo vizinho da sua unidade industrial de Handale Banks Farm, em Liverton. A quantia será atribuída à fundação Tees Rivers para requalificar o local. GovUK.

Bico calado

O submarino irrevogável
  • «A solução para os problemas da banca é muito simples: basta fazer com que os bancos tratem os clientes tão bem como a justiça trata os banqueiros. Um investimento corre mal? Não há problema, interpomos recurso. O seu dinheiro continua disponível durante mais uns anos. No fim desse período, interpomos novo recurso. E assim sucessivamente. Assim ninguém perde dinheiro na banca, tal como nenhum banqueiro perde a liberdade na justiça. Esta estratégia salvadora ocorreu-me quando se soube que Arlindo de Carvalho e Oliveira e Costa tinham sido condenados a seis e 12 anos de prisão, respectivamente, e que Oliveira e Costa já tinha sido condenado a 14 anos no ano passado, noutro processo. Vários outros arguidos do caso BPN foram condenados, mas permanecem todos em liberdade, por causa dos recursos apresentados pelos advogados. Entretanto, Oliveira e Costa tem 83 anos. Nos Estados Unidos, Bernie Madoff foi condenado a 150 anos de prisão (e já cumpriu os primeiros nove). Cá, é parecido: em princípio, Oliveira e Costa será finalmente preso se viver até aos 150 anos.(…) Ricardo Araújo Pereira, in Visão 15nov2018.
  • A Black Friday é uma enorme treta, denuncia a Which, associação britânica de defesa do consumidor. 87% dos preços anunciados eram os mesmos, e 46% dos produtos foram mais baixos, várias vezes no ano.
  • As autoridades israelitas emitiram uma ordem proibindo que o membro do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP) e o Ministro de Jerusalém, Adnan Al-Husayni, viajassem por três meses, obrigando-o a assinar uma garantia financeira de 10.000 shekels ( US $ 2.676) depois de confiscar o seu passaporte. MEM.
  • «Não somos robots»: trabalhadores da Amazon Europa paralisam no Black Friday contra os baixos salários e as condições de trabalho desumanas. Common Dreams.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Polónia quer que plantem mais florestas em todo o mundo para capturar as emissões de carbono

  • Na véspera das negociações climáticas que se realizam em Varsónia em dezembro, a Polónia deu um ar da sua graça dizendo que quer que plantem mais florestas em todo o mundo para capturar as emissões de carbono e assim conter o aquecimento global. Reuters. Mais uma vez vemos um caso de hipocrisia absoluta que chega a ser provocatória e revoltante. É que não basta à Polónia conceder imensos apoios às suas centrais a carvão. Ainda recentemente, em fevereiro passado, a Polónia foi processada por incumprimento de medidas de combate à poluição do ar. Em abril de 2014 ainda dizia querer aumentar a extração do carvão e de gás de xisto; em outubro do mesmo ano, dizia que colaboraria no esforço de combate às alterações climáticas se a União Europeia lhe desse mais tempo e mais subsídios; em setembro de 2016, sublinhava que ratificaria o Protocolo se recebesse mais subsídios. Não foi, por isso, por acaso que a Polónia foi o último país europeu a aprovar uma lei a ratificar o acordo de Paris. É, de facto, preciso muita lata.
  • A ação individual não alcançará 1,5º C de aquecimento - a mudança social é necessária, como mostra a história, sugere  Matthew Adams, na PHYS.

Reflexão – Guerras do pistácio na Califórnia


As guerras do pistácio: matando a Califórnia por um lanche é um documentário inovador sobre bilionários em Beverly Hills, marketing louco, privatização da água e guerra contra o Irão.

Stewart and Lynda Resnick são os maiores e mais poderosos agricultores da Califórnia. Controlam o monopólio da produção de pistácio na América. São barões da água, controlando mais água do que toda a população de Los Angeles (4 milhões). Há anos que manipulam o sistema político californiano à medida dos seus desejos, privatizando a água para regar o seu império no deserto. Querem agora a água de dois grandes rios que desagua na baía de San Francisco, destruindo a vida de pequenos agricultores e a biodiversidade do estuário do rio.

Bico calado

  • A futura ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, recebeu doação de réu por assassinato de líder indígena em MS. O Índio da etnia guarani-caiová lutava por demarcação de terras no Estado. Folha de S. Paulo.
  • O envolvimento de milicianos no assassinato da veradora Marielle Franco, em março deste ano, foi confirmado pelo secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, em entrevista à GloboNews, revela O Globo.
  • Sabia que a «organização de base» The Taxpayers Alliance, que diz representar homens e mulheres comuns do Reino Unido, é financiado por um fundo religioso bilionário dos EUA, com sede nas Bahamas? E que esse fundo offshore foi criado por uma alta individualidade que costuma «otimizar» os seus impostos?
  • «O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, escolheu a chamada “Cimeira da Paz” promovida por Emmanuel Macron, em Paris, para anunciar que “não há solução diplomática” para o problema de Gaza. Instantes depois, iniciou-se mais um período de ataques aéreos e invasão terrestre do exército israelita contra a martirizada faixa de terra cercada e bloqueada, na verdade um campo de concentração. Através das suas solenes palavras, ficou registado que o chefe do regime sionista já tem uma solução final para os dois milhões de habitantes de Gaza – e que não será alcançada por via negocial. O mundo ouviu e calou.» José Goulão, in O Lado Oculto.
  • MUOS (Mobile User Objective System) não é um radar defensivo da Lockheed, mas um novo sistema de comunicações por satélite permitindo ao Pentágono supervisionar acções ofensivas em qualquer lugar do mundo. Uma das suas quatro bases terrestres situa-se em Niscemi, Itália. Manlio DinucciIl Manifesto. Via O Lado Oculto.
  • «No dia 10 de Novembro, mais três comandantes dos mercenários terroristas agindo em nome do Daesh foram salvos das ofensivas do exército nacional sírio embarcando num helicóptero militar norte-americano na aldeia de as-Suvayda, província de Hasakah, distrito de Deir es-Ezzor. Desconhece-se o rumo seguindo; um dos destinos possíveis é o Afeganistão, para onde têm sido enviados centenas de terroristas e familiares através de operações de resgate montadas pela CIA em diversas regiões sírias.» Edward Barnes, in O Lado Oculto.
  • «O istmo de Kra, na Tailândia, que liga o continente à península malaia tem condições para que aí seja escavado um canal ligando o Mar de Andaman ao Golfo da Tailândia, permitindo a passagem entre o Índico e o Mar do Sul da China e o Pacífico sem transitar pelo Estreito de Malaca. O canal pouparia aos cargueiros 1200 Km de navegação, que teriam um importante impacto no preço das mercadorias transportadas, nomeadamente no custo da energia (petróleo e gás), que por seu lado implicaria uma maior competitividade dos produtos produzidos pelos países asiáticos, nomeadamente China, Japão, Filipinas, Vietname, Coreias e outros. (…) Esta oposição tem-se manifestado no ressurgimento da actividade de grupos terroristas islâmicos, nomeadamente a Jemaah Islamiyah, fundada em 1993, e a Frente de Libertação Islâmica do Patami, que pretendem a independência da pequena região. Entre as ações que levam a cabo conta-se o atentado de 2017 em Mueang Pattani, quando duas bombas explodiram no interior de um centro comercial, matando e ferindo muitos inocentes. Especula-se que estes grupos sejam armados e abastecidos pelos opositores à construção do canal.» Jorge Fonseca de Almeida, in O Lado Oculto.
  • Atlanta, na Geórgia, EUA, proíbe lojas de venderem gatos e cães. É a nona cidade do estado da Georgia a tomar esta decisão, aliás como mais de 250 localidades dos EUA. AJC.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A certificação florestal é um negócio privado pago pelos contribuintes

  • O que acontece aos tanques de fezes das suiniculturas quando há um furacão? Nem queira saber. Veja isto.
  • Para pensar: «(…) A designada certificação florestal é um negócio privado que assenta numa garantia transmitida aos consumidores de que um determinado produto, que incorpora madeira ou cortiça, é proveniente de uma floresta sob uma gestão sustentável. Em Portugal acabam por ser os contribuintes a garantir a subsistência do negócio, num processo de transmissão de responsabilidade do Estado, em matéria de compromissos internacionais de gestão sustentável das florestas nacionais, para as entidades que asseguram o negócio da certificação florestalAcréscimo.
  • Uma das maiores petrolíferas do mundo diz-se preparada para aliar-se à luta contra a desflorestação nos trópicos como parte dos seus esforços para combater as alterações climáticas. Mas os ambientalistas suspeitam que esta intenção da norueguesa Equinor não passe de mero greenwashing, de relações públicas para encobrir as suas operações de fraturação hidráulica para extrair gás e petróleo. The Guardian.
  • Magistrados de Catánia, Itália, acusaram a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) de despejar ilegalmente lixo tóxico em portos do sul da Itália, ordenaram a apreensão do barcoAquarius e o congelamento de 526 mil dólares das contas daquela ONG para pagamento de despesas de limpeza e descontaminação. A MSF nega a acusação e acusa a Itália de tentar criminalizar as missões de busca e resgate humanitário. O novo governo italiano saído das eleições de junho tudo tem feito para bloquear este tipo de operações de apoio a migrantes. Reuters e EUObserver.
  • Um relatório da Agência Nacional de Águas regista que aumentou de 25 barragens, em 2016, para 45 em 2017 o número de áreas com risco de desabamento no Brasil. A maioria está localizada no Norte e Nordeste, em estados como Acre, Alagoas e Bahia. De acordo com os técnicos, há problemas de baixo nível de conservação, insuficiência do vertedor e falta de documentos que comprovem a estabilidade da barragem. Via EcoDebate.
  • O diretor da ONU para o Ambiente, Erik Solheim, renunciou ao cargo na sequência de uma auditoria que apurou gastos excessivos e injustificados nas suas viagens e ausências prolongadas do seu local de trabalho. Para além das críticas dos seus colaboradores, nomeadamente aquando da atribuição de um subsídio «escondido» de 500 mil dólares para a realização da Volvo Ocean Race, a Holanda, a Dinamarca e a Suécia tinham suspendido os subsídios àquela agência da ONU enquanto a má imagem de Solheim não fosse limpa. The Guardian.

Mão pesada

  • A Câmara de Orkney foi condenada a pagar 384 mil libras para limpar um derrame de petróleo causado pela marinha na década de 60 do século passado no porto de Lyness. Energy Voice.
  • A China deteve 576 pessoas acusadas de contrabandear resíduos para o país nos primeiros 10 meses deste ano. Reuters.

Reflexão - 10 maneiras dos automobilistas fazerem os cicloturistas sentir-se inseguros


Bico calado

  • «(…) O que surpreende é a existência de uma associação ‘sindical’ de juízes, e o que se torna inaceitável é ver os seus dirigentes a chantagear o Governo e a ameaçar com uma greve, como se os membros de um órgão da soberania pudessem comportar-se como normais assalariados. Se assim é, há motivo para que o Governo proceda à requisição civil, uma anomalia equivalente na subversão das regras democráticas. (…) É de enorme perplexidade a informação de hoje, no JN, pág. 16, do jornalista Nelson Morais: “A tutela já aceita acabar com o teto legal que impede os juízes de ganharem mais do que o primeiro-ministro”. E o País aceita? E o sentido de Estado permite? (…)» Carlos Esperança, FB.
  • «A divulgação de várias mensagens do WhatsApp em que o porta-voz do PP espanhol no Senado, Ignacio Cosidó, se gaba de que a nomeação do juiz Marchena como presidente do Conselho Geral do Judiciário e do Supremo Tribunal permitiria ao PP ter o controle "de trás" da sala 2 do Tribunal desencadeou o escândalo. Ou, de fato, evidenciaram o que todos já sabiam: os acordos por baixo da mesa feitos pelos partidos do regime para controlar a "casta judicial", semelhante aos seus próprios interesses. O líder popular gabava-se de que, em resultado do acordo com o PSOE, o seu partido continuaria "a controlar a segunda sala de trás" [a Câmara que pode julgar deputados, senadores e membros do governo] e presidir a sala 61 [a Câmara que pode condenar partidos políticos].» Extremadura Progressista.
  • Afinal, a imagem do ditador Franco como paladino da abnegação, da austeridade edo sacrifício não passa de propaganda de hagiógrafos do regime. De facto, documentos secretos divulgados pela Equipo de Investigación de La Sexta mostram que o ditador arrecadou uma imensa fortuna que só a corrupção e o espólio justificam. Houve de tudo: contas bancárias secretas à margem do fisco, quintas em todo o país, prendas, prebendas e caprichos megalómanos. Via Extremadura Progressista.
  • A União Europeia vai pagar 125 milhões de euros ao consórcio franco-canadiano Amarante Internacional/Garda World por seis anos de segurança das suas instalações e pessoal no Afeganistão, um país ocupado pela NATO. Mas a execução do serviço vai ser subcontratada ao exército privado britânico Aegis Defense, subsidiária da Garda. José Goulão/Pilar Camacho, in O Lado Oculto.
  • Israel recusa subscrever um pacto global por uma migração regular, serena e segura. «Estamos empenhados em manter as nossas fronteiras livres de infiltrados ilegais. Foi o que fizemos e é o que continuaremos a fazer. Israel não está interessado em ser um parceiro neste pacto. Israel tem que seguir uma política especial de migração ditada pelas suas circunstâncias de ser um pequeno estado que visa manter a sua nacionalidade judaica.» O Pacto Global para uma Migração Segura deverá ser adotado pela Conferência Intergovernamental agendada para 10 e 11 de dezembro em Marrakesh. Middle East Monitor.