quarta-feira, 30 de maio de 2018

Açores: praia das Milícias com resíduos de substância pastosa, gordurosa e malcheirosa

  • A praia das Milícias, nos arredores de Ponta Delgada, apareceu com resíduos de uma substância pastosa, gordurosa e malcheirosa. A ocorrência foi comunicada às autoridades competentes. Por ser muito semelhante aos resíduos que costumam acumular-se numa vulgar caixa de esgoto junto da banca das nossas cozinhas, sugere-se que tenha vindo de uma ETAR vizinha ou de um dos muitos cruzeiros agora tão populares na ilha de S. Miguel, Açores. David Prescott, um surfista radicado em S. Miguel, avançou para a limpeza daqueles resíduos antes que a maré os arrastasse para o mar. Só que são precisos muitos braços e muito material… 
  • A Vattenfall acabou de instalar a última turbina eólica no parque eólico da costa da baía de Aberdeen, o tal que Donald Trump tentou impedir. Renewable Energy Magazine.
  • Em Cuba, um país livre de pesticidas, as abelhas estão em grande forma. A safra de mel é tão abundante que o mel biológico é a quarta maior exportação de Cuba.


Reflexão - pequena turbina revolucionará energia eólica?



Peritos da GE Global Research criaram uma pequena turbina que dizem poder fornercer energia suficiente a cerca de 10 mil casas. A turbina pesa apenas 75 quilos e consome dióxido de carbono que é submetido a temperaturas e pressões elevadas. Isso faz com que o dióxido de carbono se transforme e  adquira uma forma entre gás e líquido. Depois, a turbina transfere metade da energia produzida pela reação química, transformando-a em energia. O dióxido de carbono não utilizado pela máquina na fase inicial é movido para ser resfriado antes de se repetir o processo. Isso permite que o dióxido de carbono circule continuamente dentro do mecanismo interno da turbina, garantindo que não haja resíduos no processo. MIT Technology Review.

Mão pesada

«O ex-sucateiro Manuel Godinho voltou a escapar à cadeia, depois de o Tribunal da Relação do Porto ter suspendido a pena de dois anos de prisão efetiva a que fora condenado, por subornar um vigilante da natureza. Os juízes desembargadores decidiram ainda reduzir de dois anos e nove meses para dois anos de prisão a pena aplicada ao vigilante da natureza, que também foi condenado no mesmo processo, suspendendo igualmente a sua execução. Este arguido terá ainda de entregar 7.520 euros ao Estado. Ainda no mesmo processo, o tribunal condenou a secretária pessoal do ex-sucateiro, por cumplicidade no caso de corrupção, a dez meses de prisão, substituídos por 150 dias de multa à taxa diária de dez euros, totalizando 1.500 euros.
O coletivo de juízes deu como provado que Manuel Godinho subornou o vigilante da natureza para evitar a fiscalização de uma extração ilegal de areias na “Quinta dos Ananases”, de que era proprietário, a troco da entrega de pelo menos 2.500 euros.» Público 28mai2018

Bico calado

O milionário russo Roman Abramovich, patrão do Chelsea FC, vai mudar-se para Tel Aviv, onde acaba de obter a cidadania israelita. Tudo conseguido através da embaixada israelita em Moscovo. Estará de impostos durante 10 anos, enquanto os palestinos cercados em Gaza tentam regressar às suas antigas terras no que é agora Israel e são baleados. The Guardian.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Ovar: central de betonagem novamente encerrada

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  • A central de betonagem de Ovar contestada pela população e encerrada no dia 9 por ordem judicial, mas que retomara entretanto a laboração, voltou a fechar após a câmara de Ovar ter invocado o interesse público da medida. Fonte oficial do Grupo Tavares disse que o Grupo iria uma vez mais «pugnar judicialmente pela improcedência de tal resolução, tendo em vista voltar a laborar no mais curto espaço de tempo e lutando até onde lhe for legalmente possível pela manutenção das dezenas de postos de trabalhos afetos à referida central.» O Grupo sublinha ainda que, entre 2015 e 2017, teve autorizações do IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Inovação, da Direção-Geral de Energia e Geologia do Ministério da Economia, da Agência Portuguesa do Ambiente, da CCDRC – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e do Ministério da Defesa Nacional (pelo que a obra poderia ter de influência na base da Força Aérea em Ovar). Ovar News.
  • A partir de Julho, a Estónia disponibiliza transporte público gratuito em todo o seu território. Já em 2013 havia transporte gratuito para os residentes na capital, Tallinn. Citylab.
  • «O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, condenado a 25 anos de prisão como um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, foi solto no final da tarde desta sexta-feira (25) do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará. Ele teve o pedido de habeas corpus aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello. O crime foi cometido em 2005, em Anapu, no Pará.» Envolverde. Relembrar toda esta tragédia aqui.
  • Menos de dois anos depois do que foi considerada única, do tipo de acontecer uma em mil anos, a cidade de Ellicott City, Maryland, viu o seu centro histórico novamente devastado por chuvas torrenciais e inundações. NPR.
  • Aldeões hondurenhos tomam medidas legais para impedir a extração de ouro em cemitérios. A Minerales de Occidente (Minosa), filial da Aura Minerals, já exumou 350 cadáveres em Azacualpa. The Guardian.

Bico calado

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  • «(…) Esta semana, a Comissão Europeia fez mais uma das suas habituais conferências de imprensa pronunciando-se sobre a governação de Portugal. Insisto na caracterização: pronunciando-se sobre o modo como Portugal é governado, um país soberano, com um governo apoiado numa maioria parlamentar, que deveria responder em primeiro e quase único lugar perante a Assembleia da República e os portugueses. As coisas já estão tão envoltas em fumo, que nós achamos normal que um político socialista francês, antigo trotsquista, um dos responsáveis pelo afundamento a pique do seu partido, agora investido na burocracia europeia, se pronuncie, com a maior normalidade, sobre o que acha bem ou acha mal no modo como Portugal é governado. Alguém escolheu Moscovici para ministro das Finanças de Portugal, responde acaso perante o nosso Parlamento, vai a votos nas urnas, foi eleito pelos portugueses? Não, não e não, três nãos. E, no entanto, estas perguntas são aquelas que deveríamos fazer, se tivéssemos os olhos abertos. (…) Lembram-se como o Tratado de Lisboa era um marco na devolução de poderes aos parlamentos nacionais? Não, não se lembram, porque este tipo de embustes é suportado por tantos interesses, da comunicação social aos negócios, à política, que nem sequer se pára para pensar. Depois admiram-se com o crescendo do populismo e do antieuropeísmo na Europa, como se não tivessem nada que ver com o monstro que ajudaram a criar.(…)» José Pacheco Pereira, in Os hábitos da servidão - Público 26mai2018.
  • A venda de armas britânicas a Israel bate novo recorde, na altura em que o recém casado Príncipe William se prepara para visitar Ramallah e Jerusalem. The Guardian.

sábado, 26 de maio de 2018

Dispensa de estudo de impacto ambiental motiva pedido de demissão ao ministro do Ambiente


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  • Um grupo de cidadãos entregou ao ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, uma carta aberta pedindo a sua demissão e a do Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) Nuno Lacasta. Tudo porque a APA dispensou as promotoras do furo de Aljezur de realizar um estudo de impacto ambiental e ignorou todos os alertas da comunidade científica em particular e de associações de comerciantes, de empresários de turismo e de agricultores, autarquias e populações em geral para os impactos negativos da exploração de gás e petróleo ao largo da costa alentejana. «Como Ministro do Ambiente, V. Exª. sabe perfeitamente que todos os contratos de prospecção e exploração de petróleo e gás se apoiam juridicamente num ultrapassado Decreto-Lei 109/94, com quase 25 anos, e que estendia um tapete vermelho às petrolíferas, num momento em que pouco se falava de alterações climáticas. No entanto, nunca pugnou pela alteração desta lei, nem nunca escutou os argumentos, os protestos e as petições da sociedade civil que têm repetidamente exigido o cancelamento destes contratos, protestos estes que originaram 3 providências cautelares e outras acções jurídicas, interpostas por diversos movimentos e associações, designadamente a PALP – Plataforma Algarve Livre de Petróleo, a Câmara Municipal de Odemira e a AMAL – Associação de Municípios do Algarve.» Apenas Fumaça.
  • A Igreja da Escócia votou para continuar a investir em companhias de gás e petróleo - apenas um mês depois de várias organizações católicas terem anunciado que estavam a desinvestir de combustíveis fósseis. The Ecologist.
  • Os índios da Grassy Narrows que há milhares de anos vivem nos territórios da bacia hidrográfica do English-Wabigoon estão a ser contaminados com mercúrio lançado para as águas por uma fábrica de papel. Al Jazeera.

Mão pesada

  • Empresas do grupo MarkWest, filial da MPLX LP, sediada em Findlay, Ohio, foram multadas em 610 mil dólares por violações à qualidade do ar registadas em estações de compressão de gás. EPA.
  • Cinco funcionários da cidade de Handan, China, foram despromovidos por responsabilidades na queda de qualidade do ar na cidade em 2017.

Memórias curtas

Foto: Mei Yongcun/Barcroft Images
  • 26mai2017 - O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, deu um prazo de 4 meses aos suinicultores para encontrarem uma solução para o tratamento de efluentes sob pena de sofrerem medidas duras da tutela.
  • 26mai2007 - Em Gondomar, há vários anos que um negócio ilegal de areias está instalado numa das margens do rio Ferreira, a pouca distância da ponte de Travassos, na freguesia da Foz do Sousa. A Câmara conhece a situação, mas pelos vistos ainda não pôr cobro ao abuso, pese embora as várias queixas dos vizinhos.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Londres: ar dentro das salas de aula pior do que no exterior

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  • Ribeira dos Milagres sofreu mais uma violenta descarga de efluentes de suiniculturas.
  • A qualidade do ar dentro das salas de aula de escolas de Londres é muito pior do que a do exterior. Revela estudo recente citado pelo The Guardian.
  • O NRDC, a National Wildlife Federation, a National Audubon Society, a Defenders of Wildlife, o Center for Biological Diversity e a American Bird Conservancy, processaram o governo norte-americano por desmantelar ilegalmente a Lei do Tratado de Aves Migratórias (MBTA).

Mão pesada

Cinco empresas exportadoras de grãos, entre elas a Cargill e a Bunge, e dezenas de agricultores receberam multas no valor total de 105,7 milhões de reais devido a atividades ligadas ao desmatamento ilegal. Envolverde.

Reflexão - «Podem ir comprar mais capas de jornais a dizer que há 1500 triliões de barris de petróleo no Alentejo»

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«(…) No passado dia 14 de Abril a capa do Expresso Economia noticiava garrafalmente que o "Alentejo pode ter 1500 milhões de barris de petróleo". O facto de ser essa a capa ter saído no mesmo dia em que uma manifestação juntava pessoas vindas de todo o país em oposição à prospecção petrolífera em Aljezur diz-nos muito acerca da gigante crise de credibilidade que hoje existe no jornalismo mundial. Por outro lado, a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente, apoiada pelo governo, de isentar de avaliação de impacto ambiental um furo petrolífero com mais de um quilómetro de profundidade em alto mar, ajuda a explicar como a degradação das instituições e da política não é um fenómeno atribuível a populistas, mas sim às instituições e ao mundo político.
(…)
A notícia de 14 de Abril, cuja única fonte foram as petrolíferas, e é mais ou menos isto: se se descobrir petróleo e gás em Aljezur, vamos ficar todos ricos. Que um jornalista e editores aceitem usar informação de uma parte interessada - as petrolíferas ENI e GALP - no próprio dia em que a população se manifesta contra a intenção destas empresas de furar no mar do Alentejo/Algarve mostra-nos que a proliferação de fake news só teve o sucesso que teve porque a imprensa há muito que turva a linha entre notícia e propaganda comercial, produzindo, quase ininterruptamente, as suas próprias fake news.
Três semanas depois, uma consulta prévia a uma avaliação de impacto ambiental (AIA), uma conferência de imprensa para informar do resultado de uma consulta prévia a uma AIA e uma conferência de imprensa com dois ministros e um secretário de Estado para apoiar uma decisão de não fazer uma AIA a um furo petrolífero em deep offshore ou ultra-deep offshore (mais de 1000 metros de profundidade, podendo chegar aos 3000).
A consulta prévia para saber se era preciso fazer uma AIA forneceu às pessoas, como única fonte de informação, um relatório da petrolífera ENI, empresa que quer fazer o furo de petróleo em conjunto com a GALP. O governo disse portanto às pessoas para lerem uma brochura de propaganda da empresa e depois decidirem se achavam ou não que devia haver uma avaliação de impacto ambiental. Surpresa das surpresas: as pessoas pronunciaram-se avassaladoramente contra.
No último dia que tinha para se pronunciar, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) convocou uma conferência de imprensa para dizer que decidia que não era preciso avaliar nada. Os dados que usou para chegar a esta decisão? A leitura da brochura de propaganda da empresa interessada em fazer o furo, e os pareceres favoráveis de outros nove organismos públicos. Estes pareceres foram baseados em informação que veio de onde? Da leitura da brochura de propaganda da empresa interessada em fazer o furo. Entretanto, mais de duas mil pessoas pronunciaram-se na consulta prévia, além de municípios, associações, confederações empresariais, contra a dispensa de AIA. O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, deitou estas participações ao lixo, dizendo que "na sua generalidade, eram sobre a exploração de petróleo, que não era a matéria para análise". Aqui a coisa começou a torcer, como nos revela a Plataforma Algarve Livre de Petróleo, ao informar que só a partir da plataforma seguiram 1700 participações a apelar à realização de AIA, e referentes à prospecção e não à produção. Pessoalmente, enviei também uma objecção acerca da prospecção e não da produção mas, é certo, não tinha uma capa bonita nem vinha assinada pela ENI. E portanto a APA, que exige avaliações de impacto ambiental a loteamentos, centrais de biomassa, centrais fotovoltaicas, parques eólicos, explorações pecuárias, avícolas, parques de campismo, entre mil outras coisas, simplesmente dispensou de AIA um furo de petróleo a mais de 1000 m de profundidade no mar alto, com mais de um quilómetro de tubagem antes sequer de chegar ao fundo oceânico, onde furará ainda mais à procura de reservas petrolíferas. Para tornar isto ainda mais claro, a APA decidiu não avaliar o impacto ambiental de um furo parecido com aquele que levou à catástrofe do Deepwater Horizon, da BP, em 2010 no Golfo do México, que ficou 88 dias a perder petróleo, 5 milhões de barris. Por isto ser tão escandaloso é que foi  convocar uma conferência de imprensa. E mentir, mentir, mentir, dizendo: não é produção, é prospecção.
Logo a seguir, timings coordenados, entra em jogo outra conferência de imprensa, a poucos quilómetros de distância: frente ao púlpito, o ministro dos Negócios Estrangeiros, o ministro do Ambiente e o secretário de Estado da Energia. Primeiro, e perante a enormidade anunciada na conferência de imprensa anterior, era preciso reafirmar a decisão da APA: o governo apoiou-a. O ministro do Ambiente disse que era uma "decisão técnica, não política". A base dessa decisão técnica não pode ser outra: a brochura de propaganda da ENI. 
(…)
O governo destacou um dos seus franco-atiradores, o vice de António Costa, Augusto Santos Silva, para manter a mentira: não é produção, é prospecção. Engana quem nunca tenha lido os contratos ou a lei que lhes deu origem: não existem fases separadas entre a prospecção e a produção. O que existem são contratos de concessão de direitos de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo. Isto assim, com estas palavras todas. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino já usara esta mesma mentira, em plena audição parlamentar, no início de 2017. António Costa também.
Assim, ouvimos sair da boca de muita imprensa, das instituições e do governo as exactas mentiras fabricadas pelas petrolíferas desde o primeiro dia em que começou a contestação ao petróleo: que daria dinheiro ao erário público, que baixaria a dependência de combustíveis fósseis, que baixaria as importações, que criaria emprego, que baixaria os preços da gasolina e do gasóleo, que seríamos a nova Noruega, que era prospecção para se ficarem a conhecer os recursos, e não produção petrolífera. Estes argumentos só continuam a fazer eco porque, naturalmente, a larguíssima maioria da população não leu nem lerá os contratos que dizem o contrário disto. Além disso, imprensa, instituições e governo continuam a não apenas ignorar mas a omitir deliberadamente a necessidade de cortar as emissões de gases com efeito de estufa. Permitir a continuação de concessões petrolíferas é o inverso do que é necessário fazer, é totalmente irracional ir procurar mais combustíveis fósseis à escala mundial quando só se podem queimar 10% de todas as reservas hoje conhecidas de combustíveis fósseis para manter o aumento da temperatura abaixo dos 2ºC e cumprir o Acordo de Paris.
Mas agora fizeram um erro grave. Mesmo sem ter lido os contratos, não existe ninguém em Portugal que possa aceitar que se façam furos de petróleo, uma das actividades de elevadíssimo risco, especialmente em alto mar e a grande profundidade, sem sequer fazer avaliação de impacto ambiental (que pode ser perfeitamente uma treta, como são a maioria das AIA). Destapou-se-lhes totalmente a careca. Se é corrupção, cobardia política ou ignorância pura e dura é irrelevante. A ideia de prospectar e explorar petróleo em Portugal pertence ao caixote do lixo das ideias mais estúpidas já anunciadas ao país, e é o PS, muito mais do que PSD e CDS, o responsável pela mesma. Que um governo se espoje na lama pela GALP/ENI só nos mostra como o centrão político, de que o PS é o primeiro representante em Portugal, não é mais que uma plataforma de vendilhões, representada perfeitamente por um Manuel Pinho, um Jorge Coelho, um Carlos Costa e Pina, um Murteira Nabo, um Daniel Bessa, um Pina Moura, um José Penedos, um António Vitorino, um Armando Vara ou um José Sócrates.
Podem ir comprar mais capas de jornais a dizer que há 1500 triliões de barris de petróleo no Alentejo, que a quantidade que podemos explorar é exactamente a mesma: zero. E cá estaremos para impedi-los.»
João Camargo, in Sábado 23mai2018.


Bico calado

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  • O ministro das Relações Exteriores angolano exonerou o diretor para África, Médio Oriente e Organizações Regionais (Joaquim do Espírito Santo) e o ministro conselheiro (João Diogo Fortunato) da embaixada de Angola em Telavive por terem participado na inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém. Africa21.
  • O ministro israelita da Infraestrutura Nacional, Energia e Recursos Hídricos, Yuval Steinitz, criticou a União Europeia, dizendo que poderia "ir para mil infernos" após a eu ter pedido uma investigação sobre a brutalidade policial exercida contra ativistas de direitos humanos na semana passada na cidade de Haifa. MEM.
  • O advogado pessoal de Donald Trump, Michael Cohen, recebeu pelo menos 400 mil dólares para acertar conversações entre o presidente ucraniano e o presidente Trump para a assinatura de um contrato de exportação de carvão para mover comboios ucranianos a diesel, fabricadnos nos EUA, no valor de 1 bilião de dólares. BBC.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Moçambique: fábrica de liquefação de gás natural deslocaliza 1.500 famílias

Esgueira. Foto: M Rosário Sousa Fardilha.
  • A petrolífera norte-americana Anadarko está a procurar entidades que possam avançar com o processo de deslocalização de 1500 famílias que residem na zona do norte do país onde vai construir uma fábrica de liquefação de gás natural junto da península de Afungi, a 40 km ao largo de Cabo Delgado, extremo norte de Moçambique, na fronteira com a Tanzânia. O projeto é liderado pelas petrolíferas Eni e Exxonmobil. Macua/Lusa.
  • New York vai abandonar a energia a carvão em 2020. Andrew Cuomo, mayor a cidade, considera-a «uma relíquia do passado». Climate Action/UN.

Memórias curtas


Foto: John Christensen Jr/AP
  • 24mai2010 - Quatro antigos navios da Armada Portuguesa vão ser afundados ao largo da Praia da Rocha, Portimão, para dar origem ao Museu Subaquático da Marinha de Guerra Portuguesa, o primeiro museu subaquático do País.
  • 24mai2006 - O ministro da Agricultura, Jaime Silva, admitiu prolongar o prazo para o registo de aves de capoeira, frisando que esta é uma medida de precaução e não uma obrigação comunitária. Acrescentou que ficaria contente se 70% das aves de capoeira ficassem inventariadas e admitiu a aplicação de multas a quem não as declarar.

Bico calado

  • Que fazer quando um repórter, num direto, refere o envolvimento da secreta MI6 em tortura? Arranja-se um truque. Foi o que a BBC fez: arranjou uns problemas técnicos para o interromper e calar. Youtube (50”)
  • O italiano Gilberto Pacchiotti, 77 anos, vive há 25 anos em Cabo Verde. Criou a ‘Cabo Verde Importe, Lda’, em 2008, em Madeiralzinho, São Vicente. «Otimizou» os impostos numa conta na Suíça, através do HSB Private Bank. O fisco cabo-verdiano vai perder uma pipa de massa porque o Estado deixou vencer o prazo legal estipulado para cobrar os impostos devidos. O escândalo foi provocado por investigações do fisco italiano. Uma antiga senhoria queixa-se de que ele lhe deve meses de renda. Pacchiotti tem, pelo menos, dois passaportes, representando duas nacionalidades distintas: italiana e neozelandesa. O seu sócio Djimi, com dupla nacionalidade - cabo-verdiana e portuguesa -, está referenciado na Polícia Judiciária, por supostamente colaborar com traficantes em atividades criminosas ligadas ao mar em S. Vicente. Cenozo.
  • O Lord Mayor de Dublin diz que a Irlanda devia boicotar o Festival da Eurovisão de 2019 em solidariedade para com o povo palestino. Dublin Live.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

O Douro pode perder 14% da sua água

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  • O Douro vai perder 14% da sua água, alerta Ana Brasão, ambientalista do GEOTA, coordenadora da Rede Douro Livre. «Não nos podemos esquecer de que as barragens são paredes gigantescas e estanques. Impedem a vida de subir o rio e os sedimentos de descê-lo. Neste momento já temos problemas graves que se estão a adensar com as alterações climáticas. Da foz do Douro à barrinha de Esmoriz temos hoje o pedaço da costa portuguesa com menor areal e que está sujeito a maior erosão», sublinhou. «Há um fenómeno de aquecimento das águas paradas. Isto aumenta o risco de evaporação e retira oxigenação à água. Sem isso, não há vida», avisa Ana Brasão. Liderada pelo GEOTA, a Rede Douro Livre tem parcerias com a Liga de Proteção da Natureza, o WWF Portugal, a Rede Inducar, a Wetlands International e International Union for Conservation of Nature. DN.
  • O imposto encapotado que os munícipes de S. João da Madeira pagam no consumo de água ajudou a equilibrar as contas do município, acusa a CDU local. O «filme» repete-se há 10 anos, sublinha a CDU, com os sanjoanenses a pagar a água acima do valor justo. «A câmara obteve um resultado positivo de 143.147 euros, porque desviou da empresa Águas de s. João para os seus cofres o valor de 572.869 euros e não pagou 186.120 euros de água consumida na sua atividade», especifica a CDU. Labor.
  • Londres tem o transporte público mais caro, a terceira pior qualidade do ar e é uma das mais perigosas para caminhar e andar de bicicleta, revela um estudo sobre 13 cidades da União Europeia citado pelo The Guardian. Ranking do estudo: Copenhagen, Amsterdam, Oslo, Zurique, Viena, Madrid, Paris, Bruxelas, Budapeste, Berlim, Londres, Moscovo e Roma. Onde ficaria Lisboa nesta lista?
  • Jornalistas da Associated Press, da CNN e de organizações ambientalistas foram impedidos de participar numa cimeira em Washington sobre contaminantes nocivos na água organizada pelo ministério do Ambiente dos EUA. The Guardian.

Canadá: Vancouver proíbe palhinhas, copos e outros recipientes de plástico

  • E-mails obtidos por meio de um pedido de liberdade de informação feito pelo Culture Unstained, mostram que a BP se reúne regularmente com ministros e patrocina instituições públicas do Reino Unido para os atrair para eventos sociais e com considerável sucesso. DesmogUK.
  • Vancouver aprovou uma lei que proíbe o uso de palhinhas, copos e outros recipientes de plástico e espuma de poliestireno na distribuição e consumo de comida rápida e takeaway. Daily Hive.
  • Uma enorme central solar em Kayenta, perto do famoso Monument Valley, começou a produzir eletricidade para cerca de 13 mil cidadãos da Nação Navajo. A central a carvão Navajo Generating Station, perto de Page, deverá encerrar em dezembro de 2019. AZCentral.

Memórias curtas

Lagoa de Paramos. Foto: Marisa Rocha 17mai2018.
  • 23mai2012 - A associação de pais da Escola Garcia de Orta, no Porto, decidiu oferecer um temporizador de iluminação àquele estabelecimento de ensino depois de constatar que as luzes eram deixadas ligadas durante todo o fim-de-semana.
  • 23mai2008 - Portugal poderá contar com a primeira microturbina eólica urbana ainda este ano, a Turban. A microturbina, com 2,3 metros de diâmetro e uma potência de 2,5 quilowatts, tem por objectivo a redução da factura energética em 30% numa habitação, sendo que, se estiver numa zona de velocidade de vento de sete a oito metros por segundo, pode contribuir com os 100%. Custará entre 3000 e 2500 euros.

Bico calado

Foto: Sandor Ujvari/EPA
  • O jornalista angolano Rafael Marques vence prémio Herói da Liberdade de Imprensa, informa a Sábado.
  • Mais de 50 biliões de dólares fogem anualmente de África para paraísos fiscais, enquanto as populações sobrevivem com menos de 2 dólares por dia, admite a OCDE. Cenozo.
  • Pentágono não consegue justificar a falta de 21 triliões de dólares no seu orçamento, cita a Global Research com base em dados oficiais. Via TruePublica.
  • O sistema de rankings transformou-se num negócio de empresas que vivem das universidades, garante o reitor da Universidade Complutense, de Madrid, Carlos Andradas, citado pelo Público. No seu entender, gerou-se uma «espécie de ciclo vicioso em que as próprias empresas que fazem os rankings oferecem os seus serviços para melhorar» a classificação.
  • 50 municípios ingleses e galeses estão a multar e a deter milhares de sem abrigoThe Guardian.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Memórias curtas

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Bico calado

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  • O Suddeutsche Zeitung pediu desculpas públicas e dispensou o seu cartoonista de 85 anos, Dieter Hanitzsch. Tudo porque publicara um cartoon com o primeiro-ministro israelita, com um míssil na mão, no palco do festival da Eurovisão, a dizer «Em Jerusalém, no próximo ano». MEM.
  • «(…) Sabe-se que a história se repete sempre como farsa. E, se recordarmos, a carreira de Benito Mussolini começou em Itália quando conquistou os adeptos dos estádios de futebol. Berlusconi aprendeu a lição. E agora o Estado democrático defronta-se, pela primeira vez, com um populista a sério: Bruno de Carvalho. Isto porque o problema já deixou de ser clubístico: é político. As ameaças de Bruno de Carvalho (processar o presidente da Assembleia da República e criticar Marcelo) mostram o caminho minado por onde se corre. Sem nada a perder, tem uma estratégia: a culpa é dos outros, dos inimigos internos e dos políticos. Desde o início que o seu discurso era claramente populista, mas só se aplicava ao futebol. Agora chegou ao nível seguinte: ao disparar sobre os políticos, Carvalho está a criar o primeiro movimento populista de características futebolístico/políticas de que há memória em Portugal. (…)» Fernando Sobral, in A idade do populismoJNegócios.
  • «(…) Há ainda uma terceira responsabilidade e não é menor. É a mão comunicacional, a mobilização pelo negócio do futebol da colonização do espaço público através de uma estratégia obsessiva. O futebol tem que ocupar toda a fantasia, tem que dominar a imaginação, tem que ser viciante como uma droga, tem que ser omnipresente. Há nesse processo um ganho de escala: quanto mais presente está, mais é necessário o futebol. Por isso, a televisão, e não o estádio, passa a ser o lugar da exibição, revivida em comentários ad nauseam, que é alimentada por uma casta de atores que representam um papel, o do comovido ou o do furibundo adepto. O último é o que tem mais sucesso. Talvez o melhor exemplo, um caso de estudo, é o de Pedro Guerra. Ele vem do “Independente”, onde aprendeu as manhas da comunicação, foi depois assessor ministerial na Defesa, com Portas, fez notícia porque o seu salário era maior do que o do ministro, passou a assessor parlamentar do CDS e é agora diretor da Benfica TV e comentador de um canal cabo. O estilo é o personagem: levanta-se, ameaça, gesticula, grita — e faz escola. É assim que se quer um puxador de audiências, é o enfático que vale, não é o argumento. O ‘pedroguerreirismo’ da televisão do futebol é o carimbo para a violência no futebol. (…)» Francisco Louçã, in A chatice é só saber-se – Expresso 20mai2018 – via A estátua de sal.
  • O Washington Examiner publicou um artigo de Tom Rogan a defender o bombardeamento da ponte de 11,2 milhas que liga a península de Taman de Krasnodar Krai com a península de Kerch. Já imaginaram um jornal russo publicar um artigo a defender o bombardeamento de uma ponte como a de San Francisco?
  • «(…) Apenas corroborar que, conhecendo a intenção de António Costa em ali comparecer, Marcelo tudo faria para não lhe dar a oportunidade de ficar com o palanque das personalidades vip só para si. Ele sabe que o seu protagonismo pode vir a ser suplantado pelo do primeiro-ministro conquanto os cidadãos se apercebam que um planeia, executa e consegue resultados, enquanto o outro apenas replica a função de corta-fitas, que já era a do distante antecessor de quem o pai foi obsequioso ministro. A preocupação em estar sempre no centro do palco é tão notória, que a criação da dúvida sobre se iria ou não ao Jamor só serviria para potenciar as vantagens de ter em si concentrados os focos das objetivas dos fotógrafos ou dos operadores de câmara das várias televisões. Porque estas alimentariam até ao último momento a dúvida sobre a sua opção nunca deixando de o ter como prioridade no alinhamento das suas notícias. (…)» Jorge Rocha, in Quem duvidava que o homem das selfies iria mesmo lá?Ventos Semeados.

domingo, 20 de maio de 2018

Noruega: combate à desflorestação com viabilidade e efeito incertos

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Apesar dos 3 biliões de dólares investidos nos últimos 10 anos pela Noruega no seu programa  Iniciativa Internacional de Clima e Floresta, de combate à desflorestação, o relatório do Gabinete do Auditor Geral é bastante crítico: o progresso e os resultados estão atrasados, as medidas atuais têm viabilidade e efeito incertos e o risco de fraude não tem sido bem gerido. «O ministério dos Negócios Estrangeiros e o ministério do Ambiente não têm impedido e aplicado medidas de combate à ocorrência de fraude», diz o relatório assinado por Per-Kristian Foss. «Isso inclui avaliações inadequadas de parceiros antes de subscrever um acordo e falta de resposta quando parceiros cooperantes foram investigados por possíveis fraudes financeiras. A administração não cumpriu as suas próprias orientações e assumiu riscos desnecessários de perda e abuso de fundos noruegueses», conclui o documento. A Noruega foi, entre 2008 e 2016, o maior contribuinte do programa REDD+, com 51%. REDD.

Mão pesada

Foto: Evan Dawson/Alamy
  • A Lamb Weston/Meijer UK Ltd e a Ralph Harrison & Co Ltd foram multadas em 30 mil libras por responsabilidades na contaminação do rio Stiffkey, em Little Snoring, Norfolk, com escorrências de batatas que tinham apodrecido em armazéns. GovUK.
  • Um camião basculante foi apreendido e compactado por participar na recolha ilegal de resíduos nas West Midlands, em Inglaterra. GovUK.
  • A produtora de tintas NL Industries foi intimada a pagar 60 milhões de dólares para remover material tóxico de casas na Califórnia. VC Star.

Memórias curtas

Foto: STR/EPA

Bico calado

Foto: Yang Wenbin/Xinhua/Barcroft Images

O reitor da Universidade Fernando Pessoa, Salvato Trigo, foi condenado a um ano e três meses de prisão, suspensos por igual período, por desvio, através de uma empresa, de quase 2,2 milhões de euros daquela instituição de ensino privado em benefício próprio e da sua família. No final dos anos 90, Salvato Trigo fora também condenado a dez meses de prisão, suspensos, num processo relacionado com o desvio de subsídios do Fundo Social Europeu, quando era director da Escola Superior de Jornalismo do Porto. Público

sábado, 19 de maio de 2018

A Altri insiste em pulverizar os seus eucaliptais com pesticidas ultrapassados

Foto: Prakash Singh/AFP/Getty Images
  • A Altri Florestal avisou que vai pulverizar os seus eucaliptais com o pesticida EPIK SL e EPIK SG, na União de Freguesias de São João do Monte e Mosteirinho, no concelho de Tondela. A Quercus já manifestou a sua preocupação, uma vez que o EPIK SL é um inseticida sistémico do grupo dos neonicotinóides, à base de acetamiprida e que atua por contacto e ingestão. Atua no sistema nervoso como antagonista do recetor nicotínico da acetilcolina e está homologado para aplicação em eucalipto, para controlar a praga do gorgulho do eucalipto (Gonipterus platensis). «Apesar de se referir que ambos os produtos comerciais são isentos de classificação para as abelhas, não constituindo perigo para estes insetos úteis quando usados nas doses e concentrações para os quais de encontram autorizados, existem receios de apicultores que tem apiários na zona, dado o risco de utilização de pesticidas neonicotinóides para a abelha melífera, assim como para outros polinizadores». A Quercus recorda também que o «Plano de Ação Nacional para o controlo das populações de Gonipterus platensis apresentava um horizonte de atuação de quatro anos e meio (2011-2015), pelo que, atualmente, não existe um suporte regulamentar que justifique as pulverizações com pesticidas para controlo do gorgulho do eucalipto». Além disso, as empresas de celulose avançaram com a luta biológica, utilizando um inseto parasitóide exótico para combater a praga do gorgulho do eucalipto, evitando assim os possíveis efeitos nefastos decorrentes do uso deste tipo de pesticida, pelo que «a utilização de luta química para controlo de uma praga associada às monoculturas de eucalipto em áreas serranas, é reveladora da insustentabilidade da cultura nas condições existentes». Notícias ao minuto.
  • A Comissão Europeia avançou com dois processos de infração contra Portugal por falhas na transposição de diretivas sobre resíduos nucleares e sobre segurança nuclear, dando dois meses às autoridades nacionais para responder. Público.
  • A Holanda vai proibir o uso de carvão na produção de eletricidade na próxima década e vai encerrar duas das suas cinco centrais a carvão no final de 2024. Reuters.
  • A francesa Total anunciou que vai retirar-se do projeto de exploração de gás natural offshore South Pars 11 (SP11), no Irão, que explora a maior jazida mundial de gás, na sequência da imposição de sanções pelos Estados Unidos a todas as empresas não norte-americanas que prossigam negócios com o Estado iraniano.
  • O greenwashing do governo conservador de Theresa May parece ter chegado ao fim após uma semana de anúncios de política ambientalmente regressiva e o colapso do investimento em energia renovável do Reino Unido, escreve Joseph Dutton na The Ecologist.
  • Mo Brooks, congressista republicano eleito pelo Alabama, sugere que a queda de pedras dos White Cliffs de Dover é responsável pela subida do nível das águas do mar. Science Magazine.
  • O Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas das Honduras (Copinh) e a família Cáceres avançaram com um processo contra o banco de desenvolvimento holandês FMO, um dos financiadores da barragem de Agua Zarca no rio Gualcarque. Alegam que o banco não respeitou os direitos humanos das pessoas afetadas pelo projeto e descartou as advertências sobre violações dos direitos humanos perpetradas na área, críticas levantadas por Cáceres antes da sua morte em 2016. The Guardian.

Memórias curtas

Fotyo: Ben Curtis/AP

Bico calado

  • Porque é que as forças israelitas dispararam a matar contra manifestantes palestinianos, apesar de terem amplos recursos não-letais para controlo de multidões? Pergunta o jornalista irlandês. Responde Michal Maayan, porta-voz do governo israelita: porque não podem metê-los todos na cadeia.

  • «Se um dia 60 cães vadios fossem mortos a tiro por soldados da IDF, o país inteiro levantar-se-ia em protestos. Os que tinham abatido os cães seriam julgados, Israel dedicaria orações às vítimas, um serviço Yizkor seria organizado em memória dos cães abatidos. Mas na noite do massacre dos palestinos, Sião rejubilou: temos uma embaixada e uma Eurovisão. É difícil pensar num eclipse moral mais atroz. Tampouco é difícil imaginar o cenário inverso: 60 israelitas mortos num dia e as multidões a celebrar a embaixada em Ramallah e a alegrarem-se com um concerto em El Bireh para animar a vitória do árabe “A Star is Born”, enquanto os apresentadores de televisão e os entrevistados se riem durante as transmissões ao vivo. Oh, aqueles animais palestinos, oh, os monstros». Gideon Levy, in Haaretz.

  • O Facebook anunciou que vai fazer uma parceria com o Atlantic Council, - uma associação sediada em Washington e financiada pela Arábia Saudita, petrolíferas, empresas de defesa e Charles Koch -, para impedir o uso de truques nas próximas eleições. Common Dreams.
  • Num escândalo de suborno que afeta os três ramos do governo da Colômbia, o país acaba de extraditar para os EUA uma testemunha chave: o seu ex-chefe do combate anticorrupção. Colombia Reports.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Governo vergou perante os interesses da Eni/Galp, acusa a Quercus

Imagem colhida aqui.
  • O governo de António Costa cedeu aos interesses do consórcio Eni/Galp, acusa a Quercus após o executivo ter dispensado de estudo de impacto ambiental a prospeção de petróleo ao largo de Aljezur. «Há uma cedência aos interesses do consórcio em detrimento dos interesses de outros setores da sociedade, por exemplo do turismo e das pescas e de autarcas da região que já se manifestaram contra a prospeção», disse João Branco. O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, justificou a decisão de não realizar o estudo de impacto ambiental referindo que «não foram identificados impactos negativos significativos» na realização do furo de prospeção petrolífera. DN.
  • Setúbal quer praias da Arrábida sem carros este Verão. Parques de estacionamento pago, tolerância zero ao estacionamento selvagem e circulação proibida são a estratégia para impor transporte público. Público.
  • O governo turco projeta um canal marítimo paralelo ao Bósforo apesar das advertências de cientistas e ambientalistas, que receiam alterações químicas nos mares Negro e de Mármara, bem como a destruição de aquíferos e florestas que fornecem água e oxigénio a Estambul. El País.

Memórias curtas

Foto: Andrey Nekrasov/Barcroft Images

Bico calado

Foto: Xinhua / Barcroft Images
  • Guião para a direita derrubar António Costa e tomar o poder: ler «Operação Corações ao Alto, instruções às distritais», por Francisco Louçã, in Expresso Diário, 15mai2018: «O nosso partido foi conspirativamente afastado do poder em 2015 e agora vai recuperá-lo com glória. Para tanto, o guião seguinte deve ser cumprido escrupulosamente, para transformarmos o risco da derrota na certeza da vitória. Seguimos a regra Trump: o candidato mais implausível nas sondagens pode vencer, se criar um movimento emocional que varra o país. Tudo depende disso. Em resumo, vencemos se incendiarmos todos os debates nacionais. 1 Não é difícil, basta dizer que o mundo está a acabar, ou convencer cada eleitor de que está a ser esmagado por mais impostos e que, portanto, o terrorismo está a ameaçar a sua vida. Nos temas económicos, o que é preciso é baralhar, assustar o ouvinte com algoritmos. Se ninguém perceber nada, nós sabemos tudo. Portanto, avança quem debita percentagens algarismos e esgrime gráficos. Afogado em números, o eleitor tem que se esquecer da sua vida. Tem é que olhar para nós: somos os que gritam alerta, venham os incêndios, que falta que faz outro roubo em Tancos e até dava jeito um atentado bombista no Terreiro do Paço, é isso a emoção, é assim que se ganham eleições.2 É preciso mudar os nomes às coisas e fazermo-nos malucos, a começar pela luta dos nomes, quem conquista as palavras tem as eleições na mão. A comunicação dos saldos das contas de mais de 50 mil euros é o “Big Brother fiscal”, o “fascismo tributário” ou a “devassa” que nos vai assaltar as poupanças, a maternidade de substituição deve ser chamada “barriga de aluguer”, soa a negócio, o direito à eutanásia vai ser o “holocausto” com “os médicos a matarem os idosos que tenham hipertensão”. Conclusão: em Portugal não se pode ter conta bancária, a gravidez é business e é perigoso ir a um hospital. Estão a perceber? Sigam a regra daquele homem do futebol, façam-se de malucos e depois é só manter a fama, toda a gente escuta. 3 Desviar atenções. Para explicar que os ministros do outro partido são todos trafulhas e que estão amaldiçoados é preciso mostrar que, connosco, tudo começa com a pureza dos anjos. Costa é Sócrates que é Guterres, não, talvez este não, recomeça, Costa é Sócrates que é Pinho que é Salgado, não, este também não, que contratou o Durão Barroso, recomeça, Costa é Sócrates que é Pinho que é Mário Lino, não, este não foi acusado, recomeça, Pinho é Sócrates que é Costa… O que importa é que a ideia se perceba e que o Costa esteja no barulho. Se não, aplica-se a regra anterior, fazemo-nos malucos e tudo ao molho e fé em Deus. Eles não reconheceram a culpa, não expiaram, não aceitaram o nosso direito natural a mandar, não merecem trégua, todos trafulhas. Sobretudo o Costa, é o pior de todos, é fingido e não está nos processos, o que prova que anda fugido à justiça.4 Nada de intelectuais, queremos guerra sem quartel. Qual conversa, qual propostas, qual argumentos, o que queremos são sombrios ajustes de contas, sangrentos ataques. Calem-se as finuras da Quadratura do Círculo, multipliquem-se os snipers do Observador e os valentões de outras paragens, deem o Nobel ao Saraiva, promova-se o Ribeiro a diretor de campanha. Esses são os nossos guerreiros, faca na liga. São os mestres do ódio a mulheres, que acham que são gente, ódio a desempregados, que são subsidiodependentes, ódio a miudagem que acha que a escola não é lição de praxe, ódio aos que criticam a América, ódio aos ecologistas, que só dão despesa, ódio ao arco-íris. O ódio é que gera likes e precisamos de muitos likes, inundaremos o país de ódio e de likes. 5 E, se tudo falhar, venha o Plano B. Se as eleições não nos respeitarem, é preciso convencer alguns juízes. É para isso urgente criar novos instrumentos, venha a revisão constitucional para a delação premiada, urgentíssima, a Cristas já topou a parada. Já se fazem interrogatórios para transmitir pela televisão, mas é preciso mais, é preciso encher os noticiários de prisões e informações, não pode sobrar nada dessa gente, drama todos os dias, medo nas ruas, sirenes a apitar, casos nutridos. É na pantalha que temos que os vencer, se falhar nas eleições. Precisamos de uma procuradoria de confiança, perpétua e alinhando amigos alinhados. Pois não há-de um tribunal governar, escolher os ministros, vingar as eleições, delimitar as políticas? Portugal ainda há-de ser um imenso Brasil. Perceberam? Guerra sem quartel, a nossa política é o fogo.»
  • Tiago Rodrigues cancela espetáculo em Israel e adere a boicote cultural. A 4 e 5 de Junho, o autor português deveria apresentar no Israel Festival, em Jerusalém, a peça By Heart. Público.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Aljezur: furo de prospeção de petróleo dispensado de avaliação de impacto ambiental

Empresas londrinas a extrair petróleo em África, segundo o DeSmog UK.
  • O furo de prospeção de petróleo em Aljezur vai avançar sem avaliação de impacto ambiental. Tudo porque, segundo a APA, a Sondagem de Pesquisa Santola 1X «não é suscetível de provocar impactes negativos significativos, pelo que, nos termos da lei, não carece de Avaliação de Impacte Ambiental.» O Relatório de Consulta Pública e o Parecer sobre a sujeição a Avaliação de Impacte Ambiental podem ser consultados, respetivamente, aqui e aqui. Via É Apenas Fumaça.
  • Portugal vai reforçar o apoio a Cabo Verde na área ambiental disponibilizando cerca de um milhão de euros para projetos como a continuação do roteiro dos resíduos, do plano de segurança das barragens, dos planos de albufeiras e de assistência técnica às Águas de Santiago. DN.
  • O governo francês prepara-se para dar à Total luz verde para um projeto de biorrefinaria no sul da França que vai aumentar drasticamente a procura de óleo de palma e a consequente devastação de florestas inteiras no outro lado do mundo. Greenpeace.
  • O diretor da Complexul Energetic Oltenia, a maior carbonífera da Roménia, quer que a União Europeia dilate o prazo para o início da aplicação de padrões de qualidade do ar alegando que que o país é pobre e não tem capacidade para fazer uma transição rápida para outras fontes de energia. Aljazeera.

Mão pesada

A Northern Harvest Sea Farms, uma empresa de aquacultura sediada em New Brunswick, Canadá, vai ser julgada para responder às acusações decorrentes do uso de um pesticida não identificado aplicado nas suas operações para combater os surtos de piolho do mar. Beyond Pesticides.

Reflexão – Impactos da atribuição de preços à Natureza

Foto: Diogo Sá Lima 15mai2018.

«Quase todos os documentos oficiais sobre questões ambientais são agora recheados de referências a “capital natural” e à Comissão do Capital Natural, o órgão que o governo britânico criou para estabelecer o preço do mundo vivo e desenvolver um conjunto de “contas nacionais de capital natural”.

O governo argumenta que sem um preço, a natureza não tem valor, e então tomam-se decisões irracionais. Ao atribuir preços à natureza, garante-se que ela comanda o investimento e a proteção que atraem outras formas de capital. Esta filosofia baseia-se numa série de equívocos. O próprio o nome revela uma confusão: o capital natural é uma contradição em termos. O capital é normalmente entendido como o segmento de riqueza produzido pelo homem que é incluído na produção para criar mais retornos financeiros. Conceitos como capital natural, capital humano ou capital social podem ser usados como metáforas ou analogias, apesar de serem enganadores. Mas o plano de 25 anos define capital natural como “o ar, a água, o solo e os ecossistemas que sustentam todas as formas de vida”. Por outras palavras, a natureza é capital. Na realidade, a riqueza natural e o capital humano não são comparáveis nem intercambiáveis. Se o solo for arrastado, não podemos cultivar sobre uma cama de derivados.
Uma falácia semelhante aplica-se ao preço. A menos que algo seja resgatável por dinheiro, o símbolo da libra ou do dólar colocado junto dele não faz sentido: o preço representa uma expectativa de pagamento, de acordo com as taxas de mercado. Ao atribuir um preço a um rio, uma paisagem ou um ecossistema, ou você está a colocá-lo à venda, o que é um exercício sinistro, ou não está, o que não faz sentido.
Ainda mais confusa é a expectativa de que podemos defender a natureza através da filosofia que o está a destuir. As noções de que a natureza existe para nos servir, de que o seu valor consiste nos benefícios instrumentais que podemos extrair dela, de que esse valor pode ser medido em termos de dinheiro e de que o que não pode ser medido não tem valor, provaram ser letais para a vida na Terra.
A agenda do capital natural, dizem os seus defensores, é "uma arma adicional na luta pela proteção do campo". Mas ele não adiciona, subtrai. Como argumenta o filósofo Michael Sandel em “O que o dinheiro não pode comprar”, os valores do mercado eliminam os valores de não mercado. Os mercados mudam o significado das coisas que discutimos, substituindo obrigações morais por relações comerciais. Isso corrompe e degrada os nossos valores intrínsecos e esvazia a vida pública dos argumentos morais.
É também contraproducente: os incentivos financeiros minam a nossa motivação para agir em prol do bem público. “Altruísmo, generosidade, solidariedade e espírito cívico são… como músculos que se desenvolvem e se fortalecem com o exercício. Um dos defeitos da sociedade movida pelo mercado é que ela deixa essas virtudes definharem”. Então quem vai resistir a essa mentalidade destrutiva? Não serão os grandes grupos conservacionistas. Na revista BBC Wildlife deste mês, Tony Juniper - que em outros aspectos é um defensor admirável da natureza - diz que usará o seu novo cargo como chefe de campanhas do WWF para promover a agenda do capital natural.
Talvez ele não se lembre de que, em 2014, o WWF encomendou um estudo para testar esta abordagem. Concluiu-se que quando as pessoas se lembram do valor intrínseco da natureza, elas são mais propensas a defender o planeta vivo e apoiar o WWF do que quando elas são expostas a argumentos financeiros. Concluiu-se também que usar ambos os argumentos ao mesmo tempo produz o mesmo resultado que o financeiro: a agenda do capital natural minou a motivação intrínseca das pessoas.
Isso foi esquecido? Às vezes interrogo-me se se aprende alguma coisa no conservacionismo, ou se as grandes ONGs estão para sempre destinadas a seguir uma trilha circular, repetindo constantemente os seus erros. Em vez de contribuir para a alienação e o desencanto que a mentalidade comercial promove, elas deviam ajudar a enriquecer nosso relacionamento com a natureza.
A agenda do capital natural é a expressão definitiva do nosso afastamento em relação À natureza. Primeiro perdemos a nossa vida selvagem e maravilhas naturais. Depois, perdemos as nossas ligações com o que resta da vida na Terra. Depois, perdemos as palavras que descreviam o que conhecíamos. Depois, chamamos a isso capital e damos-lhe um preço. Esta abordagem é moralmente errada, intelectualmente vazia, emocionalmente alienante e autodestrutiva.
Os que estão motivados pelo amor ao planeta vivo não devem hesitar em dizê-lo. Nunca subestimem o poder dos valores intrínsecos. Eles inspiram toda a luta por um mundo melhor.»

George Monbiot, in The Guardian 15mai2018.