quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Tejo: os caudais correm turvos

Foto obtida em Couto de Esteves.
  • O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que Espanha cumpriu a Convenção de Albufeira entre Portugal e Espanha, tendo assegurado todos os caudais acordados para o Douro, Tejo e Guadiana com "pequeníssimas exceções". Mas o ProTejo contesta estas afirmações: a monitorização dos caudais é feita na barragem de Cedillo, em Espanha, pela Confederation Hidrografica del Tajo. Porém há um problema: há falta de transparência nessa informação, uma vez que não têm sido divulgados os caudais que passam em Muge e na barragem de Cedillo. O proTEJO considera que os caudais mínimos semanais e trimestrais estabelecidos na Convenção de Albufeira são pouco significativos por representarem, respetivamente, apenas 12% e 36% do caudal anual de 2.700 hm3, permitindo assim uma grande variação dos caudais durante os dias, semanas e trimestres. «Assim, temos defendido que os caudais semanais e trimestrais da Convenção de Albufeira sejam estabelecidos em cerca de 80% do caudal anual e que sejam definidos caudais diários com a finalidade de evitar uma grande variabilidade dos caudais durante a semana e os trimestres e não para resolver o problema de poluição.»
  • A China some e segue no investimento em centrais solares. É, neste momento e nesta área, líder mundial. Unearthed.

Mão pesada

Os proprietários da Rosehill Farm, em Dymock, foram multados em cerca de 67 mil libras por contaminação da ribeira de Preston com efluentes de fezes de gado. GovUK.

Reflexão

Imagem colhida aqui.

A União Europeia prolongou até 2023 a licença de utilização do glifosato, um herbicida considerado potencialmente cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde. 

A renovação da licença mereceu o voto positivo da Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia. 
Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, França, Grécia, Itália, Luxemburgo e Malta votaram contra
Portugal foi o único país que se absteve. 

Bico calado

Foto: Wang HE/Getty Images
  • Não bastava as 9 gigantes financeiras norte-americanas já terem mais de 172 biliões de dólares distribuídos por 2270 offshores. Vão ainda ter benefícios fiscais de 28 biliões. PC.
  • No Reino Unido, uma mulher que fez queixa às autoridades após ter sido raptada e violada durante 6 meses acabou detida ao tentar conseguir apoio. Politics.
  • «Ainda é Novembro mas já começaram os almoços e os jantares de Natal. São mesas enormes cheias de sorrisos forçados, reproduzindo até ao pormenor as hierarquias em vigor durante todo o ano. Há um fingimento de folia, um riso postiço que é filho mais da água do que do vinho, um humor fácil, medido a gargalhada curta, que é prontinho de mais para ser convincente.» Miguel Esteves Cardoso, in O jantar natalício - Público 29nov2017.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Bragança quer 39 charcas no concelho

Espinho. Foto de Vitor Lancha 22nov2017.
  • municípios a avançar com projetos para travar a erosão dos solos e proteger as linhas de água nas zonas atingidas pelos grandes incêndios. Pampilhosa da Serra, Vila Nova de Poiares, Penela, Vouzela e Tondela vão construir taludes e outras estruturas para conter eventuais derrocadas e arrastamentos de terras em caso de chuvadas, proceder a plantações de árvores e limpar linhas de água. AM.
  • Bragança tem plano para construir 39 charcas em todas as freguesias do concelho e três novas barragens, na Serra da Nogueira, em Parada e em Macedo do Mato -, para armazenar água e evitar problemas em períodos de seca. RTP.

Espanha: o glifosato é o pesticida mais frequentemente detetado em alguns rios

Foto: Goran Bogicevic/Alamy
  • Em Sheffield, Inglaterra, o conluio do executivo camarário com a Amey está a permitir o abate em série de árvores de grande porte. Dizem que é tudo para normalizar a superfície de pisos e passeios e, assim, garantir a segurança dos munícipes. E vale tudo, até mesmo agredir e manietar cidadãos que, pacificamente, contestavam as operações na berma da estrada. HP.
  • A Inglaterra surpreendida pela chegada da neve pela 8.000ª vez consecutiva, titula o Rochdale Herald.
  • A Seas at Risk criticou uma proposta do Comité de Pescas do Parlamento Europeu destinada à salvaguarda dos recursos pesca e dos ecossistemas marinhos que «funde mais de 30 regulamentos e diretivas existentes», considerando que a iniciativa «enfraquece seriamente ou acaba com várias medidas atuais». Segundo a organização, a proposta introduz uma terminologia pouco ambiciosa em muitas áreas, apelando a contributos para atingir objetivos em vez de pedir o cumprimento de objetivos e falha por não estabelecer regras para terminar com as capturas acessórias de mamíferos marinhos e aves marinhas nas bacias marinhas da União Europeia. A Sea at Risk critica ainda o levantamento da proibição da pesca com recurso a um campo elétrico no Mar Norte, permitindo agora a muitos navios, apesar do impacto desta técnica ainda ser objeto de aceso debate e carecer de avaliação por parte de entidades independentes. JE do Mar.
  • O oleoduto Keystone, da Transcanada, derramou muito mais petróleo e, mais frequentemente, nos Estados Unidos do que o indicado em avaliações de risco fornecidas pela empresa aos reguladores antes do projeto ter começado a avançar em 2010, conta a Reuters.
  • O ministério do Ambiente norte-americano sabe que dezenas de produtos químicos utilizados na fraturação hidráulica representam riscos para a saúde. Apesar disso, não só permite o seu uso, como também permite que a indústria de petróleo e gás mantenham os produtos químicos secretos, denuncia um relatório da Partnership for Policy Integrity and Earthworks. Via EcoWatch.

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Rio Tejo, Mantil-Guadalajara. Foto: Pedro Armestre/Greenpeace

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares da última semana foram, segundo a Google Analytics:
Durante o mesmo período, as visitas vieram, por ordem decrescente, dos seguintes países: Portugal, Brasil, India, França, EUA, Reino Unido, Suíça, Canadá, Argélia e Hungria.
Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa, foi a seguinte: Espinho, Porto, Lisboa, Coimbatore, Maia, Nantes, Coimbra, Funchal e Matosinhos.

Bico calado

Imagem colhida aqui.
  • «O que estava em causa era a votação de uma proposta do Bloco para criar uma contribuição de solidariedade, a incidir sobre os produtores de energias renováveis, altamente subsidiados por contratos e regras decididas no passado. São estas as regras que permitem à EDP Renováveis, uma das maiores beneficiárias, ter apenas 12% da sua atividade em Portugal, mas obter aqui 27% dos lucros. Feitas as contas, no total, se esta energia fosse vendida em Portugal ao preço médio que a EDP Renováveis pratica noutros países, e não ao preço subsidiado, os consumidores pagariam menos 400 milhões de euros ao ano. Era uma pequena parte deste sobrecusto que o Bloco de Esquerda propunha compensar com a criação de uma contribuição sobre estas empresas. O resultado seria a redução da dívida tarifária e, em consequência, da conta da luz, com benefícios óbvios para famílias e empresas. Apesar da medida ter sido negociada com o Governo, e aprovada na especialidade na sexta-feira, o Partido Socialista avocou-a ontem a plenário e, na repetição da votação, alterou o seu voto, impedindo a contribuição de ver a luz do dia (CDS também votou contra e PSD absteve-se). A alteração do sentido de voto do Partido Socialista é a prova da força do lobby da energia em Portugal. A mesma força que explica a criação das rendas e a incapacidade de qualquer governo, de PS, PSD ou CDS, para as enfrentar de forma definitiva. É o retrato de um poder político que cede perante a ameaça e força do poder económico, e que muitas vezes foi cúmplice desse mesmo poder. E é também o melhor argumento para explicar porque é que a EDP não deveria ter sido nunca privatizada. (…)» Mariana Mortágua, in A contribuição que nunca viu a luzJN 28nov2017. A propósito, vale a pena (re)ouvir o Mata-bicho de 28nov2019. https://www.rtp.pt/play/p2818/e318092/mata-bicho
  • Será que o Brexit tem muito mais a ver com a desregulamentação financeira e ambiental do que com a imigração, como argumenta Brendan Montague em texto publicado no Ecologist?
  • A União Europeia (EU) vai divulgar uma lista negra de paraísos fiscais que operam fora da UE e sobre os quais aplicará sanções. Acontece que há offshores dentro do espaço europeu. Um relatório da Oxfam mostra o que seria uma lista negra robusta de paraísos fiscais se a UE aplicasse objetivamente os seus próprios critérios e não sesubmetesse à pressão política. Revela também quatro países da UE (Irlanda, Holanda, Luzemburgo e Malta) que fariam parte da lista negra se a UE aplicasse os seus próprios critérios aos Estados membros.
  • A Amnistia internacional exige um inquérito criminal à Shell sobre alegada cumplicidade em assassinatos e tortura na Nigéria por parte dos militares do país em especial durante os anos 1990s. The Guardian.
  • Robert Ménard, secretário-geral dos Repórteres Sem Fronteiras há vinte anos, confessou ter recebido financiamento do National Endowment for Democracy (NED), uma organização que depende do Departamento de Estado dos EUA, cujo principal papel é promover a agenda da Casa Branca em todo o mundo. VA.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Tejo: afinal qual a causa da morte dos peixes?

Imagem colhida aqui.

  • A Montis vai usar gaios para a sementeira de carvalhos em terrenos que estão sob a sua gestão. A técnica é simples e envolve a colocação de tabuleiros em pontos altos para que os gaios possam ir buscar as bolotas e transportá-las para os seus esconderijos. Pelo caminho, as que caírem, assim como as que ficam esquecidas, vão dar origem a novas árvores. A vantagem é que de uma forma “simples e barata” a mata é reflorestada e até nos locais de difícil acesso, como explica Henrique Pereira dos Santos, presidente da Montis. “Não é uma técnica ideal para zonas queimadas, mas pode ser importante para zonas onde só há pinheiro ou eucalipto e assim introduzir o carvalho”, refere. O projeto vai ser concretizado no próximo Outono, estação favorável para a apanha de bolota, e a reflorestação é para ser feita nas zonas de Vouzela e S. Pedro do Sul, Arouca e Montemor-o-Novo. Público.

Vietname: 7anos de prisão por denunciar derrame tóxico de fábrica de aço

Imagem colhida aqui.
  • O Glifosato foi autorizado por mais cinco anos na Europa. A licença foi aprovada por uma maioria qualificada de 18 Estados-membros, com nove países a votarem contra (França, Bélgica, Grécia, Croácia, Itália, Chipre, Luxemburgo, Malta e Áustria) e um – Portugal – a abster-se. «As pessoas que nos deveriam proteger de pesticidas perigosos não conseguiram fazer o trabalho deles e traíram a confiança dos europeus», afirmou um porta-voz da Greenpeace. Em Portugal, a Quercus também lamenta mas não se surpreende com a decisã: «Infelizmente, o lobby da agricultura intensiva e industrial continua a ser mais forte. O que é notório nesta votação é que para a maioria dos países da UE são mais importantes os negócios do que o ambiente e as pessoas», disse o presidente da Quercus, João Branco. Público.
  • Em França, as barragens de Vezins e a La Roche serão removidas. A decisão é do governo e tem por objetivo restabelecer a biodiversidade. As operações estarão concluídas no outono de 2019, prevendo-se um estímulo considerável no turismo. Euractiv.
  • A Alemanha assinou um contrato com a francesa Alstom para o fornecimento de 14 comboios a hidrogênio até 2021. Com um único tanque de hidrogénio, os comboios podem percorrer 1.000 km e atingir uma velocidade máxima de 140 km / h. Reuters.
  • A Irlanda poderá ser multada em 455 milhões de euros se até 2020 não reduzir significativamente as suas emissões de gases de efeito de estufa. The Irish Times.
  • As aves na Califórnia estão a fazer o ninho 12 dias mais cedo do que fizeram há um século, provavelmente num esforço para acompanhar as melhores temperaturas de nidificação à medida que o planeta aquece, sugere uma investigação recente liderada por Beissinger. SFChronicle.
  • Nguyen Van Hoa, jovem vietnamita de 22 anos, foi condenado a pena de prisão de 7 anos por ter divulgado os impactos de um derrame de substâncias químicas proveniente de uma fábrica de aço em 2016. A contaminação afetou cerca de 200 km de costa, registando-se a morte de muitos animais marinhos e algumas pessoas sofreram danos na sua saúde. A aitude do bloguer foi considerada de propaganda anti estado. NYTimes.

Reflexão – O lado negro das LEDs e o poder do lóbi da energia

Imagem colhida aqui.

A popularização das lâmpadas LED está a aumentar a poluição luminosa em todo o mundo, com consequências graves para a saúde humana e animal em geral, alerta um estudo coordenado por Chris Kyba, físico do German Research Center for Geosciences.

Para além de provocar a morte de insetos e desorientar aves migratórias ou tartarugas marinhas, o excesso de luminosidade estimulado pela generalização dos LEDs provoca alterações no nosso relógio biológico e aumenta os riscos de cancro, diabetes e depressão, sublinham os investigadores.
As soluções incluem o uso de lâmpadas de menor intensidade, apagar as lâmpadas quando as pessoas abandonam uma área e escolher lâmpadas LED de cor âmbar em vez de azul ou violeta, uma vez que elas tendem a ser as mais prejudiciais para os animais e os humanos, dizem os especialistas. Além disso, é preciso acabar com o mito de que mais luz faz reduzir a criminalidade. Pelo contrário, mais luz induz a criminalidade porque os criminosos podem ver o que estão a fazer com mais facilidade. 
Terra Daily.



  • Depois de ter aprovado, na sexta-feira, 24 de novembro, a proposta do BE para a criação de uma nova taxa sobre os produtores de energias renováveis, no valor de 250 milhões de euros, o PS mudou de ideias e agendou uma nova votação da proposta para segunda-feira, 27 de novembro,  alterando o sentido de voto. Neste processo «encontramos o que de pior há na política», criticou Jorge Costa, deputado do BE, ao intervir no debate. «Voltar atrás com a palavra dada é o pior que a política pode dar às pessoas e não podemos aceitá-lo», avisou o bloquista. E questionou, dirigindo-se ao PS e ao Governo: «Quem vão representar hoje? Os portugueses que pagam a mais alta fatura da eletricidade da Europa ou o ‘lobby’?» Perante a falta de resposta do PS, o bloquista continuou a repetir a mesma pergunta. «Faltaram nervos de aço ao Governo para enfrentar o ‘lobby’ da energia nestes dias. E faltou nervos de aço ao deputado do PS para assumir uma mudança de posição», lamentou. Até que o deputado Luís Testa, do PS, acabou por dizer que «é hora de insistir nas energias renováveis que nos vão libertar mais tarde ou mais cedo do défice tarifário» e que «por isso, é necessário prosseguir o cenário de cooperação com estas empresas.» Daí a mudança do sentido de voto. JE.

Bico calado

Foto: Liu Xianguo/Xinhua/Barcroft Images
  • Os EUA planearam fingir ataque russo para começar guerra na década de 1960. A informação consta num dos documentos tornados públicos sobre o assassínio do presidente J.F. Kennedy. O plano dos EUA era construir réplicas ou comprar aviões soviéticos para atacar alvos norte-americanos, e a proposta foi do então procurador-geral norte-americano, Robert Kennedy, irmão do presidente J.F.K. DN.
  • « (…) Foi a falta de consciência democrática que permitiu a Cavaco Silva dar pensões a pides, condecorar com a Medalha de Comportamento Exemplar do Comandante do Corpo de Fuzileiros de grau Ouro, já em 2010, Alpoim Calvão, que, após o 25 de Abril, liderou o terrorismo fascista, e reintegrar no ativo e elevar a CEMGFA o gen. Soares Carneiro, o candidato do PSD/CDS a PR, derrotado por Eanes, tendo no seu passado o comando do sinistro Campo de S. Nicolau, em Angola. Quando adormecem os democratas, despertam os fascistas. Na Alemanha já entraram no Parlamento os que exaltam o heroísmo dos militares nazis, durante a guerra.» Carlos Esperança, FB.
  • A Câmara Municipal de Cascais já contabilizou uma multa de quase 200 mil euros à empresa que fornece refeições em cantinas escolares, Uniself, por não cumprimento do caderno de encargos. Mas a autarquia de Cascais não foi a única a multar a Uniself. Também a de Palmela aplicou multas à empresa por incumprimento contratual e procedimentos inadequados que põem em causa a segurança alimentar. P.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Portugal: Abertos 28 furos por dia em verão de seca extrema

Rocha dos Bordões, Flores-Açores. Foto: Diogo Caetano 21out2012.
  • Portugal vai devolver 2,4 milhões de euros a Bruxelas por não ter concretizado o uso e exploração da barragem do Lapão, em Mortágua, Viseu. Público.
  • Entre 1 de junho e 30 de setembro foram feitas 3467 novas captações de água subterrânea (furos) e regularizadas 1769 já existentes. Mais de metade (1519) foram feitos na zona de jurisdição da Administração da Região Hidrográfica (ARH) Norte, seguida pela ARH Tejo (862) e pela ARH Centro (633). Público.
  • O ministro do Ambiente admite água mais cara para promover eficiência hídrica. RTP. Definitivamente, só pela carteira é que os portugueses aprendem a poupar água.
  • O orçamento de estado para 2018 do Reino Unido mostra que haverá benefícios fiscais para os combustíveis poluentes e congelamento de apoios às energias renováveis. Uneartherd.
  • Os estados do Colorado, Kansas, Nebraska, New Mexico, Texas, Oklahoma, Wyoming e South Dakota podem tornar-se no Grande Deserto Americano. O maior aquífero subterrâneo do mundo esgota-se rapidamente para satisfazer a voraz produção agrícola de 35 biliões de dólares por ano. EcoWatch.

Reflexão - Crise climática? É o capitalismo, estúpido

Foto: Ashley Cooper/Images From A Warming Planet

Crise climática? É o capitalismo, estúpido
por Benjamin Y. Fong, in NYTimes 20nov2017

Notas:
  • O verdadeiro culpado da crise climática não é nenhuma forma particular de consumo, produção ou regulamentação, mas sim a própria maneira pela qual produzimos globalmente, que é para o lucro e não para a sustentabilidade. Enquanto este sistema vingar, a crise não só continuará como piorará.
  • Pela primeira vez, as alterações climáticas tornaram a luta anticapitalista numa questão que não assenta nas classes.
  • Este problema é provocado por muita inércia, ignorância e estupidez, havendo quem defenda que poderá ser resolvido através de soluções técnicas desenvolvidas e concretizadas por gente empenhada e inteligente. Mas isso é uma ilusão. Quando uma empresa toma uma decisão que é destruidora do Ambiente, por exemplo, não é porque os responsáveis são maus ou estúpidos. Eles cumprem uma função, e se não o fizerem, outros podem ocupar o seu lugar. Se algo der errado - ou seja, se algo põe em perigo o lucro - eles podem servir de bodes expiatórios, mas quaisquer decisões estúpidas ou perigosas que eles fazem resultam de personificações do capital. Portanto, é todo o sistema que está em causa, e sempre que humilhamos aselhas ou elogiamos génios perdemos a oportunidade de concluirmos que há mesmo a necessidade de uma mudança estrutural.
  • A esperança de que podemos colocar pessoas inteligentes em posições onde possam projetar um conjunto perfeito de regulamentos, ou de que podemos confiar nos cientistas para tirar o carbono da atmosfera e criar fontes de energia renováveis, serve para esconder o simples facto de que o trabalho de salvar o planeta é político, não é técnico. A inteligência das pessoas mais brilhantes do mundo não é compatível com a estupidez desenfreada do capitalismo.

Mão pesada

Um proprietário rural de Prata, Triângulo Mineiro foi multado em R$ 13.563 por abate ilegal de árvores em área de preservação permanente. EM.

Bico calado

Foto: Ashley Cooper/Images From A Warming Planet
  • «Ninguém notou, quanto em 2004 uma investigação do Senado norte-americano sobre a fortuna do ditador chileno Augusto Pinochet identificou as dependências das Ilhas Caimão e da Florida do BES como veículos para a ocultação dos dinheiros e fuga ao fisco? Vá lá, toda a gente notou. O BES fez mesmo um comunicado de imprensa contra quem, como este cronista que aqui assina, chamou a atenção para as conclusões do relatório. Ninguém notou quanto em 2009 o BCP português foi forçado pelas autoridades a revelar os seus movimentos em sociedades offshore? Vá lá, isso foi tema de comissão de inquérito e a administração do banco foi substituída logo a seguir. Ninguém leu as notícias quando o consórcio de jornalistas de investigação revelou em 2013 o que se chamou de Offshore Leaks? Eram 100 mil empresas fictícias criadas para ocultar capitais. A Google transferiu em 2013 dez mil milhões de dólares para as Bermudas, conseguindo assim pagar sobre todos os seus lucros uma taxa efectiva de 2,4%. E, vá lá, ninguém deu conta em 2104 do Luxleaks, a revelação do engenhoso esquema do governo do Luxemburgo para albergar empresas multinacionais e garantir assim que pagavam um IRC insignificante? Sim, foi assaz evidente: o primeiro-ministro luxemburguês entre 1995 e 2013 chama-se Jean Claude Juncker e, sendo presidente da Comissão Europeia, teve de se justificar perante uma comissão de inquérito, que foi logo afogada pelo bloco central do parlamento europeu. A Irlanda e a Holanda, aliás, fazem o mesmo que o Luxemburgo. E depois vieram, em 2016, os Panamá Papers, com a revelação dos segredos de uma grande firma de advogados. Desta vez eram 214 mil empresas. Só o Crédit Suisse e a UBS, respeitáveis bancos suíços, criaram 25 mil cada um. Vá lá, não se notou? E agora, em 2017, soube-se dos Paradise Papers, um esquema de registo de empresas em offshores nas Bermudas e em Singapura. A rede era usada por Isabel II, curiosamente desde que a crise financeira de 2007 levou a perdas da sua fortuna, mas também pela Apple, Nike, Whirlpool, pelas ligações russas da Casa Branca, pela família angolana Dos Santos e por mais jet-set. E a UE decidiu investigar pelo mesmo motivo a Ilha de Man, de sua Majestade britânica, e Malta. Vá lá, ninguém notou? Nota-se mesmo. Devin Nunes, um orgulhoso luso-descendente que é deputado republicano e foi presidente da comissão parlamentar sobre tributação, e depois foi responsabilizado por Trump por gerir a sua equipa de transição para a posse, declarava que queria “tornar a América o maior paraíso fiscal do mundo”. O estado norte-americano do Delaware já tem 945 mil empresas registadas para não pagarem imposto. Os paraísos fiscais não são portanto uma extravagância, umas repúblicas das bananas dispostas a rondarem o crime a troco de uns dólares ou euros. São o coração do nosso sistema financeiro. As suas sociedades, agências e veículos (o nome é delicioso) financeiros são geradas pelos maiores bancos, pelos mais refinados campeões, e amparados pelos governos mais respeitáveis – na Europa, além da Suíça é o Reino Unido quem alberga maiores volumes de capitais escondidos, alguns legalmente, muitos em evasão fiscal e outros em ocultação de crime (a OCDE calcula pagamentos anuais de um bilião de dólares em subornos). O resultado é a perda de receitas e portanto a crise fiscal do Estado. Quando ouvir falar em restrições orçamentais, em falta de dinheiro para pagar a enfermeiras ou técnicas de diagnóstico ou para construir um novo hospital, lembre-se sempre que a evasão fiscal em países como a Alemanha pode andar pelos 160 mil milhões de euros, em França por 120, em Espanha por 73 (cálculos da Tax Research, Reino Unido) e em Portugal alguns estudos apontam para 20 mil milhões. Vá lá, nota-se mesmo.» Francisco Louçã in Vá lá, não se façam de novas - Público 22nov2017.
  • Tanksgiving (Dia de Ação de Graças) foi uma invenção dos vencedores, dos que exterminaram os Índios Americanos. FB.
  • O Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), que supervisiona as operações armadas dos EUA no Médio Oriente e na Ásia Central, contratou uma empresa para desenvolver o que é descrito como um "serviço de gestão de personalidade on-line" que permitirá a um militar controlar até 10 identidades separadas em qualquer parte do mundo. The Guardian.
  • O Canadá prepara acolhimento de nova vaga de refugiados do Haiti a fugir dos EUAThe Intercept.
  • Angola processada nos EUA: o roubo aos investidores estrangeiros, titula o Maka Angola.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Açores: central geotérmica inaugurada na Terceira

Imagem captada aqui.
  • A central geotérmica Pico Alto 4 MWe foi inaugurada na Ilha Terceira, Açores. Projetada e construída pela italiana EXERGY e pela portuguesa CME para a açoriana EDA Renováveis, fornecerá até 10% das necessidades energéticas da ilha. Custou 9,18 milhões de euros, cofinanciados em 3,7 milhões de euros, pelo fundo European Economic Area Grants, através dos países doadores Islândia, Lichtenstein e Noruega.
  • A cidade de Chicago está a processar a US Steel sequência de uma derrame de cerca de 60 quilos de crómio num afluente do Lago Michigan devido a avaria do sistema de tratamento de águas residuais. Foi a segunda vez que este tipo de acidente aconteceu nos últimos seis meses. WGN9.
  • Na Venezuela, apenas 1 de 5 glaciares resta. E mesmo este poderá desaparecer dentro de 10 ou 20 anos. Se não forem tomadas medidas sérias contra as alterações climáticas, outros glaciares terão o mesmo destino. Os Pirenéus, em Espanha, perderam quase 90% do seu gelo glaciar ao longo do século passado (um quarto desapareceu entre 2002 e 2008), e o resto deverá desaparecer nas próximas décadas. A Indonésia, o único país da Ásia tropical com glaciares, provavelmente perdê-las-á até o final da década. Glacier Hub.
  • Dessalinização de água: o processo que pode ser a solução para escassez de água em 2025, titula o Pensamento Verde. E a água da chuva não serve para nada? O pode ser armazenada e reutilizada?
  • Em meio urbano, as árvores estão a crescer e a morrer a um ritmo mais rápido do que as suas congéneres rurais, conclui um estudo da Universidade Técnica de Munique. MNN.

Reflexão - «Sexta-feira Negra, ou como o nosso consumo voraz está a destruir o planeta»

Imagem captada aqui.

Sexta-feira Negra, ou como o nosso consumo voraz está a destruir o planeta
por George Monbiot, in  The Guardian 22nov2017

Notas:

  • A promessa de luxo privado para todos é uma miragem: não há espaço físico e ecológico que o permita. Por isso os habitats e as espécies colapsam, os mares de plástico multiplicam-se, o solo degrada-se, o clima soçobra.
  • Os padrões de consumo têm mudado com as sucessivas gerações. Há 30 anos era ridículo comprar água engarrafada. Hoje, consumimos a nível mundial um milhão de garrafas de plástico por minuto.
  • Este festival de destruição repete-se todas as sextas-feiras e todos os Natais. Empanturramos a nossa cozinha com tanta coisa e depois admiramo-nos porque não há lugar para mais nada, e tudo à custa do planeta e da nossa sobrevivência.
  • Mesmo o chamado consumismo verde não representa diferenças significativas na pegada ecológica de quem o segue ou não. O nosso comportamento dentro deste sistema não transforma os resultados desse sistema, por isso o sistema terá de ser mudado.
  • Um crescimento médio global de 3% representa um crescimento duplo da economia mundial de 24 em 24 anos. Não admira que as crises ambientais estejam a acelerar a esse ritmo. E há quem defenda a perpetuação desse tipo de crescimento, quando o planeta não cresce. 
  • Os que defendem o crescimento perpétuo dizem que ele se justifica para combater a pobreza. Porém, sabe-se que os 60% mais pobres do mundo recebem apenas 5% do rendimento acrescido proveniente do aumento do PIB. Consequentemente, são precisos 111 dólares para reduzir a pobreza em 1 dólar, o que significaria que seriam precisos 200 anos para garantir um salário diário de 5 dólares para toda a gente. Nessa altura, o rendimento médio per capita atingiria 1 milhão de dólares por ano, e a economia seria 175 vezes maior do que é hoje. Esta não é uma fórmula para o alívio da pobreza. É uma fórmula para a destruição de tudo e de todos.
  • Os que consideram normal e necessário o aumento constante do consumo são loucos: destruir as maravilhas do mundo, destruir a prosperidade de gerações vindouras para apenas manter uma série de números que nada têm a ver com o bem-estar geral.
  • Consumismo verde e crescimento sustentável não passam de ilusões destinadas a justificar um modelo económico que nos está a conduzir para a catástrofe. O sistema atual, assente no luxo privado e na miséria pública, vai conduzir-nos à miséria geral. Precisamos de um sistema diferente, enraizado não em abstrações económicas, mas em realidades físicas que estabeleçam os parâmetros pelos quais julgamos a sua saúde. Precisamos construir um mundo onde o crescimento seja desnecessário, um mundo de suficiência privada e luxo público. 

Mão pesada

  • A Inspecção do Ambiente ordenou o encerramento parcial da Centroliva, acusada de ter feito descargas poluentes no Rio Tejo. A unidade empresarial já fez saber que vai responder em tribunal. RTP.
  • A construtora Harron Homes Limited, de Leeds, foi multada em 128 mil libras por poluir um afluente da Grimescar Dyke, em Huddersfield. Já há 4 anos, a construtora escocesa Miller Homes Ltd, tinha sido multada em 100 mil libras por motivos idênticos.

Bico calado

Foto: Shams Qari/Barcroft Images
  • «Já sabíamos, desde setembro, que o caso Tecnoforma tinha sido arquivado pelo Ministério Público (MP). Na altura, Miguel Relvas, prevendo a novíssima tradição nacional, até exigiu um pedido de desculpas. Hoje sabemos que os investigadores antifraude da Comissão Europeia (OLAF) discordavam das conclusões a que chegou o MP. E que os resultados da investigação do OLAF, que foi solicitada pelo próprio DCIAP, foram ignorados pela Justiça. Ou seja, que o nosso Ministério Público pediu apoio a um organismo europeu e depois resolveu ignorar as conclusões e arquivar o caso. (…) não é fácil, olhando para o padrão do que tem sido o comportamento do Ministério Público em casos semelhantes, perceber um arquivamento que ignora acusações tão claras por parte dos investigadores do OLAF. A PGR já fez saber, através de fontes, que o processo deverá ser reaberto. O que ainda torna mais preocupante este arquivamento. Quanto à comunicação, a diferença de comportamento é ainda mais gritante. O órgão lateral do Ministério Público, o “Correio da Manhã”, ignorou o caso. Antes do relatório ser conhecido, não usou as suas fontes no MP para ter acesso a esta informação. E mesmo depois dele ser conhecido, não achou o tema relevante. O “Correio da Manhã” é sempre menos ativo na sua campanha pela moralização do Estado quando os envolvidos são da sua simpatia política. O problema é que o pouco destaque dado a esta notícia nos dias seguintes à publicação do trabalho de José António Cerejo foi generalizado. Um internauta deu-se ao trabalho de fazer as contas às referências nos principais jornais, sites e canais televisivos de informação. Concluiu que, entre 11 e 14 de novembro, houve 171 referências ao jantar no Panteão Nacional contra apenas dez ao caso Tecnoforma. E assim como nasceu, o assunto morreu. (…) Mas não é todos os dias que ficamos a saber que um organismo europeu acusa de fraude uma empresa em que o ex-primeiro-ministro teve um papel ativo importante. Também não é todos os dias que sabemos que o Ministério Público, contrariando o padrão do seu comportamento recente em relação a este tipo de criminalidade, ignora um relatório de uma estrutura europeia por si próprio solicitado e arquiva o processo. Seria natural, sobretudo olhando para os critérios editoriais da nossa comunicação social, que isto fosse tema. Foi quase irrelevante mesmo quando comparado com um “fait divers” requentado como os jantares no Panteão. Torna-se difícil vir com a conversa do “não culpem o mensageiro” quando o mensageiro é tão seletivo nas mensagens que nos traz…» Daniel Oliveira, in A Tecnoforma e o ensurdecedor murmúrio da imprensa - via A estátua de sal. E que dizer do silêncio do ubícuo, prolixo presidente-comentador acerca deste tema?
  • «(…) Hoje, com as acusações ao ex-PM Sócrates, esquece-se a situação deplorável do sistema bancário legado pela direita, o caso dos submarinos, a casa da Coelha, as ações da SLN, a Tecnoforma, as ruinosas privatizações da ANA, CTT, Águas de Portugal, TAP, BPN, BES, Banif, vistos Gold, etc., etc., e os nomes das estrelas ocultas da galáxia cavaquista. É tempo de a esquerda, em vez de se digladiar entre si, desmascarar os coveiros do País e os que se preparam para os substituir numa manhã de nevoeiro onde qualquer cadáver que ressuscite será anunciado como um D. Sebastião e promovido a salvador da Pátria.» Carlos Esperança, FB.
  • Os EUA acabam de assinar acordo de venda de misseis Patriot à Polónia no valor de 10,5 biliões de dólares. Tudo para apoiar o plano da Casa Branca para a Europa central e oriental, sugere um perito citado pela Sputnik News.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Ferraria poluída - de paraíso a pesadelo?

Ferraria, S. Miguel-Açores. Foto de Manuel Moniz 21nov2017.

Já devem ter ouvido falar da Ferraria. Um sítio muito especial e, por isso mesmo, mantido em segredo durante décadas e décadas. 
Mas eis que o turismo de massas o descobre e os telemóveis estimulam a partilha. 
O paraíso tornou-se pesadelo. Quem vai querer lá mergulhar e deliciar-se com água salgada quente, mas com matéria em suspensão com aspeto e cheiro mais que duvidoso?

ProTejo denuncia poluição no Tejo à Comissão Europeia

Imagem captada aqui.
  • A poluição no Tejo vai ser denunciada à Comissão Europeia pelo proTEJO, movimento ambientalista que exigiu medidas urgentes por parte da tutela e anunciou a apresentação de uma queixa-crime pelos danos ambientais e problemas de saúde pública. Público.
  • Há cada vez mais ruído dos aviões sobre Lisboa, mas pouca gente apresenta queixa, conta O Corvo.
  • A Polónia poderá ser multada em 117 mil euros se não suspender o abate de árvores na floresta de Bialowieza, património da Hmanidade da Unesco. Reuters.

Reflexão – Foi você que falou em poupar água?

Imagem captada aqui.

Racionar a água é uma hipótese teórica, diz o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, citado pelo Público. O outro também dizia que o povo era sereno.

O que estão a fazer 25 cidades contra a falta de água?
Segundo o Público, por ordem alfabética:
  • Aveiro: redução dos períodos de rega dos jardins e campanhas de sensibilização junto da comunidade.
  • Beja reabilita redes. A autarquia colocou limitadores de caudal em todas as torneiras de locais públicos, de casas de banho e das piscinas municipais e instalou nas piscinas e nos pavilhões municipais novos chuveiros que permitem uma redução do consumo da água. 
  • Bragança tem em curso o corte total da rega de nos jardins públicos e paragem das fontes luminosas. 
  • Caldas da Rainha aperta controlo das reservas.
  • Cascais: metade das lavagens das ruas da cidade é feita com água residual tratada, evitando o desperdício de água potável. Outra medida em marcha é a cobertura do solo com pastagens e vegetação herbácea, estimando que reduz em 35% a velocidade de escorrimento da água e potencia a infiltração nos solos.
  • Coimbra aposta nos contadores inteligentes.
  • Évora prepara campanha de sensibilização da população para a importância da poupança de água no concelho, para a sua utilização racional, incluindo informação sobre as medidas e atitudes a adoptar. 
  • Faro restringe lavagem com água; está a reformular canteiros com espécies da flora autóctone ou edafo-climaticamente bem adaptadas ao local, aplicando o mesmo princípio aos canteiros novos e separadores. 
  • Guarda monitoriza barragem do Caldeirão; a rega dos espaços públicos está a ser apenas feita uma vez por semana e apenas para manutenção das zonas verdes; redução para cinco por cento na água usada nas regas, limpeza e fontes.
  • Leiria fechou praticamente todos os sistemas de rega, processo que ainda se encontra a decorrer, com excepção dos espaços com plantações novas, com necessidade de rega. 
  • Lisboa restringe rega.
  • Mangualde deixou de lavar a rua com água da rede pública e fechou fontes e fontanários que usam água do sistema. 
  • Matosinhos desligou a rega dos jardins, entendendo que a humidade noturna é suficiente para esse efeito. Com a entrada em funcionamento do novo sistema de tratamento secundário da ETAR de Matosinhos, as águas residuais tratadas passam a ser utilizadas para as regas e lavagens. 
  • Nazaré - o parque da Pedralva, a maior mancha verde dentro da vila, está a ser regado com recurso à água do lago ali existente, ao mesmo tempo que a irrigação dos restantes espaços ajardinados está a ser reduzida para um terço. 
  • Nelas - as piscinas municipais encerraram no início do mês de Novembro e foi proibida a utilização de água para a rega de jardins públicos ou privados. 
  • Oeiras diz ter cancelado novas plantações ou ressementeiras de relvados e encerrado, de forma permanente, a rega dos espaços verdes de menor dimensão. Já os parques urbanos, os jardins históricos ou de carácter patrimonial serão mantidos sob regimes hídricos mínimos para garantir a sobrevivência das espécies, explica. 
  • Penalva do Castelo, de forma a prolongar a água que ainda existe. No concelho de Viseu 47 mil habitações estão ligadas ao sistema de rede pública.
  • Portalegre - cortou toda a rega em jardins e espaços públicos; tem também restringido as lavagens de arruamentos. 
  • Portimão suspendeu a lavagem de ruas; através da empresa municipal, EMARP, tem prevista uma campanha de sensibilização para a poupança de água no “Notícias do Ambiente”, folha mensal enviada junto com a factura de serviços ambientais de água de abastecimento, águas residuais e resíduos urbanos aos 50 mil clientes. Vai parar fontes e lagos ornamentais que não funcionem em circuito fechado e restringir as regas e os desperdícios associados. 
  • Porto não tem em curso qualquer medida especificamente desenhada para a situação actual de seca e diz não existir até ao momento qualquer previsão de restrição ou constrangimento ao regular fornecimento de água ao município do Porto. 
  • Sintra beneficia de medidas anteriores e não tem estratégia especial de poupança de água.
  • Viana do Castelo quer reduzir em 50% no consumo de água para a lavagem das ruas da cidade, que suspender as regas que utilizam água para consumo público e para metade do plano de regas dos espaços verdes e jardins que utilizam água não tratada.
  • Vila Franca de Xira reduziu o tempo de utilização da água para rega e limpeza de ruas/espaços públicos. Os caudais das fontes ornamentais, que são de tipo fechado, também foram reduzidos. 
  • Vila Real não tem racionamentos em curso. Há algum tempo que foram cortadas as regas a todos os espaços públicos. Equaciona a interrupção do fornecimento a fontanários e tanques públicos, principalmente nos territórios rurais. 
  • Viseu tem em marcha, desde Junho, uma campanha de sensibilização junto da população para redução dos consumos de água. Tem jardins que já não estão a ser regados e para outros recorre a furos e aquíferos naturais. A limpeza das ruas está a ser feita de forma “conservadora” com água dos poços que foram entretanto reactivados e com outra não tratada transportada por camiões da autarquia e que resulta do tratamento através do processo de ozonização da água da ETAR que serve o concelho.

Mão pesada

Foto: George Cathcart/Comedy Wildlife Photo Awards 2017

Rede na Galiza traficava sardinha com destino a Matosinhos, titula o JN. A Guardia Civil espanhola aprendeu 6300 quilos de sardinha no porto de Sada, em La Corunha. Os suspeitos, depois de descarregarem a mercadoria de dois barcos galegos para um camião de matrícula portuguesa, mesmo sem a necessária pesagem, tentaram retornar ao mar a toda velocidade, mas já não conseguiram. A Guardia Civil notificou a empresa encarregada de receber as capturas para a expedição por apresentação de documentação falsificada para proteger o transporte do peixe, que teria como destino o porto de Matosinhos.

Bico calado


«(…) Para eles, a desigualdade social é o único mecanismo que pode garantir o crescimento económico, e para existir essa desigualdade é fundamental que as “pessoas certas”, os partidos certos e os grupos sociais certos estejam no poder para manter uma hierarquia que garanta essa desigualdade. E este programa não dá ao “trabalho” uma função criativa e dinâmica na economia, logo na sociedade, e muito menos os dá aos trabalhadores, sejam do sector privado, sejam do sector público. Vivemos anos de uma crise provocada pelos desmandos do sector financeiro, mas cujos custos foram assacados ao “esbanjamento” dos trabalhadores. Os trabalhadores eram os responsáveis por uma sociedade que vivia “acima das suas posses” e teria de ser “ajustada”. É o que hoje ainda pensam: cada euro que vá para salários ou funções sociais é um risco para a “economia”, e quando o “Diabo” vier vai ter de ser tudo, outra vez, posto na ordem. Não é por acaso que os governantes dos anos do “ajustamento” pensavam (como aliás a imprensa económica) que a economia eram as empresas, como se estas existissem sem trabalhadores, vistos apenas como um “custo” que era preciso diminuir. Nesses anos nunca se dirigiam aos trabalhadores a não ser para impor as célebres “reformas estruturais” no mundo do trabalho, todas no sentido de facilitar os despedimentos, pôr em causa a necessidade de haver uma “justa causa”, diminuir salários e pensões, combater os direitos dos reformados, acabar com a negociação colectiva, enfraquecer os sindicatos, fragilizar o lado dos trabalhadores em relação aos patrões numa relação social que é já de si muito desigual. Tudo isto foi feito pelos mesmos que agora amam os trabalhadores do sector privado, face aos privilégios do sector público. Aliás, na verdade, o que muito os incomodava era não poderem fazer na função pública o mesmo que faziam no sector privado. (…)» José Pacheco Pereira, in O amor da direita radical pelos trabalhadores do sector privado - Público 20nov2017.
https://www.publico.pt/2017/11/20/politica/opiniao/o-amor-da-direita-radical-pelos-trabalhadores-do-sector-privado-1793143

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Aquacultura avança nos Açores

S. Jorge, Açores. Foto: Diogo Caetano 14nov2017.
  • O primeiro de quatro projetos de aquacultura offshore foi instalado na Ribeira Quente, na ilha de S. Miguel. Os outros serão implantados em Porto Martins, na ilha Terceira, e na Feteira, na ilha do Faial. AMA.
  • O Reino Unido pressionou com sucesso o Brasil em nome da BP e da Shell para satisfazer as preocupações dos gigantes do petróleo em relação à tributação brasileira, à legislação ambiental e regras sobre o uso de empresas locais. Depois da visita do ministro do Comércio Greg Hands, em março, ao Rio de Janeiro, ao Belo Horizonte e a São Paulo,  o Brasil aprovou, em agosto, um plano concedendo isenções fiscais à BP, À Shell e à Premier Oil para perfurações de petróleo ao largo da costa brasileira e, em outubro, a BP e a Shell viriam a ganhar o bolo das licenças de perfuração num leilão do governo. The Guardian.
  • O parlamento angolano aprovou 30 anos de isenções fiscais para a ENI e a ANADARKO. Macua.
  • Três trabalhadores morreram e seis ficaram feridos devido a inalação de sulfureto de hidrogénio numa refinaria da PetroChina em Dalian. Reuters.

Mão pesada

«O Tribunal Provincial de La Coruña, na Galiza, confirmou a sentença do Supremo Tribunal de Espanha de Janeiro de 2016 sobre o derrame petrolífero do navio Prestige, 15 anos depois do famoso desastre ambiental, o maior de sempre ocorrido em Espanha e Portugal.
Na sequência desta confirmação, o comandante do navio, Apostolos Mangouras, e a seguradora The London P&I Club foram condenados a pagar 1,57 mil milhões de euros ao Estado espanhol. Ficou ainda definido que a Junta (Xunta) da Galiza deve ser compensada em 1,8 milhões de euros e a França em 61 milhões de euros. Outras compensações devem ser pagas pelo dono do navio, a Mare Shipping Inc., e pelo Oil Pollution Compensation Funds, um grupo de duas organizações inter-governamentais que atribui compensações por danos ambientais resultantes de derrames.
Em 2016, o comandante do navio já tinha sido condenado a dois anos de prisão por negligência, causadora do acidente, anulando uma decisão anterior que ilibara Apostolos Mangouras de responsabilidade criminal na ocorrência.
Recorde-se que o Prestige, um petroleiro com 26 anos, afundou-se em Novembro de 2002, depois de se partir em dois, ao largo da costa da Galiza. O resultado foi um derrame de cerca de 63 mil toneladas de combustível, provocando um prejuízo estimado em 3,4 mil milhões de euros.» JEMar.

Bico calado

Foto: Eugene Kitsios/Comedy Wildlife Photo Awards 2017

«Chego ao final da crónica com uma sugestão. Para o ano, em vez de um dia sem carros, podíamos experimentar um dia sem Marcelo. Fica aqui a ideia.» João Quadros in TV MarceloJNegócios 17nov2017.

«(…) Para eles, a desigualdade social é o único mecanismo que pode garantir o crescimento económico, e para existir essa desigualdade é fundamental que as “pessoas certas”, os partidos certos e os grupos sociais certos estejam no poder para manter uma hierarquia que garanta essa desigualdade. E este programa não dá ao “trabalho” uma função criativa e dinâmica na economia, logo na sociedade, e muito menos os dá aos trabalhadores, sejam do sector privado, sejam do sector público. Vivemos anos de uma crise provocada pelos desmandos do sector financeiro, mas cujos custos foram assacados ao “esbanjamento” dos trabalhadores. Os trabalhadores eram os responsáveis por uma sociedade que vivia “acima das suas posses” e teria de ser “ajustada”. É o que hoje ainda pensam: cada euro que vá para salários ou funções sociais é um risco para a “economia”, e quando o “Diabo” vier vai ter de ser tudo, outra vez, posto na ordem. Não é por acaso que os governantes dos anos do “ajustamento” pensavam (como aliás a imprensa económica) que a economia eram as empresas, como se estas existissem sem trabalhadores, vistos apenas como um “custo” que era preciso diminuir. Nesses anos nunca se dirigiam aos trabalhadores a não ser para impor as célebres “reformas estruturais” no mundo do trabalho, todas no sentido de facilitar os despedimentos, pôr em causa a necessidade de haver uma “justa causa”, diminuir salários e pensões, combater os direitos dos reformados, acabar com a negociação colectiva, enfraquecer os sindicatos, fragilizar o lado dos trabalhadores em relação aos patrões numa relação social que é já de si muito desigual. Tudo isto foi feito pelos mesmos que agora amam os trabalhadores do sector privado, face aos privilégios do sector público. Aliás, na verdade, o que muito os incomodava era não poderem fazer na função pública o mesmo que faziam no sector privado. (…)» José Pacheco Pereira, in O amor da direita radical pelos trabalhadores do sector privado - Público 20nov2017.


sábado, 18 de novembro de 2017

PAN avançou com queixa-crime contra empresas poluidoras do rio Tejo

Foto de Arlindo Consolado Marques 7fev2016
  • O PAN avançou com uma queixa-crime junto do Ministério Público contra as empresas poluidoras que operam nas margens do rio Tejo, exigindo que as mesmas sejam encerradas. «Percebemos a importância económica para a região e país das indústrias que estão a operar nas margens do Tejo, mas acima de tudo, e antes de tudo, tem de ver salvaguardado o rio que é de todos nós, um ecossistema que está cá há milhares de anos. Se não têm condições para fazer com que encerrem, é isso que vamos pedir ao Ministério Público», disse André Silva, líder do Pessoas-Animais-Natureza. RTP.
  • O governo de António Costa aprovou um regime transitório que define que não sejam plantados eucaliptos em áreas ardidas anteriormente ocupadas por outras espécies. «A legislação em vigor, como se sabe, facilitou a plantação de eucaliptos. O atual Governo, no cumprimento do seu programa, revogou as normas liberalizadoras da plantação de eucaliptos, tendo para isso apresentado uma proposta de lei ao parlamento em abril de 2017, que veio a ser aprovada pela Assembleia da República", refere um comunicado do gabinete do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. DN.
  • Não é por acaso que a administração Trump flexibilizou a importação de trofeus de elefante do Zimbabué e da Zâmbia. Os seus dois filhos são caçadores inveterados de leopardos, búfalos e elefantes. The Guardian.

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Lago Wanaka, Otago, Nova Zelândia.

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares da última semana foram, segundo a Google Analytics:


Durante o mesmo período, as visitas vieram, por ordem decrescente, dos seguintes países: Portugal, Brasil, EUA, França, Arménia, Angola, Argentina, Bélgica, Suíça e Camarões.
Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa, foi a seguinte: Espinho, Lisboa, Porto, Coimbra, São Paulo, SJ da Madeira, Campinas, Portimão e Sintra.

Bico calado

Rio e moinho em Recarei. Foto: José Oliveira 15nov2017.

«(…) Nos últimos 13 meses, desde outubro de 2016 a outubro de 2017, não houve um único mês em que uma parte de Portugal Continental não estivesse na situação de seca. O melhor mês foi março de 2017, em que apenas algumas regiões tinham seca fraca. Em Portugal, a seca é já gravíssima e não sabemos quando irá terminar. Pode chover abundantemente este inverno ou haver apenas chuva fraca. As consequências desta última hipótese são preocupantes e urge estar preparados para as enfrentar. Aquilo que sabemos com bastante segurança é que se o Acordo de Paris não for cumprido, o centro e sul da Península Ibérica irão tornar-se perigosamente áridos. É necessário adaptar-nos às alterações climáticas e termos planos de contingência de médio e longo prazo adequados para diversos cenários futuros.» Filipe Duarte Santos, in Secas que transformaram civilizações e a seca em Portugal - Público 16nov2017.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Espinho: programa de alimentação de animais de rua é um sucesso


Um programa de alimentação de animais de rua funciona na perfeição na rua 30, em Espinho. Gatos e pombas são os seus consumidores preferidos. O sucesso é tal que os seus responsáveis vão propor a sua aplicação a mais ruas desta cidade, aguardando, para tal, o lançamento do próximo orçamento participativo. Tudo leva a crer que a iniciativa se deve ao facto de um anterior projecto, muito semelhante a este, ter sido abandonado devido ao início das obras de requalificação da Alameda.

Portugal: 15º em 56 no ranking de desempenho em relação às alterações climáticas

  • O relatório da German Watch, da Rede Internacional de Acção Climática e do NewClimate Institute é claro: Portugal integra um conjunto de países que, em 2015, lideraram os esforços para reduzirem as suas emissões de gases de efeito de estufa, para aumentarem a sua eficiência energética e desenvolverem as renováveis
  • A falta de cuidados no tratamento de efluentes por parte de Espanha torna a qualidade da água do rio Douro fraca, afirma Artur Nunes, presidente da Câmara de Miranda do Douro. DN. Pois, os portugueses são muito limpinhos. Porcos são os vizinhos.
  • A Shell suspendeu a produção em quatro plataformas de petróleo no Golfo do México na sequência de um incêndio na plataforma Enchilada. Reuters.
  • No Brasil, políticos locais estão conluiados com gangues para minar a proteção à floresta tropical, denuncia Luciano Evaristo, diretor do IBAMA, perante delegados mundiais presentes nas conversações sobre o clima em Bona. O último grande incidente ocorreu no dia 27 de outubro, quando vândalos incendiaram o escritório do Ibama e quatro camiões em Humaitá, no estado do Amazonas, após uma intervenção nas operações de mineração ilegal no rio Madeira. Outra agência ambiental, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), também viu o seu escritório destruído. «Perdemos 14 carrinhas este ano em ataques criminosos contra o Ibama», diz. Evaristo lamenta a falta de cooperação dos governos locais e estaduais. O chefe da agência de proteção ambiental acusou os governos estaduais de conceder demasiadas licenças de exploração de madeira a empresas manhosas, permitindo que elas abatam madeira ilegalmente para exportação para os EUA, Europa e outros mercados internacionais. Climate Change News.
  • Injetar aerossóis no céu com o objetivo de arrefecer o planeta pode provocar secas e furacões, sugere uma investigação que cobriu o período entre 2020 e 2070. Pr exemplo, pulverizar o hemisfério norte com aerossóis faria reduzir o número de ciclones no Altântico Norte mas aumentaria a possibilidade de mais secas na África subsariana e em algumas zonas da Índia. «Seria bom para o sudeste dos EUA, as Caraíbas e o México porque siddiparia muitas tempestades», afirma Anthony Jones, coordenador do estudo. Pelo contrário, pulverizar o hemisfério sul, não estimularia secas mas provocaria mais tempestades tropicais no Atlântico Norte. The Verge.