quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Quando é que se vai aprender a separar resíduos?


Tirada no fim da rua 23, em Espinho, a foto centra-se numa caixa de cartão, vazia, depositada num contentor para resíduos indiferenciados. Na ocasião, a tampa do contentor encontrava-se aberta. 

Quando é que se vai aprender a separar resíduos?
O que será preciso para se ensinar a separar resíduos?
Quem separa os resíduos e paga taxas por eles, merece cenas destas?

Suldouro inicia recolha porta-a-porta de resíduos em algumas freguesias de Gaia e Feira

  • A Suldouro, empresa responsável pela recolha de resíduos urbanos de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira, passou as fazer recolha seletiva porta-a-porta em algumas freguesias. O projecto-piloto, implica a entrega gratuita de três contentores aos moradores da área de intervenção para a separação de resíduos recicláveis de papel-cartão, plástico-metal-ECAL e vidro em casa, e a sua respetiva recolha, com o objetivo de aumentar as taxas de reciclagem nestes dois concelhos. Público 30ago2017.
  • O Ibama rejeitou o estudo de impacto ambiental da francesa Total para a extração de petróleo proposta para perto da foz do Amazonas. A agência ambiental disse que o gigante da energia francês não forneceu informações suficientes sobre potenciais ameaças à vida selvagem e ao habitat. Mongabay.
  • A energética brasileira ANEEL abandonou a construção de 9 centrais solares e 16 centrais eólicas. Esta falta de experiência por parte das entidades envolvidas vai implicar indemnizações no valor de mais de 30 milhões de dólares. PV.

Harvey: segunda reflexão - Porque é que as perguntas cruciais sobre o furacão Harvey não estão a ser feitas?

Imagem recolhida aqui.

Porque é que as perguntas cruciais sobre o furacão Harvey não estão a ser feitas? pergunta George Monbiot, no The Guardian.
(Trad. Livre de excertos)

«Não é só o governo de Donald Trump que censura o debate sobre as alterações climáticas. É toda a opinião educada. 
Não é por acaso que a maioria das notícias sobre o furacão Harvey não menciona a contribuição humana para ele. Não é por acaso que esta autocensura acontece. Os repórteres e os editores ignoram o assunto para evitarem problemas. Falar sobre a degradação climática é questionar Trump, a sua política ambiental, a política económica atual, todo o sistema político e económico. É denunciar um programa que se baseia em roubar o futuro para alimentar o presente, que exige crescimento perpétuo num planeta finito. É desafiar a própria base do capitalismo, é informar-nos de que as nossas vidas são dominadas por um sistema que não pode ser sustentado - um sistema que está destinado a destruir tudo, se não for substituído.

Disseram-me nas redes sociais que levantar a questão das alterações climáticas é politizar o furacão Harvey, que é um insulto às vítimas e uma distração das suas necessidades urgentes e que o melhor momento para debater essa questão seria fora das notícias, quando tudo estivesse arrumado e reconstruído. 
Penso que o silêncio é que é político. Reportar a tempestade como se fosse um fenómeno completamente natural, como o eclipse do sol da semana passada, é tomar uma posição. Ao não relacionar esta tempestade com as alterações climáticas, os media não dão resposta às nossas perguntas acerca do nosso maior desafio. Eles ajudam a empurrar o mundo para uma catástrofe.

O Harvey mostrou-nos um pouco do que poderá ser o nosso futuro. Um futuro onde a emergência se torna regra, e nenhum estado tem a capacidade de responder. Um futuro onde desastres como este ocorrem em algumas cidades várias vezes por ano. Um futuro que, para pessoas em países como o Bangladesh, já chegou e que não foi registado pelos media do mundo rico. O silêncio é que torna possível a materialização deste pesadelo.

Tal como Trump, que nega o aquecimento global impulsionado pelos seres humanos, mas que quer construir um muro à volta do seu campo de golfe na Irlanda para o proteger da subida do nível das águas do mar, as petrolíferas, algumas das quais gastaram milhões a patrocinar negacionistas das alterações climáticas, aumentaram progressivamente a altura das suas plataformas no Golfo do México perante os alertas sobre mares mais altos e tempestades mais fortes. Fizeram subir as plataformas de 12 metros acima do mar, em 1940, para 21 metros, nos anos 90, e para cerca de 28 metros neste momento.

Ficamos escandalizados quando sabemos que a administração Trump instruiu funcionários e cientistas para purgarem das suas publicações todas as referências às mudanças climáticas. Mas quando os media fazem o mesmo, nem qualquer orientação superior, deixamos passar. Esta censura é invisível mesmo para os perpetradores, cosidos no tecido de organizações que são constitucionalmente destinadas a deixar sem respostas as questões principais dos nossos tempos. Reconhecer esta questão é desafiar tudo. Desafiar tudo é tornar-se um pária.»

Bico calado

Cartoon recolhido aqui.
  • O que é que as cheias na Índia, no Bangladesh, no Nepal e no Yemen têm a menos do que as de Houston para merecerem tão pouca ou nenhuma cobertura por parte dos media portugueses, nomeadamente por parte da «nossa» RTP?
  • Os impactos do furacão Harvey lançaram o caos nos mercados do petróleo. O encerramento das refinarias da ExxonMobil, da Shell e da Phillips 66 e dos portos de Houston e Corpus Christi impedem a exportação e a importação de crude e de produtos refinados. A sua escassez poderá provocar a subida dos preços, com os consequentes efeitos dominó. Oil Price.
  • O que é que se espera do Brexit? Um golpe de estado a favor da desregulamentação financeira e ambiental, escreve John McMurtry na True Publica.
  • O Daily Mail usou uma foto alterada para acirrar os ânimos islamofóbicos.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Quénia: uso de saco plástico pode dar multa pesada ou prisão

Serra de Arga. Foto de Diogo Sá Lima 29ago2017
  • O uso de sacos plástico tornou-se ilegal no Quénia. A multa pode atingir 38 mil dólares ou pena de prisão por 4 anos. Tudo porque todas as medidas tomadas até ao momento para reduzir o consumo de sacos de plástico se mostraram infrutíferas. NPR.
  • À medida que as inundações catastróficas provocadas pelo furacão Harvey continuam a devastar o Texas, repetem-se os relatos de cheiros insuportáveis provenientes de 10 refinarias que foram encerradas. O problema é grave e nenhuma autoridade explicou às pessoas o que se passa. Há quem se queixe de dores de cabeça, de garganta e de inflamações nos olhos. The Guardian.
  • Quando em 2012 o furacão Sandy se abateu sobre New York, New Jersey e outros estados, o senador Ted Cruz e outros 20 colegas republicanos do Texas votaram contra um pacote de ajuda de emergência dedicado às áreas devastadas pela tempestade. Porém, agora que o furacão Harvey está a destruir o seu próprio estado, muitos desses mesmos republicanos tocam outra música e pedem a Trump que os ajude. Common Dreams. Hipócritas qb.
  • Mapa das barragens e represas norte-americanas eliminadas em 100 anos (1916-2016)
  • A Conservation Law Foundation está a processor a Shell e suas filiais por violações de regras de armazenagem de petróleo no terminal de Allens Avenue, em Rhode Island, que provocam a poluição do rio Providence. EcoRInews.
  • O governo do Brasil vai alterar o decreto que abriu uma enorme reserva mineral na floresta amazónica à mineração. O ministro da Mineração e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que o governo vai revogar o referido decreto e publicará um novo que, embora abula a reserva mineral especifica as proteções existentes para partes da área que permanecerão no lugar. Esta atitude deve-se às críticas e ameaças de ação legal. Reuters. Perante este imbróglio, parece que o governo de Temer licenciou a exploração mineira naquela reserva pura e simplesmente porque não consegue controlar o garimpo ilegal que por lá campeia. Tal como Tomás Chiaverini,  interrogo-me se, no futuro, a fiscalização irá funcionar melhor com as mineradoras canadianas do que com os atuais garimpos ilegais.
  • O Instituto de Meteorologia de Macau está a ser investigado por ter alegadamente adiado o lançamento do alerta da chegada do tufão Hato para não prejudicar os negócios dos casinos. O Instituto terá feito o mesmo em 2016 por altura da aproximação do tufão Nida. AFP.

Harvey: primeira reflexão - Será o furacão Harvey um indicador do futuro da América?

Imagem captada aqui.

Será o furacão Harvey um indicador do futuro da América?
por Andrew King, investigador da University of Melbourne, 
na The Conversation.
(Tadução livre de excertos)

«As alterações climáticas causadas pelo homem têm aumentado os impactos da tempestade.
Felizmente, no caso de Harvey, a tempestade não tem sido muito má, ao contrário dos furacões Katrina e Sandy, por exemplo. Isto porque Harvey não viajou tanto e enfraqueceu rapidamente quando atingiu o solo. 
Sabe-se que os picos de tempestade dos ciclones tropicais foram reforçadas pelas mudanças climáticas. Isto acontece porque o nível das águas do mar subiu, tornando mais provável os picos de tempestade inundarem maiores regiões costeiras não protegidas. 
Os diques e paredões podem aliviar alguns destes impactos, embora essas barreiras tenham que ser maiores (e, portanto, mais caras) no futuro para suster a subida do nível da água dos mares. 
O maior impacto do Harvey será sentido através da sua precipitação intensa e prolongada. Um sistema de baixas pressões no norte está a manter o Harvey sobre o sul do Texas, daí as grandes precipitações, que, aliás, deverão piorar. 
Sabe-se que as alterações climáticas são responsáveis pelo aumento das precipitações extremas. À medida que a temperatura da atmosfera sobe, a atmosfera pode conter mais humidade (cerca de 7% mais por cada aumento de temperatura de 1º C). Isto significa que, quando houver circunstâncias ideais para a ocorrência de chuvas muito extremas, as mudanças climáticas provavelmente tornarão esses eventos ainda piores do que teriam sido de outra forma. 
Há outros fatores que tornam esta tempestade pior do que as anteriores em termos de impactos. Houston é a segunda cidade que mais depressa cresceu nos EUA e a quarta com maior população. Ao aumento da população nesta região correspondeu o aumento de zonas impermeabilizadas. Por isso, quando há chuvas extremas, a água leva mais tempo a drenar, prolongando e intensificando as cheias.»

Mão pesada

Um juiz equatoriano condenou 20 pescadoers chineses a pagar uma multa de 5,9 milhões de dólares e a penas de prisão de entre 1 e 4 anos por pesca ilegal de 6.600 tubarões ao largo das ilhas Galápagos. O Equador apresou o navio. Reuters.

Bico calado

Ricardo Araújo Pereira comprou os livros «para miúdos espertos e miúdas estúpidas» e arrasa a polémica com os blocos de atividades da Porto Editora e a opção do Governo em recomendar a retirada destes do mercado. TVI24. Não terá tudo isto sido uma manobra de marketing?

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Amazónia: mineradoras souberam 5 meses antes do anúncio oficial

Foto: Rose + Sjölander/Greenpeace.
  • O Ministério do Ambiente vai investir 22 milhões de euros no Algarve até final do ano. «São intervenções muito importantes para reforçar o cordão dunar, como a dragagem da Ria de Alvor e as dragagens das barras da Fuzeta e Armona, a Ria de Faro, sendo que tudo o que for dragado será reposto nas dunas para as consolidar face ao avanço do mar», anunciou Matos Fernandes. Diário Online.
  • Os projetos de conservação da vida e biodiversidade da União Europeia levaram à criação de cerca de 3 mil empregos entre 2007 e 2014, e a Espanha é o segundo país depois de Itália, onde mais empregos verdes foram criados. La Vanguardia.
  • A Junta de Castilla e León pretende avançar com um funicular de 1 km para subir o Pico del Fraile. Os promotores dizem que o projeto vai criar emprego e dinamizar a economia na zona do Lago de Sanábria. Os adversários do projeto alegam que o dinheiro previsto seria muito mais útil se aplicado na melhoria e na ampliação das infraestruturas sanitárias. Além disso, o funicular vai agredir a paisagem, não liga povoações e é redundante porque já há acesso automóvel e inúmeros miradouros de onde se pode apreciar toda a panorâmica. La Crónica Verde.
  • Mais de 820 mil carteiras escolares vão ser fabricadas a partir da madeira apreendida durante a "Operação Tronco", levada a cabo pelas autoridades moçambicanas em março de 2017. FB.
  • A Ilha Grande foi a resposta do Brasil a Alcatraz. Agora as suas praias limpas, a floresta virgem e as águas cristalinas atraem turistas de todo o mundo. DW.
  • Os investidores e as mineradoras canadianas souberam da extinção da reserva na Amazónia 5 meses antes do anúncio oficial. Tudo pela boca do próprio ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. Posteriormente, em junho, dois meses antes da extinção oficial da reserva amazónica, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá anunciou uma nova Comissão de Mineração, específica para negócios no Brasil. Na ocasião, o coordenador dessa comissão defendeu a abertura da área amazónica para pesquisas minerais, sublinhando que a «mineração protege a natureza», que «não há uma corrida» para explorar a região da Renca. O empresário Paulo Misk, coordenador da recém-criada Comissão de Mineração da Câmara de Comércio canadiana, pensa que a ocupação da região por empresas de mineração deve inibir a presença de garimpeiros, cuja atuação irregular na região já resulta em contaminação de rios por mercúrio. Porém, o geógrafo Luiz Jardim, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, pensa de maneira diferente: «A experiência no rio Tapajós, no Pará, mostra o contrário. O garimpeiro esta interessado em minas superficiais, a mineradora chega a veios mais profundos. Eles coexistem e a exploração formal pode até incentivar a vinda de mais garimpeiros.» BBC.
  • A maior barragem do Camboja está quase pronta. Situada no rio Sesan, afluente do Mecão, custou 800 milhões de dólares e vai deslocalizar 400 famílias das aldeias de Srekor e Kbal Romeas. NPR.

Reflexão – Os ambientalistas são vencedores, e não vítimas.

200 ambientalistas mortos em 2016. Imagem retirada daqui.
  • Os ambientalistas são vencedores, e não vítimas, escreve Fran Lambrick na New Internationalist. Resumidamente, ele diz que embora o ato de defender o Ambiente se tenha tornado cada vez mais perigoso, - os números de assassinatos assim o provam -, os que perderam a vida nesse combate continuam uma poderosa fonte de inspiração para as gerações vindouras.
  • Para proteger populações vulneráveis, plantar mais árvores, por Pascal Mittermaier. Na The Nature Conservancy.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Mação: falta de dinheiro bloqueou apoio a operações de limpeza

Mosteiros, S.Miguel-Açores. Foto de Luís Filipe Matos 6ago2017.
  • O vice-presidente da Câmara de Mação queixa-se da recusa de financiamento, através dos fundos comunitários, da construção de faixas de gestão de combustível e de sinalética. As candidaturas apresentadas pelo município de Mação incidiam, essencialmente, na limpeza em cerca de 600 hectares, em zonas estratégicas do território, junto a estradas alcatroadas ou outras zonas sensíveis, com o objetivo de criar condições para conter incêndios florestais. A rejeição de inúmeras candidaturas ficou a dever-se, fundamentalmente, à falta de dotação orçamental. Isto apesar de um dos maiores problemas da floresta ser, precisamente, o fraco investimento nas medidas de prevenção e de ordenamento florestal. «Andámos aqui de trás para a frente com candidaturas feitas há dois anos e meio, ao nível da defesa e proteção da floresta, como faixas de gestão combustível na rede primária, construção de faixas de gestão combustível na rede secundária, para apoio à primeira, e depois de um ano e meio à espera de resposta dizem-nos para reformular tudo, e depois responderam-nos, há cerca de quatro, cinco meses, que as candidaturas foram avaliadas com nota 10, entre 20 valores possíveis. Significava isso que tudo era chumbado, como acabou por suceder», especifica António LouroE.
  • As obras de proteção do sistema dunar entre Ílhavo e Mira arrancaram, devendo ficar concluídas na Primavera de 2018. Adjudicada por 2,4 milhões à Oliveiras, S.A., a empreitada abrange as freguesias de Gafanha da Encarnação e Gafanha do Carmo (Ílhavo), freguesia da Gafanha da Boa Hora (Vagos) e freguesia da Praia de Mira (Mira). A empreitada total inclui ainda ações de reforço do cordão dunar na Costa Nova e Vagueira, através da recarga artificial com sedimentos, recuperação e renaturalização do sistema dunar, com utilização de soluções específicas, tais como recuperação dunar, plantação de espécies florísticas autóctones, instalação de paliçadas e estabilização do pé de talude do cordão dunar. Fonte: Público.
  • A empresa PRIO, que diz ser um dos três maiores produtores europeus de biodiesel, produz por ano 50 milhões de litros de biodiesel com base em óleo alimentar usado, pelo que tem de comprar no estrangeiro muitos milhões de litros do resíduo, embora os portugueses despejem nos esgotos também milhões de litros, que acabam por contaminar as águas. Público.
  • A praia do Monte Verde, na ribeira Grande-Açores, está interdita a banhistas e não deverá receber a prova de qualificação para o mundial de Surf, anunciada para decorrer entre os dias 5 e 10 de setembro. RTP.
  • Várias organizações ambientalistas denunciaram a criação de novos regadios ilegais no Campo de Cartagena (Múrcia), em plena Rede Natura 2000, apesar da situação de seca extrema e falta de água que ocorre na região. EFEverde.

Mão Pesada

  • Um indivíduo de Manor Way, Jarrow, foi condenado a 18 meses de serviço comunitário, a 30 dias de atividades de reabilitação e a pagamento de multa de 750 libras por queimar resíduos em sítio ilegal. GovUK.
  • A Justiça Federal na Bahia condenou a companhia Sama Minerações Associadas a pagar R$ 500 milhões por danos morais coletivos, em quatro municípios baianos. Via EcoDebate.

Bico calado

Foto: Patrick Seeger/AFP/Getty Images

«(…) Mas era preciso ter no poder em Luanda homens e mulheres que se empenhassem na governação do país. E não corruptos implicados na cleptocracia montada por José Eduardo dos Santos e o MPLA para continuarem a reinar desde o fim da guerra civil, em 2002. (…) temo que o povo angolano ainda vá penar muito, antes de começar a ter Governo que não o desgoverne. E temo que nós, em Portugal, paguemos ainda mais por aqueles que, lá e cá, operam a “lavandaria” que desgoverna Angola.» Ana Gomes in Desafios em Angola – Público 24ago2017.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Guiné-Conacri: Chuva intensa faz colapsar lixeira, provocando a morte de 8 pessoas

Padrão - Beja . Foto de Dinis Cortes 21ago2017.
  • Oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no estado da Guiné, na África Ocidental, quando uma lixeira nos arredores da capital, Conakry, colapsou após fortes chuvas. AFP/TD.
  • Um tribunal norte-americano aceitou as alegações interpostas por organizações ambientalistas e rejeitou o projeto de construção de um gasoduto de 700 milhas. WE.
  • Várias organizações ambientalistas interpuseram recurso junto de um tribunal de São Francisco contra a construção de uma base aérea para fuzileiros navais na ilha japonesa de Okinawa. Alegam que o projeto ameaçaria uma das poucas populações remanescentes de dugongo, um mamífero marinho ameaçado de extinção, importante para a cultura de Okinawa.  SFChronicle.
  • O Centro de Segurança Alimentar apresentou uma ação judicial federal para impedir a administração Trump, através do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos, de autorizar uma expansão massiva da aquicultura de moluscos industriais nas águas costeiras do estado de Washington. A aquicultura industrial já ameaça o litoral e as baías icónicas do estado, que albergam numerosas espécies marinhas, incluindo o salmão ameaçado de extinção.
  • Na Índia, uma fábrica acusada de despejar corantes no rio Kasadi, em Mumbai, foi obrigada a encerrar depois de vários cães terem sido vistos tingidos de azul. AFP/TD.
  • No Paquistão, cerca de 60 milhões de pessoas correm o risco de ingerir água contaminada com arsénico, revela um estudo baseado na colheita de amostras em 1200 poços em todo o país. BBC.

Mão pesada

  • Uma traineira com pavilhão português foi apresada no porto de Lorient, França, pela pesca de 30 toneladas de atum rabilho e tubarão-sardo, cuja pesca está proibida. CM.
  • Na Irlanda, um indivíduo foi detido por não cumprir intimação judicial para limpar e descontaminar área em Co Donegal, onde depositava resíduos de forma ilegal. IT.
  • O Ibama embargou 1,2 mil hectares por supressão ilegal da Mata Atlântica e aplicou R$ 9,4 milhões em multas no RS. Via EcoDebate.

Bico calado

Foto: Ronald Wittek/EPA
  • «(…) para uma maioria absoluta, o PS teria de comprimir o PSD muito para além do seu mínimo histórico, mesmo considerando que o CDS já está enfraquecido. Então, a única questão interessante passa a ser: porque é que se fala de coisa nenhuma e se discute uma inviabilidade, ou porque é que nos entretemos com uma veleidade gabozinesca? (…) para o director do Expresso é preciso que o PS tenha maioria absoluta para então ser mais pressionado do que agora. O raciocínio é decerto contraditório com a experiência dos eleitores: eles sabem que se o PS tivesse tido maioria absoluta teríamos tido pensões congeladas por mais quatro anos, redução nas pensões sociais (o previsto era 1020 milhões) e uma nova regra para facilitar despedimentos, pelo menos. O problema não é de pressões, é de realizações. (…)» Francisco Louçã in O Gambozino da maioria absoluta, FB.
  • «“E Portugal foi destacado pela sua permissividade no combate ao branqueamento de capitais e à corrupção, particularmente em relação aos angolanos, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).” No artigo, o The New York Times cita, entre outras fontes, um relatório do Departamento de Estado norte-americano sobre branqueamento de capitais publicado em março deste ano em que é dito que “fundos suspeitos com origem em Angola são usados para comprar negócios e imobiliário em Portugal”. Via Expresso.
  • «(…) O discurso de 21 de Agosto de Trump aos Estados Unidos, a propósito da política para o Afeganistão, foi o resultado visível de um golpe de estado em Washington. Os generais do Pentágono tomaram o poder. Trump é, a partir de ontem à noite, apenas o títere dos militares americanos. Numa manobra prévia, os generais correram, defenestraram, todos os cortesãos iniciais de Trump e apenas o deixaram a ele, à mesa da sala oval, a fazer de espantalho. No dia 21 à noite, impuseram-lhe um discurso de resignação sob a forma de “nova política para o Afeganistão”, onde o colocaram a desdizer tudo o que tinha dito e prometido quanto a política de intervenção militar na campanha eleitoral. Puseram-no a defender a política de Hilary Clinton, a sua candidata! A 20 de janeiro deste ano de 2017, Donald Trump proclamou que daí em diante seria «America First », isto é, a América não se aventuraria mais no estrangeiro. Agora, como escreve o Washington Post, «teve de se vergar diante da realidade.» E a realidade é que quem manda são os generais. E o que os generais dizem é que o Afeganistão é um saloon numa região árida e sem lei. Por isso os americanos têm de lá estar para competirem com os outros pretendentes a donos do local. Um clássico dos westerns. O Afeganistão interessa à Rússia, é parte da sua fronteira sul, interessa à China, é parte da sua fronteira ocidental (mesmo que numa estreita língua), permite a ligação ao sub-continente indiano e ao Índico, faz fronteira com o Irão. (…) O idiota do Trump não sabe história, nem geografia, nem viu filmes de cobóis e comprou a ideia do neo-isolacionismo para fazer a América grande! Os generais e a máquina de guerra já lhe colocaram a coleira, a trela e o açaimo através do golpe palaciano que teve a sua cerimónia pública com o discurso de 21 de agosto. (…) Em resumo, diga Trump o que disser, os Estados Unidos terão sempre uma presença militar entre o Médio Oriente e as fronteiras sul da Rússia e ocidental da China. Estarão no Afeganistão, não para matar terroristas, mas para contratar e manipular terroristas. (…)» Carlos Matos Gomes in O Golpe de Estado de 21 de Agosto em WashingtonMedium.
  • «(…) Isto é uma situação real em que um partido aproveita a celebridade de uma figura pública politicamente inepta para avançar o seu projecto político. Por outras palavras, isto é o contrário de fazer política, isto é uma fraude. A julgar pelas declarações que tem feito, Ágata está-se completamente a marimbar para o serviço público e quer apenas que as pessoas comprem a música que lhes dá. No fundo, tem isso em comum com "Conceição" Cristas. Ironicamente, é por isso que o apoio do CDS-PP lhe assenta que nem uma luva.» Uma página numa rede social, FB.
  • «(…) Sei que é politicamente incorreto dizê-lo, mas indigna-me o aparente consenso com que as pessoas acolhem o "episódio" Cristiano Ronaldo e os gémeos, aceitando alegremente a versão de que foram gerados por uma barriga paga a preço de ouro.  (…) Estranho porque é que tantas pessoas se calam, nomeadamente gente com responsabilidade na defesa dos direitos das crianças, e que sabem bem que o direito a uma mãe ou a um pai, não é uma prorrogativa de quem a procriou, mas da própria criança. Porque não tornam pública uma opinião fundamentada sobre o que acontece não só neste caso mas no de tantos outros "famosos" que repetidamente enchem as páginas dos media, uma opinião que nos ajude a refletir? Deixa-me perplexa porque é que os sábios não se chegam à frente para perguntar alto se é realmente isto que queremos, um futuro onde o dinheiro compra a técnica para tornar as crianças num produto consumível, produzido cada vez mais "à carta"?  Consubstanciando, além do mais, um negócio de compra e venda de seres humanos. E, já agora, porque estão silenciosos os Historiadores, que sabem bem que embora mascarado de admirável mundo novo,  o que vemos agora acontecer é, na essência, um retrocesso civilizacional. Os homens ricos e poderosos punham, sem pestanejar, o corpo das mulheres ao seu serviço. As "barregãs" que viam o filho reconhecido pelo rei, eram recompensadas "pelo uso do seu corpo" (a expressão é mesmo esta), e os infantes criados na corte, educados com todos os privilégios que o divino sangue paterno ditava. Soa familiar? Muito, mas convinha também recordar como os direitos das mulheres e das crianças evoluíram desde aí, como de pouco vale pugnar por quotas nas empresas se aceitamos fechar os olhos a coisas como estas. (…)» Isabel Stilwell in Os "novos" filhos de Ronaldo...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

26% dos municípios portugueses sem plano municipal de defesa da floresta contra incêndios em vigor e operacional

Imagem captada aqui.
  • 26% dos municípios portugueses (72 de 308) não têm plano municipal de defesa da floresta contra incêndios em vigor. Este plano exge um planeamento e calendarização de ações de silvicultura preventiva, vulgarmente conhecidas por limpezas, com o objetivo de evitar que os fogos atinjam grandes proporções e o de proteger eficazmente pessoas e bens. Só os municípios dos distritos de Viseu, Guarda e Portalegre têm o seu Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios em vigor e operacional. Embora a legislação determine que estes Planos sejam públicos e estejam disponíveis na internet,  isto não acontece. A Quercus considera fundamental, e do mais elementar direito, que estes Planos possam ser consultados por todos os cidadãos interessados, para que possam verificar rapidamente e inequivocamente, se estão a ser feitas as obrigatórias reduções de combustíveis junto a estradas, casas e povoações. Deste modo, os cidadãos poderão alertar atempadamente as autoridades competentes para eventuais situações de incumprimento e ter um papel ativo na defesa das suas vidas e dos seus bens. AM.
  • A GNR está a investigar a origem da contaminação do rio Sousa, provocando a morte de peixes na zona de Novelas, em Penafiel, na sequência de uma queixa-crime apresentada pela Câmara Municipal contra desconhecidos. DN.
  • Um herbicida altamente tóxico não autorizado para uso na União Europeia está a ser exportado para países pobres a partir de uma fábrica de Huddersfield, no Reino Unido, sob licença da suíça Syngenta. O Paraquat já causou milhares de mortes e suicídios acidentais em todo o mundo, e foi banido pelos estados da União Europeia em 2007. Em 2014, a empresa foi multada em 200 mil libras por derrame de mais de 3 toneladas daquele produto.  The Guardian.
  • Os arquitetos paisagistas de Berlim estão a ajudar a cidade a absorver a água para que a cidade reaja como a natureza. Bloomberg.
  • A administração Trump revogou uma lei de Obama que proibia a venda de água engarrafada em parques nacionais. NPR.
  • A precipitação intensa registada no norte do Chile durante os meses de inverno trouxeram vida exuberante à flora do deserto de Atacama, considerado o mais árido do mundo. Este fenómeno, que ocorre em cada 5 ou 7 anos, mas que se tornou recorrente devido ao El Niño, atrai milhares de turistas com as suas mais de 200 espécies florais e fauna endémica. EFE Verde.
  • Milhões de litros de água altamente tóxica estão a derramar de uma mina de carvão abandonada na bacia de água potável de Sydney. ABC.

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Imagem recolhida aqui.

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares da última semana foram, segundo a Google Analytics:
Durante o mesmo período, as visitas vieram, por ordem decrescente, dos seguintes países: Portugal, EUA, Brasil, Espanha, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Angola, Cabo Verde, República Checa

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa, foi a seguinte: Aveiro, Porto, Lisboa, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Santarém e Viana do Castelo.

Bico calado

Cartoon do Público.

«Depois da tragédia no Funchal, o passa-culpas. O costume. Antes de tragédias quase anunciadas, o “queixa-andar”. Também o costume. No meio, conferências de imprensa para defesa própria. Ainda o costume. A saga do debate entre o “nada fazia prever”, o “já havia relatórios” ou, ainda, o “estava prevista a intervenção, mas não havia dinheiro” (entre fontanários e rotundas). Assim vamos andando, até que a erosão da memória quase tudo anestesie e pouco se aprenda. Na tragédia humana do Funchal, discute-se, agora, de quem é o terreno da árvore mortífera. Ou se o carvalho sucumbiu por fungos ou de morte natural. Ou se ele se despenhou no meio das pessoas por causa de um ramo do plátano seu vizinho. Ou se a responsabilidade é da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal de agora, da Câmara Municipal de antes, dos serviços regionais, da República, de mim ou de si, caro leitor… Também o costume, em Portugal apenas mudando os protagonistas e as evidências. E, ali, por azar não havia sequer um qualquer “Siresp” ou um operador de telecomunicações para apanhar no lombo todas as responsabilidades. (…) Na atenção que as árvores merecem está, obviamente, o cuidado a ter com as que estão doentes fazendo perigar pessoas ou bens e as que vão morrer segundo a sua natureza e a lei da vida. Também importa erradicar más práticas de escolha de espécies completamente desajustadas da nossa tradição arbórea. Um caso evidente foi a invasão aparolada de palmeiras das Canárias (Phoenix canariensis) por todo o lado, para as quais um escaravelho vermelho (Rinchoforus ferrugineus) se tem encarregado de contribuir para repor a “normalidade arbórea” no Continente. E se costumamos dizer que as árvores morrem de pé, ou seja, com dignidade, impõe a prevenção de acontecimentos danosos para as pessoas que algumas árvores também se abatam. No momento certo, antes que nos abatam a nós.»

António Bagão Félix in As árvores (nem sempre) morrem de péPúblico 22ago2017.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Castro Verde é Reserva da Biosfera da UNESCO

Algures no Algarve. Foto de Maria Isabel Raposo Martins 6ago2017.
  • Castro Verde já integra a Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO. A decisão foi anunciada durante a manhã do dia, 14 de junho, na sede da UNESCO, em Paris, pelo Conselho de Coordenação Internacional do Programa MaB (Man & the Biosphere). Castro Verde é a 11ª Reserva da Biosfera em Portugal reconhecida pela UNESCO, e a primeira a sul do Tejo. O galardão da UNESCO é sinónimo de diferenciação pela qualidade e pela excelência e confere todo um potencial de divulgação e visibilidade mundial. CM de Castro Verde. Boas notícias como esta não mereceram dos media ditos de referência o mesmo destaque que têm prodigalizado em relação à vaga de incêndios que tem assolado Portugal. Compreende-se. Notícias como esta colidem com a política de eucaliptização do país aparentemente apadrinhada pela fileira do jornalismo dominante.
  • Em Espanha, nenhuma das centrais elétricas a carvão cumpre os novos limites de emissão de poluentes estabelecidos pela regulamentação europeia, o que obrigará ao seu encerramento em quatro anos se não investirem em tecnologia mais limpa. EFE Verde.
  • Na Dinamarca, os ambientalistas e a oposição social-democrata criticaram fortemente as irregularidades na gestão das quotas de pesca por parte do governo, depois de solicitarem investigações criminais sobre várias empresas de pesca e os chamados reis de quota. O resultado é a sobre pesca, com os inevitáveis impactos negativos. The Local.
  • No Reino Unido, mais de 25% dos consumidores de gás e eletricidade, cerca de 1,3 milhão, foram cobrados a mais, num total de 102 milhões de libras, o equivalente a mais de 79 por ano, em 2016, devido a erros de cobrança das fornecedoras. The Guardian.
  • No Reino Unido, episódios graves de poluição provocada por derrames de efluentes da indústria agropecuária acontecem semanalmente e provocam danos incalculáveis na vida selvagem, peixes, pecuária e poluição do ar e da água. Entre 2010 e 2016, apesar de muitas dessas ocorrências graves não terem sido objeto de sanções, as empresas responsáveis continuaram a receber subsídios europeus. The Guardian.
  • Veja aqui o exército de empresas de relações públicas empenhado na luta pela manipulação não só da imagem de grandes empresas poluidoras mas também da própria opinião pública
  • A Burger King compra alimentação para o gado produzida em plantações de soja criadas pela queima de florestas tropicais no Brasil e na Bolívia, denuncia a Mighty Earth. Agricultores locais têm queimado florestas para cultivar soja para a Cargill e a Bunge, fornecedores da Burger King. The Guardian. A McDonalds não lhe fica atrás na destruição da floresta amazónica.

Bico calado


Aviários ou fábricas?
  • «Há muitas mãos e muitas circunstâncias a riscar fósforos na paisagem. Motivações criminosas, seguramente muitas, como a factualidade mostra. Mas na balança pesam muito as contingências do desordenamento da floresta, a carga energética decorrente da falta de limpeza das matas ou do abandono das terras, os interesses espúrios à volta dos negócios negros que a floresta movimenta, a urgência de políticas visando a manutenção da paisagem, medidas preventivas sérias. O drama dos incêndios florestais todos os anos se repete. Saem das cabeças óptimas soluções e promessas. Mas logo que o tempo refresca, fica-se à espera do ano seguinte e do tempo dos incêndios na esperança (ou ilusão) de que as condições climatéricas sejam mais brandas e favoráveis. E assim vive o país o fogo por vir.» Fernando Paulouro Neves in As mãos do fogo.
  • «Se trabalha no jornal Observador, ou vai votar no candidato do PSD a Loures, não pode perder a visita a casa do Professor Salazar. Imaginem, seus saudosistas (vão buscar os Kleenex), o que é passear livremente os vosso olhos pelos bens de António Salazar, começando pelo Chevrolet Stylemaster, ferrugento, a cor preferida do Salvador da Pátria. Na sala podemos observar as suas coleções de selos usados e de ratos mortos. Na casa de banho o destaque vai para o estojo de barba da governanta de Salazar e para a curiosa placa em azulejo sobre a sanita onde obrava o ditador e onde se pode ler – “sei muito bem o que quero e para onde vou.”» João Quadros in Destinos de fériasSapo24.
  • «(…) Sempre que os pensadores a imprensa bilionária exigem liberdade, eles têm o cuidado de não especificar de quem são as liberdades a que se referem. A liberdade de alguns, sugerem, significa a liberdade para todos. Em certos casos, isso é verdade. Pode-se exercer a liberdade de pensamento e expressão, por exemplo, sem prejudicar outras pessoas. Noutros casos, a liberdade de uma pessoa é a prisão de outra. Quando as empresas se desembaraçam dos sindicatos, elas restringem as liberdades dos seus trabalhadores. Quando os muito ricos se libertam de impostos, o resto do pessoal sofre através das falhas nos serviços públicos. Quando os financeiros estão livres para inventar instrumentos financeiros exóticos, o resto do pessoal paga as crises que eles provocam. Acima de tudo, os bilionários e as organizações que dirigem exigem liberdade de algo que chamam "burocracia". O que eles chamam burocracia é a proteção pública. Um artigo no Telegraph da semana passada intitulado "Corte-se a burocracia da UE que asfixia a Grã-Bretanha após o Brexit para libertar o país das grilhetas de Bruxelas". Sim, estamos a sufocar, mas não em burocracia. Estamos a sufocar porque o governo não cumpre as europeias sobre a qualidade do ar. (…) Reduzir essas proteções públicas significa liberdade para bilionários e empresas das restrições da democracia. Isto é o que Brexit - e Trump - querem. A liberdade que nos prometeram é a liberdade dos muito ricos para nos explorarem. (…) A administração Trump tem esta mesma ética e estas mesmas justificações. O novo ministro do Ambiente, Scott Pruitt, está a tentar revogar as leis que protegem os rios da poluição, os trabalhadores contra a exposição a pesticidas e todos contra a degradação do clima. Isto não significa que o ministério tenha sido muito rigoroso anteriormente: uma das razões para o envenenamento em massa em Flint, Michigan, foi o fracasso desastroso em proteger as pessoas da contaminação da água potável pelo chumbo, um fracasso que agora atinge 18 milhões de americanos. (…) Quando confrontamos um sistema de propaganda, a nossa primeira tarefa é decodificá-lo. Isso começa por questionar o seu valor sagrado. Sempre que ouvimos a palavra liberdade, devemos interrogar-nos: "liberdade para quem, a que preço?» 

George Monbiot in The Problem with freedom (Trad. livre de excertos minha] -  The Guardian 5abr2017.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Duas barragens para demolir

Vista no Alto do Murouçal. Imagem captada aqui.
  • Duas barragens vão ter de ser demolidas. Ambas construídas ilegalmente na Herdade de Canelas pelo banqueiro luso-angolano Fernando Teles, presidente do Bic Angola e administrador do EuroBic. Uma das barragens (Tripeças) interfere com a linha de água que abastece a albufeira pública de Pego do Altar que serve 300 regantes e 6 mil hectares de regadio. A outra barragem (Javalis) está no centro de uma disputa de águas com a herdade vizinha de Vale da Arca, do empresário Manuel Magalhães, alegando que a escassez de água na sua barragem gerava perdas avultadas na produção de azeite. Expresso.
  • A salvínia (Salvinia molesta) é um feto anual aquático, originário da América do Sul. É uma das piores invasoras aquáticas a nível mundial que forma tapetes densos na superfície de águas paradas ou com pouco movimento. Os tapetes de salvínia sombreiam as plantas submersas e impedem a troca de oxigénio, fazendo com que a água se torne imprópria para peixes e outros animais. Além disso, podem bloquear os canais de irrigação, poluir água potável e evitar o uso das áreas invadidas para atividades recreativas como natação, pesca e passeios de barco. Ao detertar uma área com salvínia deve-se avisar as autoridades locais de ambiente (ICNF, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas) ou o SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente), enviar uma mensagem para invader@uc.pt.
  • O inseticida neonicotinóide tiametoxam, frequentemente utilizado na agricultura, poderá acabar por levar as populações de abelhões à extinção, alerta um coordenado por Nigel Raine, professor da Universidade de Gelph, no Canadá. Estima-se que 1,4 mil milhões de empregos e três quartos das colheitas agrícolas do mundo dependam dos polinizadores, especialmente das abelhas, e as suas populações têm sofrido um declínio acentuado nas últimas décadas, devido à perda de habitat, doenças e utilização de pesticidas. UniPlanet.

Mão pesada

O Marion County foi multado em mais de 23 mil dólares por contaminação da ribeira de Salem, no estado do Oregon, com resíduos de madeira e catálogos de tinta. SJ.

Reflexão - «Plataforma continental: mais mar só para furar»

Imagem colhida aqui.

«(…) Há anos que se repete a fórmula de marketing “Economia Azul” na promoção da plataforma continental. No site da estrutura de missão para a extensão da plataforma diz-se que ganharemos os direitos a explorar e extrair os recursos naturais destes 3,75 milhões de quilómetros quadrados, ou seja, os recursos minerais e os organismos vivos que estão no leito do oceano e no seu subsolo. A “economia azul” aumentaria a relação da economia com o mar, o conhecimento sobre os oceanos, protegeria os mesmos e exploraria os seus recursos, num arremate perfeito que concilia no papel o que é dificilmente conciliável no mar. 
Em 2016, no Conselho Atlântico, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, frisava o potencial das relações marítimas Estados Unidos-Portugal no desenvolvimento da exploração offshore de petróleo e gás, energia eólica no mar, energia das ondas e hidratos de metano offshore. Não era exagerado dizer, dizia a ministra, que estes “hidratos de metano são vistos como os recursos de futuro que o gás de xisto era há 15 anos”. 
Numa apresentação ao IGCP, que gere a dívida pública, o Ministério do Mar garantia que, com a extensão da plataforma continental, Portugal tornar-se-ia o 7.º maior país do mundo, maior do que a Índia. Para atrair investimento, invocava recursos estratégicos no mar profundo: petróleo e gás offshore, hidratos de metano e minas submarinas. O director do Programa de Segurança Energética da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento delineava três eixos centrais para o oceano português: transformar Portugal no porto de entrada na Europa do gás de xisto produzido pelos EUA, explorar os hidratos de metano e começar a mineração submarina nos mares dos Açores, da Madeira e na margem continental. 
A Comissão Europeia, no seu atlas marítimo, identifica no fundo do mar de Portugal a presença de depósitos de sulfuretos, crostas de manganês e nódulos polimetálicos e, através da iniciativa Blue Atlantis, anunciou que Portugal será o tubo de ensaio da exploração dos fundos marinhos, contribuindo a Missão para a Extensão da Plataforma Continental para encontrar os sítios mais adequados para furar. A Nautilus Minerals, empresa canadiana, será a responsável por começar a explorar nos Açores ainda em 2017, notícia com destaque e até referenciada em alguma literatura. No entanto, não existe qualquer processo de consulta pública para avaliação de impacto ambiental ou uma declaração de impacto ambiental, o que poderá significar que, a exemplo da prospecção e exploração de petróleo e gás, não está prevista qualquer avaliação de impacte ambiental.
(…) Os impactos já esperados enumeram-se: derrocadas submarinas devido à desestabilização de sedimentos na extracção de minerais ou de hidratos de metano, libertação de elementos tóxicos através da oxidação dos minerais expostos ao oceano depois de desenterrados, libertação rápida de metais pesados nos oceanos, libertação inadvertida de gás que altera a química do oceano e potencialmente do clima, colapso de fundos marinhos, nuvens de lama (plumas) de material expelido e que podem ser levadas pelas correntes submarinas por centenas de quilómetros e cujo impacto em microalgas fotossintéticas mais à superfície colocará em perigo as cadeias alimentares até aos grandes animais. A extracção dos nódulos polimetálicos do fundo oceânico terá grande impacto na estruturas e na biodiversidade das cadeias alimentares e dos processos ecológicos como a produção de biomassa, a reciclagem de matéria orgânica e a regeneração de nutrientes. A exposição crónica dos microrganismos, das plantas e dos animais às plumas tantas vezes tóxicas afectará os seres e o inevitável ruído da maquinaria pesada nos fundos provocará a fuga dos animais. Nas últimas quatro décadas a espécie humana conseguiu fazer desaparecer 50% das espécies marinhas. Os oceanos são o principal absorvente do aumento da temperatura do aquecimento global. Além disso, as espécies submarinas e os corais ultraprofundos crescem muito lentamente no fundo do mar a altas pressões, baixas temperaturas e sem luz, o que significa que a reposição do que for destruído é muito difícil. Isto é o que nós sabemos, e o que não sabemos é muito: espécies ainda não descobertas, sistemas e ciclos ainda desconhecidos.
(…) A proposta é explorar tudo, incluindo mais combustíveis fósseis — petróleo, gás e hidratos de metano — que são indefensáveis num contexto de alterações climáticas em que é preciso cortar emissões. Provavelmente por isso é que se mantêm as concessões petrolíferas e uma lei arcaica sobre o tema. (…) Os fundos dos nossos mares são anunciados como o novo Eldorado, mas fica claro, e sabendo nós que os efectivos e embarcações da Marinha e da Autoridade Marítima Nacional não chegam sequer para a nossa longa costa, que esta expansão se destina exclusivamente a garantir a satisfação de interesses privados, da União Europeia e dos Estados Unidos. E sem avaliar o tanto que irá destruir. Infelizmente, parece claro que só querem mais mar para, depois de o concessionar, o poderem furar.» 

João Camargo in Plataforma continental: mais mar só para furar - Público 17ago2017.


Bico calado

Only a pawn in their game, por Bob Dylan
  • Porque é que os monumentos dos confederados são facilmente derrubados? Porque foram construídos e implantados em massa, durante dois períodos distintos: nas duas primeiras décadas do século 20, período conhecido pelo Jim Crow, um pacote legislativo que pretendia retirar direitos aos negros, e durante os anos 60. Tudo com o patrocínio de grupos como As Irmãs Unidas pela Confederação, poderoso lóbi que tem tentado reescrever a história dos EUA e imposto a sua versão nos manuais escolares, deles excluindo os negros. Tweeter.
  • Não acham que, atendendo à presente época de fogos imparáveis, Azores Burning Summer é um nome provocatório e de muito mau gosto para um festival de fim de verão em Porto Formoso, S. Miguel-Açores?
  • «Após a detenção, o idoso confirmou a autoria do crime de incêndio, acrescentando que já era a quinta vez que tentava colocar fogo naquela zona do parque natural de Sintra-Cascais, tendo sido encontradas provas do crime no seu veículo. Quando foi constituído de arguido, o suspeito cometeu mais um crime de corrupção ativa na forma tentada, ao tentar oferecer 230 euros em dinheiro aos elementos da GNR para o libertar.» DN.
  • «Rui Moreira decidiu apresentar o dobro, fazendo disso um ato de propaganda e elogio à capacidade mobilizadora do seu movimento independente de cidadãos. Passadas duas semanas, o mesmo Rui Moreira assume que as assinaturas foram recolhidas com recurso a trabalho pago. Atacando os orçamentos de campanha de PS e PSD, Rui Moreira justificou os seus próprios gastos (290 mil euros) com a logística necessária à “recolha de assinaturas”, escrevendo na sua página de facebook que “pagamos aos jovens que andam a recolher assinaturas. O voluntariado não consegue recolher 30.000 de portuenses no espaço de um mês.”» Porto: agora as pessoas.
  • Após 38 anos como chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos vai ter direito, quando deixar o cargo, a imunidade, residência oficial e uma subvenção mensal vitalícia de 80% do salário base do Presidente da República. Macua.

sábado, 19 de agosto de 2017

Legislação que proíbe a aplicação de glifosato em espaços públicos e de lazer já está em vigor

Espinho, avenida 32. Foto de Manuel Adriano Martins Teixeira 19nov2016

O Decreto-Lei que proíbe a aplicação de pesticidas e herbicidas em espaços públicos e de lazer foi publicado a 24 de Março e entrou em vigor a 21 de Junho. Este decreto proíbe a utilização de produtos fitossanitários em locais públicos e de lazer. 

Excertos da lei: 

2e) - Assegurado que são previamente afixados, de forma bem visível, junto da área a tratar, avisos que indiquem com clareza a identificação da entidade responsável pelo(s) tratamento(s), o(s) tratamento(s) a realizar, a data previsível do(s) mesmo(s) e, se necessário, a data a partir da qual pode ser restabelecido o acesso e a circulação de pessoas e animais ao local, de acordo com o intervalo de reentrada que, caso não exista indicação no rótulo, deve ser, pelo menos, até à secagem do pulverizado;

5 - Sem prejuízo do disposto no artigo 31.º e nos nºs 1, 2, 3, 4, 9 e 10 do presente artigo, não são permitidos tratamentos fitossanitários com recurso a produtos fitofarmacêuticos:
a) Nos jardins infantis, nos jardins e parques urbanos de proximidade e nos parques de campismo;
b) Nos hospitais e noutros locais de prestação de cuidados de saúde bem como nas estruturas residenciais para idosos;
c) Nos estabelecimentos de ensino, exceto nos dedicados à formação em ciências agrárias."

Portugal: o consumo diário de água é o triplo do limite recomendado pela ONU

Imagem captada aqui.
  • 60% dos óleos alimentares usados são anualmente despejados nos esgotos devido à sua reduzida reciclagem, alerta a Zero. O setor hoteleiro, a restauração e as famílias são responsáveis por este desperdício de 28 milhões de euros, uma vez que esses óleos podiam ser valorizados para biodiesel. Metade das autarquias também não cumpre a legislação que obriga a instalar pontos de recolha em função do número de residentes. Por exemplo, com menos de 25.000 habitantes terá de instalar 12 pontos. Os municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Amares, Vila Verde e Terras de Bouro são exemplos a seguir. O Instalador.
  • Em Portugal o consumo médio de água chega aos 150 litros diários, o triplo de água que a ONU considera ser o necessário para higiene e alimentação. Este consumo excessivo torna-se ainda mais preocupante perante o atual estado de seca extrema. Governo quer que autarquias implementem medidas de redução, mas estas dizem que tudo passa por uma eficaz campanha de sensibilização que até agora não foi feita. Sol.
  • A Águas do Centro Litoral assumiu a responsabilidade da descarga poluente ocorrida no passado dia 14, resultou de uma obstrução no Emissário do Cáster, o qual foi resolvido no dia 15 de agosto de manhã. ON.

Mais três guardas florestais e um conservacionista assassinados

Índia. Foto de Biju Boro/AFP/Getty Images. Imagem colhida aqui.
  • A Noruega apregoa a sua pequena pegada de carbono, mas prepara-se para avançar com a extração de gás e petróleo no Ártico. DW. Viva a hipocrisia!
  • Três guardas florestais foram mortos e um outro está desaparecido após um ataque dos rebeldes da Mai Mai no parque nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, elevando o número de mortes neste parque este ano para oito. O parque nacional de Virunga é patrimônio mundial da Unesco, lar de três espécies de grandes macacos e outras espécies ameaçadas de extinção, incluindo o okapi  e elefantes. Entretanto, um reconhecido conservacionista de elefantes foi abatido a tiro na Tanzânia quando seguia, de táxi, do aeroporto de Dar es Salaam para o hotel. Já tinha sido vítima de várias ameaças de morte relacionadas com o seu trabalho como dirigente da Fundação PAMS, uma organização de defesa de elefantes e de apoio a comunidades locais.
  • A legislação brasileira vai permitir que os transgressores ambientais troquem multas milionárias por investimentos em projetos de recuperação com desconto até 60% da penalização original. Reuters. É o que acontece nos EUA, onde, para além de uma reduzida coima, o prevaricador é intimado a «investir» certa quantia em equipamentos, infraestruturas ou medidas de correção às irregularidades registadas. 

Reflexão - Portugal devastado: rotina ou terrorismo?

Imagem colhida aqui.

« (…) o fogo que alastra em Portugal, sem descanso, resulta da acumulação de incêndios isolados provocados por fenómenos naturais ou pela demência de pirómanos? Ou é uma vaga terrorista organizada para devastar o país, delapidar o que resta da sua riqueza natural e impedir o governo de governar até que mãos salvadoras venham encarreirar a pátria nos trilhos de onde jamais deveria ter saído? (…) Até à vista desarmada – sem necessitar da espionagem por satélites ou da caça aos telefones e e-mails de cada um de nós – se percebe que nem tudo é aleatório no quadro de incêndios em Portugal. O vento sopra em todo o país, mas as chamas, tal como em 1975, poupam as zonas onde prevalecem grandes interesses económicos tendencialmente sem pátria. As vítimas da catástrofe são pequenos e médios proprietários fundiários, normalmente esquecidos pelos governos e indefesos perante as calamidades; o terror ataca pequenas aldeias que até os mapas oficiais olvidam, ou então preciosidades do património humano, histórico e natural que é de todos, como no caso da Gardunha e suas aldeias, onde chegou a hora do ataque das chamas. (…) Ignorar, para os devidos efeitos, que a vaga de incêndios em curso em Portugal, pelas suas características, regiões de acção e contumácia, pode ser uma operação de terrorismo organizado é um crime contra o país e todos os portugueses. Uma hipótese como essa não pode ser descartada. (…)» 

José Goulão in Portugal devastado: rotina ou terrorismo?Abril.

Bico calado

Imagem captada aqui.
  • Os EUA provavelmente não conseguirão substituir a Rússia como principal fornecedora de gás à Europa, mesmo que ofereça gratuitamente o seu gás, afirmou o enviado russo à União Europeia, Vladimir Chizhov. Primeiro, porque não teriam quantidade suficiente para abastecer a Europa, segundo porque só têm um porto para o exportar e terceiro, porque a Europa não tem portos suficientes para o desembarcar. RT.
  • «(…) Parece-me também insustentável o clima de suspeição que se lança sobre as autoridades policiais e a impunidade com que se insulta e agride as forças da ordem. Outra opinião parece ser a de Júlia Pinheiro,  a quem a SIC paga milhares de euros mensais para lançar na opinião pública a suspeição contra a actuação das autoridades. A GNR não está acima de qualquer suspeita, mas se mantivermos constantemente esta desconfiança quanto à sua forma de actuar, não tardará o dia em que vamos precisar da sua protecção e elas nos fazem um manguitoCarlos Barbosa de Oliveira.