domingo, 30 de julho de 2017

Brasil: queda de avião mata equipa de combate à desflorestação

Praia Magoito. Foto: Fernanda Botelho 27jul2017.
  • Exército e polícia investigam a queda inexplicável de um avião que transportava cientistas ambientais envolvidos no combate à desflorestação e à mineração ilegal na Amazónia. O acidente provocou quatro mortos, incluindo membros das forças especiais de proteção ambiental do Brasil. Os analistas ambientais Olavo Perim Galvão e Alexandre Rochinski morreram ao lado do técnico administrativo Sebastião Lima Ferreira Junior e do piloto da aeronave, Marcos Costa Jardim. O desastre ocorreu em Cantá, Roraima, perto da fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, quando se dirigia para a reserva índia dos Yanomami. Em 2015, uma investigação do Los Angeles Times acompanhou Olavo e os seus colegas em trabalho no estado do Maranhão. O grupo contou como o seu helicóptero fora baleado do chão e que os civis apanhados a falar com eles ou a relatar crimes arriscavam ser assassinados. The Guardian.
  • A Austrália está a construir uma autoestrada de 1800 km, em Queensland, que oferece 18 postos de carregamento a veículos elétricos. A estrada, que custará 3 milhões de dólares e deverá ser inaugurada dentro de seis meses, liga Cairns a Coolangatta e a Toowoomba, seguindo a rota da Grande Barreira de Corais. Os postos de carregamento alimentam um veículo em 30 minutos. Os motoristas poderão carregar os seus veículos gratuitamente durante pelo menos um ano. Reuters.
  • Que tal ter hortas em vez de jardins? Acontece algures nos EUA…

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Foto de Mário Rui Ribeiro 28jun2017.

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares das últimas duas semanas foram, segundo a Google Analytics:
Durante o mesmo período, as visitas vieram, por ordem decrescente, dos seguintes países: Portugal, EUA, Brasil, Canadá, Alemanha, Chile, França, Grécia, Hungria e Indonésia. 

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa, foi a seguinte: Aveiro, Porto, Lisboa, Coimbra, Leiria, Braga, Faro, Açores, Castelo Branco e Guarda.

Mão pesada

A Nghệ Tĩnh Metal Color Joint Stock Company foi multada em 44 mil dólares por responsabilidades na contaminação do rio Nậm Hương na sequência do colapso de uma represa que retinha resíduos de mineração. Viêt Nam News.

Bico calado

Foto de Mehdi Fedouach/AFP/Getty Images
  • «(…) o CDS apenas se mostra interessado em capitalizar politicamente através da ameaça de uma moção de censura. Ninguém percebe bem para quê, num Parlamento em que a esquerda está unida para uma legislatura. A ideia que Assunção Cristas dá, cada vez que volta à ameaça, é tão confrangedora como a imagem das populações atingidas pelo fogo a combaterem as chamas com baldes de plástico. Só que no caso das vítimas de incêndio há danos e falta de meios alternativos. No CDS parece haver tão-só chico-espertismo e ausência de qualquer ideia de país. Isto, quando a líder do CDS foi ministra da Agricultura quatro anos e não reza a história que algo tenha feito para contrariar o disparate geral das políticas florestais.(…)» São José Almeida in Costa no seu noveloPúblico 29jul2017.
  • «(…) Há muito que carrego comigo esta dúvida: será que as imagens televisivas dos incêndios não são elas próprias causadoras de incêndios? Que melhor pode desejar um incendiário do que transformar o seu gesto em tragédia e notícia de telejornal, ver o espectáculo do fogo por si ateado a passar nas televisões? Como o demonstraram as decapitações públicas filmadas e divulgadas pelo Daesh, que atraíam mais voluntários para as suas fileiras, a instantaneidade da partilha de tudo o que vimos ou fazemos acontecer não serve só para os inocentes devotos do Instagram. (…) Diz a Celpa que a lei “reduz o rendimento dos pequenos proprietários com a única espécie florestal rentável num prazo de 10-20 anos”. É justamente aí que está o problema: a tentação do lucro rápido interrompendo o ciclo ancestral de plantar para a geração seguinte e assim sucessivamente. A tentação de pegar em terrenos abandonados pela agricultura e pela pastorícia e neles plantar eucaliptos para vender às celuloses, sem necessidade de qualquer manutenção: os terrenos continuam abandonados, o mato continua por limpar, mas se por sorte não acontecer algum incêndio enquanto as árvores crescem, valeu a pena. Se acontecer, paciência, os bombeiros apagam o fogo e o país paga a despesa. Isto, diz a Celpa, é uma riqueza que representa 5% do PIB. Para eles, talvez; para o país é um desastre — financeiro, humano, ambiental, sociológico. Mas eles têm amigos poderosos em todo o lado, como bem se viu no debate parlamentar em que, honra lhe seja feita, apenas o Bloco de Esquerda defendeu, de princípio a fim, o interesse público.(…)» Miguel Sousa TavaresExpresso 29jul2017.
  • «O responsável da empresa da Electricidade Moçambique no distrito de Namacurra, passou algumas horas detido nas celas do Comando distrital da Polícia da República de Moçambique daquele ponto da província, por ter efectuado corte no fornecimento de energia eléctrica à residência de uma agente da Polícia de Trânsito, por não ter pago a factura de dois meses de consumo de energia.» Macua.
  • As autoridades dos Emirados Árabes Unidos proibiram o site e a revista de uma importante empresa por um mês por supostamente publicar «notícias falsas» sobre projetos de construção falhados no Dubai. A Arabian Business retirou o relatório, intitulado «51 projetos do Dubai em processo de liquidação», e publicou uma declaração afirmando «gostaríamos de pedir desculpas sem reservas pela publicação destas informações, o que foi um descuido da nossa parte. Nós excluímos o relatório de todos os nossos arquivos eletrónicos. As informações publicadas relativas aos projetos datam de 2010 e, como tal, estão agora desatualizadas». Middle East Eye.
  • O Supremo Tribunal do Paquistão ordenou a demissão do primeiro-ministro Nawaz Sharif por acusações de corrupção. As acusações contra Sharif e três de seus filhos - dois filhos e uma filha - resultaram de divulgações dos Panama Papers, que revelaram revelou que os filhos possuíam apartamentos numa zona cara de Londres através de uma série de offshores. NYTimes.

sábado, 29 de julho de 2017

Apanhados de Espinho

  • Para além de continuar a cheirar mal, a Ribeira de Silvalde volta a sofrer a descarga de resíduos plásticos…

  • Na rua 14, entre a 19 e a 21, o problema da escassez de espaço para estacionar automóveis parece ter sido facilitado. Vejam lá se a câmara veio colocar gravilha na caldeira, se veio aplicar cascalho com resina, se veio aplicar pedrinhas na caldeira vazia. Vejam também se a câmara veio colocar aqui um vaso com flores e se foi entregar um regadorzinho aos comerciantes da esquina para as regarem...

  • Alguém despejou resíduos de papel junto deste ecoponto, na esquina da rua 14 com a 21. Haverá negócios paralelos a motivar tamanha falta de civismo?

«Fundo Ambiental já escolheu cidades do programa Laboratórios Vivos para a Descarbonização»

Rio Paiva em Janarde, Arouca. Foto: Portugal em caminhadas 26jul2017.
  • O Ministério do Ambiente (MA) já divulgou as 12 cidades selecionadas pelo Fundo Ambiental para a implementação do programa Laboratórios Vivos para a Descarbonização: Almada, Seixal, Águeda, Matosinhos, Figueira da Foz, Maia, Évora, Loulé, Mafra, Alenquer, Barcelos e Braga. Nesta fase, dotada de um orçamento de um milhão de euros, cada município será contemplado com 80 mil euros. De acordo com o MA, este programa pretende fomentar a descarbonização das cidades através de soluções tecnológicas que aumentem a eficiência e reduzam o consumo de energia e cocriar cidades inovadoras, sustentáveis e inclusivas que visem a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e das comunidades. Os beneficiários são municípios portugueses com uma população residente inferior a 200 mil habitantes e superior a 50 mil habitantes (Censos 2011), isoladamente ou em consórcio com outras entidades, numa lógica de cooperação. JE do Mar.
  • As caixas-abrigo para morcegos colocadas no Parque do Tua, em Trás-os-Montes, apresentam taxas de ocupação de 58%, superiores às expetativas iniciais do projeto (10%) que visa combater pragas agrícolas com recurso a estes predadores naturais. Público.

Reflexão - «Os supermercados que cobram mais a quem não vem de carro»

Animação de Frédéric Vayssouze-Faure.

«Muitos estabelecimentos comerciais com estacionamento optam por não cobrar aos clientes. É óbvio que o estacionamento tem enormes custos de funcionamento, e do espaço ocupado (seja comprado ou arrendado) especialmente quando falamos do centro das cidades onde o m² é bem caro. Estes custos são refletidos nos preços e no serviço para todos os clientes, quer venham de carro ou não. Da próxima vez que forem a um supermercado ou centro comercial com estacionamento, lembrem-se que estão a subsidiar o estacionamento dos outros. Há muitos casos que são as próprias câmaras que exigem, infelizmente, a existência destes estacionamentos. Mas isso não implica que o seu uso seja gratuito. Além de ser uma situação injusta, trata-se de um incentivo perverso ao uso do automóvel, pago por quem não o usou. Haverá certamente clientes que optariam por outro meio de transporte, se o parque não fosse gratuito.» 

Bico calado

Imagem colhida aqui.
Esta faz-me recordar o célebre discurso de Odorico em campanha eleitoral defendendo cemitério.

  • Quem é Isabel Monteiro, a empresária da lista de 73 mortos de Pedrógão? Responsável pela Dialectus, uma empresa que produz programa televisivos como Toda a verdade, 60 minutos, Masterchef, Kitchen Nightmares, No Reservations, Doctor Phill, Naruto, entre outros. A Dialectus teve como principal cliente o canal SIC em simultâneo com AXN, Lusomundo, MEO Kids, Canal Panda, BBC Brasil e Fox. A maioria dos seus colaboradores encontra-se no desemprego e continua sem receber o que lhes é devido. Jornal Tornado.
  • A operadora de telecomunicações Meo aplicou uma penalização de 139 euros pelo cancelamento do contrato de uma vítima mortal do incêndio de Pedrógão GrandeJornal de Leiria.
  • «Toda a cobertura de Pedrógão revelara já o melhor e o pior do jornalismo que temos. Mas estes últimos dias foram de facto exemplares. De quê? Do modo como é possível fazerem-as títulos bombásticos que afinal são desmentidos pelas próprias notícias. A manchete do Expresso segundo a qual a “Lista de 64 mortos exclui vítimas de Pedrógão” choca com a própria reportagem, em que afinal as vítimas excluídas eram uma só pessoa, que as autoridades públicas – e não políticas -, seguindo critérios técnicos internacionais, não consideraram “vítima direta”, dado que morrera atropelada. Exemplar também de como a imprensa de referência consegue fazer notícias baseadas em poucos depoimentos e factos mas em muito spinning político (a utilização pelo jornal i, citada por outros meios, de uma lista de mortos atribuída a uma obscura empresária, pelos vistos conhecida por enganar trabalhadores, é um exemplo da degradação informativa e noticiosa). Exemplar, finalmente, de como órgãos de referência se podem prestar ao mais absoluto e triste ridículo (o jornal da noite da SIC, com uma infografia dos mortos e uma jornalista entusiasmada que chegou a anunciar ter havido uma pneumonia “causada pelo incêndio” – o que é um absurdo – é um caso eloquente do grotesco). Francamente, os leitores e os espectadores mereciam mais. E agora, em vez dos disparos do costume sobre quem faz análise e crítica da imprensa (a página dos “Truques da Imprensa Portuguesa” sendo um dos alvos do ódio de alguns jornalistas que abominam qualquer escrutínio), em vez das insinuações sobre tratar-se de gente “ao serviço do cartão partidário” (um dos mais básicos truques de desqualificação do outro para evitar discutir a substância, que é ainda mais grave quando quem o enuncia sabe tratar-se de uma mentira), mais valeria a grandeza de um pedido de desculpas. Mas este episódio é assinalável ainda por outras razões. O efeito bola de neve que estes fenómenos causam precipitou o PSD (e, por arrasto, o CDS, embora menos exuberante) a cometer um erro político profundo ao cavalgar um caso sem fundamento e ao instrumentalizar mortes dramáticas de forma pura e simplesmente abjeta. O facto provocou a indignação de figuras da própria Direita, que vieram, também elas, exigir um pedido de desculpas. De entre todos, Hugo Soares, o novo líder parlamentar do PSD ansioso por mostrar serviço, acabou por ser a cara desta ignomínia. Que a sua ascensão política se tem alimentado do espalhafato em torno da superficialidade e da exploração de preconceitos, já sabíamos. Só que o PSD anunciou a sua eleição como líder parlamentar porque ele seria “o melhor” que têm. Custa a crer. Mas a ser verdade, imagine-se os outros…» José Soeiro in A tragédia de Pedrógão e o jornalismo de arrastãoExpresso Diário 28jul2017.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Espinho: Passadiço alvo de manutenção e correção de trajeto


Um troço do passadiço sobre o cordão dunar em Silvalde-Espinho está a ser, mais uma vez, alvo de manutenção. A erosão provocou rombos que mereceram uma intervenção, nomeadamente na alteração do seu trajeto, que sofreu um recuo ao longo de algumas dezenas de metros. 

A obra está a cargo da Toscca, uma empresa de Oliveira de Frades, a mesma que implantou a rede de passadiços na zona da barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos. Curiosamente, os primeiros trabalhos de implantação deste passadiço que liga a Ribeira de Silvalde à barrinha foram levados a cabo pela Carmo, outra empresa também de Oliveira de Frades.

Ambientalistas processam administração Trump

Imagem colhida aqui.
  • Das 20 indústrias mais poluidoras da Europa apenas três não são centrais termoelétricas a carvão. Por países, a Alemanha destaca-se (negativamente) com sete, Polónia com três, o Reino Unido com duas, depois Grécia, Bulgária, Holanda e Portugal, com uma cada. A termoelétrica de Sines é mencionada pelo relatório europeu relativo a 2015, um ano seco que fez Sines contribuir com 16,5% do total da eletricidade consumida em Portugal Continental. A indústria mais poluidora da Europa situa-se na Polónia. Seguem-se três indústrias situadas na Alemanha, aparecendo uma do Reino Unido na 5ª posição. Depois, mais três da Alemanha, outra da Polónia e uma de França, que fecha o top ten. Sines aparece na 16ª posição, com cerca de 1/4 das emissões geradas pela portuguesa mais poluidora. O Instalador.
  • O Center for Biological Diversity  processou a administração Trump por não fornecer registos públicos sobre eventuais reuniões entre o Departamento do Interior e executivos das energéticas. As reuniões foram feitas para alegadamente revogar legislação da administração Obama sobre o licenciamento de terras públicas federais para extração de carvão. ThinkProgress.

Reflexão - «Até as multas ao estacionamento ilegal são subsidiadas»


«Já vimos que o estacionamento em espaço privado (garagem) ou em espaço público (rua ou parque de estacionamento) é vergonhosamente subsidiado, ao ter preços que chegam a ser um milésimo do preço que outras ocupações pagariam.

Mas até o estacionamento ilegal é subsidiado. As multas de estacionamento são tão baixas (a maioria de 30€) que dificilmente cobrem o custo de toda a estrutura de vigilância, cobrança, e eventual bloqueio e reboque de automóveis. Pensem só na quantidade de recursos necessários para esta vigilância funcionar.

O pilarete é um exemplo extremo deste custo. Segundo o Peão Exaltado (aka Passeio Livre), o material e a montagem do pilarete está na ordem dos 90€; se lhe somarmos o planeamento e a manutenção, facilmente o custo passa os 100€ por cada um, pagos pelas câmaras municipais. Pensem na quantidade de pilaretes no vosso concelho, e terão (mais) um custo que os prevaricadores impingem aos outros.»

Bico calado

Imagem: Frédéric Vayssouze-Faure

«Numa época em que se multiplicam cada vez mais as "certezas absolutas" sobre tudo e sobre nada, em que os assuntos que dominam a atualidade mediática raramente conseguem ultrapassar a fronteira do clickbait fugaz e instantâneo, e em que começam a surgir, perigosamente, discursos de ódio e de intolerância, não nos fazia mal, de facto, podermos todos parar um bocadinho para pensar. Era importante também que, com espírito aberto, mergulhássemos todos no país real. Sim, no Portugal que existe, de facto, e não naquele Portugal que entra todos os dias nos nosso cérebros, de forma quase automática, através das redes sociais cada vez mais monocórdicas, e dos debates acalorados sempre sobre os mesmos temas e em que todos só querem, à vez, falar mais alto, e defender aquilo que já sabíamos de antemão que iam defender, sem nada de novo para acrescentar. No fundo, o que devíamos mesmo era aproveitar este verão e começar a olhar para nós, para o País, para as nossas fúrias e tristezas, angústias e polémicas, com os olhos dos estrangeiros que cá vêm passar férias. Aqueles que chegam com o olhar distanciado, a mente menos inquinada pelos nossos pequenos e grandes dramas, sem interesses próprios nem opiniões formadas sobre a nossa realidade. Se Portugal entrasse todo de férias, iríamos, se calhar, perceber melhor muito do ridículo em que temos vivido.» 

Rui Tavares Guedes in Ir a banhos para a realidade – Público 27jul2017.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Espinho: Telhas de fibrocimento com amianto despejadas no aeródromo

Telhas de fibrocimento com amianto foram despejadas em dois montes na parte abandonada da pista do aeródromo de Paramos-Espinho. 
As autoridades competendes deveriam remover estes resíduos com urgência devido à iminência de libertação de fibras de amianto que podem representar graves problemas para as pessoas que habitam nas proximidades e para os trabalhadores que, neste momento, ultimam a nova via de acesso ao núcleo populacional da praia de Paramos.  
Sublinhe-se que o IARC classifica como carcinogénico todas as variedades de amianto, pelo que a exposição deve ser reduzida ao mínimo.

Barragens: Quercus vai recorrer da decisão da CE

Rio Louredo, Gouvães. Foto: GEOTA.
  • A Comissão Europeia quer arquivar a queixa apresentada pela Quercus há seis anos contra a construção das barragens de Gouvães, Daivões e Alto Tâmega Real, mas a associação ambientalista já anunciou que vai recorrer da decisão. «Para além do tempo inadmissível [6 anos] que demorou a dar resposta a uma questão desta natureza, faz tábua rasa de todos os argumentos e justifica-se apenas com as justificações que o Governo deu. Isto mina completamente a confiança dos cidadãos nas instituições europeias», disse João branco, presidente da Quercus. Acrescentou ainda que a Comissão Europeia «apenas se limitou a reproduzir os documentos de todo o processo administrativo português» e, depois, justificou-se «com coisas completamente absurdas como, por exemplo, haver planos de recuperação para os rios que agora vão ser destruídos». A Quercus insistiu que o projecto de construção das barragens no Tâmega incorre numa violação flagrante de várias directivas europeias e da legislação nacional, nomeadamente a Directiva Quadro da Água, a Directiva Aves e a Directiva Habitats, bem como a Lei da Água e os instrumentos de gestão territorial aplicáveis. «Vamos contestar esta proposta de arquivamento e depois vamos ponderar outro tipo de acções, nomeadamente junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Estas decisões da Comissão Europeia mostram que o cidadão não tem a quem recorrer quando se trata de violações de directivas comunitárias e isso é uma situação grave», afirmou João Branco. O responsável considerou ainda que, «na Europa, não há ninguém interessado em fazer cumprir as leis ambientais e muito menos na conservação da natureza e na qualidade ambiental». «A economia está a sobrepor-se às questões ambientais e às directivas que deveriam garantir aos cidadãos que têm qualidade ambiental», concluiu. JNegócios.
  • Uma quantidade significativa de placas de fibrocimento com amianto foi despejada no Parque Natural do Litoral Norte, tendo provocado a quebra destas placas em pequenos pedaços. A sua remoção é urgente e os critérios de segurança a adotar na limpeza deverão ser apertados uma vez que o material está no estado “friável” e existe o risco de libertação de fibras de amianto. A situação é preocupante porque esta descarga foi realizada numa zona utilizada para caminhadas, pelo que a passagem de pessoas pela área as expõe a estes materiais, que estando partidos em pedações pequenos poderá provocar o risco de libertação de fibras. O IARC classifica como carcinogénico (agente, mistura ou exposição suscetível de produzir ou favorecer o cancro) todas as variedades de amianto, pelo que a exposição deve ser reduzida ao mínimo. A OMS – Organização Mundial da Saúde, chega mesmo a referir que «não se conhecem valores limites de exposição abaixo dos quais não haja risco cancerígeno» e alerta para os riscos de exposição ao amianto e seus efeitos na saúde ambiental. Quercus.

Reflexão – Oliveiras a arder


Imagens: Arlindo Manuel Consolado Marques

Bico calado

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  • Soldados e polícias israelitas atacaram um hospital palestiniano duas vezes na semana passada, impedindo alguns médicos de prestar cuidados médicos de emergência a pacientes gravemente feridos, denuncia a Amnistia Internacional.
  • A Holanda e o Reino Unido são as maiores lavandarias mundiais da fuga ao fisco, admite um estudo citado pelo The Guardian.

Avareza 24

Imagem colhida aqui.

«Mas os seguidores de Bosco recusam. Sentem o cheiro a esturro, percebem que no caso há qualquer coisa que não bate certo. Não desembolsam nem mais um euro. Então Silvera denuncia-os, convence os juízes de que a partilha da herança é válida, que a sua negociação foi decisiva. Em tribunal a sua versão é considerada fundamentada e, assim, em 2012, os salesianos sofrem uma penhora cautelar de 130 milhões de euros. Uma penhora que revela - sem incluir a herança recebida — as enormes disponibilidades dos padres: além de edifícios de prestígio (entre os quais a sede da direção-geral romana na Via della Pisana), descobre-se que têm também um fundo, chamado Polaris Investment SA, no Luxemburgo. Na teoria e na prática, sinónimo de paraíso. Fiscal, entenda-se. Procurando por entre os documentos na Conservatória do Grão-Ducado, é possível encontrar o estatuto da Polaris e, deste modo, perceber quais são os sócios fundadores da sociedade, que entregaram a 6 de fevereiro de 2004 quotas de participação de milhões de euros: a direção-geral de Obras de Dom Bosco, que detém a maioria das ações, o Instituto Religioso de Dom Orione e a província de Génova dos Frades Menores Capuchinhos. A ideia de criar uma sociedade de gestão de fundos é de Giovanni Mazzali, administrador dos salesianos, com estudos no estrangeiro e responsável financeiro de uma organização já presente em 130 países do mundo. Por quê constituir um "fundo ético" precisamente no Luxemburgo? Provavelmente pelas indubitáveis vantagens fiscais, e para atrair capitais privados: é um facto que em 2007 os salesianos conseguem convencer a Cariplo a investir na Polaris Investment Italia SGR, uma sociedade de gestão controlada pela casa-mãe luxemburguesa, 5000 milhões de euros, uma injeção de liquidez que implicará também o ingresso da Cariplo entre os sócios da SA luxemburguesa. Hoje a sociedade do Grão-Ducado mudou de nome, sendo rebatizada Quaestio Investments, mas ainda está ativa, tendo os padres saído da sociedade controlada italiana.» 


Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Vaticano desliga 100 fontenários

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  • As autoridades do Vaticano começaram a desligar cerca de 100 fontenários devido a uma prolongada seca que afeta a pequena cidade-estado e a cidade de Roma que a rodeia. Reuters.
  • Uma área do Golfo de São Lourenço foi fechada à pesca do caranguejo aranha após a oitava baleia do Atlântico Norte ter sido encontrada morta. Das oito baleias encontradas a flutuar no golfo desde o início de junho, pelo menos metade foram identificadas como se tendo alimentado  nas águas do sul da Nova Inglaterra. O equipamento para a pesca ao caranguejo aranha representa um risco para as baleias, diz a Fisheries and Oceans Canada, que supervisiona a conservação e o uso sustentável dos oceanos e das águas interiores do país. Cape Cod Times.
  • A Northeast Organic Farming Association of New York (NOFA-NY ) denunciou a autorização da USDA para os primeiros ensaios ao ar livre da variedade transgénica da traça Plutella xylostella anunciada para se realizar em Genebra, Nova York. Tudo porque se desconhecem as conclusões do estudo de impacto ambiental legalmente obrigatório. A traça Plutella xylostella é uma praga das brássicas em todo o mundo. O objetivo desta nova traça transgénica seria reduzir as populações de pragas da Plutella xylostella através da manipulação de um novo traço de letalidade feminina em mariposas masculinas transgénicas. Milhares desses machos aproximam-se de fêmeas selvagens que produzem ovos que são colocados na brássica e as fêmeas morrem. Os machos transgénicos continuam o ciclo e suprimem o número de mariposas Plutella xylostella selvagens. Antes dos ensaios previstos, a Universidade de Cornell deve pedir uma autorização ao DEC do Estado de Nova York. Normalmente, as autorizações decorrentes das investigações da Cornell merecem uma revisão superficial por parte do DEC, mas como se trata da primeira versão mundial de um novo inseto, a NOFA-NY defende que deverá haver muito mais rigor na análise dos impactos envolvidos. E essa análise deverá incluir uma audiência pública para determinar o conteúdo de uma declaração de impacto ambiental completa. EcoWatch.

Reflexão – As coincidências muito convenientes da Celpa

Rio Arado. Foto: Caminheiros do Gerês 21jul2017.

A Celpa, - Associação da Indústria Papeleira -, considera que a reforma florestal aprovada no parlamento é o maior atentado alguma vez perpetrado contra a floresta na história da democracia em Portugal. Para a indústria papeleira, a legislação aprovada "não honra a comunidade científica e universitária, que tem afirmado categoricamente que os incêndios estão diretamente relacionados com a falta de gestão e limpeza do território (que leva ao excesso de combustível no terreno), o insuficiente número de 'barreiras corta-fogo' (por exemplo, 10 metros face às estradas, 50 metros face às habitações)". Lusa/SIC.

Para a Celpa, há, pelos vistos, coincidências muito convenientes: «Os incêndios em nada dependem das características das espécies florestais, do eucalipto ou outras, como o demonstram os factos históricos e o explica a comunidade científica e universitária. Aliás, ocorreu há uma semana um grande incêndio em Moura, no Alentejo, numa zona onde não há eucaliptos. O incêndio de Alijó, Trás-os-Montes, confirmou, uma vez mais, como o fogo arde devastadoramente onde não há eucaliptais.» Público de 25jul2197 – página inteira de publicidade paga pela Celpa.

Bico calado

  • O Environmental Integrity Project, um grupo formado por ex-funcionários do ministério do Ambiente dos EUA, publicou um relatório com base na agenda do ministro do Ambiente Pruitt e em vales de viagem entre março a maio. Os vouchers e a agenda revelam que a Pruitt passou 43 dias em 92, quer em Oklahoma, ou viajando de e para aquele estado. Todas essas viagens usaram impostos dos contribuintes num total de 12 mil dólares. OffGuardian.
  • «(…) Este ambiente onde se cultiva a suspeita e o desprezo pelo jornalismo e pelo sistema mediático, muito especialmente pela numerosa oligarquia que tem a seu cargo o comentário político e o editorialismo, está instalado em Portugal. A diferença em relação à França é que por cá os jornalistas não ousam colocar a questão publicamente e assimilaram com força de lei este mandamento: “Não farás auto-crítica: o jornalismo é ofício de auto-celebração”. É hoje bem visível que a insurreição contra o poder jornalístico, a que o Libération se referia, está bem activa em Portugal e não consiste apenas numa atitude arrogante das elites intelectuais. Mas a situação portuguesa tem as suas especificidade: sobre a ausência ou a rarefacção de alguns géneros jornalísticos tradicionais, ergueu-se a opinião e o comentário políticos, uma multidão de gente que transita da esfera política para o jornalismo e vice-versa, e começa o dia no jornal, passa à tarde pela rádio e está à noite na televisão. Este sistema conduz ao discurso histérico e à ausência de diversidade intelectual, muitas vezes confundido com a falta de pluralismo político, mas mais grave do que este porque está muito mais naturalizado e dissimulado. E é, além disso, responsável por uma esterilização da esfera pública mediática. (…)» António Guerreiro in É preciso queimar os jornalistas? - Público.
  • «(…) Como em qualquer monocultura, a especialização no turismo massificado é um erro que pagaremos muito caro no futuro. O país fica dependente de uma atividade volátil, sujeita a variáveis que não controlamos. Especializa-se em áreas de baixas qualificações, salários mínimos e vínculos precários. Concentrando investimentos na galinha de ovos dourados, perderemos oportunidades noutros setores, enquanto se especula no imobiliário e se aposta apenas nos serviços. Como se não bastasse, a vida em certas zonas das cidades está a tornar-se insuportável. As rendas dispararam, a circulação em certas áreas é impossível e os preços também. A Lisboa e o Porto de que os turistas tanto gostam vão desaparecendo a cada dia. Há cada vez menos restaurantes e cada vez mais franchisings, cada vez menos lojas tradicionais e cada vez mais casas de souvenirs iguais às outras casas de souvenirs, cada vez menos habitantes e cada vez mais hotéis, "airbnbs" e apartamentos de luxo. (…)» Mariana Mortágua in Turismo, oportunidade ou maldição? - JN.

Avareza 23

Imagem colhida aqui.

«Um documento inédito do Tribunal de Contas de abril de 2014, ou seja, o convite ao prelado a apresentar provas, relata detalhadamente a burla organizada pelo grupinho de padres da cúria de Salerno, desde sempre proprietários de um conjunto de edifícios, chamado Colonia San Giuseppe. Em 2001 decidem que chegou o momento de restaurar edifícios ruinosos e velhas estruturas desabitadas e participam num concurso regional. Um acordo-quadro com o qual o Estado italiano financiava com dinheiros públicos obras “para a promoção da oferta social nas áreas degradadas, a melhoria da qualidade urbana ou a recuperação e requalificação do património histórico cultural».
O monsenhor Pierro escreve na demanda que o beneficiário dos trabalhos seria "toda a coletividade" e pede 2,3 milhões de euros. A Região acredita no projeto dos padres e fornece o dinheiro. Mas, num frio e chuvoso 5 de novembro de 2008, quando os técnicos vão controlar o estado da obra da Aldeia da Criança para os meninos pobres, nem acreditam no que veem: "a diocese", escrevem num relatório técnico, "em vez da prevista estrutura ao serviço da coletividade, realizou uma estrutura hoteleira” (…). 
Assim, com o dinheiro surgiu o Angellara Home, um hotel semelhante a Il Cantico dos franciscanos de Roma, dotado de todos os bens de Deus: quartos elegantes com minibar, televisão led com canais de satélite, Internet, sala de congressos para quatrocentas e cinquenta pessoas e uma pequena praia privada para os hóspedes. O grupinho de condenados conseguira registar de maneira fictícia o hotel, como "colégio-internato-hospício-orfanato" e não como hotel. 
Não obstante o escândalo, o ex-arcebispo permaneceu no cargo até à reforma. Hoje vive na província de Salerno, não longe de Pontecagnano Faiano, onde em 2010 alguém ergueu uma estátua de quatro metros de altura figurando o próprio Pierro no jardim do eminário metropolitano do país. "Ao monsenhor Gerardo Pierro, arcebispo primaz metropolitano de Salerno, ao cumprir-se o seu 75º aniversário com viva gratidão, a arquidiocese erigiu"». 

Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

terça-feira, 25 de julho de 2017

51 mil litros de glifosato terão sido aplicados em 2017 em bermas de estradas

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  • 51 mil litros de glifosato terão sido aplicados em 2017 nas bermas de estradas em Portugal, denuncia a Zero. O glifosato é a substância ativa incluída em herbicidas como o Roundup, da Monsanto, ou o o Montana, da Sapec. Para além de ser potencialmente cancerígeno, o glifosato tem forte impacto na biodiversidade e facilita os incêndios
  • Apenas 1,2% das águas residuais tratadas são reutilizadas, o que corresponde a metade da média registada na União Europeia. A Zero considera isto uma contradição, uma vez que Portugal é um dos países europeus mais suscetíveis à seca - em junho, cerca de 80% do território estava em seca severa (73%) e extrema (7%) - e às alterações climáticas. As águas residuais podem ser tratadas e depois reutilizadas para vários fins, como a rega na agricultura ou em jardins, a lavagem de pavimentos, de viaturas ou de contentores do lixo. Esta prática é adotada em 13 ETARs algarvias: Almargem, Vila Real de Santo António, Loulé, Quinta do Lago, Vilamoura, Olhão Nascente, Faro Noroeste, Albufeira Poente, Ferreiras, Vale Faro, Boavista, Silves e Lagos. DN. No Dia Mundial da Água deste ano, a ONU  pediu que as águas residuais fossem muito mais tratadas e recicladas. Tudo porque mais de 80% das águas residuais são descartadas no ambiente sem qualquer tratamento e, por isso, a água com bactérias, nitratos, fosfatos e solventes é descarregada em rios e lagos, acabando por desaguar nos oceanos, com consequências nocivas para o ambiente e para a saúde pública. Ambiente Ondas3 24mar2017

México: recife de coral merece seguro

Foto: Slavek Ruta/REX/Shutterstock
  • O Estado de Maryland vai processar o ministério do Ambiente dos EUA e o seu responsável máximo, Scott Pruitt, sobre a poluição induzida por poluição atmosférica que flui através das suas fronteiras a partir de estados vizinhos, incluindo a Pensilvânia. O processo acusa o ministério de não estar a fazer cumprir a Lei de Ar Limpo. Nele se identifica 36 centrais de energia na Pensilvânia, Indiana, Kentucky, Ohio e West Virginia, que não usam equipamentos de controlo de poluição. Philly.
  • No Oregon, um estado conhecido pela sua cultura de ciclismo, a aprovação de uma imposto suplementar se 15 dólares sobre a venda de bicicletas com roda 26 está a provocar a fúria dos ciclistas. Em média, as bicicletas com roda 26 irão sofrer um agravamento de 15 dólares. Apesar desta forma de financiamento ter o objetivo de introduzir melhorias que beneficiem os ciclistas, o imposto conseguiu irritar os republicanos anti-impostos e os ciclistas conscientes do Ambiente. The Washington Times.
  • O recife de coral ao largo da costa de Cancún, vai ser protegido por um regime de seguro através do qual os prémios serão pagos pelos hotéis locais e pelo governo, e o dinheiro para pagar a manutenção do recife será liberado no caso de uma tempestade. The Guardian.

Mão pesada

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O proprietário de um eucaliptal, na Ribeira de Alcalamouque, Ansião, foi multado por ilegalidade da plantação e obrigado a repor o terreno na situação original. Um ano depois, parece que o mesmo proprietário, para além de não ter reposto a situação original, avançou com nova plantação ilegal. Há já quem tenha avisado que vai apresentar queixa às autoridades.

Reflexão - Fogo: da utopia à realidade

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«Portugal sem fogos é uma utopia! O país possui um clima mediterrânico que apresenta temperaturas médias anuais moderadas, com verões quentes e secos e invernos relativamente suaves. As amplitudes térmicas anuais são moderadas e a precipitação é reduzida e irregular, ocorrendo especialmente no outono e inverno. Mas muito se poderá fazer para minimizar os efeitos dramáticos dos incêndios e valorizar a floresta. (…)

Os meus antepassados viviam no meio rural, viviam da agricultura e da floresta. A minha mãe conta de uma forma simples e clara, que o mato da floresta era utilizado para múltiplos fins. Para os fogões que eram à lenha, para alimentar as lareiras, para a cama do gado e para cobrir os pátios das casas, que eram de terra batida. O mato era vendido para quem não tinha abastecimento suficiente. O mato que seguia pelo rio em embarcações para a cidade era chamado “mato do rio” e era apanhado pelas mulheres de madrugada, pela fresca, era disposto em pequenos feixes e amarrado com a carqueja.

Os rebanhos em pastoreio também contribuíam para o controlo dos matos. Os pinheiros eram resinados e até a casca do eucalipto era retirada e utilizada para acender as lareiras. A limpeza dos matos era ainda fundamental, para ser mais fácil apanhar a caruma (agulhas secas do pinheiro), muito utilizada sobretudo nos fogões a lenha. Desse modo, o fogo podia ter início nos espaços florestais, mas não havia combustível suficiente para a sua propagação por extensas áreas e rapidamente era controlado, muitas vezes, pela própria população. 

O abandono do meio rural foi acumulando na floresta o combustível. Os pinheiros deixaram de ser resinados. A população passou a ter gás e eletricidade, substituiu os fertilizantes naturais (estrume, constituído pelos matos e excrementos dos animais), por adubos químicos. Os grandes rebanhos foram sendo cada vez menos. Houve profundas alterações socioeconómicas na população residente nos meios rurais que culminaram numa redução drástica dos seus efetivos, com o passar do tempo cada vez mais envelhecidos. O abandono dos espaços florestais geridos e das áreas agricultadas que funcionavam como áreas de contenção criou manchas contínuas de floresta, muitas vezes com grande quantidade de combustível, sem qualquer tipo de gestão, o que facilitou a propagação dos incêndios. O servo fogo transformou-se num amo implacável! A acumulação de biomassa na floresta facilitou a propagação dos incêndios que tornaram-se cada vez mais destrutivos, com perdas de bens materiais, de animais e o mais grave, de vidas humanas.

A substituição das folhosas como carvalhos (Quercus spp.) e castanheiros (Castanea sativa) por resinosas como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), que após vários incêndios não regenera e acaba por ser substituído por matos, ou por monoculturas de eucalipto (Eucalyptus globulus), diminuiu a diversidade da floresta com impactos negativos no solo, sobretudo devido a uma gestão desadequada.
Por outro lado, um dos maiores problemas causados pelos incêndios é a propagação de espécies invasoras, que homogeneízam a paisagem e tornam os ecossistemas demasiado pobres. Espécies como as acácias, entre elas a mimosa (Acacia dealbata), a austrália (Acacia melanoxylon) e a acácia-de-espigas (Acacia longifolia) produzem uma quantidade enorme de sementes que todos os anos se acumula no solo e, à passagem do fogo, germinam rapidamente ocupando o habitat das espécies autóctones, constituindo uma grave ameaça à biodiversidade. As espécies invasoras alteram profundamente os ecossistemas e reduzem drasticamente os seus serviços.

A floresta em Portugal é maioritariamente privada e alguns herdeiros nem sabem que o são. Urge ordenar o espaço florestal e tomar medidas para que os fogos florestais não culminem em tragédias. Organizar o cadastro rural, podendo dessa forma exigir a limpeza dos terrenos, proteger as populações, dar formação e condições aos bombeiros para agirem prontamente e de forma eficaz. Criar áreas de contenção com espécies autóctones bem estabelecidas nos diferentes estratos. As florestas com maior biodiversidade são mais resilientes e prestam mais e melhores serviços. Da mesma forma, um uso múltiplo da floresta permite diversificar os seus produtos e subprodutos exploráveis, contribuindo para criar um mosaico que interrompe a continuidade do combustível e aumenta a riqueza paisagística. A produtividade não tem de ser incompatível com a conservação da Natureza, antes, devem complementar-se para aumentar a resiliência às perturbações, como o fogo, e os serviços de ecossistemas prestados.

Temos que estar conscientes da importância de plantar floresta autóctone, espécies como o castanheiro (Castanea sativa), os carvalhos (Quercus spp.), onde se inclui a nossa Árvore Nacional, desde 2011, o sobreiro (Quercus suber) e outras, que podem fornecer-nos múltiplos serviços. Se não crescerem no nosso tempo, que seja para os nossos filhos e netos, para que a floresta do futuro seja consideravelmente mais sustentável.

É fundamental a mudança de mentalidades que deve entre outras coisas passar pela Educação Ambiental. Conhecer a floresta e a sua importância. Não se ama aquilo que não se conhece! Os nossos jovens vivem nos meios urbanos, de costas voltadas para as florestas, serão os decisores do futuro, os currículos escolares devem contemplar essa temática. 
(…)»


Bico calado

Foto: Joel Sartore/AP
  • «O Senhor Conselheiro de Estado e comentador da SIC, Luís Marques Mendes, não antecipou este resultado. O resultado já tinha sido publicado! Esta falsa antecipação é grave na medida em que se pode gerar na opinião pública a ideia que Luís Marques Mendes tenha qualquer privilégio de acesso antecipado às estatísticas oficiais do INE, o que não sucede". Estas afirmações podem afetar negativamente a confiança da opinião pública sobre a forma como o INE exerce a sua missão de serviço público». TSF.
  • «(…) Afinal, se morreram 64 pessoas e ninguém assume a responsabilidade por isso, a culpa é da floresta. A demagogia que se instalou imediatamente a seguir sobre este assunto é de fazer corar de vergonha qualquer um. "Legisle-se sobre tudo, antes de os deputados irem de férias", ordenou o Presidente da República. E os deputados, bem-mandados, lá pegaram no assunto que estava esquecido numa qualquer comissão das catacumbas do Parlamento e sentaram-se à mesa a conversar. Para grande surpresa nacional, não chegaram a acordo. O tema queima, de facto. Reféns da grande indústria da celulose, os governos - este e todos os outros - usam todo o jogo de cintura que têm para criar a aparência de que estão a fazer alguma coisa, sem nada fazer. Os partidos encaram cada tópico deste tema como uma oportunidade eleitoral para ganhar votos ou, pelo menos, para não os perder. São autênticos eucaliptos, que secam qualquer possibilidade de se fazer uma verdadeira reforma da floresta. (…)» Anselmo Crespo in Os eucaliptos que secam a políticaDN 24jul2017.
  • Há mais incêndios em anos eleitorais. Em 27 anos (1980-2007) houve sete eleições autárquicas. Nestes períodos, os fogos florestais foram superiores à média em 6,68% e a área ardida também cresceu (4,54%). Nos nove anos em que foram escolhidos os governos, a área ardida subiu (16,8%), mas o número de ocorrências desceu (2,86%). E os anos de 1985 e 2005, em que as duas eleições coincidiram, foram dos piores de sempre – com 146 254 e 312 829 hectares de área queimada, respectivamente. Para Jaime Soares, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra e também presidente da Câmara de Poiares, estes dados "não significam, obviamente, que haja um envolvimento dos partidos ou dos políticos. O que acontece é que há pessoas mal formadas, que por desavenças ou maldade" decidem incendiar as florestas. CM.
  • «(…) Próximo de eleições autárquicas, convém [à direita] esquecer que os municípios são responsáveis pelos planos diretores municipais e ordenamento urbano, e pela obrigação de zelarem pela limpeza das florestas, dando o exemplo e aplicando coimas aos desleixados. A direita continua, à falta do Diabo, a servir-se do Inferno dos fogos na mórbida volúpia da morte que denuncia a sua sofreguidão do poder. Só não sabe de quantos cadáveres precisa ainda para ficar saciada! Esta direita fede.» Carlos Esperança, FB.

Avareza 22

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«A ordem está à beira da falência, não porque tenha oferecido todo o seu dinheiro aos necessitados, ou porque tenha investido tudo em obras de bem. O buraco foi provocado por investimentos loucos feitos nos mercados, parece que por culpa de sociedades terceiras em que os frades confiaram, que utilizaram o dinheiro de São Francisco em operações de alto risco financeiro. Além dos jogos na Bolsa, o buraco foi originado por algumas despesas fora de controlo, como as da remodelação do Auditorium Antonianum (que custou cerca de 4 milhões de euros e é um centro de congressos com restaurante aberto a gente de fora perto da Via Merulana, em Roma) e, sobretudo, a de um hotel de luxo nas traseiras da Praça de São Pedro, o Cantico. A estrutura foi durante um tempo adaptada a um orfanato. Construído pelos franciscanos na Via del Cottolengo, foi fechado depois da guerra para reabrir há alguns anos como residência de luxo. Ao todo, os frades, para porem a render o seu imóvel, gastaram cerca de vinte milhões, quantia elevadíssima para uma remodelação: hoje, a estrutura é híper hi-tech (o mobiliário custou 15 mil euros por quarto, com dois aparelhos de ar condicionado) e oferece aos seus hóspedes um restaurante gourmet (há também uma pastelaria e uma gelataria), uma cave e um bar-store onde os frades vendem sabonetes e essências biológicas com as preces do santo inscritas (os franciscanos compraram-nos às toneladas, com encomendas próximas dos 100 mil euros). Um local onde gestores e empresários podem caminhar por 200 euros por noite nos 20.000 metros quadrados de espaços verdes com um jardim e um exuberante bosque onde é possível passear e meditar..." explica a brochura do hotel. Que não diz que a modernização do jardim custou mais de um milhão de euros. Enquanto escrevemos, o hotel está à venda e decorrem negociações, entre as quais se inclui um fundo árabe.» 
Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Alentejo: 15 localidades obrigadas a reduzir o consumo de água

  • A Quercus considera que é imprescindível que o Governo Português siga as recomendações científicas do ICES (Conselho Internacional para a Exploração do Mar ) e que Portugal abandone, ou condicione fortemente, a captura de sardinha durante os próximos 15 anos, ou até que novas evidências científicas em sentido contrário sejam reveladas, de modo que a espécie seja defendida e exista sardinha para as futuras gerações.
  • Quinze localidades do Alentejo vão ter de reduzir o consumo de água imediatamente. Com o país numa situação de seca preocupante - principalmente na bacia hidrográfica do Sado -, vai ser obrigatório reduzir a rega dos jardins e hortas, passará a ser proibido encher piscinas e lavar carros, e devem ser encerradas as fontes decorativas nas localidades de Alcácer do Sal, Aljustrel, Alvito, Ferreira do Alentejo, Grândola, Santiago do Cacém, Sines, Viana do Alentejo, Almodôvar, Castro Verde, Redondo, Alandroal, Arraiolos, Arronches e Borba. DN.
  • A entidade reguladora de energia da região francófona belga anunciou que a taxa de rede entrará em vigor em 2020, e não em 2019, conforme previsto anteriormente. Espera-se que os operadores de sistemas fotovoltaicos paguem uma taxa anual de entre € 330 e € 560. PV Magazine.
  • A Pepsico, a Unilever e a Nestlé foram acusadas de cumplicidade na destruição da última zona de floresta tropical de Sumatra partilhado por elefantes, orangotangos, rinocerontes e tigres num único ecossistema. As plantações levadas a cabo em terras desmatadas foram alegadamente usadas para fornecer óleo de palma a dezenas de marcas que incluem a McDonald's, a Mars, a Kellogg's e a Procter & Gamble, de acordo com um relatório da Rainforest Action Network. The Guardian.

Reflexão – Viva o regresso do bacalhau, mas muito cuidado!

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Aproveitem o regresso do bacalhau, mas está por conhecer a amplitude da nossa destruição do mar 
por Mark Kurlansky in The Guardian


«Recebi esta notícia com uma sensação de medo. Segundo o Marine Stewardship Council (MSC), que avalia a sustentabilidade dos peixes a nível mundial, o bacalhau do Mar do Norte está "de volta". Diz que os estoques atuais são tais que agora podem ser pescados sem medo e comprados sem culpa por consumidores amigos do Ambiente.
Tendo em conta que o bacalhau do Mar do Norte estava em vias de extinção desde a década de 1970, isso parece ser uma notícia surpreendente e bem-vinda. Após décadas de quotas de pesca reduzidas, menos embarcações, tempo limitado no mar, redes de malhas mais largas, o encerramento periódico de algumas zonas, o bacalhau recuperou no Mar do Norte. Os pescadores receberam promessas de que se se submetessem a este regime draconiano, no futuro os estoques seriam restaurados e eles poderiam regressar a uma indústria próspera em grande escala.

Se isso é verdade, estou muito feliz pelos pescadores. Eles mereceram-no. No entanto, há muito tempo que tenho acompanhado as pescas e muitas vezes essas boas notícias são o prelúdio do desastre. Além disso, sendo a ecologia oceânica continuamente alterada pelas mudanças climáticas, quem considerar a sobrepesca o problema central na sobrevivência do peixe não vive no século XXI.
Em termos de estoques de peixes, lembro-me das "boas notícias" dos Grand Banks, ao largo da Terra Nova, no início da década de 1990, pouco antes do colapso de 1992. Lembro-me no início deste século, quando os biólogos descobriram que a solha era abundante no Georges Bank, Entre Cape Cod e a Nova Scotia, e enviaram as frotas atrás dela, apenas para descobrir que o estoque não era tão bom e que levou anos para se recuperar. 

Tais incidentes são sempre rotulados de "sobrepesca" e é isso que a sobrepesca é principalmente nos dias de hoje. No entanto, na Europa ocidental e na América do Norte, é raro os pescadores capturarem mais peixes do que lhes é permitido: a maioria da sobrepesca é causada por entidades reguladoras que dizem aos pescadores para capturarem muito peixe. Com Waitrose e as outras grandes cadeias alinhadas para comprar bacalhau do Mar do Norte, se os biólogos estão errados ou mal interpretados pelos reguladores, que, excitados, permitem que muito peixe sejam pescado, os impactos serão novamente atribuídos aos pescadores. Dir-se-á que o Mar do Norte foi, mais uma vez, vítima de sobrepesca.
Como é que isso foi possível?

Primeiro, o MSC está longe de ser infalível, embora o seu rótulo azul na embalagem mereça a confiança dos consumidores, especialmente na Europa. O MSC foi fundado em 1996 em Londres, fruto de um casamento estranho entre o World Wide Fund for Nature e a multinacional holandesa Unilever. Eu apoiava-o e falei e participei em reuniões de alto nível.
A ideia do conselho era avaliar todas as empresas pesqueiras mundiais, examinar cada uma diretamente e informar os consumidores que peixe era pescado de forma sustentável. Os consumidores com consciência querem saber e, por isso, pensei que este era um serviço muito valioso, embora não conseguisse imaginar como eles poderiam analisar minuciosamente todas as empresas pesqueiras, especialmente porque deveriam ser regularmente inspecionadas para garantir que mantinham os seus padrões.

O MSC certificou cerca de 20 mil produtos de peixe a nível internacional. Fê-lo levando as empresas pesqueiras a contratar auditores independentes para informar o conselho e eles estão dispostos a fazer isso porque um certificado MSC tem valor comercial.
Porém, não admira que algumas das suas conclusões sejam controversas e algumas sejam bastante contestadas. Por exemplo, o MSC certificou seis empresas pesqueiras de merluza-negra Patagónia. Muitos biólogos querem saber como pode uma empresa pesqueira ser considerada sustentável se captura peixe de águas profundas de que se sabe pouco, que atinge a maturidade sexual após muitos anos; a espécie está provavelmente a ser levada à extinção.

Por um lado, o tamanho do estoque de reprodutores do bacalhau do Mar do Norte, embora muito mais abundante do que em qualquer altura deste jovem século, ainda é muito menor do que era em 1970. É o que os biólogos chamam "o problema de mudar as linhas de base"; em suma, aprendemos a aceitar padrões mais baixos, de modo que o estoque de 2000 se torne um novo ponto de referência.
Mesmo que o número de peixes reprodutores fosse maior, existem muitas dinâmicas oceânicas sobre as quais sabemos tão pouco que não é absurdo questionar se a sustentabilidade nas pescas é um julgamento que possa ser feito com certeza.

Os derrames de hidrocarbonetos, os plásticos abandonados, que acabam no mar e os venenos industriais, como os metais pesados e os PCBs, todos podem ter impactos na reprodução dos peixes. 
As alterações climáticas estão a mudar a ecologia oceânica e os habitats. Os mares estão a ficar mais quentes e os peixes estão a deslocar-se para o norte. Os oceanos também estão a ficar menos salgados devido ao derretimento do gelo. Este impacto ainda não está totalmente compreendido, mas como a salinidade e a temperatura são sinais importantes para a reprodução, receamos estar a prejudicar a capacidade de reprodução de alguns peixes. 

As alterações climáticas são impulsionadas pelas emissões de dióxido de carbono, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Enormes quantidades de carbono estão a entrar no oceano e a ter um impacto na capacidade de crescimento do marisco e dos corais. É preciso investigar mais para se compreender o efeito de tais mudanças nos peixes.

A questão que se coloca é esta: os peixes estão a crescer e a reproduzir-se como antigamente? Então, quando há a boa notícia de um estoque de peixes que melhora, devemos, naturalmente, alegrar-nos. Talvez isso queira dizer que algumas das medidas problemáticas que foram aplicadas às custas do pescador tiveram um efeito positivo. No entanto, espera-se que se tenha aprendido as lições e que o mundo das pescas avance agora com cautela.»

Bico calado

  • «(…) Ontem, o Expresso foi para as bancas avançando o argumento de que o Governo está a esconder mortes ocorridas no incêndio de Pedrógão Grande. É um novo nível de desonestidade intelectual, algo sem precedentes nos quase dois anos de Governo apoiado pelos partidos de esquerda. Esta acusação, a ser verdade, envolveria vários crimes. Não foi provada. Não obstante, fez a manchete do jornal. Mais uma vez, vale a pena parar uns segundos para pensar nisto. Os factos não suportam o escandaloso argumento da manchete. Aliás, tal como se pode ver na imagem, o próprio artigo do Expresso termina com a admissão de que a lista compilada pelo jornal "acabou por ser confirmada como sendo idêntica à oficial". Por outras palavras, o jornal abre com uma acusação gravíssima, mas termina o artigo desmentindo-se a si próprio. (…)» Uma página numa rede social, FB.
  • Um relatório recente da War on Want revela que alguns dos principais bancos e instituições financeiras do Reino Unido estão a investir em empresas conhecidas por fornecer armas e tecnologia de Israel para oprimir os palestinianos. The Real News.
  • Imagens chocantes de como os garimpeiros moçambicanos são tratados pela PRM nas minas de Rubi, em Nhamanhumbiri, Muntepuez. Via Macua.

Avareza 21

Foto: Joop van der Linde/Ndutu Safari Lodge via/AP

«As suas conclusões são enviadas para Roma num relatório. A pequena igreja deu um passo mais longo do que a perna, criando um império económico de papel. A aventura começa no início dos anos noventa, quando a diocese de Maribor constitui o Banco Krek (em dez anos torna-se o décimo instituto do país, mas em 2002 é vendido) e uma sociedade comercial (Gospodarstvo Rast). Passados 
uns anos nascem duas holdings para investimentos e business simultaneamente, a Zvon 1 e a Zvon 2, controladas por sua vez pela Rast. 
As sociedades compram imóveis, outras sociedades por ações, fazem hipotecas com os bancos, dos quais adquirem empréstimos de dezenas de milhões, decidem investir não só em financeiras e empresas seguras, mas também em setores tecnológicos como as fibras óticas e as telecomunicações. Só a holding Zvon 1 tem “invéstimentos a longo prazo equivalentes a 416 milhões de euros”, lê-se no relatório cognitivo, "e dívidas fora do orçamento equivalentes a 524 milhões".
Nada correu como previsto: "Há a possibilidade real”, conclui o dossiê, "de todas as sociedades indicadas caminharem para a falência. As consequências seriam pesadas". Entre os vários investimentos da Igreja eslovena há de tudo: 94 milhões em ações do Banco Abanka, 72 milhões na empresa Helios, especializada em materiais de construção, 13 milhões na sociedade de gestão Krek, 18,8 na Petrol (energia, gás e petróleo), outros 22 na misteriosa Cinkarna, cujo core business é a produção e a distribuição de "pigmentos de dióxido de titânio". Também existem empresas no estrangeiro, na Croácia, como a Sole Orto, para a qual foram movimentados 20 milhões de euros. O investimento "mais crítico", lê-se, é o da T-2 (120 milhões no total), uma sociedade que se define na Internet, sem modéstia, como "o Futuro". É controlada quase a cem por cento pelas duas holdings eclesiásticas e as suas atividades concentram-se em serviços de telefone, Internet e televisão veiculados aos clientes através de uma rede de fibra ótica construída especificamente para esse fim. Mas "o Futuro" nunca chegará: entre passivos financeiros e o complemento da rede ainda são necessários 200 milhões de euros, enquanto as dívidas de curto prazo superam nove vezes as ativida-des correntes. A sociedade de consultadoria KPMG, que fez uma perícia por conta do Vaticano, dá por perdido mais de 70 por cento do capital investido: o valor estimado em junho de 2010 oscilava entre os 24,6 e os 28,6 milhões de euros. Uma ninharia. "E neste momento", explicava o técnico do Vaticano, "não há nenhum interessado na aquisição da T-2 que ofereça uma quantia mais elevada". Como num dominó, a falência ameaça partir precisamente daqui: será difícil salvar a T-2 e, no ponto em que está, será necessário um milagre para salvar a Zvon 1.»

Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

domingo, 23 de julho de 2017

Fórum Cidadania LX: copos, pratos e talheres de plástico deviam ser taxados

Ponte da Varela. Foto de Álvaro Reis 5jul2017.
  • Os copos, pratos e talheres de plástico deviam ser taxados, sugere o Fórum Cidadania LX. A medida permitiria financiar o esforço público de limpeza urbana, reforçar a intensidade nos locais onde se regista grande produção e abandono de copos de plástico na via pública e aumentar a fiscalização e a reciclagem de plástico de forma a alcançar as metas da reciclagem para 2020 (50% em vez dos atuais 29%). RR.
  • O governo britânico prepara-se para isentar em 130 milhões de libras algumas das indústrias mais poluentes do país para alegadamente ajudar a financiar novas tecnologias renováveis. Mas esta operação representa impactos pesados para as pequenas empresas e consumidores em geral, avisam os ambientalistas. The Independent.
  • A partir de 18 de setembro, os novos edifícios construídos em South Miami, Florida, serão obrigados a instalar painéis solares. OIA News.
  • Os moradores de St John Baptist, na Louisiana, processaram a LAPlace por sofrerem há muito com as emissões de cloroprene. Tudo porque a empresa química pouco ou nada fez para reduzir os impactos ambientais, conforme determinação legal de novembro de 2016, segundo a qual a empresa, juntamente com a Denka Performance Elastomer, se comprometera a investir 17,5 milhões de dólares em equipamentos e tecnologia para reduzir as suas emissões. Análises do feitas em março mostraram que os vizinhos estavam expostos a níveis perigosos de cloropreme, entre 12 e 58 vezes superiores aos legalmente estabelecidos. OIA News.
  • Vários grupos ambientalistas estão a processar o ministério do Ambiente dos EUA para forçar o estado do Texas a ser mais rigoroso na linguagem que usa quando emite licenças para refinarias de petróleo e centrais de energia. Reuters.