quarta-feira, 31 de maio de 2017

Austrália liberta vírus letal para eliminar os coelhos bravos

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  • A famosa escultura A pequena sereia foi pintada de vermelho em protesto contra a política de caça massiva à baleia levada a cabo pela Dinamarca nas ilhas Faroé. Reuters.
  • Apesar de proibida, a extração de areia continua a ser feita na Ribeira da Barca, em Santiago, Cabo Verde. «Se não fosse a apanha de areia poderíamos morrer de fome. Sabemos que é prejudicial, mas temos de sobreviver. Se tivermos outras condições deixávamos de fazer isso», lamenta Isalina Semedo. Em fevereiro, o governo decretou a suspensão imediata da extração de areia nas praias do país, para disciplinar a prática e incentivar os privados a produzir areia mecanicamente. O ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva, apontou a recolha de areia como um dos principais problemas ambientais no arquipélago, dizendo que o Governo já está a trabalhar no sentido de criar britadeiras nas ilhas do Fogo, Sal e São Vicente para produzir o material. «A pobreza não pode constituir razão para estarmos a dar cabo do ambiente. Vamos ajudar as pessoas a encontrar soluções, alternativas, mas não podemos negociar o ambiente desta forma», disse Gilberto Silva. RTP. Não é por acaso que a New Yorker de 29 de maio traz um longo artigo de David Owen intitulado The world is running out of sand (O mundo está a ficar sem areia) 
  • A Austrália libertou um vírus letal para eliminar os coelhos bravos. O vírus RHDV1 K5 provoca hemorragias e é tão letal como o ébola e tão contagioso como a gripe, tendo, em poucos meses, eliminado 42% dos espécimes selvagens na Nova Gales do Sul, o estado mais populoso da Austrália. Na Península Ibérica, a escassez de coelhos coloca em perigo a conservação de espécies como o lince ibérico e a águia imperial. Por isso, a guerra biológica na Austrália provoca arrepios aos peritos espanhóis. «É uma medida perigosa e irresponsável. Os vírus não conhecem fronteiras. Qualquer australiano pode trazê-lo para a Espanha nos seus sapatos», lamenta Francisco Parra, virólogo da Universidade de Oviedo. Já em 1951 a Austrália introduzira o vírus da mixomatose no Uruguai e, no ano seguinte, o vírus atingiu a Oceânia e um médico francês trouxe-o e introduziu-o nas suas propriedades. Foi assim que a mixomatose se espalhou pela Europa, atingindo 99% coelhos matar em algumas regiões. «Um país por si só não deveria poder tomar uma decisão destas. Deveria ser uma decisão tomada pela Organização Mundial de Saúde Animal», defende Rafael Villafuerte, perito em gestão de coelhos selvagens como no Parquye Nacional de Doñana. El País.

Reflexão – Que é feito do arrozinho de pombo?

Trilho da Calçada da Calcedónia, Gerês. Imagem captada aqui.

Os pombos de Lisboa vão deixar de ser considerados uma praga e passarão a ser controlados em pombais contracetivos. O primeiro foi inaugurado em Benfica, prevendo-se a implantação de mais 7 até ao fim do ano. Nos pombais da futura rede municipal, com a colaboração das juntas de freguesia e de voluntários, proceder-se-á à retirada dos ovos de pombos, ao fim de dois ou três dias, antes da formação do embrião, evitando-se assim a reprodução. 
Lançado no âmbito do Orçamento Participativo, o projeto consiste num conjunto de cerca de quatro dezenas de casulos instalados num antigo pombal do Parque Silva Porto. Atraídos, através de água e alimento, a esta estrutura agora reabilitada, os pombos tentarão ali proceder à nidificação, deixando os seus ovos, que serão recolhidos por cinco voluntários e substituídos por ovos de plástico. O Corvo.

Só faltou dizer o que vão fazer com os ovos roubados aos pombos. Irão vendê-los? Irão cozinhá-los? Também faltou dizer o que será feito das fezes dos pombos. Antigamente, os agricultores recolhiam-no para estrumar os seus terrenos, que costumavam produzir legumes e fruta que vendiam para a cidade. 
Independentemente disso, eliminar pombos antes deles nascerem é, de facto, mais limpo, mais silencioso, mais eficaz, em suma, mais civilizado. Qual é o liofilizado citadino que vai, agora, defender um arrozinho de pombo na tasca da esquina ao som de um bom fado? 

Mão pesada

O proprietário de um café-concerto de Ibiza foi condenado a pena de prisão de dois anos e a multa de 2500 euros por colocar música alta entre as 21h30 e as 05h da manhã e manipular os limitadores acústicos instalados por ordem do município. El País.

Bico calado

  • «Quem acelera as alterações climáticas minando a legislação que protege o Ambiente, quem vende mais armas em zonas de guerra e não quer resolver politicamente conflitos religiosos está a pôr a paz em risco na Europa. (…) As políticas míopes do governo americano colidem com os interesses da União Europeia (…) o Ocidente tornou-se mais pequeno, pelo menos tornou-se mais fraco (…) Nós, europeus, devemos lutar por mais proteção climática, menos armas e contra o fanatismo religioso, caso contrário, o Médio Oriente e a África serão ainda mais desestabilizados.» Sigmar Gabriel, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha. AFP/The Guardian.
  • «A Arábia Saudita é uma criação britânica que tem servido os interesses dos britânicos e dos Estados Unidos até hoje. Os britânicos restabeleceram o wahhabismo saudita na região depois de ele ter sido rejeitado, usando a sua intolerância para travar uma guerra interna contra o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial. Num caso tipicamente britânico de dividir para reinar, eles aliaram-se à família Al-Saud que têm sido servos obedientes do imperialismo britânico e americano desde o seu reinado. Foi Winston Churchill que financiou e armou Ibn Saud, o primeiro rei da Arábia Saudita. Ele dobrou o subsídio em 1922 para 100 mil libras. Em 1921, Churchill fez um discurso na Câmara dos Comuns, no qual classificou os seguidores de Ibn Saud de "sanguinários" e "intolerantes". Para os britânicos isso não era problema, desde que a família Al-Saud e seus seguidores trabalhassem a seu favor. É o que ainda acontece hoje. Não só em relação aos sauditas, mas também às várias forças representativas que lutam em todo o Médio oriente e em África. Enquanto esses contras funcionarem em prol do interesse britânico, os britânicos apoiá-los-ão. Quando eles se tornarem inúteis ou maus, como acontece com frequência, os britânicos fazem a guerra contra eles.» OffGuardian.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Lisboa: automobilistas queixam-se de que as flores de jacarandá lhes sujam os carros

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  • «Há automobilistas de Lisboa que começam a queixar-se de que as flores de jacarandá lhes sujam os carros. Os automobilistas têm toda a razão. Eu, se tivesse um carro com uma bela pintura cinzento-escura metalizada, também não o ia querer ver salpicado de manchas roxas. É por isso que tenciono lançar uma petição para que se proíba o estacionamento automóvel nas ruas com jacarandás. As ruas ficam mais bonitas e a pintura dos carros protegida.» José Vitor Malheiros, FB.
  • O ministro do Ambiente disse que acabou a impunidade para quem poluir o rio Vizela, prometendo que nos casos mais graves será ordenada a suspensão total ou parcial da atividade das indústrias responsáveis. O Plano de Ação para a Despoluição do Rio Vizela inclui 11 ações que passam pelo reforço da monitorização da qualidade da água, uma maior fiscalização e inspeção, fixação de novos valores limites de emissões de efluentes das estações de tratamento de esgotos nos períodos estivais e a valorização das margens do rio. A recuperação das margens do Vizela e seus afluentes (Bugio e Ferro) é outra medida prevista, envolvendo as autarquias. Ao todo, prevê-se a disponibilização de 53 quilómetros de trilhos ecológicos. O projeto, que ainda está a ser elaborado, deverá corresponder a um investimento de 3,7 milhões de euros. RTP.
  • Noventa estabelecimentos de Lisboa com música ao vivo ou amplificada já colocaram limitadores de som nas aparelhagens, numa adaptação às regras do novo regulamento de horários, mas os moradores mantêm as queixas e falam em “pura fantasia”. Há moradores que se dizem fatos do ruído e que ponderam seriamente ir morar para outro sítio. Lusa/Observador.
  • O governo britânico tem tentado enfraquecer significativamente as regras do clima e energia da EU, revela uma fuga de documentos a que a Greenpeace teve acesso. Os principais objetivos em matéria de energias renováveis e de eficiência energética, propostos pela Comissão Europeia, deveriam ser reduzidos, tornados não vinculativos ou mesmo eliminados, segundo o Reino Unido, apesar de não terem efeito depois da saída do Reino Unido da UE.

Reflexão – Os truques do glifosato ou de como a saúde das pessoas é uma grande treta.

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A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar rejeitou um estudo que relaciona o glifosato com o cancro na sequência da intervenção de Jess Rowlands, um técnico do ministério do Ambiente norte-americano alegadamente ligado à Monsanto e visado em mais de 20 processos. The Guardian.

É cínica e cruel a hipocrisia dos decisores europeus e não só. O Roundup, cuja substância ativa é o glifosato, potencialmente cancerígeno, há muito que está disponível nas prateleiras das duas principais cadeias de supermercados portuguesas. Isto significa que qualquer pessoa o pode comprar, sem ter de se sujeitar a fazer um curso, pago, de aplicador de produtos fitossanitários que lhe atribui um cartão passado pelo ministério da Agricultura para ele, durante 10 anos, poder adquirir o Roundup e outros produtos fitossanitários. Com um truque: o glifosato do supermercado pode ser comprado pelo consumidor anónimo, sujeito à taxa de IVA de 23%. O glifosato adquirido em cooperativas agrícolas, drogarias e quejandas, só pode ser vendido mediante a apresentação do referido cartão, sendo o preço sujeito à taxa de IVA de 6%. Não percebeu? Eu troco por miúdos: o glifosato é veneno. Por isso, exige formação teórica, técnico-prática, cartão e controlo na sua venda, sujeito a IVA de 6%. Subindo o IVA para 23%, o glifosato deixa de ser veneno, podendo ser disponibilizado em qualquer prateleira de um supermercado, - ao lado de compotas e sumos -, e, consequentemente, a ser aplicado por qualquer cidadão. Sem informação, sem formação, sem problema. Para os decisores conluiados com os gigantes químicos, a saúde das pessoas é uma grande treta.  

Bico calado

Cartoon recolhido aqui.
  • «Segundo informações oficiais norte-americanas, corroboradas pelo governo Macron em França, divulgadas perante o silêncio abespinhado de Londres, o principal suspeito do atentado terrorista de Manchester é um indivíduo filho de refugiados líbios, residente nos subúrbios da cidade, que se terá convertido ao terrorismo islâmico numa viagem à Líbia. (…) O caso particular do bombista de Manchester parece ser ainda mais explícito: dizem-no filho de «fugitivos» ao regime líbio de Muammar Khaddaffi, agora cidadão britânico que se terá «licenciado» em terrorismo islâmico junto dos grupos de assassinos que a NATO usou para derrubar o mesmo Khaddaffi e a seguir transformaram o território líbio numa anarquia produtora de terroristas. O terrorista de Manchester é, pois, um fruto da «libertação da Líbia» pela Aliança Atlântica, desencadeada com especial envolvimento do governo de Londres. (…) os familiares dos inocentes de Manchester, Londres, Paris e Nice deveriam antes pedir responsabilidades aos governos dos seus países por fomentarem o terrorismo que os vitimou.(…)» José Goulão in Uma farsa assassinaAbril abril
  • «Bombardear, aterrorizar e massacrar os países de maioria muçulmana do Médio Oriente, invocando interesses estratégicos, mas rotulando-os de humanitários. Destruir a segurança do Estado e infraestruturas, criando as condições perfeitas para grupos terroristas atuarem. Armar, treinar e pagar grupos de terror que seguem a mesma ideologia que aqueles contra quem se diz que se está a lutar, embora chamando-os rebeldes. Criar centenas de milhares de refugiados Não permitir ou proibir a entrada desses refugiados, apesar da crise ter sido causada pelas bombas humanitárias que foram lançadas. Permanecer em silêncio sobre as armas vendidas aos sauditas e aos homólogos ideológicos ou militares, tipo Daesh ou Al Qaeda. Ser vítima do mesmo tipo de ataque terrorista levado a cabo por pessoas ou grupos da mesma ideologia financiadas, armadas e treinadas com o nosso apoio no Médio Oriente. Culpar o Islão e todos os muçulmanos em todo o mundo, e garantir que são todos responsáveis apesar deles serem as principais vítimas do terrorismo estatal e insurgente. Culpar e fazer dos imigrantes bodes expiatórios, especialmente os de cor. Pedir o nosso voto alegando que vai reforçar a luta contra o terrorismo.» Sequoyah De Souza in O Guia de May-Trump para a Guerra e o Terror - Dissident Voice.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Ministro puxa as orelhas aos suinicultores de Leiria

Ribeira dos Milagres, em 5mai2017. Imagem colhida aqui.

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, deu um prazo de 4 meses aos suinicultores para encontrarem uma solução para o tratamento de efluentes sob pena de sofrerem medidas duras da tutela. «Se dentro de 120 dias não houver condições para começar a construção [da Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas], posso garantir que o Ministério do Ambiente será o mais duro possível com aqueles que não cumprem e são obrigados a cumprir», avisou. 
Apesar de sublinhar que a solução tem de partir dos empresários do setor, o ministro admitiu que poderá haver outra solução do Governo, mas que será muito mais dura para os industriais. «Os esgotos das suiniculturas, como em qualquer setor industrial, têm de ser tratados por quem produz esses mesmos esgotos», acrescentou. 
Matos Fernandes considerou a atitude dos suinicultores grave: “É grave e não pode ficar como está. Os fundos ainda não se perderam, mas o Estado não se pode substituir a estas empresas como não se substitui às outras empresas industriais e agroindustriais que poluem. São mesmo elas que vão ter de resolver o problema». 
Para João Pedro Matos Fernandes, «quem é responsável pelo tratamento dos esgotos é quem produz esses mesmos esgotos», aliás, «o custo pelo qual os produtos são vendidos têm que incorporar necessariamente o valor que é também despendido com o tratamento dos esgotos. É assim em todos os setores e quando os setores não conseguem fazer isso não podem continuar a existir», avisou o governante. Jornal de Leiria.

Colapso de parte de paredão facilita inundação

  • Em Newport Beach, Califórnia, parte de um paredão de proteção a uma rua junto ao mar colapsou na sequência de obras mal calculadas. Resultado: veio a maré cheia e inundou toda a zona. Muitos media locais referem a boa disposição geral da vizinhança afetada. Por exemplo, pode ler-se no Orange Country Register: «Toda a vizinhança saiu para a rua para se divertir».
  • Emmanuel Macron nomeou Nicolas Hulot para Ministro da Transição Ecológica e Solidária de França, responsável pelas pastas do Ambiente, da Energia e do Mar. As cotações da estatal Électricité de France baixaram imediatamente 7%. Não foi coincidência: Hulot foi ativista ambiental, autor de vários documentários ambientais e adversário do nuclear. Espera-se, por isso, que as renováveis ganhem novo fôlego em França. GTM.

Reflexão - Os direitos do rio: para os descobrir, pense como ele

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Os direitos do rio: para os descobrir, pense como ele
por Debadityo Sinha in The Ecologist.

Há um crescente movimento global para reconhecer os direitos dos rios. Mas os direitos por si só não são suficientes. Devemos amar e respeitar os rios, e até mesmo pensar como rios para entender as funções vitais que desempenham dentro de paisagens e ecossistemas, e assim descobrir os seus verdadeiros "interesses". Por isso, devemos estar dispostos a agir: proteger os rios e restaurá-los para a saúde e integridade.
Nós, os indianos, sempre tivemos uma profunda ligação emocional com os nossos rios. Vemo-los como extensão da nossa sociedade, muitas vezes atribuindo-lhes um estatuto divino. Enquanto a maioria dos rios são tratados como fêmeas (Nadi), há casos em que os rios têm sido tratados como machos ('Nad'). Muitos rios fêmeas são também rotulados de "Kanya" ou, fêmea solteira. (…) 
Um rio é agora tratado como a chave para o desenvolvimento económico medido pelas grandes barragens, navegação e outros projetos de desenvolvimento que diluíram a nossa compreensão de um rio de uma linha de vida para um recurso disponível para exploração.

Recentemente, o governo da Nova Zelândia atribuiu o estatuto de "entidade viva" ao rio WhanganuiPosteriormente, o Supremo Tribunal de Uttarakhand também atribuiu estatuto semelhante ao rio Ganges e ao rio Yamuna. Há dias, Shri Shivraj Singh Chauhan, Ministro de Madhya Pradesh, prometeu que o seu governo ia em breve apresentar um projeto de lei para dar ao rio Narmada os direitos de um ser vivo. Espera-se que outros governos estaduais façam o mesmo. Mas, antes disso, é fundamental que tanto os cidadãos como o governo reconheçam e compreendam o que constitui a identidade e a existência de um rio. Cada rio tem as suas próprias características, o seu próprio comportamento e uma ecologia inteiramente única que sustenta. Só depois é que podemos fazer a pergunta seguinte: o que entendemos por "direitos" de um rio e qual é o seu "melhor interesse"?

Direitos do rio

Primeiro temos que compreender o rio e como ele funciona. Depois, as características peculiares dos nossos rios precisam de ser aceites, respeitadas e protegidas se quisermos realmente fazer com que os "direitos" do rio sejam significativos.
Quando um rio flui, erode as rochas e o solo e transporta os sedimentos juntamente com a sua água e, finalmente, deposita-os nos seus trechos inferiores antes de encontrar o seu destino no oceano. Erosão, transporte e deposição são três funções básicas da vida de um rio.
Para que haja erosão e transporte de sedimentos, é preciso que haja um fluxo ininterrupto, o que significaria um fluxo desobstruído de água e sedimentos. A deposição de sedimentos ocorre principalmente quando o rio flui através de planícies durante inundações e na foz do rio. Ilhas como as Sundarbans são o resultado da acumulação de sedimentos.
Este processo foi gravemente afetado nas últimas décadas devido à obstrução do rio Ganges a montante. Isto resultou na deposição regular de grande volume de sedimentos muito mais cedo em estados como Bihar e Bengala Ocidental, tornando-se agora um enorme problema. 
Um rio não flui apenas longitudinalmente; requer também espaço horizontal para se expandir, o que em termos simples pode ser chamado de inundação. Um rio também se repara, criando novas formas de fluxo que pode ser denominado como a expressão de um rio.
As inundações são muitas vezes vistas como uma forma de desastre. No entanto, a inundação é um processo ecológico muito importante que ajuda no rejuvenescimento de solos com nutrientes, bem como na recarga de águas subterrâneas. Atualmente, uma inundação é desastrosa porque nós interrompemos a viagem natural do rio ou invadimos o seu espaço.

Permitir que nossos rios vivam - não apenas existam

Na Índia há vários exemplos onde as tentativas de controlar um rio através de barreiras têm fracassado redondamente. Em vez de transferir sedimentos finos e férteis, a deposição de areias grossas tornou milhares de hectares de terra estéril como vimos na histórica inundação de 2008 quando o rio Kosi quebrou um talude causando danos irreparáveis no norte de Bihar.
As inundações de Uttarakhand em 2013 e as de Chennai em 2015 mostram como a obstrução do fluxo natural dos rios pode destruir vidas e propriedades. Portanto, os nossos próprios interesses estão intimamente ligados aos do rio e não se deve exagerar a necessidade de demarcar as planícies de inundação dos nossos rios através de leis rigorosas.
Ao fazer a sua viagem, o rio curva-se e dobra-se quando flui através de terrenos mais rasos, muitas vezes em planícies de inundação ativa. Essas curvas levam à formação de braços mortos, onde uma porção do rio se desloca do fluxo principal e se torna um reservatório natural na sua margem alimentando quer a vida aquática como a vida terrestre, além de fornecer água para irrigação. (…) 

Um rio também não é apenas o fluxo de água que corre de cima para baixo recolhendo água dos seus afluentes e das suas áreas de captação. A fonte inicial pode ser um glaciar dos Himalaias ou até mesmo um lago ou pequeno riacho, como no caso da maioria dos rios que não nascem nos Himalaias. A principal fonte de água de um rio durante as estações secas vem de reservatórios de água subterrânea.
Embora invisíveis, são elas que mantêm um rio vivo. Com a dependência crescente das águas subterrâneas para as necessidades humanas, este fluxo de base tem diminuído drasticamente. Portanto, é de extrema importância que a captação de água subterrânea seja rigorosamente regulada e monitorizada e que sejam promovidas alternativas como a criação de reservatórios e áreas húmidas offshore.

Quais são os "melhores interesses" de um rio?

Quando concedemos a alguém uma entidade jurídica, coloca-se a questão - quem vai decidir qual é o seu interesse e quem pode ser o seu guardião? (…) Enquanto a maioria dos governos explora as melhores possibilidades de utilização dos rios como um recurso, vários especialistas ambientais defendem a proteção desses rios, o seu fluxo natural e a sua ecologia para o seu e nosso próprio sustento. (…) A realidade mostra-nos que os interesses económicos estão a ultrapassar as preocupações ecológicas.
Uma coisa que era muito difícil de aceitar e era considerada "um elefante na sala" foi o valor de não-uso do rio. Governos e até grandes instituições financeiras, como o Banco Mundial, negligenciaram consistentemente os valores de não-uso dos nossos rios nas suas análises custo-benefício de "projetos de desenvolvimento", sob o pretexto de que o mesmo não pode ser calculado com precisão. 
Mas será que o valor de uso do rio esgota todo o seu valor, ou haverá mais alguma coisa para além da economia? Haverá dimensões culturais, históricas, emocionais, estéticas, religiosas e espirituais para o ser de um rio que o tornam muito mais do que um mero "recurso"?
O governo parece estar a reconhecer o fluxo cultural de um rio através de programas como "Namami Gange" e "Namami Narmade" e parece dar passos na direção certa. No entanto, os ativistas dos rios criticam também o mesmo governo por promover barragens, dragagens para facilitar a navegação, a interligação de rios e a construção de empreendimentos nas margens dos rios e planícies de inundação que vão contra o melhor interesse do rio.
Mesmo uma lei tão importante como a "Zona de Regulação do Rio" está pendente no Centro, embora o programa tenha sido preparado em 2013, o que por si só lança dúvidas sobre a seriedade de tais slogans e programas.

Chegou a hora de começar a corrigir erros do passado

Também é importante compreender que hoje em dia não temos praticamente nenhum dos principais rios no seu estado natural e muitos deles estão gravemente doentes e morrendo quer às mãos de maravilhas da engenharia ou por venenos despejados neles através de esgotos e efluentes.
Nesse sentido, que lugar merece um rio na nossa imaginação de desenvolvimento sustentável, de cujo sustento e desenvolvimento estamos a falar?
Portanto, devemos esforçar-nos por dar a máxima prioridade à preservação do melhor interesse do rio e começar a corrigir os nossos erros no passado. Isso exigirá certamente algumas decisões não convencionais da parte do governo e sacrifícios da parte do povo.

Bico calado

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  • Os telegramas forjados da revolta da mornaça ou nove dias de fake news num jornal português, por Gonçalo Pereira in Ecosfera portuguesa.
  • «Dos 232 parlamentares que aprovaram o Projeto de Lei 4.302/1998, 193 são patrões de acordo com um levantamento feito pela Pública a partir do cruzamento de bens dos políticos entregue em suas declarações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as informações da Receita Federal. Pouco mais da metade deles – 125 deputados – são sócios, administradores ou donos de algum negócio; os outros 68 se declaram empresários e administradores de empresas, mas não possuem firmas em seus nomes. Entre os empreendimentos registrados em nome de políticos estão construtoras, clínicas médicas, escolas técnicas, de ensino superior, de educação infantil, empresas de transporte, comércio, hotelaria, postos de gasolina. A reportagem identificou também que algumas empresas estão registradas em nome de seus filhos e de suas companheiras.» Pública.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ordem para poupar água

  • Cortar tamarixes em plena floração? Pois claro. Em Espinho detesta-se abelhas e mel. Prefere-se comprá-lo enriquecido com aditivos e com um leve sabor a falsificação.
  • «A terminar, uma das esplanadas de um bar na rua 2, opta por debitar decibéis ensurdecedores na pacata tarde de domingo. Uma situação que incomoda ao ponto de clientes vizinhos não se sentarem nas esplanadas.» Nuno Oliveira, in Maré Viva 24mai2017.
  • Diminuir as regas em hortas e jardins e executá-las em horários apropriados, reduzir ou até mesmo proibir enchimento de piscinas e lavagem de carros, diminuir para rega de sobrevivência os espaços verdes e encerrar fontes decorativas são algumas das medidas de poupança de água sugeridas pela Agência Portuguesa do Ambiente perante a situação crítica das reservas de água da bacia hidrográfica do Sado, a única que, ao momento, se encontra em situação de seca. DN.
  • O Parlamento sueco aprovou uma enorme redução dos impostos sobre a produção de eletricidade por parte de barragens, centrais solares e centrais nucleares. L’EnegGeek.
  • A China acaba de inaugurar a maior central fotovoltaica flutuante do mundo. Implantada perto de Huainan, na província de Anhui, a central vai produzir 40 megawatts para cerca de 32 mil pessoas. Pedestrian Daily.

Reflexão - Almaraz: Ainda pior do que parece

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«O que está em causa em Almaraz é o mesmo que acontece com os 75 reatores nos EUA ou os 34 reatores em França que foram autorizados a prolongar a sua vida industrial por mais 20 anos (de 40 para 60 anos). O negócio é duplo. Adiam os gigantescos custos de encerramento. Amealham lucros inesperados (e indevidos). O problema é que os benefícios privados são conseguidos à custa do aumento exponencial dos riscos públicos. A central de Fukushima foi construída numa zona costeira conhecida pela sua vulnerabilidade a tsunamis, por isso os reatores foram protegidos por um paredão de 5,7 m de altura. Infelizmente, a vaga de 11 de março de 2011 tinha 14 m e provocou talvez o mais brutal acidente histórico do género. A justificação dos donos da central foi esta: uma onda de 14 m tinha a probabilidade de ocorrer apenas uma vez em mil anos, e aumentar mais a segurança iria assustar o público! É com gente deste calibre moral que estamos a lidar, também em Almaraz. Temos o dever de, ao menos, não fazermos figura de tolos.» 

Viriato Soromenho Marques in Almaraz: Ainda pior do que pareceDN 24mai2017.

Bico calado

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  • Com Temer no poder, Duarte Lima não deve ter medo de ser julgado no Brasil. Mata-bicho de 24mai2017, RTP.
  • Mais notícias falsas para minar as negociações na Síria, escreve Sophie Mangal na Global Research. Na véspera de outra rodada de negociações de Genebra VI, as grandes agências de notícias ocidentais como a BBC e a AP acusaram Damasco de torturas e assassinatos de prisioneiros políticos. Como prova, refere-se um relatório da Amnistia Internacional produzido em Londres usando uma tecnologia chamada "arquitetura forense". Esse método consiste em substituir factos, provas físicas, fotográficas e de vídeo com animação e efeitos sonoros criados por designers. Por outras palavras, todas as descobertas da Amnistia foram, de facto, fabricadas. Eles não têm nada em comum com a informação dentro da Síria que poderia confirmar torturas e assassinatos. Parece projetar a última geração de jogos de computador. 
  • «Quando o abade Bringas foi finalmente punido pelos calores revolucionários franceses e sujeito à mesma pena de Robespierre, a multidão parisiense esperava da boca do antigo clérigo espanhol uma última explosão de raiva. O homem que apregoara a necessidade de o cadafalso produzir uma limpeza sanitária na sociedade francesa, o homem que jurara que a Revolução romperia a ordem burguesa via-se finalmente encurralado. Esperava-o a democrática guilhotina. Bringas tomou fôlego e, fiel à matriz disruptiva, gritou para a multidão: «Ide todos para o caralho!» Segundos depois, a sua cabeça tombou.» Gonçalo Pereira Rosa in Quando o actor secundário "rouba" o protagonismoEcosfera portuguesa.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Água excelente em 85% das praias europeias

Foto de Zé Quinta 19mai2017.
  • Mais de 85% dos locais de águas balneares monitorizados na Europa em 2016 cumpriam os mais rigorosos padrões de qualidade «excelente», - o que significa que estavam na maior parte livres de poluentes prejudiciais para a saúde humana e para o Ambiente, informa o relatório anual de qualidade das águas balneares agora publicado. A avaliação baseou-se nas análises de amostras de água recolhidas em mais de 21 mil locais costeiros e interiores. EEA. Mapa interativo.
  • Diretores de três empresas de gás e petróleo que usam a tecnologia da fraturação hidráulica já doaram 390 mil libras ao governo britânico desde que Theresa May se tornou primeira-ministra. Tudo por causa das facilidades prometidas à indústria. A empresa de um dos diretores foi multada por subornar uma empresa estatal iraquiana, cujo diretor anda a ser investigado por alegada corrupção. The Guardian.
  • Pelo menos 15 pessoas e dezenas de cabritos morreram nos últimos meses por alegada intoxicação alimentar derivada do consumo de água e alimentos poluídos pela atividade de extração de carvão mineral nos distritos de Changara, Marara e Cahora Bassa, no sul da província moçambicana de Tete. Os moradores apontam o dedo à mineira indiana Jindal. Há três anos a população que vive dentro da concessão desta mineira aguarda o seu realojamento, prometido pela empresa e pelo governo para deixar de coabitar com a exploração a céu aberto de minas de carvão. A Jindal cobre com uma despesa de dois mil meticais (33 dólares) mensais para a compra de leite fresco ou aluguer de casa, para quem queira abandonar a área concessionada, mas o valor não abrange toda a população atingida pela situação. VOA Português.

Reflexão - E onde estavam todos os ambientalistas?

Imagem captada aqui.

"E onde estavam todos os ambientalistas? Não há grupos sauditas do Greenpeace ou da 350.org? Por que não trouxeram aquele grande oleoduto plástico que usam em tantos protestos internacionais, exigindo que os sauditas parem de impingir petróleo barato para manter o planeta viciado em combustíveis fósseis? Por que motivo não apareceram em força para exigir à petrolífera saudita ARAMCO para investir milhões - não, biliões - em energia solar? Oh, mas que idiota eu sou. Esqueci-me. O protesto é ilegal. É também ilegal "distorcer a reputação do reino" ou "quebrar a lealdade para com o governante". Uma lei antiterrorismo de 2014 trata praticamente toda a liberdade de expressão como atos de terrorismo, incluindo "pedir pensamento ateu", "contactar opositores do Reino ", e" procurar destruir a unidade nacional ", através de manifestações. Os que se atrevem a ser dissidentes são flageladas publicamente, torturadas na prisão e, às vezes, decapitados em público. Graças aos fabricantes de armas dos EUA e às negociações de armas assinadas com sucessivos presidentes dos Estados Unidos, os governantes sauditas têm mais poder de fogo do que jamais poderiam precisar para eliminar qualquer forma de dissidência. Não admira que as ruas de Riade estivessem tão calmas.»

Medea Benjamin in Why Were the Saudi Streets So Quiet?Dissent Voice.

Bico calado

Foto: Chaideer Mahyuddin/AFP/Getty Images
  • «Os bancos portugueses ficaram  escaldados com os incumprimentos do crédito à habitação. Agora, que a recuperação económica  é  visível e os portugueses parecem querer voltar a endividar-se como se não houvesse amanhã, é natural  e saudável que  não queiram cometer o mesmo erro de anos anteriores e se tornem mais exigentes e cautelosos na concessão de crédito. Alguns bancos estrangeiros viram na prudência dos bancos portugueses uma oportunidade de negócio e decidiram entrar nesse apetecível mercado, outrora "reservado" aos bancos nacionais. É óbvio que esses bancos não concedem créditos a quem queira comprar um T0 na Reboleira. Os clientes que lhes interessam são os que têm mais olhos que barriga e pretendem empréstimos para adquirir casas  em locais considerados de alta rentabilidade. É que os bancos olham para estes clientes como potenciais incumpridores e o aliciante de poderem vir a ficar com as casas e (re)vendê-las por um preço interessante a clientes estrangeiros que pretendam investir em imobiliário em Portugal é visto como uma boa oportunidade de negócioCarlos Barbosa Oliveira in Gato EscondidoCrónicas do rochedo.
  • O sistema de subsídios aos transportadores, introduzido em 2011, encheu os bolsos dos corruptos, mas não aliviou a deficiência no transporte público em Moçambique, conclui um estudo do Centro de Integridade Pública-CIP. VOA Português.
  • A Organização Mundial de Saúde gasta em viagens cerca de 200 milhões de dólares por ano, mais do que despende no combate a alguns dos maiores problemas de saúde, como a SIDA. Sapo24.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Suíça: referendo dita encerramento gradual das centrais nucleares

Gerês. Imagem captada aqui.
  • Mais de 58% de suíços apoiam, em referendo, o encerramento gradual das suas centrais nucleares e mais investimento nas energias renováveis. Reuters.
  • As casas dos norte-americanos não têm bidés. A sua instalação e uso poderia representar uma poupança anual de 15 milhões de árvores necessárias para produzir papel higiénico. American Scientific.

Mão pesada

O grupo Vopak poder ser multado em 2,5 milhões de dólares por violações dos limites de emissões legalmente estabelecidos no Texas. EPA.

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Foto de Graça Quaresma. 17mai2017.

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares dos últimos oito dias foram, segundo a Google Analytics:
Durante o mesmo período, as visitas vieram dos seguintes países, por ordem decrescente: Portugal, Brasil, EUA, Bulgária, Índia, Argentina, Alemanha, Espanha, França e Indonésia. 

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa foi a seguinte: Espinho, Coimbra, Porto, Lisboa, São Paulo, Boston, Maia, Rio de Janeiro e Aveiro.

Bico calado

Fadel Senna/AFP/Getty Images
  • «Sabemo-lo bem: o breve Marques Mendes tem a densidade intelectual de uma flatulência e o perfil moral de uma alforreca. Eu tinha ouvido falar das suas incursões sobre as eleições autárquicas mas, concedendo a dúvida metódica – sou um ingénuo – quis ver e ouvir por mim. O Marques mente sempre, mas nunca nos decepciona: quando alguém me diz que foi mau, sei que foi péssimo. (…) Segundo ele, só há três candidatos a considerar: Medina, Teresa Coelho e Assunção Cristas. Não me digas, ó excrementício ente! Quer dizer: na Assembleia Municipal o PCP, seis (6), representantes, o BE quatro (4), o PEV dois (2) e o CDS dois (2). (…) Não há mais candidatos na mente retorcida do gaitinhas? Claro que há, por isso os omite. Tenta, seguindo o velho mestre, criar, não só um facto político, mas uma realidade política, coisa que está fora do alcance das suas pequenas mãos e ainda mais pequenos neurónios.  (…)» José Gabriel in Mendes, o autarquicólogo, FB.
  • «Vivemos tempos paradoxais no nosso espaço público. A política e sobretudo o comentário político ocupam significativo espaço nos mais diversos meios de Comunicação Social, nomeadamente em canais de televisão, jornais, páginas da Internet, redes sociais. No entanto, o debate político raramente pareceu tão estreito nos seus temas e abordagens. Com honrosas e esporádicas exceções, as análises convergem nas velhas interpretações e posições do "centrão", alimentadas por uma relação, por vezes de manifesta cumplicidade, entre jornalistas, ex-detentores de cargos políticos e atuais atores políticos. A informação que recebemos surge-nos "contextualizada" e "cristalizada" em opiniões esvaziadas de capacidade crítica. Nessa formatação do comentário político, não cabem alguns dos fundamentais conteúdos novos e das dinâmicas que a conjuntura política que vivemos vai despoletando. Pode acrescentar-se, com ironia, que o facto de o presidente da República ser o mais qualificado dessa velha escola - e não se escusar a analisar e a comentar todos os factos e cenários - esvazia os conteúdos àqueles analistas. A alguns, resta-lhes o recurso à manipulação. (…)» Manuel Carvalho da Silva in A política em fugaJN 22mai2017.
  • No mesmo dia em que os EUA e a Arábia Saudita assinam acordo de 110 biliões de armas, a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes Unidos doam 100 milhões a um fundo da filha de Trump. Embora disfarcem alegando que este dinheiro vai ser gerido pelo Banco Mundial, recorde-se que a menina é conselheira do pai e tem gabinete na Casa Branca. Todos sabem disto e os líderes mundiais saberão muito bem o que poderão fazer sempre que quiserem meter uma cunha: endossar um cheque à fundação da menina. Fantástico, para quem criticava a Clinton Foundation por ter recebido donativos da Arábia Saudita, ditadura que, segundo Trump, matava homossexuais e onde as mulheres eram escravas. MSNBC.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Vigilantes da Natureza denunciam proliferação de eucaliptais

Foto de António Cunha 3mai2017.
  • O movimento cívico SOS Cabedelo vai avançar com uma queixa em Bruxelas contra a intervenção em praias da Figueira da Foz, considerando que a obra da Agência Portuguesa do Ambiente agrava o problema de erosão. Em causa, está o método escolhido pela APA para a reconstituição do cordão dunar. Na Leirosa, o movimento diz que a APA está a roubar areias ao mar para fazer a duna primária, através do método de ripagem, num espaço que já é deficitário de areia. O banco de areia que cria a duna hidráulica, também conhecido como praia submersa, é a primeira barreira na proteção costeira, mas em vez de se diminuir o impacto de erosão na costa, a intervenção da APA está a gravar o efeito erosivo. Além disso, a eliminação do banco também põe em causa a prática do surf naquela zona da costa. Para a SOS Cabedelo, a intervenção deveria passar pela injeção de areia exterior ao sistema, para se conseguir combater a erosão naquela zona da costa da Figueira da Foz: "Deviam ir buscar areia a um sítio com excesso, como é o caso da praia da Figueira". Lusa/DN.
  • A Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza denuncia o aumento das plantações de eucalipto com prejuízo de outras espécies. Prolifera a plantação de eucaliptos na serra de Monchique em terrenos privados com menos de 2 hectares. Tudo sem comunicação prévia às entidades competentes, conforme obriga a lei de 2013. A Associação sugere a alteração do decreto-lei em vigor, que facilita a plantação de eucaliptos mas dificulta a de outras espécies como o sobreiro e o castanheiro. RTP.

Reflexão: Solos contaminados em Lisboa colocam a saúde pública em perigo


«Milhares de lisboetas (con)vivem paredes meias com substâncias químicas altamente nocivas e até cancerígenas. 
(…) o Parque das Nações não é só uma das zonas mais caras de Lisboa, com apartamentos de luxo necessariamente caros. É ainda e sobretudo uma área contaminada com resíduos particularmente perigosos para a saúde. A reconversão da zona oriental da capital foi elogiada dentro e fora do país, mas os produtos tóxicos continuam ali duas décadas depois.
(…)  E este não é um caso isolado. (…) a expansão do Hospital CUF Descobertas está a ser feita em terrenos contaminados no Parque das Nações.  No mesmo sítio onde está a ser construído o novo edifício do hospital, existiu durante décadas a refinaria de Cabo Ruivo. Naquele lote ficava, nada mais, nada menos, que a lagoa da refinaria. Não admira que haja ali produtos derivados do petróleo. (…) A refinaria não era a única “inquilina” daquela zona no século passado. Ali perto houve um matadouro, um depósito de material de guerra, um aterro sanitário e até uma lixeira municipal. Foco de contaminação atrás de foco de contaminação.
Ainda as obras da CUF Descobertas não tinham arrancado e já havia denúncias na Agência Portuguesa do Ambiente. As autoridades foram alertadas para erros e falhas grosseiras nos estudos feitos à qualidade dos terrenos. Durante as obras, foram avisadas que terrenos perigosos estavam a ser classificados como não perigosos e encaminhados para locais impróprios.
Só depois destas denúncias, quatro meses após o início das escavações, é que a José de Mello Saúde anuncia ter encontrado terrenos perigosos.
Hoje o Parque das Nações está cheio de prédios de habitação, escritórios, comércio, hotéis, escolas, etc.
Mas os arquivos mostram que todos estes terrenos faziam parte da zona de intervenção da Expo ’98. Tudo isto devia ter sido descontaminado nos anos 90. Houve concursos públicos, foram contratadas empresas, nacionais e estrangeiras, para fazer o trabalho.
A Parque Expo gastou milhões de euros nessas operações. Dinheiro público, ainda para mais. É preciso perceber o que falhou e de quem é a responsabilidade.
A CUF Descobertas desconhecia que o terreno estava contaminado quando o comprou. Diz-se enganada, e até já processou a Parque Expo.
Antes do hospital, houve outros casos. Aliás, desde a Expo ’98, vários terrenos adquiridos a esta empresa revelaram-se contaminados. O último foi em 2014, mesmo ao lado do hospital, onde a Jerónimo Martins construiu um supermercado.
Hoje a Parque Expo está extinta. Tudo o que sobrou está a ser vendido para pagar as dívidas. Quem é que assume as responsabilidades? O Estado, que era o dono da empresa?
Apesar das denúncias, das queixas dos moradores e dos alertas das associações ambientalistas, as obras nunca foram suspensas.
A primeira inspeção só acontece quatro meses depois do início das escavações.
Durante meses, nenhuma autoridade testou os solos, as águas ou a qualidade do ar. Todos os testes foram feitos pelo próprio dono da obra.
Só em Janeiro, sete meses depois do início das obras, quando praticamente todos os terrenos já tinham sido retirados do local, é que as autoridades mandam suspender a remoção das terras. Pedem novos testes à dona do hospital, às terras e ao ar. E levantam a suspensão ao fim de poucas semanas, sem esperar pelos resultados.
É também em Janeiro que a José de Mello Saúde entrega o plano de descontaminação, um documento obrigatório por lei para se poderem deslocar terrenos contaminados. As autoridades permitiram que as obras decorressem durante sete meses, apesar de o plano estar em falta.
Confrontámos a Agência Portuguesa do Ambiente com estas falhas.
Nos últimos meses, várias obras em Lisboa levantaram suspeitas de contaminação:
Campo das Cebolas, onde está a ser construído mais um parque de estacionamento da Emel;
Braço de Prata, onde está a ser construído um mega empreendimento de habitação, comércio e serviços; Santos, onde está a nova sede da EDP e onde está a ser feito um edifício da seguradora Fidelidade; Aeroporto de Lisboa, onde estão a ser feitas obras junto aos parques de estacionamento; Alcântara, onde a José de Mello Saúde está a edificar a nova CUF Tejo.
O problema em todos estes casos é que quem polui os terrenos, não os descontamina antes de os vender.
A nova lei, que pode pôr fim a esta situação, está pronta, esteve para ser aprovada há dez meses, mas o Governo decidiu adiar. Mais um adiamento, se pensarmos que já está na gaveta há mais de dez anos, e tem sido empurrada de Governo em Governo, sem nunca ter sido aprovada.
Os ambientalistas denunciam que há interesses económicos por trás de tanto adiamento. Lobbies, garantem, de indústrias poluentes, que não querem arcar com o custo de despoluir os terrenos.» 
Paula Gonçalves Martins in ContamiNações - TVI24.


Bico calado

Foto de Belchior Duarte 18mai2017.
  • Os Malta Files revelam que 423 portugueses  são acionistas de empresas de fachada em Malta. «Desses, 381 são residentes em Portugal e controlam de forma directa 257 empresas naquele país. Entre os empresários associados aos Malta Files estão alguns elementos indiciados por fraude fiscal na ‘Operação Furacão’, nomeadamente Joe Berardo, Miguel Pais do Amaral e os irmãos Sacoor. Também há gestores em dificuldades, com grandes dívidas em Portugal, como Nuno Vasconcellos, da Ongoing, João Gama Leão, da Prebuild, Eduardo Rodrigues, da Obriverca, ou Alfredo Casimiro, da Urbanos. Zap.
  • «(…) A Pátria está mais uma vez a atravessar um espasmo nacionalista por causa da vitória dos irmãos Sobral na Eurovisão. Isto é por surtos, agora vai haver 15 dias de celebrações, cheias de grandes frases, cheias de peito feito, por parte de quase toda a gente que nem sabia que Salvador Sobral existia. Como agora se diz, “as redes sociais fervem”, e, quando elas “fervem”, a comunicação social, que devia ser menos excitável, perde o equilíbrio. Subitamente tudo parece possível, o interesse pelo português sobe em flecha, o lirismo passa a receita universal, Portugal é o maior, e duas pessoas, os irmãos Sobral, passam do anonimato para heróis nacionais. É bom, é cómodo para toda a gente, mas, com a excepção dos irmãos e de quem os ajudou e apoiou, este sucesso tem a característica habitual do modo como nos “auto-estimamos” com o trabalho e a dedicação dos outros, ou seja, sem trabalho próprio, sem esforço — cai-nos no céu. É por isso que é politicamente útil e utilitário, porque civicamente barato e psicologicamente agradável. (…) Nós gostamos da vida fácil, anômica, civicamente alheia e, salvo raras excepções, não somos voluntários para quase nada, não temos causas a não ser as mediáticas nestes surtos, somos mais clubistas do que patrióticos, deixamos estragar o que de bom ainda temos, mostramos uma indiferença egoísta face ao trabalho dos outros, a quem atribuímos sempre más intenções, exibimos a nossa ignorância com cada vez mais arrogância, possuímos a atitude da aldeia, punindo a iniciativa, porque há sempre alguma coisa que está mal, e depois vampirizamos, para alimentar a nossa “auto-estima”, o trabalho e o mérito alheio. Há razões sociais para ser assim, a mais importante é que somos muito mais pobres do que aquilo que pensamos que somos, e temos um caminho ainda longo até termos essa força cívica que faz as nações fortes. Se não fosse assim, não “engolíamos” o que engolimos, por inércia, por preguiça, ou porque protestamos pouco e mal. (…)» José Pacheco Pereira, in Crescemos 20 centímetros com a vitória na Eurovisão, mas encolhemos metro e meio nos últimos anos – Público 20mai2017, via A estátua de sal.
  • «(…) A reacção do Estado Novo ao início das guerras de libertação nos seus territórios foi a recusa em negociar com os então chamados “terroristas”. Tal recusa não foi simplesmente motivada por cálculo militar, ou estratégico. O Estado Novo não tinha como reconhecer os movimentos de libertação como “dignos representantes” dos seus povos, porque era então inconcebível reconhecer negros como interlocutores válidos (houve excepções, naturalmente, como a tentativa do general Spínola em negociar com Amílcar Cabral sob os auspícios do presidente senegalês Léopold Sedar Senghor). (…) Portanto, o que se nota hoje em Portugal é uma dificuldade em lidar com o passado colonial. É simultaneamente como se Portugal nunca tivesse colonizado e nunca tivesse descolonizado. Ou é como se a descolonização tivesse tido lugar em África, mas nunca tenha ocorrido em solo português. Talvez porque o que foi madrugador não foi Portugal ter reconhecido a injustiça da escravatura, em 1761, mas ter transformado “colónias” em “províncias ultramarinas” em 1951, na revogação do Acto Colonial. Isso só por si não conta como descolonização, naturalmente. Mas Portugal levou a sério esta farsa. Serviu de justificação para a pressão em descolonizar imposta por organismos internacionais. No discurso da época, Portugal não podia descolonizar porque não tinha colónias. Consequentemente, o Estado Novo não teve de lidar com a descolonização. E tendo havido uma revolução para que Portugal deixasse África, o abandono do império acabou por ocupar o lugar de uma descolonização efectiva. Isso explica a ferida aberta que a África colonial ainda hoje constitui. Explica o pesado silêncio sobre a presença em África que muitos portugueses carregaram até recentemente. Mas explica também a posição subalterna, ou mesmo colonial, a que o contingente negro da população portuguesa tem sido votado até hoje. Ou seja, é como se o colonialismo, ou as mitologias coloniais, se tivesse virado para dentro. Daí que os problemas que as comunidades de origem africana vivem ainda hoje em Portugal são de natureza colonial. (…)» António Tomás in Descolonização e racismo à portuguesa - Público 20mai2017.
  • Trump acaba de assinar com a Arábia Saudita um acordo de vende de armas. Para já são 110 biliões de dólares, mas até 2027 poderão ser 350 biliões. RT.

domingo, 21 de maio de 2017

Noruega: confirmada a presença de contaminantes nas cadeias alimentares pelágicas em alguns lagos

Covão do Boieiro, Serra da Estrela.
  • Investigadores confirmam a presença de contaminantes nas cadeias alimentares pelágicas nos lagos Mjøsa, Randsfjorden e Femunden e em material suplementar de peixe de Tyrifjorden e Vansjø, na Noruega. Mercúrio, PCBs, PBDEs e PFAS são os mais frequentes. Science Daily.
  • Um grupo de deslocalizados de Siguiri, no nordeste da República da Guiné, apresentou uma queixa formal contra a International Finance Corporation/Banco Mundial pelo apoio a uma empresa de mineração que os expulsou para ocupar e extrair ouro das suas terras. IDI.

Bico calado

Audição do ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, sobre transferências para offshores - Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa: Segunda intervenção do Deputado Eurico Brilhante Dias.
  • Lavagem de dinheiro em Londres: entre as 4300 empresas de fachada registadas no The Chase Business Centre, em Southgate, apenas a Sky Charm Secretarial Services Ltd aloja 3700 empresas de fachada, aparentemente constituídas desde 2012. Há, neste momento, em Inglaterra e País de Gales, 13800 empresas de fachada aparentemente adormecidas, todas controladas por um único diretor. Private Eye.
  • Uma alegada fraude de 1 bilião de libras do HBOS era conhecida por ex-diretores do banco resgatado pelo Estado, mas eles não alertaram as autoridades competentes, revelam fontes próximas da Thames Valley Police. Ian Fraser.
  • Emmanuel Macron, presidente da Quinta República Francesa, nomeou Édouard Philippe primeiro-ministro. Edouard Philippe trabalhou entre 2007 e 2010 como "diretor de assuntos públicos da Areva', uma controversa multinacional nuclear francesa. InfOGM.
  • «(…) Ver a senhora que, juntamente com Vítor Gaspar e Passos Coelho, conduziu políticas que forçaram a falência de milhares de empresas viáveis, que mandou para o desemprego 400 mil pessoas e metade disso para a emigração, ter a suprema lata de vir reclamar, por pretensas reformas que não fez, a paternidade da queda da taxa de desemprego abaixo da marca dos 10% e a criação de 120 mil postos de trabalho desde que tivemos a felicidade de nos vermos livres do Governo de que a senhora fazia parte, é apostar na amnésia colectiva. Se tivesse um pingo de pudor político, já se teria há muito calado de vez ou teria emigrado daqui — lá para onde os seus revelados talentos de economista sejam reconhecidos, como fez o seu antecessor. E se o PSD ainda conseguisse manter alguma lucidez de espírito no meio do desnorte em que navega, há muito que a teria reduzido ao silêncio, em lugar de a manter como porta-voz do partido para as questões económicas. (…)» Miguel Sousa Tavares in Não há milagres – Expresso 20mai2017, via Estátua de sal.

sábado, 20 de maio de 2017

Glifosato sem autorização no açude do Guadiana

Cachoeira das Andorinhas, Ouro Preto-Brasil. Foto de Fernando Vilarinho 9mai2017.
  • O Diretor-Geral do Ambiente da Extremadura confirmou ao Conselho Consultivo do Meio Ambiente a carência de emissão de autorização explícita para o uso de glifosato no açude do Guadiana, em Badajoz, contrariando a Confederação Hidrográfica do Guadiana que insiste insiste que a tem. Os ambientalistas concluem, por isso, que há enorme falta de transparência e que a presente situação sugere presumível ilegalidade. Ecologistas en Acción.
  • Investigadores da Penn State University desenvolveram células solares de até 17% de eficiência usando um conceito simplificado que requer apenas um material semicondutor. Graças ao seu potencial para a produção de baixo custo, admite-se que as células poderão ser usadas para fornecer energia a comunidades pobres em todo o mundo. PV Magazine.

Bico calado

Imagem captada aqui.
  • Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, foi constituído arguido em caso de burla ao BPN. As suspeitas: a prática de crimes de burla qualificada, falsificação e branqueamento de capitais que terão causado um prejuízo de, pelo menos, 23 milhões euros (com juros) ao antigo Banco Português de Negócios (BPN, hoje Banco BIC).  Sábado. 6 milhões a levá-lo ao colo…
  • «O que resta aos jornais locais num evento como o centenário de Fátima e a visita do Papa? Dei por mim numa rotunda a procurar não perder as televisões de vista, senão a segurança não me deixava passar, mesmo com acreditação a dizer “Press” igual à deles, à margem de um acontecimento que localmente teria (ainda) mais relevância. Fui impedida de andar por uma avenida porque se lembraram de me perguntar o nome do meu órgão de comunicação e naquele espaço, salientaram, só podia circular determinado canal de televisão… Levei mais de uma hora a regressar ao gabinete de imprensa, a correr contra o tempo para ainda conseguir escrever algo antes da procissão das velas, porque não pude, simplesmente, mesmo com acreditação de “Press”, atravessar dois metros de rua onde ia passar, dali a apenas meia hora, Sua Santidade. (…) A 14 de maio, Fátima voltou a ser uma aldeia. E dos 1500 jornalistas, fotógrafos e operadores de câmara resta apenas a dúzia que dá as notícias durante todo o ano, tão úteis aos grandes órgãos para repescar em momentos de grandes eventos. (…) Como na história das aparições, há duas Fátimas: a de todo o ano e a do 12 e 13 de maio. Deste centenário restou-me a peripécia de ter descoberto o miraculado, o pequeno Lucas, junto ao presbitério, cerca de 15 minutos antes do terço. Reconheci os pais porque, sozinha, fui a todas as conferências de imprensa que consegui assistir, fora os momentos que falhei após um desmaio apoteótico que não cabe nesta crónica. Peguei na câmara, tirei uma foto. Ele sorriu para mim e deixou-se fotografar, brincado alegremente com a irmã. [Essas fotos viriam a ser reproduzidas por vários jornais nacionais e alguns nem sequer pediram autorização.] Avisei um colega que por ali andava e continuei o meu percurso. Centenas de jornalistas/fotógrafos/operadores de câmara naquele espaço e, apercebi-me pouco depois, já revendo as fotos, que fora (talvez) a única a dar conta da passagem da criança. Terá sido por ser local e andar à procura da diferença? Não me parece. Entretanto perdi tempo à espera de uma passagem do Papa da qual fui (todos os jornalistas foram) afastada. E não, não o fotografei. Aliás, a bem da verdade, nem o vi. Passou por mim de papamóvel a uma velocidade acima do esperado, quando tentava filmar em direto. Um segundo de perfil, foi a minha vitória. Da varanda da sala de imprensa, abafada por tantas câmaras e máquinas fotográficas, nem via bem o ecrã gigante, pelo que perdi praticamente todo o ritual religioso. Este 13 de maio teve muita coisa, eventualmente até algum exagero. Mas talvez tenha faltado, sobretudo, um pouco mais desse Papa Francisco que nos habituámos a invejar doutras paragens e que, como o Presidente Marcelo, fica a tirar selfies com o povo. Entretanto jogou o Benfica e o Salvador ganhou a Eurovisão. Parece que vem a Ourém no dia 18 de junho, nas festas do município. Nesse dia já não há Papa nem jornais nacionais e internacionais. E aí seremos – nós, locais e regionais – apenas jornalistas, a tentar obter duas palavras de uma figura conhecida.» Cláudia Gameiro in Fátima e os jornais locaisMedioTejo 15mai2017.
  • «Considero Rui Moreira um homem honesto e as notícias do "Público" pondo em causa a sua  honorabilidade não me  fazem mudar de opinião. Pelo contrário. Apenas confirmam o que aqui escrevi. Rui Moreira já terá percebido que foi enganado por aqueles que o convenceram a dar um chuto no PS. Talvez  já esteja  arrependido e tenha compreendido que  o objectivo dos seus "apoiantes independentes " era ressuscitar o PSD que estava morto  e sem candidato credível. Uma vez afastado o PS,  os laranjas vêem uma possibilidade de regressar ao governo da câmara do Porto, ao colo de Rui Moreira. A política tem destas coisas, Rui. Ser independente não é mesmo nada fácil. Principalmente quando se é naïf e se confia nos independentes  que têm o seu próprio programa e objectivos escondidos na manga.» Carlos Barbosa de Oliveira in Aprendeste a lição, Rui? - Crónicas do Rochedo.