terça-feira, 25 de abril de 2017

Capoulas Santos promete continuar a apoiar a indústria da celulose e do papel

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  • Marcha mundial do clima, 29 de abril, 15h - Ambientalistas de Aljezur, Lisboa e Porto juntam-se à edição deste ano da Marcha Mundial do Clima, convocada nos Estados Unidos contra as políticas a favor dos combustíveis fósseis. As três marchas em Portugal vão exigir o fim da prospeção de petróleo na costa portuguesa. Observador.
  • O Centro Internacional de Investigação para o Atlântico vai ser construído nos Açores, - Santa Maria ou Terceira são as hipóteses colocadas -, decidiram os 200 participantes de 29 países reunidos na Praia da Vitória, Terceira-Açores. Este centro de investigação estará vocacionado para o estudo do Atlântico, nas áreas do espaço, das alterações climáticas, da atmosfera, das energias renováveis e do processamento de dados, agregando uma rede de instituições em diversos países, sendo financiada por fundos públicos e privados. Em novembro deste ano, uma nova cimeira, no Brasil, deverá ratificar os compromissos entretanto assumidos. JE.
  • A praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, vai ser alvo de uma intervenção por parte da Agência Portuguesa do Ambiente. A SOS Cabedelo contesta o projeto por se tratar de «um ataque à praia» e questiona a técnica de ripagem, a constituição de o que diz ser uma nova duna e a construção de um muro de betão, intervenções que acabarão por reduzir a dimensão da praia e pôr em causa a qualidade das ondas com a construção de um muro «supostamente para proteger o estacionamento que vai desaparecer dali». Público.
  • Reagindo às críticas da Associação da Indústria Papeleira acerca da proibição de plantação de eucalipto, o gabinete de Luís Capoulas Santos garantiu que pretende aumentar a produção e a produtividade do eucalipto e que continuará a apoiar a indústria da celulose e do papel, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal. JNegócios.

Os vencedores dos Prémios Goldman 2017 já são conhecidos

  • Cientistas europeus, Paolo Bombelli, Christopher J. Howe, Federica Bertocchini -, descobriram uma lagarta, a Galleria mellonella -, que come sacos de plástico, o que poderá significar uma maneira de combater a ubiquidade dos resíduos plásticos.
  • O governo britânico está a ser criticado pelo atraso na publicação de um plano de luta contra a poluição do ar cujo prazo limite de apresentação fora estabelecido, pelo Supremo Tribunal, para ontem. Tudo porque os ministros pediram para dilatar o prazo devido à recente convocação de eleições legislativas antecipadas. The Guardian.
  • A Zâmbia está a regressar ao consumo intensivo do carvão devido à queda de produção de energia elétrica provocada pela escassez de chuvas que não alimentam as albufeiras. DW.
  • Vencedores dos Prémios Goldman 2017: Uroš Macerl (Eslovénia): impediu que uma cimenteira coincinerasse coque com resíduos industriais perigosos; Rodrigue Katembo (República Democrática do Congo): obrigou uma petrolífera a abandonar o projeto de extração de petróleo no Parque Nacional Virunga através da denúncia de esquemas de suborno e corrupção; Mark! Lopez (EUA): persuadiu a Califórnia a fornecer testes de chumbo e descontaminação de casas de East Los Angeles contaminadas por uma fábrica de baterias durante mais de três décadas; Rodrigo Tot (Guatemala): conseguiu que um tribunal determinasse que o governo emitisse títulos de terras para o povo Q'eqchi e impedisse a extração de níquel na região; Prafulla Samantara (India): liderou uma histórica batalha legal de 12 anos que afirmou os direitos de terra dos indígenas Dongria Kondh e protegeu as Niyamgiri Hills de uma enorme mina de minério de alumínio a céu aberto; Wendy Bowman  (Austrália): impediu uma poderosa mineira de se apoderar da sua quinta e protegeu a sua comunidade no Hunter Valley de poluição e destruição ambiental.

Reflexão – Os heróis da barragem do Tua


«Paulo Portas e Assunção Cristas foram decisivos para que a polémica barragem do Tua avançasse e se tornasse hoje numa obra irreversível. Enquanto ministros do anterior governo [de Passos Coelho], foram eles que colocaram o diplomata Seixas da Costa a negociar a aprovação da barragem junto da UNESCO
Meses depois da sua intervenção, a UNESCO rasgou o parecer negativo que tinha dado à obra e viabilizou o avanço das gruas da Mota Engil.
Logo que terminou esta negociação, Seixas da Costa foi contratado por esta empresa do norte e é hoje consultor da Mota Engil para África. Há três meses [março 2016], o embaixador tornou-se também colaborador de uma das empresas da concessionária da barragem, a EDP Renováveis. [Posteriormente tornou-se assíduo comentador de vários canais de rádio e televisão]. Paulo Portas seguiu-lhe o exemplo e é agora consultor da Mota Engil para a América Latina. As coincidências têm agora uma explicação. Um negócio de mais de 300 milhões de euros em que o Estado e os consumidores nada terão a ganhar.»

Bico calado

A Chevron Australia foi judicialmente intimada a pagar taxas de 340 milhões de dólares por ter deslocalizado lucros da Austrália para os Estados Unidos através do pagamento de uma maior taxa de juros sobre um empréstimo à sua subsidiária. The Guardian.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Lagoa de Paramos/Barrinha de Esmoriz: continuamos a não querer aprender com os erros do passado.

Lagoa de Paramos/Barrinha de Esmoriz. Foto de Álvaro Reis 22abr2017.

Subscrevo a opinião de Álvaro Reis sobre as obras de «requalificação» da Lagoa de Paramos/Barrinha de Esmoriz. 
É, de facto, preciso muito engenho e arte para ultrapassar as recomendações internacionais de peritos em matéria ambiental. Lamentavelmente, os nossos decisores e eleitos ainda carecem de muita literacia ambiental para concretizarem essas recomendações.

O que está a ser feito confirma que não aprendemos com os erros de há 12 anos, quando se construiu, no mesmo sítio, um dique fusível, em pouco tempo destruído por vários galgamentos e marés vivas.

Ninguém assumiu responsabilidades ou foi responsabilizado por tamanho desbaratar de recursos públicos e pelo atropelo aos mais elementares princípios da conservação dos frágeis ecossistemas costeiros. 
Repete-se agora o erro. E os truques do costume não se fizeram esperar. Mesmo depois de todos os atrasos no arranque da obra, os seus responsáveis, a ABB, alegam um volume de lodos e areias pantanosas superior ao previsto. Por isso, dizem que vão ser precisas muitas mais dragagens e acelerar os trabalhos, cuja conclusão está prevista para julho de 2017.

Claro que tudo isto vai representar «trabalhos a mais», tudo pago pelo erário público, pormenores que poderão, ou não, vir a público perante o facto consumado. 
Temos, pois, a sensação de um «déjà vu» nada sustentável, puro sorvedouro de dinheiros públicos e picareta de impactos ambientais.

Cientistas e investigadores exigem o fim de furos de gás e petróleo na costa e no mar de Portugal

Espinho. Foto de António Manuel Monteiro da Silva 23abr2017.
  • 70 cientistas e investigadores portugueses exigem o fim de furos de prospeção e exploração de petróleo e gás na costa e no mar portugueses, do Algarve ao Porto. «Vimos afirmar que é preciso que cessem, desde já, todos os contratos em vigor e que se recusem novas emissões de licenças, de forma a evitar danos irreparáveis para a economia, o meio ambiente e as suas comunidades», dizem os cientistas numa carta aberta hoje tornada pública. Persistir numa «economia predadora do carbono» inviabiliza compromissos políticos assumidos nas cimeiras, defrauda expectativas das populações, e destrói territórios, mares e rios, atmosfera e cadeias de vida insubstituíveis. TSF. Manifesto e Subscritores, aqui.
  • Art Cullen, co-proprietário do jornal Storm Lake Times, do noroeste de Iowa, venceu o prémio Pulitzer por uma série de editoriais sobre um processo relacionado com a poluição da água movido pela Des Moines Water Works contra a sua terra natal, Buena Vista County. The Huffington Post.
  • O governador da Louisiana declarou o estado de emergência face à erosão galopante da orla costeira. Trata-se de uma tentativa de chamar a atenção nacional para o problema e de acelerar o processo de licenciamento federal para projetos de restauração costeira. Entre 1932 e 2010 perderam-se 4662 km2 de costa, e, se nada for feito, perder-se-ão 5827 km2 nos próximos 50 anos. NYTimes.

Reflexão



«No último século desapareceram 94% das variedades de sementes. As empresas químicas de biotecnologia controlam a maioria das sementes, pelo que agricultores, cientistas, advogados e criadores de sementes indígenas lutam uma batalha entre David e Golias para defender o futuro dos alimentos e para proteger um legado alimentar com mais de 12 mil anos.»

domingo, 23 de abril de 2017

Fabrióleo move ação contra o município de Torres Novas

Foto de Octávio Lima, VNGaia 7abr2017.
  • A Fábrica de Óleos Vegetais, S.A. (Fabrióleo) moveu uma ação contra o município de Torres Novas no valor de 30 mil euros. Em causa está o chumbo da declaração de interesse público municipal à empresa. A declaração de interesse público municipal, que regularizaria uma parte das instalações da Fabrióleo, foi-lhe recusada por duas vezes: primeiro na assembleia municipal de 29 de dezembro de 2015 e depois na reunião de câmara de 9 de novembro de 2016. A Fabrióleo sublinha que a sua atividade terá uma influência reduzida na poluição do Ribeiro do Serradinho e da Ribeira da Boa Água, conforme estudo do Departamento de Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, com quem tem colaborado há 6 meses. MedioTejo.
  • A Grã-Bretanha passou um dia inteiro sem usar carvão para gerar eletricidade pela primeira vez desde a Revolução Industrial, diz a National Grid, citada pela BBC.
  • 3 km da costa da ilha de Gran Canaria sofreram derrame de petróleo na sequência de choque de ferry com oleoduto submarino. Reuters.
  • Os produtores de camarão de Queensland exigem compensações da Qantas porque a zona de produção de camarão foi contaminada com espuma tóxica de extinção de fogos que derramou do hangar da companhia de aviação para o rio Brisbane. The Guardian.
  • As autoridades de Borneo suspenderam a construção de uma ponte sobre o rio Kinabatangan, em Sukau, após advertências de Sir David Attenborough e outros conservacionistas sobre os impactos negativos sobre elefantes pigmeus, orangotangos e outras espécies selvagens. The Guardian.
  • As alterações climáticas vão alimentar atos de terrorismo e reforçar o poder de grupos terroristas como o Daesh e o Boko Haram, alerta um relatório encomendado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão. «Os grupos terroristas estão cada vez mais a usar os recursos naturais, como a água, como arma de guerra, controlando o acesso a ela, exacerbando assim a escassez de recursos», escreve Lukas Rüttinger. 

Reflexão – As papeleiras querem mais eucalipto

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A Associação da Indústria Papeleira (CELPA) diz que a proibição de plantação de novas áreas de eucalipto representa um enorme prejuízo para a economia portuguesa. Considera ainda que essa política é errada e preconceituosa uma vez que não vai ajudar a resolver os problemas dos incêndios florestais nem inverter a perda de área e de produtividade na floresta portuguesa. Além disso, «a proibição de plantação de novas áreas de eucalipto reduz as áreas com gestão, promove o abandono e o crescimento de áreas de matos e incultos e aumentará o risco de incêndio (49% da área ardida nos últimos 15 anos são matos ou incultos e 13% são eucalipto)».

João Camargo, contrapõe
« (…) Portugal tem a maior área de eucalipto relativo do mundo. Portugal tem a 5ª maior área absoluta de eucalipto do mundo, só atrás da China, da Índia, do Brasil e da Austrália. A floresta portuguesa foi entregue nas mãos da CELPA para usar como quiser. O ciclo da insustentabilidade da floresta é o rápido ciclo da vida do eucalipto: cresce rápido, corta rápido para tentar extrair rapidamente os nutrientes e sobreviver ao próximo grande incêndio, vai-se expandindo a área de eucalipto, vão-se expandindo as áreas de incêndios até se darem os incêndios históricos que cortam a biomassa a níveis de deserto e abrem espaço a mais eucaliptal, que retoma o ciclo do incêndio e da substituição da vegetação autóctone. Foram assim os ciclos curtos e longos dos incêndios: cada vez mais frequentes, cada vez queimando áreas maiores e abrindo cada vez mais espaço ao eucaliptal. Na década de 80 o número de ignições era 7380 e a área ardida anual de 73 mil hectares. Na década de 2000 o número de ignições passou aos 24949 e a área ardida anual para para os 150 mil hectares. O eucaliptal? Quase triplicou. Isto permitiu às celuloses não terem sequer de expandir as suas áreas próprias, apesar de quererem mais e mais eucaliptos para produzir pasta. Mesmo os magros números de pessoas empregadas na celulose estão a diminuir: 3581 pessoas em 2005, 3221 pessoas em 2010, 2743 pessoas em 2014. O que as celuloses têm há muitos anos, por culpa da Lei do Eucalipto mas também das suas antecessoras florestais, é os pequenos proprietários na mão, definindo e controlando o que dá lucro, oferecendo o pouco escoamento de um meio rural exangue, conformando o país e o território nacional à sua necessidade. Ao contrário da publicidade do sector, o eucalipto não foi uma alternativa para a economia agrária, foi o seu fim. Reduzindo as alternativas económicas dos cada vez menos proprietários florestais, beneficiando-se de um regime florestal feito à sua medida, de mini-propriedades abandonadas, invadidas naturalmente ou plantadas com eucalipto por mão alheia, as celuloses sentaram-se a ver o país arder sem que ninguém lhes pedisse contas. E porque haveria de pedir? As áreas geridas pelas celuloses não ardem! O problema é que neste momento as áreas das celuloses não são os seus 155 mil hectares, mas também os outros 700 mil de eucaliptal, sobre os quais não têm qualquer responsabilidade, mas dos quais recebem a sua matéria prima, as áreas que os sucessivos governos deram à CELPA para a CELPA se governar.
Discutir incêndios, abandono florestal e êxodo rural sem falar de uma economia de eucalipto que não precisa gente, não precisa investimento e não precisa de emprego é falar de gambozinos. Os incêndios florestais não são apenas fruto de má gestão, incúria, crime e falta de meios para o combate. São o corolário necessário e inultrapassável de um território desadaptado às condições climáticas em mutação, crescentemente insustentável porque tem cada vez menos gente, cada vez mais abandono, porque tem cada vez mais eucalipto e serve exclusivamente os interesses de uma indústria que nem 3 mil pessoas emprega. (…) A alternativa é permitir a manutenção e até expansão do eucaliptal, como quer a CELPA, e que já tem vários investimentos em progressão com isso em mente: a ampliação da fábrica 2 da RENOVA em Torres Novas, a instalação da Smooth – Fábrica de Papel Tissue em Aveiro e a ampliação da Fábrica de Papel Tissue da AMS e instalação da nova Fábrica de Papel "Tissue" da Paper Prime em Vila Velha de Ródão. É o que temos. Papel higiénico como contrapartida. Travar os incêndios ou ceder à ameaça de desvio de investimento, entregando definitivamente o nosso território para que as celuloses o possam utilizar para limpar o rabo.»

Mão pesada

  • O patrão de uma central de gestão de resíduos foi multado em 80 mil libras por armazenar e tratar ilegalmente resíduos de amianto perto de Penzance, Cornualha. GovUK.
  • O ministro do Ambiente da província de Ha Tinh, Vietname, foi demitido juntamente com dois colaboradores e um agente da autoridade local pela sua irresponsabilidade e incompetência na aplicação da legislação ambiental e que provocou o derrame de substâncias químicas tóxicas numa fábrica da Formosa Plastics Corp, com a consequente contaminação de 200 km de costa. Reuters.

Bico calado

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  • O Pentágono informou que paga entre 250 e 400 dólares por mês aos rebeldes sírios que recebem treino militar norte-americano para combater os militantes do Daesh. 6 mil voluntários participam neste esforço. Reuters.
  • «Face à evolução contínua desta maravilhosa economia de partilha, sou levado a pensar que, não tarda nada, a prática da “cama quente” expandir-se-á inexoravelmente em Portugal. E, já agora, porque não alugar camas à hora, como nos bordéis disfarçados de pensões casas de massagens? Desde que tenha como base o sistema capitalista, onde impera a lei do mais forte e o chico espertismo, ninguém verá problema. Nos países comunistas  essa prática é inadmissível e degradante, porque avilta a condição humana. No neo liberalismo selvagem, dizem que é o mercado a funcionar. Por isso, também não é de desdenhar a hipótese de um novo governo Pafioso vir a  legalizar o arrendamento de contentores e, porque não, a ser um dos primeiros promotores dessa prática.» Carlos Barbosa de Oliveira in Tens um lugar para mim na tua cama? - Crónicas do rochedo.

sábado, 22 de abril de 2017

Deputados questionam ministério do Ambiente sobre maus cheiros em Sines

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  • Os deputados  socialistas eleitos pelo Círculo Eleitoral de Setúbal questionaram o Ministério do Ambiente sobre impactos ambientais da laboração da ECOSLOPS, em Sines. A Ecosplops instalou-se em Sines para produzir combustível naval a partir de resíduos petrolíferos dos navios de carga, como crude, refinados entre outros, designados por slops. Em meados de setembro de 2016 surgem as primeiras queixas dos vizinhos por causa dos intensos cheiros a hidrocarbonetos. Têm sido infrutíferas as tentativas de resolver o problema por parte das autarquias e das entidades competentes. Distrito Online.
  • A Shell e a Dow Chemical esconderam um produto químico cancerígeno em dois pesticidas muito usados que contaminaram a água potável de milhões de pessoas na Califórnia, denuncia um relatório do Environmental Working Group. O TCP, um potente composto inseticida potente, foi usado durante décadas no pesticida Telone, feito pela Dow, e no D-D, fabricado pela Shell. A Shell parou de usar o D-D em 1984, enquanto a Dow só o fez no final dos anos 1990. Mas foram encontrados resíduos do TCP no abastecimento de água da torneira de cerca de quatro milhões de pessoas em 13 estados dos EUA entre 2013 a 201. KETV.
  • A Berkeley Energy Group, uma empresa de carvão do Kentucky, vai construir uma central solar no espaço de uma mina de carvão a céu aberto. Não só vai produzir energia como vai dar emprego a mineiros desemopregados. Think Progress.
  • Três ativistas exilaram-se no estrangeiro após denunciarem os impactos desastrosos causados pela indústria de extração de areias nos rios e praias do Camboja. Hakai Magazine.

Reflexão - Dow pressiona Trump para facilitar aprovação de pesticida

Foto de Sam Panthaky/AFP/Getty Images.

A Dow Chemical, que doou 1 milhão de dólares para a cerimónia da tomada de posse de Trump,  pressiona agora o governo norte-americano para enterrar um relatório muito crítico em relação aos riscos de um pesticida e autorize a sua comercialização. Aliás, foi o próprio ministro do Ambiente Scott Pruitt que anunciou que não iria seguir as recomendações dos cientistas do ministério para proibir o Clorpirifós, um inseticida responsável por graves problemas de saúde detetados em trabalhadores agrícolas e crianças. 
A semana passada, advogados da Dow pressionaram a administração Trump no sentido de se ignorar os alegados impactos negativos deste pesticida. Os cientistas do governo norte-americano garantem que os pesticidas Clorpirifós, Diazinón e Malatião provocam graves problemas no cérebro das crianças, contaminam a água e podem exterminar o salmão do Pacífico e outras espécies ameaçadas. Não será por acaso que a Dow Chemical tem oleado a máquina eleitoral quer do partido republicano quer do partido democrata.

Bico calado

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  • «Marcelo condecorou Soares dos Santos, empresário de responsabilidade social e servidor da comunidade», titula o JNegócios. Bravo. Sobretudo se recordarmos que o senhor, enquanto responsável mor pelo Pingo Doce, transferiu, em 2012, a sede fiscal da empresa para a Holanda e, por isso, pagou menos 349,2 milhões de IRC em pleno programa de austeridade imposto pela troika. Bravo, se nos lembrarmos de que, em fevereiro deste ano, Marcelo Rebelo de Sousa afirmava que a fuga de milhares de milhões para paraísos fiscais merecia ser investigada.

  • «(…) vivemos num país que se escandaliza com pais que não vacinam filhos no século XXI, mas que celebra pastorinhos canonizados por curarem doenças com milagres. É profundamente idiota não vacinar filhos, mas esta notícia passa na mesma televisão onde, com ar sério, se celebra dois pastores que vão ser santos por curarem doenças à distância depois de já falecidos.» João Quadros in Sete vezes vem ao peloJNegócios 21abr2017.

  • «No meu tempo  as crianças viam os pais diariamente e eles assumiam a sua função de educar, não a remetiam para a escola. O que era bom, porque havia poucos psicólogos. Hoje há psicólogos à fartazana  e muitos não encontram emprego. Já agora, os psicólogos  podiam também  ensinar os meninos que não é muito bom andar uma semana bêbado quando se tem 15, 16, 17 ou 18 anos. E de caminho aproveitavam para dizer aos paizinhos que deixar miúdos de 13, 1 4 e 15 anos dormir duas ou três  noites ao relento, para "guardar lugar" num concerto, também não é muito aconselhável.» Carlos Barbosa de Oliveira in Há coisas piores do que apanhar uma bebedeira - Crónicas do rochedo.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Exxon Mobil quer levantamento das sanções contra a Rússia

Rex Tillers e Putin. Imagem captada aqui.
  • «O que prometia vir a ser um aprazível espaço verde, ligando duas ruas de Benfica e permitindo uma continuação da mancha vegetal existente nos logradouros de diversos blocos de apartamentos, vai afinal ser um local de passagem e de estacionamento de automóveis. A obra está a ser executada pela Câmara Municipal de Lisboa, a pedido da Junta de Freguesia de Benfica.» O Voo do corvo.
  • A alemã E.ON lançou no mercado britânico um pacote de energias solar que inclui um painel sonar e a respetiva bateria, reduzindo a sua fatura energética em 50%, dizem os promotores. Reuters.
  • Uma equipa de técnicos agrícolas chineses está a introduzir em São Tomé e Príncipe o cultivo de milho transgénico para ração animal. A cultura está a ser feita em Mesquita, no centro da ilha de São Tomé, para alegadamente diminuir a dependência alimentar do país em relação ao exterior. A aplicação de pesticida está a ser feita periodicamente, diz Hou Xiaoping, chefe do programa, que espera produzir 8 toneladas de milho em 6 hectares. Ambiente Magazine.
  • A petrolífera Shell poderá ser julgada por acusações de corrupção sobre a compra de um dos blocos de petróleo mais valiosos da África. Os promotores italianos afirmam que a Shell e a Eni assinaram um acordo para explorar o bloco OPL245, na Nigéria, sabendo que o dinheiro passaria pela mão de um lavador de dinheiro, já condenado, para ser aplicado em subornos a políticos. DeSmog UK.
  • A Exxon Mobil está a pressionar a administração Trump a levantar as sanções económicas à Rússia com o objetivo de retomar as suas operações de extração de gás e petróleo naquele país. Sublinhe-se que o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson era um dos diretores executivos daquela gigante petrolífera. Independent.
  • A Kentucky Coal Company anunciou que vai construir uma central solar sobre o espaço de uma mina de carvão e que o projeto trará energia e empregos 
  • O derrame de petróleo da BP Deepwater Horizon, em 2010, provocou 17,2 biliões de prejuízos nos recursos naturais do Golfo do México, concluiu uma equipa de cientistas após 6 anos de estudos sobre o impacto do maior derrame de petróleo na história dos EUA. Virginia Tech.

Reflexão – Até a Bloomberg lançou uma plataforma sobre o clima!

Imagem recolhida aqui.

A Bloomberg, a gigante do jornalismo financeiro, acaba de lançar uma plataforma dedicada ao clima e ao futuro da energia. 
«As alterações climáticas são, no fundo, história económica, é um problema económico», sublinha Eric Roston, editor de sustentabilidade da Bloomberg.
Os repórteres da Bloomberg espalhados por todo o mundo escrevem com regularidade sobre os impactos das alterações climáticas e a nova plataforma reúne todas essas histórias, todos esses dados de modo coerente. Via HP.

Mão pesada

A Princess Cruise Lines Ltd, do grupo Carnival Corp, foi multada em 40 milhões de dólares por despejo de resíduos de óleo contaminado e falsificação dos registros para esconder as descargas. Reuters.

Bico calado

  • Os deputados Carlos Abreu Amorim e Michael Seufert partilharam uma notícia de 2012 como se fosse de hoje. «Uma manipulação que é uma facada na credibilidade de qualquer deputado, quando ainda a preservam». 
Imagem captada aqui.
  • «Mas o ponto central do meu texto em relação à postura do DN e da Global Media mantém-se. Por quatro razões. 1) Não é aceitável que o advogado de defesa de Dias Loureiro (Daniel Proença de Carvalho) seja presidente do Conselho de Administração de um jornal onde o seu cliente é entrevistado no dia seguinte ao arquivamento do processo-crime. 2) Não é admissível que essa entrevista seja feita pelo director-adjunto recorrendo a uma série de perguntas tão macias que mais pareciam cabides para Dias Loureiro pendurar a sua versão dos factos. 3) Não é prudente, neste contexto, que dois directores do grupo subscrevam em artigos de opinião a tese de Dias Loureiro e do seu advogado quanto ao comportamento do Ministério Público. 4) Não é descartável o facto deste caso e das críticas ao MP serem decalcadas daquilo que se tem ouvido em relação à Operação Marquês — porque é aqui, de facto, que tudo se joga. (…) Aquilo que está em causa é muito mais do que a inocência ou a culpabilidade de José Sócrates ou de Dias Loureiro — é todo o sistema político, judicial, económico e mediático português. Daí a importância deste tema. E daí a importância de nós próprios, jornalistas, sermos escrutinados de uma forma que nunca fomos até hoje. » João Miguel Tavares in A falta de escrutínio do jornalismo português, Público 20abr2017.


quinta-feira, 20 de abril de 2017

Harvard testa tecnologia de geoengenharia

Foto de Renan Ozturk, captada aqui.
  • 200 participantes de 29 países participam, na ilha Terceira, Açores, numa cimeira de representantes de governos, empresas e instituições académicas e científicas, que visa a criação do Centro Internacional de Investigação dos Açores para o Atlântico. O encontro encerra a fase de debate preparatório para a constituição do Atlantic International Research Center (AIR Center), direcionado para a investigação, com aplicação prática, sobre o Atlântico, nas áreas do clima, dos oceanos, da atmosfera, das energias renováveis, do espaço e do processamento de dados. Sapo24. Informação adicional pode ser consultada aqui, aqui e aqui.
  • O Ministério do Ambiente da British Columbia concedeu à Monte Polley Mining Corporation a permissão para drenar resíduos mineiros diretamente para o lago Quesnel, uma fonte de água potável para os moradores de Likely. Esta licença é atribuída três anos depois do colapso de um tanque de retenção de efluentes da mesma mina, no que é considerado o pior desastre de mineração na história do Canadá. Nenhuma acusação e nenhuma multa foram aplicadas pelo derrame que terá custado aos contribuintes 40 milhões de dólares em despesas de limpeza e descontaminação. DeSmog Canada.
  • Cientistas da universidade de Harvard vão realizar um teste em pequena escala: redirecionar os raios do sol de volta para o espaço como parte de um programa maior de investigação que tem por objetivo compreender os benefícios e riscos da geoengenharia do planeta com vista um clima mais fresco. Para tal, irão soltar, no deserto do Tucson, um balão de alta altitude equipado com sensores que subirá à estratosfera, a mais de sete milhas acima da superfície da Terra, onde pulverizará uma fina névoa de partículas altamente reflexivas capazes de refletir a luz solar de volta ao espaço. Menos energia a entrar no sistema terrestre representa menos dióxido de carbono retiro na atmosfera e, portanto, menos aquecimento. Patrocinam a investigação fundações como a de Bill Gates, a da Hewlett e a de Alfred P. Sloan. Climate Central

Mão pesada

O presidente da Comunidade de Madrid Ignacio González foi preso pela Guarda Civil numa operação contra um esquema de corrupção que envolveu o desvio de fundos da Canal de Isabel II, a empresa pública de gestão da água na região, utilizando contas e empresas estrangeiras. EP.

Bico calado

Gorgulho das favas. Foto de José Neves 15abr2017.
  • «No decorrer da sua visita de Estado ao Senegal ocorrida na passada semana, achou por bem o Sr. Presidente da República visitar a ilha de Gorée, um antigo entreposto nas rotas atlânticas do tráfico de escravos. (…) o Presidente escolheu não reconhecer em Gorée a longa e sinuosa história da responsabilidade portuguesa no comércio e escravização de africanos, nem as outras formas de opressão que em nome do país foram praticadas e legalmente sustentadas nas colónias africanas até à extinção do regime colonial português em 1974-75. (…) Declarou Marcelo Rebelo de Sousa que Portugal aboliu a escravatura "pela mão do marquês de Pombal, em 1761," e que "essa decisão do poder político português foi um reconhecimento da dignidade do homem, do respeito por um estatuto correspondente a essa dignidade". Esta visão idealista e excecionalista do legado colonial da história portuguesa, assente num alegado pioneirismo humanista, foi sendo construída ao longo do século XIX e popularizada durante o Estado Novo. Serviu como ferramenta retórica que permitiu mobilizar a opinião pública nacional a favor do projeto imperial que começou a desenhar-se em fins do século XIX e, por outro lado, responder aos ataques de potências rivais ou de instituições internacionais como a ONU, quando, a partir dos anos 50, o colonialismo passou a ser rejeitado como modelo de desenvolvimento económico, social e cultural. (…) as declarações do Presidente reavivaram o branqueamento da opressão colonial implícito na visão do projeto colonial português como "missão civilizadora", uma visão que é ainda muito popular nos setores mais retrógrados da sociedade portuguesa, mas que é inerentemente paternalista e particularmente atentatória da dignidade e da pujança cultural dos povos colonizados.» Carta aberta, Um regresso ao passado em Gorée. Não em nosso nome - DN 19abr2017. Sobre este tema, valerá a pena (re)ler o texto de Fernanda Câncio no DN de 17abr2017
  • «Este não é um texto polido, até para poder fazer justiça à cartilha que surgiu nos últimos dias para atacar o Diário de Notícias. Regista-se a coincidência de João Miguel Tavares (JMT), no Público, e José Manuel Fernandes (JMF), no Observador, terem deixado passar dez dias para procurar satisfazer os seus leitores. Dois jornalistas que precisam de se afirmar de direita para que faça sentido o populismo em que navegam. Quanto valeriam se não soubéssemos que eles são jornalistas (?) de direita?! (…) JMT ataca o grupo e os órgãos de comunicação social que a ele pertencem (JN, DN e TSF), esquecendo que ele próprio é colaborador há muitos anos da TSF, dizendo livremente o que pensa no programa Governo Sombra, que também está na TVI. Como "taxista malandro", percorre vielas e atravessa pontes para chegar onde quer, cobrando mais na bandeirada. Como se apenas no DN tivesse havido críticas ao Ministério Público. (…) Depois há JMF que não tem a lisura e a coragem de JMT para chamar "os bois pelo nome" e que faz de conta que fala sobre justiça e Dias Loureiro para poder atacar o DN. Basta dizer que esta espécie de guru do "Tea Party" português não se importa de mentir para atacar companheiros de profissão. No texto dele, escreve que o art.º 277 do Código do Processo Penal diz que há duas formas de arquivar um inquérito, sendo que a segunda é "concluir que os indícios recolhidos não foram suficientes para formular uma acusação, mesmo subsistindo suspeitas fundadas". Agora vejam o que diz o número 2 do art.º 277 e concluam: "O inquérito é igualmente arquivado se não tiver sido possível ao Ministério Público obter indícios suficientes da verificação do crime ou de quem foram os agentes". Onde está escrito o "mesmo subsistindo suspeitas fundadas" que JMF garante estar no Código de Processo Penal? Não está!» Paulo Baldaia in Jornalistas justiceiros!DN 19abr2017.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Castelo Branco: monda térmica substitui glifosato em espaços públicos

Covelo do Paivô. Imagem captada aqui.
  • Castelo Branco vai usar monda térmica em vez de glifosato em espaços públicos. Reconquista.
  • O Sistema Nacional de Informação do Mar (SNIMar) é um portal de informação marinha. Acaba de ser lançado e disponibiliza mais de 5.000 registos sobre espécies, geografia, geologia e pontos de interesse turístico. O portal foi criado com 2 milhões de euros de fundos do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu e 325 mil euros do Estado português. DNO projeto conta com dpois parceiros dadores, - a Norwegian Mapping Authority e a National Land Survey of Iceland. Conta ainda com vários apoios, nomeadamente do Governo Regional dos Açores e da Madeira.
  • As eólicas atingiram a maioridade na Dinamarca. A DONG Energy vai construir duas novas centrais sem qualquer subsídio governamental. EcoWatch.
  • 94 sistemas de abastecimento de água a 8 milhões de californianos estavam contaminados com 1,2,3-tricloropropano. O TCP é um subproduto tóxico pesticida que tem sido usado como decapante. Embora a Shell Chemical Company tenha deixado de produzir o pesticida "D-D", que continha TCP, em 1984, e a Dow Chemical Company tenha retirado o TCP do seu "Telone", a substância afetou a água potável que abastece milhões de californianos. EcoWatch.
  • O município de Anchorage, Alaska aprovou por esmagadora maioria uma portaria instituindo um programa livre de pesticidas em parques, terrenos e propriedades públicas. BP.
  • O recuo de um glaciar fez desaparecer o rio Slims , no Canadá, em apenas quatro dias, conta o The Guardian.
  • Técnicos da BP e do ministério do Ambiente dos EUA tentaram, em vão, resolver a fuga num poço de petróleo no North Slope, no Alasca. Comunidades indígenas de Deadhorse foram evacuadas. NYTimes.

Reflexão – resíduos nucleares despejados em poços de gás natural após fraturação hidráulica?

Foto de Benjamin Graham/Barcroft Images

Um físico nuclear do Georgia Institute of Technology sugeriu que resíduos nucleares podiam ser descartados em poços de gás natural após terem feito a fraturação hidráulica. De facto, o governo norte-americano já terá descartado resíduos nucleares dessa maneira, diz a investigação da insuspeita Forbes.

Mão pesada

A China puniu várias empresas nas províncias de Shandong e Hebei, detendo funcionários e suspendendo a sua atividade após equipas de fiscalização da poluição terem sido impedidas de exercer as suas funções. A semana passada, 28 equipas de inspeção do ministério do Ambiente tinham Investigado 1.335 empresas, tendo verificado que 68,7% delas violavam a legislação ambiental. Reuters.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Alhandra e Ansião sofrem maus cheiros

Pico, Açores. Foto de Paulo Machado 17abr2017.
  • A população de Ansião desespera com mau cheiro dos depósitos de estrume de um aviário. O problema arrasta-se há anos e já motivou abaixo-assinados, manifestações e reclamações junto das entidades competentes, mas a resolução tarda em chegar. Jornal de Leiria.
  • Vários vogais da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira defendem a presença mais intensa das autoridades ambientais em Alhandra com o objetivo de descobrir a origem dos maus cheiros que estão a causar incómodos na população. O Mirante. A Cimpor diz-se alheia a este problema.
  • Uns habilidosos lançaram um equipamento que avalia a qualidade do ar e alerta o utilizador quando os níveis de poluição estão altos, conta a DW. Os utilizadores podem evitar sítios poluídos e os dados transmitidos podem pressionar os políticos a tomarem medidas, divulga a promoção. Portanto, o brinquedo tem um localizador. E eu a pensar que era uma espécie de ionizador para minimizar os impactos da poluição.


Reflexão – água pura do ar?


Mais uma maneira de captar água pura…

Bico calado

Foto de Sergei Gapon/AFP/Getty Images
  • A arte xávega vai passa a contar para as quotas de pesca, anunciou a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Notícias de Aveiro. Alguns poderão deduzir que a xávega acabará, se esta ideia for concretizada. E que diriam se a xávega passasse a contar para as quotas das Finanças?
  • «Difícil crer que um professor catedrático de Direito, constitucionalista e, supostamente, incansável leitor, além de filho do último ministro do Ultramar (1973/74), que fora governador de Moçambique de 1968 a 1970 e, entre 1944 e 1947, secretário de Estado do ministro das Colónias Marcelo Caetano, desconheça esta tenebrosa realidade. É certo que, como os compêndios escolares, toda a tradição discursiva dos responsáveis políticos prolongou na democracia a piedosa fábula de um Portugal "pioneiro do abolicionismo" e "farol do humanismo". Mas ir a Gorée, ao principal entreposto de escravos de África, como fez o PR, repetir essa cartilha de factos alternativos à guisa de pedido de desculpas é simplesmente vergonhosoFernanda Câncio in Fomos sempre tão amigos dos pretinhos - DN 17abr2017.
  • Conselho de Redacção da RTP pede aos partidos acção legislativa para agressões a jornalistas, lê-se no Público. E os camionistas, taxistas, polícias, professores, enfermeiros, pedreiros etc, quando em serviço também não poderão ter o mesmo direito? Será que os jornalistas querem estar acima dos restantes cidadãos?

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Oeiras: praia da Torre sofreu descarga de efluente

  • Na praia da Torre, em Oeiras, ocorreu uma descarga de efluentes talvez provenientes de trabalhos nas instalações da NATO. «O apuramento de responsabilidades está a cargo da Autoridade Marítima Nacional, através do Comando Local de Lisboa da Polícia Marítima».
  • O governo vietnamita mandou suspender a instalação de uma fábrica de aço do grupo Hoa Sem devido aos elevados riscoa ambientais que representava. Em abril de 2016, a Formosa Plastics teve que indemnizar em 500 milhões de dólares os pescadores dos prejuízos causados pelo derrame de efluentes tóxicos da sua fábrica de aço no Vietname e que provocaram a morte de 70 toneladas de peixe ao longo de 200 Km da orla costeira. Reuters.
  • O branqueamento de corais está a estender-se para o sul ao longo do recife e já não pode ser atribuído apenas ao El Niño. Cientistas dizem que o branqueamento está ligado ao aquecimento global. DW.

Bico calado

S.Miguel, Açores. Foto de Luís Filipe Matos 15abr2017.

«1. Em 2001, Pedro Guerra publicou uma notícia com matéria factual sobre um problema de Luís Filipe Vieira com a justiça. Uma semana depois, almoçou com Vieira e 'rendeu-se' ("fiquei rendido àquele homem"). Alguns anos depois, tornou-se seu assalariado. 2. A relação de Pedro Guerra com alguns elementos do aparelho judicial, nomeadamente procuradores do Ministério Público, era tão próxima que "chegavam a emprestar-lhe os originais dos processos para ele fotocopiar. Se os papéis se perdessem, acabava-se o processo". 3. Por vezes, o jornalista Pedro Guerra só confrontava as pessoas visadas nas suas notícias "a horas tardias, o que não lhes dava margem para responder. E ele lá escrevia 'Contactado pel'O Independente, não reagiu'". Esta acusação em concreto é confirmada por Pedro Guerra: "A partir de determinada altura, percebemos que, se confrontássemos os visados com muita antecedência, queimávamos a história". 4. Enquanto assessor de imprensa, Guerra esforçar-se-ia por condicionar as notícias publicadas sobre o ministério que integrava: avisava previamente os jornalistas que lhes faria chegar informação; esta era enviada em cima do fecho das redações, para que houvesse pouco tempo para ser trabalhada; supostamente, a informação vinha já redigida "em forma de notícia já escrita e adaptada ao jornal a que cada um pertencia" (Guerra nega esta acusação). 5. Por vezes, Guerra não convocaria para conferências de imprensa jornalistas que considerava mais incómodos. 6. Por engano, chegaram a jornalistas sms's de Guerra dirigidos a outras pessoas a solicitar que interviessem no fórum da TSF "a dizer bem de Paulo Portas"Os truques da imprensa portuguesa, a propósito de um texto do Observador.

domingo, 16 de abril de 2017

Há microplásticos em sais comerciais

  • Um estudo recente dá conta da ocorrência de microplásticos (MPs) em sais comerciais consumidos por seres humanos em todo o mundo. Em 17 marcas de sal provenientes de 8 países, Portugal incluído, foram detetadas partículas de microplásticos maiores do que 149 μm. Das 72 partículas extraídas, 41,6% eram polímeros plásticos, 23,6% eram pigmentos, 5,50% eram carbono amorfo e 29,1% não foram identificados. O tamanho de partícula (média ± SP) foi de 515 ± 171 μm. Os polímeros plásticos mais comuns foram o polipropileno (40,0%) e o polietileno (33,3%). Os fragmentos foram a forma primária de MPs (63,8%), seguidos por filamentos (25,6%) e filmes (10,6%). O baixo nível de ingestão de partículas antropogénicas dos sais (máximo de 37 partículas por indivíduo por ano) representa impactos negligenciáveis na saúde. Nature.

Bico calado

  • «O livro do Miguel Carvalho não deixa que esqueçamos que ninguém matou João Arruda, na Rua António Maria Cardoso, no dia 25 de Abril de 1974; ninguém matou Vítor Bernardes, em 14 de Agosto de 1974, quando passou pela PSP no Rossio para ir à farmácia de serviço comprar um medicamento para o filho; ninguém matou o Padre Max nem a estudante Maria de Lurdes, em 2 de Abril de 1976, data da Constituição da República; ninguém matou Rosinda Teixeira, nos escombros da sua casa, em São Martinho do Campo; como também ninguém matou o cacique de Murça, no sítio do Barro Branco. Ninguém os matou; certo é que eles morreram. Lembrem-se disto. Esta democracia não assenta propriamente em brandos costumes.» João Paulo Guerra, na introdução a Quando Portugal Ardeu, de Miguel Carvalho. Via Clube de Jornalistas.
  • OS EUA lançaram 59 mísseis tomahawk numa base aérea síria, gastando 112 milhões de dólares numa só noite. O mesmo que 4 orçamentos anuais daquele paísYoutube
  • Trump mandou «a mãe de todas as bombas» sobre uma rede de túneis, no Afeganistão, considerada agora um ninho do Daesh. Acontece que essa sofisticada rede de túneis, segundo o New York Times de 11 de setembro de 2005, conhecida por Tora Bora, foi construída pela CIA, com a ajuda da família Bin Laden e terá custado 314 milhões de dólares, segundo Edward Snowden. Na altura o projeto destinava-se a apoiar os mujahidin, mais tarde conhecidos por Al Qaeda, contra os russos. The Free Thought.
  • Ex-marine comenta intervenção dos EUA na Síria em 2013. Via Jornal Tornado.

sábado, 15 de abril de 2017

Cerca de metade dos alimentos contém vestígios de pesticidas

Fonte: JN.
  • O Governo português colocou em consulta pública, até 24 de maio, a Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA), com «16 medidas fundamentais que terão um investimento total de 4,5 milhões de euros até 2020, assegurados pelo Fundo Ambiental».
  • Vestígios de pesticidas estão em quase metade dos alimentos que os europeus comem, alerta um relatório anual publicado pelo órgão de fiscalização da segurança alimentar da União Europeia. O maior nível de resíduos de vários pesticidas foram encontrados em alimentos não transformados, como toranjas, morangos, limões, uvas e rúcula. Quanto a alimentos processados, a maior ocorrência foi encontrada em cogumelos, passas, pimentas, damascos e batatas fritas. DW.

  • Um camarão-pistola com uma pinça rosa-choque, capaz de produzir um som estrondoso à sua escala, foi batizado com o nome da banda Pink Floyd. Synalpheus pinkfloydi é o nome da espécie recém-descoberta. Wilder.
  • Uma organização ambientalista e um congressista democrata do Arizona processaram a administração Trump com o objetivo de bloquear a construção do muro ao longo da fronteira sul. Tenta-se suspender tudo até que o governo mande analisar o impacto da construção, do ruído, da luz e de outras alterações na paisagem nomeadamente em rios, plantas e espécies ameaçadas de extinção e também em vizinhos. NYTimes.

Mão pesada

O responsável por uma operadora de resíduos de inertes de construção em Sittingbourne, Kent, foi condenado a pena de prisão de 8 meses por gestão ilegal desses mesmos resíduos. GovUK.

Bico calado

Foto: Bay Ismoyo/AFP/Getty Images
  • «Uma parte da nação, alguns jornalistas patrióticos e uma senhora que co-preside a uma instituição chamada Confederação de Pais ficaram chocados porque mil estudantes de liceu portugueses foram expulsos de um hotel em Torremolinos por mau comportamento. Não, não foi o mau comportamento, empolado ou não, que os chocou: foi o castigo, a expulsão. (…) Segundo nos explicaram organizadores, participantes e narradores, foi tudo “normal” para este tipo de “viagens” de finalistas de liceu. (…) Pois então, se é tudo normal, porque se transforma isto em assunto nacional? Primeiro porque a comunicação social e as redes sociais assim decidiram, e já se sabe que o que as redes sociais decidem a imprensa acompanha, pois vive no terror de perder a “opinião pública” (ou, na definição do jornalista espanhol Eric Frattini, essa massa de “imensos idiotas a quem é fácil formar a opinião pública”). (…) Os agentes de viagens tratam de corromper os meninos (começam cedo!), transformando-os no que sintomaticamente chamam dealers — isto é, agenciadores de clientes para as viagens a troco de não pagarem a própria viagem ou de receberam dinheiro pelo trabalho. Mas, melhor ainda, vão directamente à fonte, aos candidatos às associações de estudantes dos liceus, cujas “campanhas eleitorais” financiam, com a contrapartida de, depois, uma vez eleita a lista que bancaram, esta lhes outorgar a viagem de finalistas. Como disse o senhor da agência envolvida na viagem a Torremolinos, “eles querem é ganhar as eleições” e são as coitadas das agências que não têm mãos a medir para tantos pedidos de apoio! E sabem quem são, regra geral, estas listas para as associações de estudantes dos liceus? Exactamente: as juventudes partidárias. Ó pátria, começas cedo a deseducar os teus filhos!» Miguel Sousa Tavares, in De pequeninos se deseducam os meninos -Expresso, 14/04/2017 Via A estátua de sal.
  • «A Diocese do Mindelo, Cabo Verde, não viu uma moeda de cêntimo dos 245.719 euros com que os católicos da Diocese de Lisboa contribuíram para a chamada Renúncia Quaresmal de 2011, um peditório anual que o então cardeal patriarca, José Policarpo, anunciara ter como destino “outras igrejas mais pobres”, em especial a do Mindelo. O destino dos donativos da Renúncia Quaresmal constitui um dos segredos das Finanças do Patriarcado de Lisboa, cujos responsáveis se recusaram a fornecer ao PÚBLICO quaisquer esclarecimentos sobre o assunto. (…) “Ninguém sabe quanto é que foi para a Diocese do Mindelo, nem sequer se foi alguma coisa. Num outro ano anunciaram que era tudo para uma associação de apoio a crianças, mas o dinheiro só apareceu muito depois e foi quase arrancado a ferros. Em 2015 disseram que era para a Comunidade Vida e Paz e para a Casa do Gaiato do Tojal, mas a Vida e Paz só recebeu 50 mil euros dos 250 mil recolhidos”, contou ao PÚBLICO, recusando ser identificado, um membro influente de uma paróquia de Lisboa. Outros católicos preocupados com a pouca transparência da gestão financeira e patrimonial da Igreja, e que pediram igualmente para não ser identificados, apontam o veterano ecónomo do Patriarcado, o cónego Álvaro Bizarro, como o principal responsável por estas situações. Conhecido como o “ministro das Finanças” da instituição, Bizarro é definido como alguém que “faz o que quer com os bens da Igreja, sem prestar contas a ninguém, nem ao próprio patriarca”. Álvaro Bizarro foi, aliás, um dos alvos de uma denúncia por alegada burla qualificada na Cáritas Diocesana de Lisboa, cujo fundamento está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, conforme o PÚBLICO revelou em Março.» Público 14abr2017.
  • «Nasceu uma estrela. Trump passou a ser um estadista, falou pelo mundo. Trump passou a ter sentimentos, ficou incomodado com as imagens do ataque químico a Khan Sheikhoun. Trump passou a ser ponderado, não reagiu pelo Twitter mas sentou-se no gabinete de crise. Trump deixou de ser amigo dos russos, ou pelo menos amigo dos amigos dos russos, é cá dos nossos. Trump passou a ser melhor do que Obama, porque Obama acabou por aceitar a sugestão de Trump (vire as costas à guerra na Síria) e Trump não seguiu Obama que tinha seguido Trump. Trump passou a ser bem informado, ouviu os conselheiros. Trump passou a ser confiável, é o nosso escudo, é o nosso líder. Trump bombardeou o Iraque, que afinal é a Síria, mas o que importa é que bombardeou. Trump bombardeou a Síria, que afinal não é o Iraque, e logo depois o Afeganistão, o Iraque bem pode esperar pela demora. Trump, quando bombardeia, usa logo a “mãe de todas as bombas”. No Observador, sempre na vanguarda, o homem já é um novo Ronald Reagan e salva o “Ocidente“. Para esta ressurreição, bastou bombardear com uns Tomahawks uma base militar síria (alguém se lembrou de perguntar aos “índios” se apreciam a escolha sinistra deste nome?) e depois usar a “mãe” para concluir a semana.» Francisco Louçã in Santificado seja o teu nome, Donald – Público 14abr2017.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Vale do Tua: mais morcegos para combater insetos que destroem culturas

Foto de Sérgio Lima 11abr2017.
  • 50 abrigos para morcegos estão a ser distribuídos por propriedades agrícolas dos cinco concelhos de influência do Parque Natural Regional do Vale do Tua - Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó, Mirandela e Murça. O objetivo é criar condições para este animal se instalar, reproduzir e ajudar a combater pragas como a mosca da azeitona, borboletas e outros insetos que destroem as culturas. Sapo.
  • A Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento acabam de disponibilizar 6 milhões de euros para apoiar 30 empresas europeias dedicadas à recuperação e proteção de áreas naturais. O investimento chegará, por exemplo, a 38 zonas de Portugal. EFE Verde.
  • A Câmara Municipal da Batalha denunciou ao Núcleo de Proteção Ambiental do Destacamento Territorial da GNR de Leiria uma descarga de águas residuais em linha de água por dejetos de suinicultura localizada em Alcanadas. Porto Canal.
  • Três praias foram encerradas ao público na Indiana Dunes National Lakeshore na sequência de um derrame de efluentes tóxicos para o Burns Waterway. A US Steel admitiu uma avaria na sua fábrica de Midwest Plant. NWI Times.
  • O caniço que abunda no delta do Mississippi está a sofrer ataque massivo de uma praga até agora desconhecida. Nola.
  • A China aprovou a compra da Syngenta, empresa suíça de sementes e pesticidas, pela ChemChina no valor de 39 milhões de euros. El País.

Reflexão: quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Foto: Thomas Vijayan/Unforgettable Behaviour/NHM

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares dos últimos oito dias foram, segundo a Google Analytics:

Durante o mesmo período, as visitas vieram dos seguintes países, por ordem decrescente: Portugal, EUA, Brasil, Canadá, Alemanha, Suíça, Espanha, França, Irlanda e Kosovo. 

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa foi a seguinte: Espinho, Lisboa, Boston, Porto, Ponta Delgada, São Paulo, Coimbra, Albufeira e Recife.

Bico calado

Foto: Mario Tama/Getty Images
  • O Tribunal de Contas multou o ex-presidente da Associação de Municípios de São Miguel,  Ricardo Silva, e obrigou-o a repor 15.660 euros relativos a pagamentos indevidos. Em causa estão contratos de consultadoria jurídica e emissão de pareceres jurídicos que, no entendimento do Tribunal, não deviam ter sido pagos pela AMISM, mas sim por terceiros. AO.
  • «Durante o regime do presidente Hugo Chávez, Portugal intensificou as relações comerciais com a Venezuela, levando a petrolífera estatal sul-americana a escolher a sucursal do BES na Madeira para canalizar o dinheiro proveniente da maioria das suas transacções internacionais de crude, chegando a movimentar um fluxo diário de 100 milhões de euros através do banco de Ricardo Salgado.» João Pedro Martins, FB.
  • «Quarenta e oito horas e uns quantos Tomahawk disparados de um navio americano no Mediterrâneo, foi quanto bastou. Calaram-se todas as dúvidas. Recolheram-se quaisquer reticências. Apagaram-se de vez os últimos “alegados”. Sub-repticiamente, a narrativa dos media passara a assumir o ataque sírio com armas químicas contra Idlib como um facto comprovado e inquestionável. De mera suspeita, de hipótese entre outras, o “crime de guerra” passou a verdade assente e definitiva. Os Tomahawk tinham a bênção do concerto das nações. (…) A técnica está mais do que rodada.  Lembram-se do célebre massacre de Sarajevo de 28 de Agosto de 1995? No mesmo momento em que elementos da Forpronu e observadores militares apelavam à prudência, chamando a atenção para factos que desmentiam a hipótese de um morteiro sérvio, o general Rupert Smith, comandante da força de paz na Bósnia, concluía sem pestanejar: foram os sérvios, “beyond any reasonable doubt”. Foram os sérvios, foram os sérvios e pronto! – repetiram prontamente os media. Os caças da NATO tinham enfim via livre para bombardear os sérvios intervir de forma ainda mais aberta no conflito – e alterar definitivamente o curso da guerra na Bósnia. (…) A manipulação fez sempre parte da arte da guerra. A propaganda sempre procurou porém disfarçar-se minimamente de verdade. Tudo isso se alteraria neste nosso “glamoroso” mundo novo. A mentira passou a dispensar qualquer disfarce para se transformar em verdade. E nem precisa de ser repetida mil  vezes. Basta vir no telejornal. A manobra resultou uma vez mais em cheio na Síria. Os apelos a uma investigação rigorosa dos acontecimentos de Idlib calaram-se. Os media – repórteres, pivots, editores, comentadores, analistas, opinion makers, patrões e quejandos – cumpriram plenamente o seu papel.» Carlos Santos Pereira in Verdades alternativas.
  • «Que os telejornais da RTP 1 sejam quase sempre de uma enorme indigência, nas temáticas escolhidas, na hierarquização das sequências e nos tratamentos adoptados, são manifestamente considerações proibidas de fazer. Como não é permitido notar que os principais apresentadores estão cheios de tiques faciais, gestuais e de elocução, o mais inacreditável sendo o piscar de olho final de um deles. Ou que é perfeitamente insuportável a preferência doentia dada aos faits divers (brutais, sangrentos, desgarrados, gritados e carpidos se possível) e à futebolite aguda (a não confundir com o desporto em geral). Mas até há outras razões para crítica. Que em vez de explicações didácticas de temas obscuros, os jornalistas preferem mostrar-se a si próprios em locais que nem sempre têm a ver com o assunto, juntando muitas vezes imagens passe-partout e não-pertinentes. Que os comentários interpretativos são raramente assumidos por gente competente da redação, mas sim por “comentadores” exteriores todo-o-terreno, palradores raramente capazes de síntese. Que os “directos” são uma assoladora praga, quando na grande maioria dos casos a actualidade não justifica estas intervenções de pseudo-repórteres (que se abstêm aliás de proceder a etapas essenciais: filmar acontecimentos, seleccionar passagens significativas, montá-las e gravar o som que as deve acompanhar). Que são abusados por políticos, sindicalistas, dirigentes desportivos e demais actores sociais que, como por acaso, têm declarações a fazer à hora do telejornal, impondo “directos” desprovidos da mais elementar “edição” jornalística, assumindo o “repórter” de serviço a função de mero canalizador. (…) Que a maior parte das vezes os correspondentes no estrangeiro se abstêm de fazer a mais elementar reportagem (ou então esta é-lhes fornecida por instituições locais), tendo sobretudo a preocupação de se mostrarem a si próprios e dizendo-nos coisas para as quais não era preciso terem saído de Lisboa para poderem dizê-las até de maneira mais aprofundada e construída. Que a investigação, o dossiê e a grande reportagem são extremamente raros, porque isso supõe trabalho em equipa e, claro está, meios financeiros, técnicos e humanos.» J.-M. Nobre-Correia in O argueiro e a trave
  • «Como observou certa vez o senador norte-americano Hiram Johnson (1866-1945), “sempre que uma guerra se aproxima, a primeira vítima é a verdade”. Esta vez não é excepção. Os EUA, sobre os quais ainda se projecta a pesada sombra da colossal mentira das armas de destruição em massa com que tentaram justificar a última guerra do Iraque, têm dito tudo e o seu contrário. Há apenas uma semana atrás, pareciam conformados com a permanência de Assad no poder; agora, querem de novo afastá-lo, intimando a Rússia a deixar de o apoiar sob pena de mais isolamento. Os russos, por seu turno, falam de provocação, mas não me consta que tenham pressionado Assad a facilitar o necessário trabalho de investigação das Nações Unidas. Entretanto, quando o secretário de estado americano Rex Tillerson acusa Moscovo de ser o garante pelas destruição do arsenal químico da Síria está a dizer uma meia verdade. Moscovo foi o garante político do acordo, mas o responsável por esse trabalho – em que participaram também os americanos – foi a OPCW – a Organização para a Proibição das Armas Químicas – distinguida em 2013 com o Prémio Nobel da Paz. (…) No meio de tudo isto, uma voz tem faltado – a do novo secretário-geral da ONU. António Guterres falou de “crimes de guerra” e apelou à contenção, mas as suas intervenções têm passado despercebidas. Quando da crise de 2013, em que também esteve em causa a utilização de armas químicas na Síria, o antecessor de Guterres, Ban ki moon, foi mais veemente – interveio para lembrar que qualquer acção armada de um país contra outro sem autorização prévia do Conselho de Segurança constitui violação da Carta das Nações Unidas.» Carlos Fino in Crises na Síria e na Coreia – onde anda Guterres?Jornal Tornado.