terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Quem quer uma inicinadora em S. Miguel?


Uma petição foi lançada contra a construção de uma incineradora na ilha de S. Miguel. Dizem os proponentes: A Natureza é sem dúvida a grande marca dos Açores. Todas as acções e políticas voltadas para a defesa e conservação do património natural constituem um escudo protector para a paisagem do arquipélago, para a saúde pública e para a economia da Região. Este conceito revelou-se fundamental para alavancar o sector do Turismo e dinamizar a economia do arquipélago. Os Açores têm recebido os mais distintos galardões internacionais graças à sua beleza e estado de conservação. Para tal, foi e é necessária uma visão adequada e ambição para investir em projectos que promovam a natureza de excelência que caracteriza os Açores.

Uma região “Certificada pela Natureza” não se coaduna com a incineração de resíduos. Pelo contrário, deverá promover uma gestão sustentável de resíduos, articulando as mais modernas tecnologias, com a participação activa da população. Os bons exemplos de gestão de resíduos e de práticas cívicas contribuem para uma maior projeção socioecológica dos Açores.

A construção de uma incineradora (Central de Valorização Energética, CVE) na ilha de São Miguel, constitui uma ameaça tremenda para a Saúde pública e Ambiente, com previsíveis efeitos negativos na Economia da Região.

O projeto da incineradora revela inúmeras fragilidades e demonstra que os promotores não estudaram de forma séria as alternativas à incineração nem consideram os erros e problemas que mancham o processo de incineração na ilha Terceira. A hierarquia dos métodos de processamento de resíduos presente nos diplomas regionais foi desrespeitada, assim como as recomendações nacionais e europeias.

Apoiamos a valorização de resíduos, mas entendemos que queimá-los é a pior forma de o fazer porque é prejudicial para a saúde pública e ambiente, desperdiça grande parte do seu potencial, e coloca um entrave importante ao desenvolvimento regional e à criação de emprego

Exigimos a suspensão imediata do processo de construção da incineradora, bem como a reformulação do projeto do Ecoparque da ilha de São Miguel, de forma a que sejam introduzidas tecnologias alternativas à incineração, com vista à implementação de um sistema integrado de tratamento de resíduos que vise a sustentabilidade ambiental e a proteção da saúde pública, tendo efeitos positivos na economia da região.

A CONSIDERAR
- a incineração constitui uma ameaça tremenda para a Saúde Pública, Ambiente e Economia da região;
- a incineração está no último patamar dos processos de valorização energética presentes na legislação regional;
- a incineração vai tornar impossível o cumprimento das metas regionais, nacionais e europeias;
- a incineração é uma solução errada e vai no sentido contrário ao do acordo de Paris;
- a incineração constitui uma falsa valorização energética porque impede uma adequada valorização dos resíduos;
- a incineradora não produz energia renovável, ao contrário do que é referido nos documentos que fundamentam a sua construção;
- a incineradora está sobredimensionada
- o custo da incineradora corresponde a cerca de 20% dos fundos europeus para a gestão de resíduos destinados a Portugal até 2020, impedindo o financiamento de projetos ambientalmente mais sustentáveis.

PROPOSTA
- a adoção de tarifas e sistemas de gestão de resíduos domésticos que incentivem a separação, incluindo dos resíduos orgânicos, e sejam acompanhadas por sistemas eficazes de recolha seletiva;
- a construção de um sistema de tratamento mecânico e biológico moderno, eficaz na separação dos resíduos, seguro e com condições dignas de trabalho para os seus operadores;
- apoios a indústrias de reciclagem locais, que acrescentem valor e o retenham na Região;
- legislação que restrinja severamente as embalagens descartáveis, de forma a favorecer a produção local quer de artigos de consumo quer das respetivas embalagens.

Lipor disponibiliza compostores a famílias com quintal

Imagem captada aqui.
  • Os cidadãos dos municípios da LIPOR (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde ) que vivam numa casa com terreno podem ter o seu compostor gratuitamente. O projeto incentiva a utilização de composto orgânico em alternativa aos químicos de síntese. O composto atua como adubo orgânico, melhora a estrutura do solo e a resistência das plantas, tendo uma ação positiva na qualidade dos vegetais (alimentar, ambiental e saúde). Inscreva-se, frequente o workshop de Compostagem Caseira (gratuito, 3h),e cumpra o  Regulamento para ter acesso ao compostor.
  • Os baixos níveis de água após o tempo seco no mês passado estão a impedir que navios de carga naveguem totalmente carregados nos rios Reno e Danúbio. Reuters.
  • Um surto de larvas que destruiu campos de milho nas províncias do Limpopo e Noroeste da África do Sul é suspeito de ser provocado pela mesma lagarta invasora que atacou e destruiu as culturas na Zâmbia, no Zimbabwe e no Malawi, na sequência do longo período de seca registado o ano passado naquela região africana. Reuters.
  • A Tennessee Clean Water Network e a Tennessee Scenic Rivers Association estão a processar a Tennessee Valley Authority alegando que os resíduos de cinzas de uma velha central a carvão a nordeste de Nashville terão poluído o Rio Cumberland, violando a Lei de Água Limpa. The Seatle Times.
  • O Brasil acaba de criar tecnologia para descontaminação ambiental a partir do bagaço de cana. Desenvolvido no Laboratório Nacional de Nanotecnologia, o material utiliza resíduos produzidos pela indústria sucroalcooleira para fabricação de carvão ativo até 20% mais barato que o importado. «O resíduo da indústria sucroalcooleira abre caminho para o desenvolvimento de um material avançado com propriedades antibacterianas quando associado a nanopartículas de prata, sendo um excelente material na remediação ambiental», explica Diego Martinez, investigador do LNNano. eCycle.

Reflexão – Os vírus da gripe aviária continuam a evoluir

Gerês. Foto de Diogo Sá Lima.

Vários surtos de gripe aviária H5 estão a dizimar aves na Europa, Ásia e Médio Oriente. As novas estirpes - H5N2, H5N3, H5N5, H5N6, H5N8 e H5N9, denominadas em conjunto por H5Nx - são descendentes do subtipo H5N1 que surgiu pela primeira vez na China em 1997 e desde 2003 matou 452 pessoas. 
Embora a grande indústria dos aviários, baseada em estudos que paga à University of Minnesota, tente provar que a fonte do vírus mortal H5 reside nos patos bravos, as provas mostram que ele se propaga nas unidades de criação intensiva de aves, onde os animais crescem em espaços muito reduzidos, pouco arejados, onde o vírus encontra ambiente propício para se desmultiplicar. Mesmo os alegados impactos das alterações climáticas sugeridos pela indústria dos aviários cai por terra pela mão de uma investigação coordenada por Marius Gilbert, biólogo espacial belga.

A grande indústria dos aviários e a University of Minnesota não podem continuar a esconder a responsabilidade deste virus no modelo económico que faz mover a produção industrial de aves.

Mão pesada

Um indivíduo de Dewsbury foi condenado a uma pena de prisão de 26 semanas, suspensa por 12 meses, por despejo ilegal de resíduos em terrenos abandonados em Horbury, Wakefield. Foi ainda multado em 4.640 libras e intimado a cumprir 15 dias de atividades de reabilitação. GovUK.

Bico calado

  • (…) “passamos sempre do 8 para o 80, do zero para o infinito. O mesmo espírito iluminado está a transformar toda a frente do rio, da 24 de Julho a Santa Apolónia, num espaço maravilhoso, porém coutada privada dos turistas que desembarcam dos navios de cruzeiro ou dos que ocupam os hostels da Baixa e que alugam uma bicicleta por umas horas ou entram nos tuk-tuks, sem nada mais para fazer e sem necessidade de verdadeiramente habitarem a cidade. No lugar deles, eu estaria feliz: o melhor espaço da capital reservado para si, limpo do estorvo dos carros dos habitantes locais e dos próprios habitantes. Não admira que Lisboa esteja em todos os tops do mundo como a melhor cidade para visitar. Mas a questão que coloco é esta: por mais importante que seja economicamente o turismo, por mais orgulho que nos dê ver Lisboa recuperada, uma cidade deve ser feita para os visitantes ou para os habitantes? Quantos lisboetas vão ver o pôr-do-sol ao Cais das Colunas, quantos não vão há anos ao Terreiro do Paço, sempre em obras para os turistas, quantos podem atravessar a cidade de nascente para poente ao longo do rio?" Miguel Sousa Tavares in Expresso, via O voo do corvo.
  • «Em causa estão US $60 milhões desviados da Empresa de Águas e Saneamento de Benguela e Lobito (EASBL). Depois de o processo-crime ter estado “engavetado” durante mais de dois anos, o Tribunal Provincial de Benguela retomará, a 14 de Março, a audição dos ex-gestores e da direcção actual da EASB.» Maka Angola.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lagar polui ribeira do Alvorão

Apesar de todos os esforços de sensibilização e de já terem começado as obras do saneamento na Rexaldia e Chancelaria, a ribeira do Alvorão corre completamente negra e com cheiro a águas russas de lagar, denuncia Mário Costa em Vamos salvar o rio Almonda.
  • O consórcio Eni-Galp já tem autorização do governo para fazer o furo de exploração petrolífera a 46 Km ao largo de Aljezur, Alentejo. Público 28jan2017.
  • Tribunal Administrativo considerou ilegal a tarifa da água aplicada pela autarquia de Olhão a partir de 2015, informa o Olhão Livre. «A cobrança indevida cobrada aos cidadãos e às empresas do Concelho de Olhão deve rondar os 3 milhões de euros. Essa cobrança é indevida por, apesar ter entrado em vigor em janeiro de 2015, apenas foi retificada pela CM de Olhão em março de 2016.» Além disso, o Presidente da Câmara e um dos seus Vereadores não deveriam ter participado na votação dessa decisão porque eram membros do Conselho de Administração da Ambiolhão.
  • O concelho de Westminster é pioneiro na cobrança de taxa extra para estacionamento de automóveis a gasóleo. Em Marylebone, com a aplicação de 50% sobre a atyual taxa, um hora de estacionamento passará a custar 2,45 libras. The Guardian.
  • Um oleoduto da Magellan Midstream Partners L.P derramou centenas de milhares de litros de gasóleo em Worth County, no norte do estado do Iowa. The Des Moines Register.
  • Um grupo de congressistas do Estado do Wyoming quer multar as empresas produtoras de energia eólica ou solar. Trata-se duma ameaça ao projeto Chokecherry e Sierra Madre, no centro-sul daquele estado, que vai ter mil turbinas e gerar eletricidade para cerca de um milhão de habitações num Estado cuja população é de apenas 584 mil pessoas. JN. O estado do Wyoming já não nos surpreende. Sabia que é proibido, neste estado, tirar uma fotografia a um rio poluído com o objetivo de colher provas incriminatórias é proibido? E que, apesar de neste estado ter havido mais de 500 derrames de petróleo, a Wyoming Oil and Gas Conservation Commission não passou nenhuma multa em 2013?
  • O Banco Mundial continua a fomentar projetos de combustíveis fósseis em detrimento de opções mais limpas, denuncia o Bank Information Center.

Reflexão - Controlo natural da acácia-de-espigas

Imagem extraída daqui.

Depois de autorizada a libertação do agente de controlo natural para a acácia-de-espigas (Acacia longifolia) em julho de 2015, à qual se seguiu a primeira campanha de libertação, terminou recentemente a segunda campanha de libertação do insecto-australiano-formador-de-galhas (Trichilogaster acaciaelongifoliae) em Portugal.

Entre 20 de novembro e 7 de dezembro de 2015 decorreu a primeira campanha de libertação: mais de 400 fêmeas de Trichilogaster acaciaelongifoliae, oriundas da África-do-Sul, foram libertadas em sete locais ao longo do litoral Português e em Coimbra. Desta primeira campanha de libertação resultou a formação de cerca de 50 galhas em acácia-de-espigas, observadas no Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede (Tocha), na Mata Nacional das Dunas de Quiaios, na Mata Nacional de Leiria (São Pedro de Moel) e em Coimbra.

Entre novembro e meados de dezembro de 2016 decorreu a segunda campanha de libertação, tendo sido libertadas mais de 1800 fêmeas  de Trichilogaster acaciaelongifoliae, também oriundas da África-do-Sul, em perto de 20 locais ao longo do litoral entre Esposende e Marinha Grande. Na próxima Primavera/Verão serão feitas monitorizações do estabelecimento e efeito deste agende de controlo natural.

Mão pesada

  • A Sunnymead Farm, de Telford, e o seu diretos foram multados, respetivamente em 26.200 e 6.600 libras por gestão ilegal de resíduos. GovUK.
  • A Imerys foi multada em 100 mil libras por despejo de substância perigosa em afluente do rio Par. GovUK.

Bico calado

Serra do Gerês. Foto de Lília Jorge 26jan2017.
  • «Já vemos por aí grupos folclóricos, grupos culturais, bandas de música, a comprar carros de bombeiros no âmbito da Protecção Civil. Acho que isto qualquer dia vai criar uma barafunda que ninguém se entende», Jaime Soares, presidente do conselho executivo da LBP. Público 29jan2017.
  • «Uma coisa são os afectos e a proximidade com os cidadãos, outra é essa tendência para ser árbitro e jogador ao mesmo tempo. E a confusão de géneros entre uma coisa e outra ameaça comprometer a identificação afectiva que os portugueses têm estabelecido consigo. Se reconheço como genuína a sua afectividade, também não ignoro a sua tentação pelo jogo político-partidário que você tende por vezes a confundir com uma legítima preocupação de estabilidade. A propensão para “ir a todas” — como aconteceu com a sua descabida intervenção no caso da Cornucópia — poderá conduzi-lo a um excesso de exposição prejudicial à distância institucional que se espera de um Presidente e à autenticidade da sua relação afectiva com os portuguesesVicente Jorge Silva in Carta aberta a Marcelo Rebelo de Sousa – Público 29jan2017.
  • «(…) A ironia por trás das preocupações sobre a interferência de nações estrangeiras nos assuntos políticos internos dos Estados Unidos é que os Estados Unidos têm interferido de forma flagrante nas eleições de muitas outras nações, com métodos que incluem não só o apoio financeiro aos partidos preferidos e a circulação de propaganda, mas também assassinatos e derrubes de regimes democraticamente eleitos. Excertos da entrevista a Chomsky: «Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos empenharam-se na reestruturação da  tradicional ordem conservadora. Para atingir esse objetivo, era necessário destruir a resistência antifascista, muitas vezes em benefício dos colaboradores nazis e fascistas, para enfraquecer os sindicatos e outras organizações populares e para bloquear a ameaça de uma democracia radical e de reformas sociais (…), por vezes, através da brutalidade. Na Coreia do Sul, cerca de 100 mil pessoas foram mortas no final da década de 1940 pelas forças de segurança instaladas e dirigidas pelos Estados Unidos. (…) Na Grécia, na mesma altura, centenas de milhares de pessoas foram mortas, torturadas, detidas ou expulsas durante uma operação de contra-insurgência, organizada e dirigida pelos Estados Unidos, que restaurou as elites tradicionais no poder, incluindo colaboradores de nazis, e eliminou grupos de operários e camponeses liderados por comunistas que tinham lutado contra os nazis. (…) Há provas de envolvimento da CIA num golpe que derrubou o governo trabalhista de Whitlam na Austrália em 1975, quando se temia que Whitlam pudesse interferir nas bases militares e de informações de Washington na Austrália. A interferência da CIA na política italiana foi tornada pública pelo Relatório Pike ao Congresso em 1976, mencionando a doação de mais de 65 milhões de dólares para determinados partidos políticos entre 1948 e o início dos anos 70. Em 1976, o governo de Aldo Moro caiu após se saber que a CIA gastara 6 milhões de dólares para apoiar candidatos anticomunistas. (…) O Plano Marshall na França e em Itália implicava a exclusão do governo de comunistas, antinazis e membros da Resistência. (...) A ajuda dos EUA foi, de facto, uma poderosa alavanca de controle, uma questão de grande importância para os interesses comerciais dos EUA (…) Na véspera do lançamento do plano Marshall, o embaixador em França, Jefferson Caffery, alertou o secretário de Estado Marshall para as terríveis consequências se os comunistas vencessem as eleições em França (...) Durante o mês de maio, os EUA pressionaram os líderes políticos da França e da Itália a formarem Governos de coligação sem comunistas. (…) Até 1948, o secretário de Estado Marshall e outros enfatizaram publicamente que se houvesse comunistas eleitos, a ajuda dos EU seria cancelada. (...) Em França, a miséria do pós-guerra foi explorada para minar o movimento operário, através de violência direta. Retiveram-se alimentos para coagir a obediência, e organizaram-se gangsters para boicotar e esmagar greves. (…) Os Estados Unidos tinham apoiado Mussolini desde a sua tomada de posse em 1922 até à década de 1930. A aliança de Mussolini com Hitler terminou com essas relações amistosas, mas elas foram retomadas quando as forças americanas libertaram o sul de Itália em 1943, colocando no poder Pietro Badoglio e a família real que tinham colaborado com o governo fascista. À medida que as forças aliadas avançavam para o norte, iam dispersando a resistência antifascista e as autoridades locais que essa resistência tinha formado na tentativa de estabelecer um novo estado democrático nas zonas que libertara da Alemanha. No fim, foi estabelecido um governo de centro-direita com a participação neo-fascista e a exclusão da esquerda. Também aqui, o plano era as classes trabalhadoras e os pobres suportarem o ônus da reconstrução, com salários baixos e despedimentos em massa. O auxílio dependia da exclusão de comunistas e de socialistas de esquerda do poder, porque eles defendiam os interesses dos trabalhadores e, portanto, constituíam um obstáculo ao figurino pretendido de recuperação (...) O Partido Comunista foi de imediato rotulado de "extremista" e "antidemocrático" pela propaganda dos EUA, que também manipulou habilmente a alegada ameaça soviética. Sob a pressão dos EUA, os democratas-cristãos cedo abandonaram as promessas de democracia no local de trabalho e a polícia, por vezes sob o controle de ex-fascistas, foi encorajada a suprimir atividades sindicais. O Vaticano anunciou que os sacramentos seriam negados a quem votasse nos comunistas nas eleições de 1948. (…) Um ano depois, o Papa Pio XII excomungava os comunistas. (…)» Noam Chomsky sobre a longa história da intromissão dos EUA nas eleições estrangeiras, in Truythout.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Vila Real de Santo António: Tribuna em defesa da água pública

Foz do Rio Minho. Foto de Jorge Moreira 25jan2017.
  • O uso de químicos em espaços públicos acaba de ser proibido em Portugal. Até que enfim. A luta foi longa e dura. O Ambiente e a Saúde agradecem. 
  • A Força Aérea portuguesa detetou uma mancha de poluição de cerca de 240 Km por 15 Km (3.600 Km2) entre Espanha e Portugal. Análises levadas a cabo pela Marinha registaram a presença de um hidrocarboneto pouco denso provavelmente resultante da lavagem de tanques de um petroleiro. TSF.
  • O ambientalista tomarense Américo Costa deu conta de uma situação de «caos ambiental» na Zona Industrial de Tomar, dando conta da existência de «condutas partidas e resíduos desviados por falsas ribeiras» que vão desaguar na ribeira da Beselga, a poucos metros a jusante da ETAR que ali se encontra. No local, é visível numa linha de água paralela aos caminho-de-ferro, alguma espuma indicadora de um foco de poluição ativo. A autarquia tomarense rejeita responsabilidades mas já disse que, independentemente disso, irá acompanhar a situação e atuar dentro das suas competências, caso se verifique essa necessidade. Num comunicado publicado na sua página do facebook, a Câmara de Tomar esclarece que “este coletor que, alegadamente, estará a derramar para as linhas de água a céu aberto, junto à linha de caminho-de-ferro, não é da responsabilidade dos SMAS nem do Município”. Acrescenta a autarquia que se trata de um dos emissários do Parque Empresarial, pertencente ao sistema em alta e nesse contexto sob responsabilidade da empresa Águas de Lisboa e Vale do Tejo. A câmara explica que as tampas do coletor contém os logótipos dos SMAS e da CMT devido ao facto do sistema ter sido construído pelo Município e explorado pelos SMAS antes da sua concessão, ocorrida há mais de uma década. Mediotejo. E a camara de Tomar fica-se por aqi? Fica-se por atirar a responsabilidade do problema para a privada que explora o negócio? Os autarcas já não têm competência para defender os interesses de quem os elegeu?
  • O STAL realiza sexta e sábado, 27 e 28 de janeiro, entre as 10h e as 18h, na Praça Marquês de Pombal, Vila Real de Santo António, uma «Tribuna Pública para exigir a manutenção dos serviços de água e saneamento, resíduos e limpeza urbana na esfera da gestão municipal.

Cerca de 3 milhões de franceses consomem água contaminada

Pateira em Ois da Ribeira. Foto de La Salette Marques 2dez2012.
  • A Europa deve preparar-se melhor para os impactos das alterações climáticas, diz a Agência Europeia do Ambiente no seu último relatório. É que são muito maiores os riscos de inundações e secas, da propagação de doenças infeciosas de menos produção agrícola. DW. Os custos dos impactos das alterações climáticas ocorridas entre 1980 e 2013 terão custado 665 euros a cada português.
  • Empresas de fraturação hidráulica britânicas e norte-americanas têm doado centenas de milhares de libras a um grupo seleto de deputados e lordes britânicos. Estas contribuições permitem-lhes a promoção dos seus interesses dentro do parlamento e facilitam-lhes o acesso a legisladores. 130 mil libras foram, deste modo, doados em 2016 ao grupo APPG (All-Party Parliamentary Group). O DeSmog UK mapeou toda a teia destes interesses. 
  • Uma central eólica vai ser instalada ao largo de Eastern Long Island, em New York, capaz de fornecer energia a mais de um milhão de pessoas. EcoWatch.
  • Várias organizações agendaram para 29 de abril, sábado, manifestações nas maiores cidades em protesto contra as políticas ambientais de Trump. A última marcha pelo clima ocorreu em 20 de setembro de 2014 e reuniu 400 mil pessoas, só em New York, HP.

Reflexão – Em defesa da água pública

Lagoa do Fogo. Foto de César Couto

O STAL realiza sexta e sábado, 27 e 28 de janeiro, entre as 10h e as 18h, na Praça Marquês de Pombal em Vila Real de Santo António, uma «Tribuna Pública para exigir a manutenção dos serviços de água e saneamento, resíduos e limpeza urbana na esfera da gestão municipal

O executivo municipal, de maioria PSD, pretende entregar à Aquapor os serviços de água e saneamento em baixa, hoje assegurados pela empresa municipal SGU, Sociedade de Gestão Urbana. O STAL observa que esta privatização tem lugar a menos de um ano das eleições autárquicas, às quais o actual presidente da Câmara não poderá candidatar-se por ter atingido o limite de mandatos. O actual edil não irá prestar contas nem assumir as respectivas responsabilidades por este acto que terá consequências nefastas para os trabalhadores e a população de Vila Real de Santo António: Aumento brutal de tarifas (ao fim de sete anos, a factura doméstica de 5m3 - água, saneamento e resíduos, custará mais 45%; a de 10m3, mais 53%; no consumo não doméstico, a factura de 10m3 mais 60%. A Câmara ficará obrigada a garantir 80% das receitas esperadas pelo privado. O privado arrecadará mais de 38 milhões em dividendos, lucros que deixarão de ser reinvestidos na melhoria dos serviços e das condições de trabalho. O número de trabalhadores será reduzido em cerca de metade, passando dos actuais 54 para 28.
A Câmara será mais um cliente e os consumos municipais passarão a ser cobrados à população.
O investimento previsto é diminuto e a qualidade dos serviços não está garantida.

Na iniciativa será lançado um abaixo-assinado intitulado “A Água Pública não se vende, garante-se e defende-se!” que tem como objectivos exigir à Câmara Municipal:
O fim imediato do processo de privatização/concessão dos serviços de água e do saneamento actualmente a cargo da empresa municipal VRSA-SGU;
A manutenção da gestão da água sob controlo público, orientada por valores de solidariedade, participação e responsabilidade ambiental.
A privatização em nada ajudará a equilibrar a difícil situação financeira do município. Pelo contrário, os contratos milionários constituirão um pesado encargo adicional para o próximo executivo autárquico que, em última análise, o fará reflectir sobre todos os munícipes.
Reafirmando a sua posição de princípio contra a privatização de serviços essenciais como a água ou os resíduos, o STAL apela a todos os trabalhadores e população do concelho a participarem na Tribuna Pública, em defesa da gestão pública dos serviços públicos, contra o negócio da água e dos resíduos. STAL.

Mão pesada

  • A Interpol lançou um novo projeto para identificar e desmantelar as redes de crime organizado que gera biliões de lucros ilícitos por detrás do tráfico de animais selvagens entre a África e a Ásia.
  • As autoridades vietnamitas anunciaram que 4 funcionários do ministério do Ambiente vão ser alvo de processo disciplinar e deslocados para outros serviços, devendo um deles ser despromovido. Tudo por causa das suas responsabilidades num derrame de efluentes que provocou a morte a mais de 100 toneladas de peixe. Reuters.

Bico calado

       O PSD e Passos Coelho são contra quê, mesmo? Lobo Xavier é categórico: 
eles estão contra a subida do salário mínimo.
  • O João Miguel Tavares levou uma tareia da Lúcia Gomes. Ela não gosta de atrevimentos. A ignorância atrevida do prolífero colaborador do Público irritou-a de tal modo que ela não esteve para meias medidas.
  • «Mais de seis anos volvidos e experimentada a maioria das Padarias Portuguesas de Lisboa, constato que o grande trunfo reside nos espaços, normalmente acolhedores. Já a qualidade continua fracota, não justificando a fama, nem a aceitação que têm tido junto do público lisboeta. Há padarias quase desconhecidas com muito melhor qualidade. Nomeadamente na zona das Avenidas Novas. Mas lá está, o nome do "Gato Fedorento" José Diogo Quintela, associado às Padarias Portuguesas, ajudou a projectá-las e a confirmar o adágio popular "mais vale cair em graça do que ser engraçado". Ontem, o sócio de Quintela decidiu dar um tiro no pé, ao dizer que a discussão sobre a TSU era irrelevante e a subida do salário mínimo indesejável. Não satisfeito com esta prova de cretinice, o ex-quadro da Jerónimo Martins acrescentou mais esta série de insanidades indignas de um patrão, quanto mais de um empresário. Se vivêssemos num país onde o povo se indignasse quando um patrãozeco de caca com ideias do século XIX o insulta, as Padarias Portuguesas teriam os dias contados, por força de um boicote da população àqueles estabelecimentos. No entanto, como o povo se equipara à qualidade dos produtos das Padarias Portuguesas, Nuno Carvalho pode continuar a insultar os seus clientes e trabalhadores e não se passa nada.» Carlos Barbosa de Oliveira in Mais vale cair em graça – Crónicas do rochedo.
  • «Estão as empresas muito preocupadas com compensações à subida do SMN. Relembre-se que, só entre 2011 e 2015, as empresas e entidades receberam 770 milhões de euros de estágios-emprego e mais 137 milhões de euros em contratos emprego-inserção. E mais 366,9 milhões para apoios à contratação. Ou seja, em cinco anos receberam 1270 milhões de euros de recursos públicos para usar mão-de-obra barata! Um poço sem fundo. » João Ramos de Almeida in Contas por fazerLadrões de Bicicletas.
  • «Quem elege a construção de um muro como prioridade política (é porque) não tem nenhuma outra digna desse nome. Os muros transformam-se, também, em barreiras comerciais, como se o proteccionismo fizesse alguém mais rico. A globalização tão amaldiçoada à esquerda nas décadas fi nais do século XX abriu as portas que a direita mais conservadora e retrógrada quer agora fechar nos EUA ou no Reino Unido. Estranha ironia esta: quem agora quer fechar as portas foi quem impôs que elas se abrissem.» Amílcar Correia, Público 26jan2017.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Custos dos impactos das alterações climáticas ocorridas entre 1980 e 2013 terão custado 665 euros a cada português

  • Os custos dos impactos das alterações climáticas ocorridas entre 1980 e 2013 terão custado 665 euros a cada português, sugere o relatório sobre impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas, publicado pela Agência Europeia do Ambiente. Segundo a Zero, o relatório diz que as temperaturas da terra e do mar continuam a aumentar, que os padrões de precipitação estão a mudar, geralmente tornando as regiões húmidas na Europa mais húmidas, particularmente no inverno, e as regiões secas mais secas, particularmente no verão, que  a extensão do gelo marinho, volume de gelo e cobertura de neve estão a diminuir, que o nível do mar está a subir e os extremos climáticos como ondas de calor, precipitação intensa e secas estão a aumentar em frequência e intensidade em muitas regiões. Considera-se, por isso, fundamental a aplicação das estratégias definidas nos acordos subscritos na cimeiar do Clima em Paris e na aplicação do Roteiro Nacional de Carbono Neutro para 2050
  • «Portugal recorreu a um mecanismo pouco comum para apresentar a queixa contra Espanha por causa da construção do polémico cemitério nuclear de Almaraz, obra que permitirá prolongar os anos de funcionamento da estrutura. Invoca o artigo 259.º do Tratado de Funcionamento da União Europeia, o que acontece pela primeira vez num diferendo entre Estados-membros sobre uma central nuclear, assegura a Comissão Europeia, chamada a intervir no processo. O recurso utilizado, considerado um acto de dureza nas relações entre Estados, pelo menos nesta matéria, insta a Comissão Europeia a fazer um parecer fundamentado no prazo de três meses, sem o qual Portugal terá o direito de ir directamente ao Tribunal de Justiça da União Europeia.» Público 25jan2017.
  • As energias renováveis produziram, em 2016, cerca de um terço de eletricidade na Região Autónoma da Madeira. O Instalador.

França emite recorde de 7 biliões de euros em títulos de tesouro verde

Foto: Greatstock/Barcroft Images
  • No Reino Unido, o custo da eletricidade produzida por eólicas marinhas baixou um terço em apenas 4 anos, diz o The Independent.
  • Enormes quantidades de amianto têm sido despejadas indevidamente em vários sítios de Northumberland. A autarquia lamenta que isso já lhe custou 10 mil libras e avisa que os munícipes serão processados se não comprovarem que o seu amianto foi removido por técnicos devidamente credenciados. BBC.
  • A França emitiu um recorde de 7 biliões de euros em títulos de tesouro verde, para estimular investimentos em energia limpa. Estes títulos de 22 anos foram vendidos a bancos, seguradoras e outros investidores institucionais a uma taxa de juros de 1,75%. St. Louis-Post Dispatch.
  • No centro de Phoenix, há ecopontos com máquinas que compactam os resíduos, reduzindo o seu volume e, consequentemente, o número de recolhas. Tudo através da energia solar. AZCentral.
  • A American Association for the Advancement of Science considerou censória e intimidatória a decisão da administração Trump de impedir os funcionários dos ministérios do Ambiente, da Saúde e da Agricultura de expressarem publicamente as suas opiniões em comunicados aos media, blogues, mensagens e postas nas redes sociais. The Independent. Conhecemos o filme. Portugal já teve disso, durante 50 longos anos de salazarismo.
  • Um poço de petróleo da Anadarko Petroleum Corporation explodiu perto de Hudson e pulverizou hidrocarbonetos numa área considerável, o que obrigou ao encerramento de várias estradas de Weld County durante dois dias. The Denver Post.
  • As sacas plásticas de compras estão proibidas na capital da Índia, informa o The Times of India.
  • A Índia vai ratificar os princípios da segunda fase do protocolo de Kyoto (1997) relativa a 2013-2020. A primeira fase, relativa a 2005-2012, tinha sido subscrita por apenas 65 países. The Times of India.

Reflexão : «Os australianos brancos celebram, os aborígenes choram»

Imagem captada aqui.

Os australianos brancos celebram, os aborígenes choram,
por Amy Mcquire e Lizzie O’Sheajan in NYTimes. (apontamentos)

Em 26 de janeiro os australianos celebram o Dia da Austrália. A data comemora o desembarque da Primeira Frota em Sydney Cove em 1788. Cerca de 1.400 pessoas chegaram, metade deles condenados, transportados da Inglaterra para estabelecer uma colónia penal. No rescaldo da Guerra de Independência da América, os britânicos precisavam de um novo lugar para enviar criminosos. Os colonizadores e os seus tribunais consideravam a Austrália "terra nullius" ou "terra de ninguém", uma ficção legal usada para justificar o roubo de terras aborígenes nos séculos seguintes.

Os aborígenes consideram este um dia de luto, chamando-o "Dia de sobrevivência" ou "Dia da Invasão". Os conflitos com a população aborígene local começaram logo depois da chegada da Primeira Frota. Os colonos brancos envenenaram poços de água e sacos de farinha, e massacraram homens, mulheres e crianças impunemente.

Os aborígenes lutaram pela sua terra. Por exemplo, a nação Darug, liderada por Pemulwuy, juntamente com nações vizinhas, iniciou uma guerra perto do que são hoje os arredores de Sydney, que durou mais de duas décadas. Os clãs aborígenes fizeram guerrilhas contra os colonos na Tasmânia até ao início do século 19.

Os povos aborígenes foram expulsos das suas terras e metidos em missões e reservas. Os seus filhos, conhecidos como as Gerações Roubadas, foram separados das suas famílias.

A parte mais insidiosa do projeto colonial foi a desumanização dos aborígenes e a tentativa de destruir a sua cultura e conhecimento. Os povos aborígenes formaram uma relação simbiótica com a terra, o mar e o céu ao longo de dezenas de milhares de anos, e desenvolveram sistemas complexos de gestão da terra e agricultura, permeados com a espiritualidade. Mais tarde, contaram aos seus filhos que os seus povos eram apenas caçadores, desvalorizando-se e destruindo-se as suas tradições, as suas línguas e os locais sagrados.

Hoje sente-se muito o legado da desapropriação. Há imensos homens, mulheres e crianças encarceradas. No Território do Norte, por exemplo, 84% dos presos é aborígene. As mulheres aborígenes são o grupo de presos que mais tem crescido a nível nacional, tendo a sua taxa de prisão aumentado cerca de 120% desde 2000. As crianças aborígenes também são torturadas atrás das grades, como aconteceu no Centro de Detenção Juvenil de Don Dale no Território do Norte, em 2014.

Para muitos povos aborígenes, o 26 de janeiro celebra o começo simbólico de um programa estatal do genocídio. Os massacres, o roubo de terras, a remoção de crianças, a tentativa de assimilação e a prisão em massa remontam a esta data.

A história da resistência aborígene à colonização foi amplamente apagada. Ao contrário dos Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia, a Austrália não tem nenhum tratado com qualquer nação aborígene. Em 2008, o primeiro-ministro Kevin Rudd, pediu desculpas oficiais pela remoção de crianças aborígenes das suas famílias, mas nunca houve compensações. 

Os povos aborígenes continuam a lutar pela justiça, mas o sistema está minado. A ficção legal de "terra nullius" - uma terra que não pertence a ninguém - foi anulada pelo Supremo Tribunal em 1992 na sequência do caso Mabo. Isso abriu o caminho à Lei do Título Nativo, que reconhece os direitos dos aborígenes sobre a terra, mas apenas em circunstâncias muito específicas, e dá aos detentores de direitos indígenas pouco poder em decisões de uso da terra. As poucas políticas estaduais e territoriais que permitem direitos limitados aos proprietários aborígenes estão sob constante ameaça. Muitas vezes, as leis que governam os direitos de terras aborígenes favorecem os negócios que tentam explorar os recursos naturais sobre os detentores das terras.

A Austrália tem que mudar a data do dia da Austrália. Talvez possa ser o 3 de junho, o Mabo Day, o dia em que, em 1992, a o “terra nullius” foi eliminado formalmente. Isso seria, pelo menos, uma base mais sólida para construir uma compreensão compartilhada da história do país.

Bico calado

Imagem capturada aqui.
«Visite a City de Londres, a capital mundial da evasão fiscal»
  • «Se o governo de Theresa May concretizar a ameaça de ser um mau vizinho, serão os restantes 27 países da UE que beneficiarão. Os paraísos fiscais partilham três grandes características: (1) o segredo financeiro, que permite às empresas esconderem os seus rendimentos e activos daqueles que pretendam tributá-los; (2) legislação fiscal flexível e baixas taxas de imposto, que proporcionam incentivos para as empresas transferirem os lucros para o paraíso fiscal; (3) e legislação financeira flexível, que prevê mecanismos que facilitam o branqueamento de fundo. Com estas medidas, o Reino Unido está a caminho de se tornar um paraíso fiscal. A Grã-Bretanha tem colocado os seus tesouros em offshores, para as dependências da Coroa e territórios ultramarinos, lugares como as Ilhas Cayman, Jersey e a Ilha de Man, limpando os fundos de vestígios das suas origens antes de eles poderem fluir para a City of London.  Se essa rede de secretismo for considerada como uma única entidade, então ela situar-se-á no topo do índice de sigilo financeiro da Tax Justice Network como a maior ameaça à transparência financeira global. Se o Reino Unido sair da União Europeia, Bruxelas ficará com mais poder para combater essa ameaça. Por exemplo, as empresas britânicas de serviços financeiros precisarão dos chamados "direitos de passaporte" se quiserem operar no continente. A UE poderá condicioná-los não apenas ao cumprimento das normas regulamentares do bloco, mas também à manutenção do ritmo das suas regras de transparência financeira. Estando o Reino Unido ausente no processo de preparação das leis, será provável que estes regulamentos se tornem mais severos. Do mesmo modo, a utilização de critérios objectivamente verificáveis na lista negra de paraísos fiscais será susceptível de constituir um potente antídoto às leis de sigilo britânico. Uma desregulamentação tributária prejudicaria os serviços públicos, exacerbaria a desigualdade e deprimiria o crescimento a longo prazo. Na área de transferência de lucros empresariais, as tentativas agressivas do Tesouro de encorajar as empresas a transferirem os seus lucros para o Reino Unido poderiam fazer com que a EU fizesse prevalecer a sua Base Consolidada do Imposto Corporativo Consolidado, uma política que, durante anos, tentou ganhar terreno, muitas vezes perante a oposição do Reino Unido. Esta política garantiria que a quota da UE dos lucros tributáveis das empresas multinacionais corresponde à actividade económica real que acontece no bloco. Isso prejudicaria seriamente as tentativas do Reino Unido de reduzir os impostos das empresas para atrair negócios europeus, removendo a capacidade das empresas da UE de transferir os seus rendimentos para outros países.» Alex Cobham, director da Tax Justice Network, in Politico. (excertos)
  • «A economia política internacional post-Brexit coloca alguns problemas. Os EUA querem celebrar acordos comerciais com o Reino Unido na condição de haver livre movimentação de pessoas. A Austrália e a Índia querem o mesmo, mas com as regras de migração flexibilizadas. Há lógica nisto. Se se permitir a livre movimentação de bens e capital e não de trabalho, o retorno do capital será muito maior do que o do trabalho. Resumindo, sem restrições, o capital pode obter os melhores retornos; com restrições, o trabalho não pode. Se se controlar o trabalho ter-se-á que, no mínimo, controlar o capital. Há, portanto, três opções: a primeira é aceitar a livre movimentação de pessoas; a segunda é limitar a livre movimentação de pessoas e aceitar a vitória do capital e a derrota do trabalho, e as subsequentes desigualdades; a terceira é limitar o capital na esperança de equilibrar as taxas de retorno num mundo novo onde não temos a certeza se vamos estar melhor ou não. Estivemos próximo da primeira opção na EU. Optamos pela segunda via, a que vai dar piores resultados. A terceira via, a pior, é a de Trump. Poucos arriscarão adotar o protecionismo defendido por Trump. O Brexit foi a resposta errada a uma pergunta mal formulada. As pessoas estão exigindo que o retorno do trabalho seja aumentado, e a pior maneira de fazer isso é impor-lhe mais restrições do que ao capital. Há que discutir como vai funcionar a migração e que restrições podem ser aplicadas ao capital.» Richard Murphy in O Brexit foi a resposta errada para uma pergunta mal formuladaTax Research UK. (excertos)

  • Trump sugeriu que ia impor pesadas taxas fronteiriças sobre bens produzidos no estrangeiro por empresas norte-americanas e conceder benefícios fiscais às que produzirem bens nos EUA. Se isso se concretizar, podem acontecer 3 coisas: (1) criar-se-ão impostos alfandegários nunca vistos, mesmo que sejam impostos através de um sistema de tributação corporativa; (2) criar-se-ão incentivos para as grandes multinacionais usarem os paraísos fiscais para evitarem pagar muitos impostos no seu país; (3) se o preço das importações para os EUA aumentar em cerca de 20% haverá a substituição massiça de importações se as empresas de venda a retalho quiserem sobreviver. Isto significa que a guerra comercial será inevitável e, enquanto se fizerem os necessários ajustamentos, o caos económico poderá alastrar-se dentro e fora dos EUA à medida que os padrões de oferta (e, por conseguinte, da procura de mão-de-obra) forem seriamente perturbados. Trump escolheu a pior saída para uma reforma da tributação corporativa. Richard Murphy in Tax Research UK.
  • «No ranking da Transparência Internacional, Portugal desceu de 28.º para 29.º lugar (em 176). Só na Europa há 15 países à sua frente. Desde 2012, Portugal tem andado entre os 63 e os 62 pontos, num máximo de 100.» Público 25jan2017.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Ovar é uma das vencedoras da 9º edição dos prémios Green Project Awards

Parque do Buçaquinho. Imagem captada aqui.
  • A Câmara Municipal de Ovar é uma das vencedoras da 9.ª edição dos prémios Green Project Awards. Tudo devido aos projetos levados a cabo no Parque do Buçaquinho. Dinheiro Vivo.
  • O novo ministro de Negócios e Energia britânico, Lord Prior, foi, durante 6 anos, diretor da Aurelian Oil and Gas, uma mega empresa de petróleo e gás que investiu na fraturação hidráulica na Polónia. Energy Desk.
  • Os níveis de poluição em algumas zonas de Londres ultrapassaram os de Beijing. Energy Desk.
  • A Tanzânia pondera aplicar um imposto sobre o carvão vegetal para desencorajar o uso do combustível, que é uma grande fonte de energia para cozinhar mas contribui para a desflorestação. Reuters.
  • Um oleoduto em Saskatchewan, Canadá, derramou 200 mil litros de combustível em território da tribo Ocean Man First Nation. Prosseguem os trabalhos de limpeza. Sublinhe-se que este é o segundo acidente do mesmo tipo em 7 meses. Reuters.
  • A faculdade de Direito da universidade de Columbia, em New York, lançou uma ferramenta que vai comparar, com a administração Obama, as medidas legais que a administração Trump vai tomar em relação à energia e às alterações climáticas. Inside Climate News.
  • O diretor do ministério do Ambiente da Flórida demitiu-se depois dos funcionários terem expressado desaprovação pela sua gestão de um conflito legal de águas com o estado da Georgia e que atingira a exorbitância de 54,4 milhões de dólares. E tudo começou com a Flórida a processar a vizinha Georgia por alegado uso excessivo de água dos rios Chattahoochee e Flint, o que prejudicava a indústria de ostras e a economia do norte da Flórida. Miami Herald.
  • O presidente da Louisiana's St. Bernard Parish, a sul de New Orleans, processou várias empresas petrolíferas acusadas de serem responsáveis por destruírem o lago Borgne, - outrora uma enorme zona pantanosa que defendia a vila das marés vivas -, e de provocarem fenómenos desastrosos de erosão que coloca a vila em perigo. NPR.
  • A rede de televisão infantil norte-americana Nickelodeon não vai poder construir um parque temático subaquático numa das ilhas mais virgens das Filipinas, informou a ministra do Ambiente do país. Palawan alberga dois sítios considerados patrimónios mundiais pela UNESCO. AFP/The Star.
  • Apenas 15 tigres-de-sumatra  (Phantera tigris sumatrae) conseguiram sobreviver na floresta de Bengkulu, Indonésia. O abate ilegal de árvores, a conversão de terrenos e a caça são as causas mais evidentes desta situação. Tempo.
  • Manifestantes acorrentaram-se a um portão para impedir que o carvão fosse entregue à fábrica de laticínios de Clandeboye, South Canterbury, Nova Zelândia. NZHerald.


Reflexão: «A excentricidade do frio no Inverno»

Foto de Judit Balla. Imagem captada aqui.

A excentricidade do frio no Inverno, 
por Bagão Félix - Público 24jan2017. (excertos)

«De seguida vieram os avisos policromáticos dos serviços do mar, atmosfera e Protecção Civil, uma espécie de meteorológica escala de Richter sem números, mas com cores como o amarelo e o laranja. É a versão tecnocrática e científica do que, antes, se chamava, tão sábia e simplesmente, Inverno e Verão. Técnicos são entrevistados, como se o apocalipse estivesse iminente! (…)

A normalidade passou a ser notícia. Porque a notícia a transformou numa anormalidade. Seria mais previsível que a notícia fosse o calor no Inverno e o frio no Verão, mas afinal o que é agora “alarmante e excepcional” é o frio no Inverno e o calor no Verão. As televisões abrem noticiários dizendo que o (nosso) frio voltou e um ingrato anticiclone se escafedeu. Ridículo dramatismo com reportagens e entrevistas a transeuntes que se lamentam das condições insuportáveis que se abateram sobre o luso território. Pessoas há que, no século XXI, falam do frio como uma excentricidade invernal. Talvez de tanto se falar do “aquecimento global” se tenha interiorizado o fim do frio, que parece agora fazer parte do “esquecimento global” que corrói a memória. Dentro de alguns meses, teremos notícias sobre o calor que se vai abater sobre nós. Aí, lá vamos gramar os avisos de cores variadas, ainda que de sinal contrário, e as estafadas reportagens (?) nas praias de norte a sul. Boa matéria-prima para enfadonhos noticiários de hora e meia, cheios de (pouco) tudo e (muito) nada. As redes sociais — oh essas! — lacrimejam através de testemunhos dilacerantes de pessoas que partilham a gélida sinestesia por via de like e de comentários estapafúrdios. (…)

Esta obsessão tem subjacente alguma infantilização do modo como se abordam certos assuntos do quotidiano. Progredimos em meios tecnológicos, mas parece que regredimos na relação com os outros e com a natureza. Tratam-se as pessoas como inconscientes, néscias e incautas. Será que uma pessoa com frio só pensa em agasalhar-se por causa de um alerta amarelo visto num canal televisivo? A sabedoria popular (“se o Janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas”) evaporou-se, submetida ao monopólio dos gadgets que nos dispensam de pensar? Onde é que está a novidade, a diferença, o alarme? A banalização dos “alertas” acaba por estiolar o sentimento de prevenção individual e colectiva face a situações graves que, infelizmente, acontecem.»

Mão pesada

Porto de Sines. Imagem captada aqui.

«Pela primeira vez em Portugal um derrame de combustível, em Sines, é tratado como ilícito penal. O derrame de combustível ocorrido em outubro no porto de Sines, Setúbal, foi o primeiro caso do género em Portugal a ser tratado pelo Ministério Público como ilícito penal desde o início, segundo a Autoridade Marítima Nacional. (…) A investigação do Serviço de Investigação Criminal do Comando Regional da Polícia Marítima do Centro decorreu durante cerca de três meses, tendo o processo-crime relativo ao crime de poluição por navio sido entregue ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Setúbal.» TSF. Aleluia!!!!!!!!

Em 2016, as autoridades de Cardiff aplicaram coimas por crimes relacionados com lixo e resíduos no valor de 169 mil libras. Wales Online.

Bico calado

Trump e as suas 4 estratégias para controlar os media: repreender, limitar o acesso, ameaçar e dispensar/ultrapassar os media.

«Para que é que poderá ser necessário um Dia Nacional do Patriotismo quando já existe o 4 de Julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, feriado federal que é um festival das mais diversas formas de patriotismo? Para quê este novo feriado (que não será obrigatório porque não é um feriado federal) quando já há o Flag Day (a 14 de Junho), o Veterans Day (11 de Novembro) e o Memorial Day (última segunda-feira de Maio) para além de se ter tornado tradicional a proclamação do 11 de Setembro como Patriot Day? A única resposta possível é que Trump não quer confundir o "seu" patriotismo com aquele que é celebrado nestes feriados. O novo Dia Nacional do Patriotismo será assim, certamente, o Dia Nacional do Patriotismo à la Trump, o dia dos patriotas que apoiam Trump, o Dia Nacional do Trumpismo.» José Vitor Malheiros, FB.

«Temos de assumir isto, temos um bimbo facho na presidência dos EUA. Uma espécie de Hitler em pato bravo. (…) Perante este quadro, podemos ter a atitude do - “isso é lá com os americanos eles que se amanhem,  é o país deles” – mas quando somos informados que, um dos primeiros decretos que Trump assinou foi o do abandono da política de combate às energias poluentes, fica mais complicado essa opção porque o “país deles”, por enquanto,  fica no nosso planeta. (…) Na verdade, em termos ambientais, também não faz grande diferença Trump acreditar ou não no aquecimento global porque se, por acaso, ele achasse que a situação ambiental era realmente uma ameaça, provavelmente, diria: “E vamos mandar fazer um muro para que o aquecimento global não entre nos EUA.” Por cá, quem defende que esta teoria do acelerado degelo dos polos, etc., é mentira, são indivíduos de direita, que não acreditam no aquecimento global mas que não duvidam que uma Nossa Senhora pode aparecer em cima de uma árvore, se o tempo estiver razoável. Tenho um tio que acha que desde a morte do Manoel de Oliveira deixou de fazer sentido abordar esse tema porque os bolos de anos do realizador eram o principal responsável pelo aquecimento globalJoão Quadros in Enlouquecimento globalSapo24.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Guimarães: projeto põe munícipes a pagar o lixo que de facto produzem


O Pay as you throw é um sistema piloto do município de Guimarães que rompe com a regra imposta a nível nacional de indexar a taxa dos resíduos à fatura da água consumida. Segundo este esquema, os vimaranenses só pagam o lixo que, de facto, produzem. Em suma, quantos menos sacos lançarem para o novo tipo de ecoponto, menos taxas pagarão. Entre fevereiro e abril de 2016, a recolha seletiva duplicou nesta cidade, tendo o lixo indiferenciado diminuído cerca de 20 toneladas.

É, de facto, um projeto muito interessante. Quem dera muitas mais autarquias o adotassem.
Mas era forçoso este projeto ter um nome em língua inglesa? Para quê? Para quem? E, como se já não bastassem tantos lapsos linguísticos em que diariamente tropeçamos nas nossas leituras, a fonte desta nossa posta achou por bem também dar um ar da sua graça. 
Não é «trow» como ela escreveu. Porque «trow» quer dizer «pensar, acreditar, supor», enquanto «throw», entre outras hipóteses, significa «atirar, despejar, lançar». A menos que, sub-repticiamente, se queira fazer passar a mensagem de que os munícipes vimaranenses vão pagar os resíduos conforme pensam ou acham que. 
De modo algum queremos ver aqui influência do famoso treinador internacional de futebol Mourinho. Mas também ele teima em retirar o precioso h do «think», fazendo com que há anos acabe sempre a dizer «eu mergulho» ou «eu vou ao fundo», - [ai sink] é o som que lhe sai por omissão do h em «think») -, e não «eu penso que» ou «eu acho que».

Querem prolongar a vida de duas centrais nuclkeares

Erosion, by Baba Brinkman
  • A EDF pediu ao governo britânico para permitir que as suas centrais nucleares de Hunterston e de Torness, na Escócia, vejam a sua vida prolongada para além dos 30 anos de vida previstos. RT.
  • Os procuradores-gerais de Maryland, Massachusetts, Nova Hampshire, Nova York, Rhode Island e Vermont aprovaram uma moção que apoia a Regra de Atualização de Poluição Atmosférica do ministério do Ambiente dos EUA, que exige o alargamento da obrigatoriedade da redução da poluição atmosférica a outros estados para além dos 22 onde a lei já está a ser aplicada. Think Progress.
  • Um oleoduto de 163 milhas para transportar combustível do lago Charles, na Louisiana, através da Atchafalaya Basin e até St James, está a merecer forte oposição por parte de vizinhos, que alegam os mais que prováveis impactos negativos sobre as zonas pantanosas da região e as fontes de água do estado. Os promotores do projeto dizem que ele vai despoletar a economia do estado e oferecer uma alternativa mais segura do que a disponibilizada por camiões, comboios ou barcaças. The Advocate.

Bico calado


  • «Parece dupla de palhaços, mas não é, descansem. São jornalistas e foram engravatados, entrevistar o Sr. Presidente. Era a sua coroa de glória: Iam entrevistar o mestre dos baralhos, um sábio prestidigitador, o cenografista maior do reino, três estrelas Michelin em vichyssoises, nadador emérito, beijoqueiro empedernido, mais tudo o que à cabeça agora não me vem, mas Sr. Professor Doutor e Sr. Presidente da República, até agora isento e sem mácula. Tarefa árdua para qualquer um, que não para eles. Um, o Ricardinho, jornalista encadernado e experiente, mais timorato e prudente. O outro, o Bernardito, tendo Ferrão no nome, pensou ser uma serpente e, num assomo de sedução e enleio, como se na sua frente uma Cleópatra estivesse, tentou com veneno atingi-lo. (…) E a sua espertezazinha, diante de um inteligente, superinteligente, mais uma vez corrijo, calejado e avisado, instruído e informado, perspicaz e arguto oponente, transformou-se e transformou-o em coisinha…coitadinha. Até dava peninha… Ter-lhe-á passado, pela sua cabeça de periquito, enrascar o Marcelo? Deu-se mal, como seria óbvio para todos, menos para o Bernardinho, coitadinho…Que irá dizer, depois, ao seu “chefezinho”? Mas ele estava ali ao lado, caladinho, resguardadinho, e deixou-o queimar-se em fogo lento, lentinho, ouvindo o contrário do que queria ouvir, insistindo em perguntar o queria perguntar para o tentar enrascar, mas sendo repetidamente atropelado, mesmo que serenamente, por um inteligente, um superinteligente, reafirmo, que não apenas esperto. (…) Pois, mas…e a Dívida, Sr. Presidente? E os Juros, Sr. Presidente. Apanhámo-lo, devem ter pensado, assim como quem pergunta: este governo, que tanto apoia, resolveu? Deviam ter imaginado com quem se iriam meter. E o que lhes disse o Marcelo? Que queria um governo forte, mas também uma oposição forte. Eles não entenderam… Eu se fosse ao Marcelo, tinha era pegado num chinelo…» Joaquim Vassalo Abreu in O Bernardito e o Ricardito!À esquerda do zero.
  • Agências tributárias de 30 países reuniram-se em Paris (16-17 janeiro), na OCDE, para participar numa enorme troca simultânea de informações fiscais e partilhar resultados e pormenores sobre milhares de investigações desencadeadas pelos Panama Papers. «É fundamental combater os facilitadores para restaurar a confiança pública nos sistemas tributários e no Estado de direito», disse John Christensen, Presidente do Conselho de Administração da Rede de Justiça Fiscal. «Os facilitadores são tipicamente banqueiros profissionais, advogados e contabilistas, ou seja, elites privilegiadas que usam mal o seu status para minar os sistemas de regras e práticas que moldam as sociedades modernas. Em muitos casos, as diretrizes profissionais são fracas e inadequadas para a tarefa de impedir que os facilitadores ignorem a lei para promover seus próprios interesses e os dos seus clientes, e essa falta de integridade tem alimentado a desilusão pública na própria noção de integridade profissional », acrescentou. ICIJ. A propósito, um regresso à Suite 605. Exertos aqui.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Nova Zelândia vai importar insetos para combater a praga da cana

SMiguel-Açores. Foto de Diogo Caetano.
  • A Inglaterra pretende reduzir a velocidade máxima na M1 para 60 milhas por hora para reduzir o «smog» que se concentra sobre Sheffield. The Guardian.
  • Em Berlim, uma grande manifestação de associações de agricultores, sindicalistas e ambientalistas protestou contra o TTIP, o CETA e o uso de transgénicos e exigiu ao ministério da Agricultura alemã mais apoio aos pequenos e médios agricultores e à agricultura biológica. Sputnik News.
  • 10 praias de Auckland, na Nova Zelândia foram encerradas ao público devido à deteção de elevados níveis de poluição provenientes de esgotos não tratados. NZHerald.
  • A Nova Zelândia vai importar insetos do Mediterrâneo (Hymenoptera Eurytomidae e a Rhizaspidiotus donacis) para combater a praga da cana (Arundo donax) tão eficamente como o fizeram nas Canárias e na América do Sul. NZHerald.

Reflexão: «No Ródão, a ignorância sobre o nuclear é uma bênção»

Imagem captada aqui.

No Ródão, a ignorância sobre o nuclear é uma bênção, 
in Público 22jan2017 (apontamentos)

“Almaraz? E o que é que isso interessa à gente?!”, admira-se o Ti João, encostado ao muro branco do edifício da GNR.
Em 1986, o então secretário de Estado do Ambiente, Carlos Pimenta, equacionou suspender o fornecimento de água à Grande Lisboa porque tinha havido uma contaminação radioactiva das águas do rio que Espanha silenciara.
A questão é que para os habitantes de Vila Velha do Ródão a radioactividade não se vê nem se sente. A poluição causada pelas fábricas de celulose sim. E os cheiros também. “De Almaraz ouve-se falar de vez em quando na televisão. Mas não se vê nem se sente nada. Então as pessoas não se preocupam. Não é uma coisa de que nos lembremos”, resume Ana Almeida, sentada numa das cadeiras do centro de saúde.

No centro de saúde de vila ninguém se dispõe a explicar se existem reservas de iodo. Na escola nunca ouviram falar disso. Nem os riscos do nuclear costumam entrar nas salas de aula onde se sentam cerca de 200 alunos, do pré- escolar ao 9.º ano.
— Não digo que o nuclear seja tabu, mas é algo que é como se não nos tocasse a nós. Passamos anos e anos sem ouvir falar de Almaraz, quando aquilo já tem 30 anos. E, de facto, a central parece que fi ca longe mas, se pensarmos bem, é um longe aqui tão perto — refl ecte o professor, para explicar que, mesmo quando os acidentes nucleares de Fukushima (2011) ou Chernobyl (1986) entram na conversa professor-alunos a pretexto da matéria de Geografi a e de Ciências, poucos ou nenhuns estabelecerão uma conexão com os riscos de Almaraz. “Amanhã vou levar esta questão ao conselho pedagógico, para começarmos a tratar na Educação para a Cidadania esta questão do nuclear e dos seus riscos e até a pertinência do nuclear face a outras fontes de energia”.

Mas, nas paredes do posto local da GNR, os únicos alertas que se vêem são sobre as queimadas e a violência contra idosos. No centro de saúde, o alerta mais visível é o relativo aos cuidados a ter durante as ondas de calor. Perscruta-se melhor os placards e balcão e descortina-se novo aviso, mas sobre a importância da vacinação contra a gripe. Sobre o risco nuclear nem uma linha. Questionada sobre isto, a GNR local remete para o comando distrital de Castelo Branco, que remete para o Comando Distrital de Operações de Socorro que remete para a ANPC, cujo comandante nacional operacional, Rui Esteves, remete, no que toca à sensibilização da população, para a autarquia local. Aqui, no edifício branco a mirar para as chaminés das fábricas de celulose, o presidente não está disponível para falar. Nem presencialmente nem mais tarde ao telefone, apesar das insistentes tentativas do PÚBLICO.

Os resíduos produzidos por uma central nuclear durante um ano inteiro podem ser arrumados debaixo de uma secretária, afirmou Ronald Reagan, (1911-2004), Presidente dos Estados Unidos.