segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Albufeira: esgotos poluem praia da INATEL

Albufeira. Foto de Manuel Correia/O nosso Algarve abandonado 27fev2016.
  • Esgotos mal tratados ou até não tratados poluem a praia do INATEL em Albufeira. Tudo porque, segundo Susana Dias, o antigo ribeiro que escoava as águas pluviais, viu serem para lá canalizados os esgotos alegadamente tratados pela Etar de Valemangude, para daí serem projetadas para o largo da costa. 
  • Os ambientalistas da Zero enviaram uma queixa à Comissão Europeia pela violação, em Portugal, das regras comunitárias contra a poluição sonora. A queixa deve-se ao atraso de 9 anos na elaboração dos mapas estratégicos de ruído e dos planos de ação associados, em caso de ultrapassagem dos indicadores de ruído, verificados em 144 dos 278 municípios portugueses. Apenas 4 municípios, - Alvaiázere, Póvoa de Varzim, Sernancelhe e Vila Franca de Xira -, elaboraram planos municipais de redução de ruído, obrigatórios desse 2009. TSF.

Autoridades desmantelam via de escalada ilegal

Imagem captada aqui.
  • Agentes de proteção da Natureza de Aragão desmantelaram uma via de escalada ilegal em Castillonroy, Tudo porque a prática da escalada em certos lugares ou datas pode interferir negativamente sobre as espécies de aves que usam os penhascos para nidificar. Nesta caso, a ação teve por objetivo defender a águia de Bonelli. La Informacion.
  • A catástrofe nuclear de Chernobyl aconteceu há cerca de 30 anos. Hoje, a mil milhas do local, os impactos das radiações refletem-se nos veados. Que o digam os Sami, uma comunidade norueguesa cuja sobrevivência económica reside na criação de veados. A carne de veado daquela zona tem registado elevados índices de radioatividade, pelo que o seu consumo se torna impróprio. Há quem diga que tudo se deve à dieta do veado, rica em cogumelos, que tem elevado poder de absorção do césio-137. The World Post.
  • Um fluxo radioativo incontrolável continua a sair da central nuclear de Indian Point, nos arredores da cidade de New York, para as águas subterrâneas, e consequentemente para o rio Hudson, o que levanta a hipótese da ocorrência de uma catástrofe de proporções semelhantes às de Fukushima. Os responsáveis pela operadora da central sublinham que a segurança está garantida. Mesmo assim, a população da vizinhança da central regista índices de cancro da tiróide 66% mais altos do que a média nacional. AP.

Reflexão - quem lê o Ambiente Ondas3 e quais as preferências?

Estacionamento para bicicletas na Escola Padre António Morais da Fonseca, Murtosa

No Ambiente Ondas3, os três textos mais populares dos últimos oito dias foram, segundo a Google Analytics:


Durante o mesmo período, as visitas vieram dos seguintes países, por ordem decrescente: Portugal, Brasil, França, EUA, Alemanha, Rússia, Espanha, Reino Unido, Holanda e Angola.

Ainda durante este período, a proveniência, também por ordem decrescente, dos leitores de língua portuguesa foi a seguinte: Espinho, Lisboa, Porto, Coimbra, São Paulo, Braga, Gaia, Ponta Delgada e Rio de Janeiro.

Obrigado pela preferência. Voltem sempre!

Bico calado – Quando certas notícias são patrocinadas


  • Esta é para os adversários de alegadas e famigeradas teorias da conspiração: os media portugueses começaram há tempos, a cobrir hora a hora, diariamente, as eleições presidenciais norte-americanas. Muito pode o patrocínio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Que o diga a insuspeita TSF. E que dizer de tantas outras notícias: será que também são notícia porque são patrocinadas de modo encoberto?
  • «(…) O descalabro da banca portuguesa é o reflexo do descalabro da economia nacional após quatro anos de austeridade e sequelas profundas sobre o tecido produtivo. Perante este quadro, qualquer cidadão se interroga como foi possível os bancos portugueses terem passado por sucessivos testes de stresse conduzidos pelas autoridades europeias, saindo sempre aprovados; e como foi possível o Banco de Portugal garantir sucessivamente que o nosso sistema financeiro era sólido e seguro. Perante este quadro, qualquer cidadão, que já paga mais de €2500 milhões pelo caso de polícia que foi o BPN, que já encaixou perdas de 2100 milhões com o Banif e que vai pagar provavelmente esses dois valores somados pela resolução do BES e pela venda do Novo Banco, qualquer cidadão, dizia, se interroga sobre quando chegará ao fim este filme de terror. E se ninguém — Juncker, Draghi, Constâncio, Carlos Costa, Passos, Maria Luís — cora de vergonha. (…)» Nicolau Santos in Expresso 27fev2016, Via Estátua de Sal.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Tubarões nos Açores: demasiados ou escassos?

  • Portugal foi o mais recente Estado a assinar um acordo internacional para proteger da extinção um total de 29 espécies migratórias de tubarões e raias. As 29 espécies que passaram a constar deste memorando de entendimento incluem todas as cinco espécies de peixe-espada, todo o grupo das nove raias mantas-diabo, a manta-gigante e a manta-recife, o tubarão-branco, tubarão-zorro, duas espécies de tubarão-martelo, o tubarão-peregrino e o tubarão-seda, entre outros. Os países signatários deste memorando, incluindo Portugal, comprometem-se a facilitar um melhor entendimento das populações de tubarões, a definir limites de pesca com base em estudos científicos e ainda a prevenir a prática do ‘finning’ (cortar as barbatanas do tubarão e livrar-se do resto do corpo no mar). Proteger habitats e corredores migratórios importantes para os tubarões é outra das medidas incluídas neste acordo. Wilder. Entretanto, segundo o Correio dos Açores de 21 de fevereiro, o governo regional está a tentar persuadir as autoridades europeias de que há abundância de algumas espécies de tubarão nos mares dos Açores e de que é possível capturá-las, pelo que diz estar a preparar um estudo científico que alicerce as suas pretenções.

Imagem retirada daqui.
  • A indústria dos combustíveis fósseis tem de mostrar que é uma «força para o bem» perante a atual campanha para colocar os nossos ativos na lista negra, pediu Ali Al-Naimi, ministro saudita, aos executivos presentes numa reunião em Houston, Texas. Tudo porque em dezembro passado, mais de 500 instituições, incluindo grandes seguradoras, fundos e bancos gestores de 3,4 triliões de dólares de ativos se comprometeram a sair de combustíveis fósseis por razões climáticas, o que representa um aumento de 70 vezes em relação a setembro de 2014. Os combustíveis fósseis não são o problema, as emissões é que são o problema e a sociedade tem o dever de criar tecnologias para ultrapassar o problema, acrescentou. The Guardian.
  • O Uzbequistão probiu a importação e consumo de produtos com transgénicos na alimentação de bebés.
  • Apenas quatro municípios da região estão entre os 111 de São Paulo que obtiveram o selo ambiental 'Verde Azul 2015' e devem ter prioridade no repasse de recursos do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (Fecop) e Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). Bragança Paulista foi a melhor classificada na região, 6ª colocada no ranking. Globo.

Bico calado

«(…) O que vem ao de cima nos temas em debate entre os britânicos são as consequências gravosas das políticas de austeridade, das privatizações destruindo os serviços públicos, da eliminação de direitos e sociais e laborais decorrentes da política de integração europeia cumprindo a agenda neoliberal, da ampliação brutal do fosso das desigualdades.
Os factores de caos social enumerados são comuns e toda a União e não atingem apenas os britânicos. Por razões próprias, são os britânicos que agora os levantam e diagnosticam pondo o dedo na ferida: eles resultam da política europeia errática e antissocial. Daí que os dirigentes europeus estejam com os nervos em franja perante o referendo britânico e tenham cedido de maneira a abrir uma excepção, um precedente de que irão arrepender-se amargamente. Se o Reino Unido continuar, outros poderão reclamar tratamento de excepção quando entenderem; se o Reino Unido sair, outros poderão seguir-lhe o rasto. Os chefes de governo da União Europeia estão em vias de perceber que o ridículo da farsa a que se prestaram mata. A vítima será a própria União.» José Goulão in O ridículo mata.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

China vai encerrar mais de mil minas de carvão em 2016

Como adeptos do Dortmund deixaram a Praça da Liberdade, Porto, horas antes do jogo com o FCPorto. Fotos de Dora Araújo 24fev2016.
  • Kalachi, no Kazaquistão, é palco de uma misteriosa doença do sono. Tudo começou na primavera de 2013, após a reabertura de minas de urânio nas redondezas. Para além de sono, um quarto da população também sofre de tonturas, de alucinações e de perda de memória. Blacklisted News.
  • Desde janeiro que o parlamento paquistanês cobre todas as suas necessidades elétricas com a energia proporcionada por uma instalação solar fotovoltaica de 1,8 MW de capacidade. Energias Renovables.
  • A China vai encerrar mais de mil minas de carvão obsoletas durante 2016. Esta medida faz parte de um programa de redução em das emissões do setor energético em 60% até 2020. Diario Ecologia.

Bico calado

  • «(…) Num momento histórico para a esquerda, não podiam faltar as citações de cantores revolucionários como Sérgio Godinho, Zeca Afonso, Jorge Palma e outros. Parecia o festival do Avante ou a futura tomada de posse de Marcelo. Foi estranho ver as bancadas responderem com citações. A "este é o primeiro dia das nossas vidas", dito por Centeno, respondia João Almeida com: "Ai Portugal Portugal", de Jorge Palma. Nunca Jorge Palma foi citado por alguém que se embebeda com bombons de ginja. Não foi agradável. Parecia que os deputados estavam a usar as letras, a poesia, dos nossos maiores artistas como os miúdos usam as cartas de poderes. - Ai deitaste um megatron com poder de lava?! Toma lá um Sacarleton Donix de fumos de gelo. Foi uma espécie de discussão no trânsito usando letras de canções em vez de insultos básicos. Fez muita falta uma parte da letra de José Mário Branco sobre o FMI. (…)» João Quadros in A series of fortunate eventsJNegócios 26fev2016.
  • Todos os anos o Canadá perde 16 biliões de dólares em esquemas de evasão fiscal facilitada por 5 buracos legais, denuncia o economista Toby Sanger. O esquema beneficia os mais ricos, enquanto acentua a desigualdade, provoca instabilidade e reduz o crescimento económico. HP.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

14 associações e ONGs internacionais rejeitam prospeção de gás e petróleo no Algarve

Fiorde de Cromarty, Invergordon, Escócia. Foto: The Independent, 2fev2016.

  • A cidade do Porto é palco de uma campanha para ajudar os cidadãos a enriquecer os seus jardins e logradouros com árvores e arbustos típicos portugueses. O desafio foi lançado e os portuenses já estão preparados. Quem viver naquela cidade e tiver um terreno, pode receber até 10 árvores para plantar. Wilder.
  • Catorze associações e ONG internacionais, entre as quais a norte-americana NRDC, a suíça Oceancare ou a espanhola Alianza Mar Blava, uniram-se à Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) na crítica à pesquisa e prospeção de petróleo e gás natural no Algarve, alertando o Governo português para os «tremendos impactos negativos das pesquisas sísmicas nos ecossistemas marinhos». Green Savers.

Resíduos de glifosato em 14 marcas de cerveja

  • Simon Beck especializou-se em fazer ornamentações sobre neve apenas com os seus sapatos de neve. Uma maravilha!
  • 14 das cervejas mais vendidas na Alemanha registam vestígios de glifosato, revela um estudo do Umweltinstitut München. A Associação de Cervejeiros já veio tentar menosprezar os resultados dos testes àquelas 14 marcas de cerveja. Apesar de os considerar não credíveis, admite que será impossível impedir a deteção daquela substância cancerígena porque o herbicida pode ser encontrado em todo o lado depois de ter sido aplicado na agricultura durante muitos anos. Sustainable Pulse.
  • Há cada vez mais provas científicas de que o abate de florestas tropicais cria condições ideais para a propagação de pragas transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue. O exemplo mais recente foi divulgado no Journal of Emerging Infectious Diseases, com investigadores revelando um acentuado aumento de casos humanos de malária numa região de Bornéu após desmatamento relâmpago. Os cientistas da London School of Tropical Medicine and Hygiene acabaram descobrindo que os primatas estavam a concentrar-se nos fragmentos remanescentes do habitat da floresta, possivelmente aumentando a transmissão da doença entre as suas próprias populações. Então, como havia gente a trabalhar nas novas plantações de palmeiras, perto dos limites da floresta, os mosquitos que tinham proliferado neste novo habitat tinham transmitido a doença dos macacos para as pessoas. Environment 360.
  • A refinaria da Marathon, no sudoeste de Detroit, está a ser processada pelos ruídos, maus cheiros e contaminação do ar que afeta a vizinhança. Michigan Radio.

Mão pesada

A Home Pro foi multada em cerca de 6 mil dólares por incumprimento de legislação relacionada com a observação de medidas de precaução de segurança e de saúde durante operações de remoção de tintas com chumbo. EPA.

Reflexão – A idade da ignorância

A idade da ignorância, por Charles Simic in The New York Review of Books 20mar2012.

«A ignorância generalizada roçando a idiotice é o nosso novo objetivo nacional. Não vale a pena fingir o contrário e dizer (…) que as pessoas cultas são os recursos que valem mais para a nação. São, de facto, mas será que ainda os queremos? Não me parece. O cidadão ideal de um estado politicamente corrupto (…) é um tolo ingénuo incapaz de distinguir a verdade da mentira.

Uma população culta e bem informada (…) dificilmente poderia engolir mentiras e não seria manipulada pelos interesses instalados que fazem o que querem neste país. A maioria dos nossos políticos e seus conselheiros políticos e lobistas iria para o desemprego, tal como todos esses fala-baratos que pretendem fazer-se passar por formadores de opinião. Felizmente para eles, nada de tão catastrófico, embora perfeitamente merecido e muito bem-vindo, terá alguma hipótese de acontecer dentro de pouco tempo. Para já, há muito mais dinheiro para fazer à custa dos ignorantes do que à custa dos cultos, e enganar os americanos é uma das poucas indústrias que ainda temos neste país e que estão a crescer. Uma população realmente culta seria má, tanto para os políticos como para os negócios.

Foram precisos anos de indiferença e estupidez para nos tornarmos tão ignorantes como estamos hoje. Qualquer um que tenha ensinado na faculdade nos últimos quarenta anos, como eu, pode dizer-lhe que os estudantes saem das escolas secundárias a saber cada vez menos. Já não é surpresa ver jovens estudantes sem capacidade para compreender a maior parte do material que se lhes ensina. Ensinar literatura norte-americana tornou-se cada vez mais difícil nos últimos anos, uma vez que os alunos leram pouca literatura antes de virem para a faculdade e muitas vezes não têm a informação histórica mais básica sobre o período em que o romance ou o poema foi escrito, incluindo as ideias e questões importantes que ocupavam o pensamento das pessoas daquela época.

Também se dedica muito pouca atenção à história regional. Os alunos que vêm de antigas cidades industriais da Nova Inglaterra nunca foram informados sobre as famosas greves que lá ocorreram e onde os trabalhadores foram baleados a sangue frio e os seus autores escaparam impunes. Não me surpreendeu ver que as suas escolas secundárias tinham receio de abordar o assunto. O que mais me surpreendeu foi os seus pais e avós ou vizinhos nunca lhes terem falado sobre isso enquanto eles cresciam, nunca lhes terem mencionado estes exemplos de injustiça. Ou as suas famílias nunca lhes falaram sobre o passado, ou os seus filhos não lhes prestaram atenção. (…)

Se esta falta de conhecimento é o resultado dos anos de emburrecimento do currículo do ensino secundário e de as famílias não falarem com os seus filhos sobre o passado, há, contudo, um outro tipo mais pernicioso de ignorância que enfrentamos hoje. É o produto de anos de polarização ideológica e política e do esforço deliberado por parte dos grupos mais fanáticos e intolerantes nesse conflito com o objetivo de produzir mais ignorância ao mentir 
sobre muitos aspetos da nossa história e até mesmo do nosso passado recente. Lembro-me de me ter sentido atordoado há alguns anos ao ler que a maioria dos americanos dissera, num inquérito, que Saddam Hussein estava por trás dos ataques terroristas do 11 de setembro. Pareceu-me um feito de propaganda insuperável pelos piores regimes autoritários do passado, muitos dos quais tiveram de recorrer a campos de trabalho e pelotões de fuzilamento para forçar o povo a acreditar em algumas mentiras, mas sem sucesso comparável.

Sem dúvida que a Internet e a TV por cabo permitiram que vários interesses políticos e empresariais espalhassem desinformação numa escala que não era possível antes, mas para acreditar nisso tinha exigido uma população inculta e não acostumada a verificar as coisas que lhes contam. Onde senão nos EUA um presidente que resgatou grandes bancos da falência com o dinheiro dos contribuintes e permitiu que o povo perdesse 12 triliões de dólares em investimentos, pensões e valores imobiliários fosse rotulado de socialista?

Antigamente, se alguém não sabia nada e dizia asneiras, ninguém lhe prestava atenção. Agora essas pessoas são cortejadas e lisonjeadas por políticos conservadores e ideólogos como sendo "americanos reais" que defendem o seu país contra o governo todo-poderoso e as elites liberais cultas. (…) "A estupidez é, por vezes, a maior das forças históricas", afirmou Sidney Hook. Sem dúvida. O que temos neste país é a rebelião dos espíritos incultos contra o intelecto. É por isso que eles adoram políticos que protestam contra professores que catequisam crianças contra os valores dos seus pais e se indignam contra os que mostram capacidade de pensar a sério e de forma independente. Apesar da sua pretensa valentia, pode-se sempre contar com eles para votarem contra os seus próprios interesses. É por isso que milhões estão a ser gastos para manter os meus concidadãos ignorantes.»

Bico calado

Imagem captada aqui.
  • Bordalo II acaba de criar mais uma notável obra, desta vez numa das ruas de Bragança. Chama-se «Javali Selvagem» e foi construído com resíduos encontrados nas ruas daquela cidade.
  • «Com aquela voz castigada e o gesto teatral que se lhe conhecem, o dr. Passos Coelho declamou que é social-democrata, sempre o foi e sempre o será. Esqueceu-se de referir o prazo em que foi estrénuo militante da juventude comunista. A omissão tem importância relativa, mas fornece o retrato de um homem que, pela vida adiante, tem-se desviado da verdade com habilidosos desvios. (…) O homem afável, de bom perfil e voz de tenor, tripudiou sobre o conceito de social-democracia, e fez rumar o seu partido para as águas residuais em que navega uma direita desconchavada ou, como disse, em tempos, Marcelo Rebelo de Sousa: "A direita portuguesa é a mais estúpida da Europa." (…)» Baptista Bastos in Patifarias geraisCM 24fev2016.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Requalificação da Barrinha de Esmoriz arranca em breve

Barrinha de Esmoriz vista de sul para norte, em 27 de outubro de 2007. Foto: Octávio Lima.

O Tribunal de Contas deu luz verde para o arranque das obras de requalificação da Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos. Entre outras coisas, o projeto prevê a dragagem da Barrinha e a reconstrução do dique-fusível, dois pormenores que deverão merecer especial cuidado.

Primeiro, a dragagem. A dragagem da Barrinha vai retirar lamas há muito sedimentadas pela acumulação de efluentes não tratados e de resíduos de aterros levados a cabo ao longo de décadas. Estas lamas não deveriam ser espalhadas indiscriminadamente pelo cordão dunar adjacente sob pena de colocar em risco a biodiversidade daquele ecossistema. Terá de ser encontrada uma solução que, como sugere José Luís Ferreira, de Os Verdes, salvaguarde a segurança ambiental da fauna e da flora local.

Depois, o dique fusível. Esta solução não faz mais do que impedir, no verão, que as águas que continuam a chegar poluídas e mal cheirosas à Barrinha pela Ribeira de Rio Maior, provenientes de esgotos não tratados no concelho de Santa Maria da Feira, sigam o seu caminho para sul, para Esmoriz e, eventualmente, para o Furadouro. O dique fusível faz o mesmo que uma barreira de areia que, durante vários anos e na véspera do Verão, era erguida sorrateiramente por anónimos do concelho de Ovar. Dragar e manter o dique fusível é aceitar que os esgotos não tratados de Santa Maria da Feira continuem a poluir a Barrinha. O problema terá de ser resolvido a montante sob pena da «solução» agora lançada para jusante ser um remendo caro para os fracos recursos públicos.

Uma barrinha só é saudável se houver livre circulação de águas nos dois sentidos. Uma barrinha é um ecossistema com vida própria, evoluiu, não mantém o mesmo recorte, está sujeito a variações consoante o regime de marés, de marés vivas, de ventos. Querer impor-lhe um portão, querer domesticá-la, é imprudente. No mínimo irá ser um sorvedouro de dinheiros públicos provenientes dos impostos, nossos e europeus. Pior serão os impactos colaterais. Porque as pessoas têm que se convencer de que acabam sempre por perder quando se metem com a água. A água quer-se livre, sob pena de nos magoarmos ou de nela naufragarmos. 

Não quero dizer que não se faça nada. Pelo contrário. Para mostrar que se gosta da Barrinha bastará mantê-la limpa, acarinhada e vigiada. 

Sobre as atribulações da Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos, valerá a pena consultar o Ambiente Ondas3, por exemplo: (1)   (2)  (3)  (4)  (5)  (6)  (7)  (8)

Bacias de retenção evitam inundações em Guimarães

  • 2.500 carruagens do metropolitano de New York foram, entre 2007 e 2010, foram lançadas ao Atlântico depois de lhes terem sido retiradas todas as peças passíveis de flutuarem e depois de terem sido descontaminadas. Neste momento, formam um cordão de recifes artificiais onde a vida marinha é um sucesso. Via La Informacion.
  • Três bacias de retenção evitaram inundações na baixa de Guimarães. A funcionar há 10 meses, este projeto da autarquia local já demonstrou a sua utilidade no controle das águas da Ribeira da Costa, traduzindo-se numa redução do caudal e velocidade das águas na Ribeira de Couros. Durante este período, houve o equivalente a 87 ciclos de enchimento e esvaziamento nas bacias. Skyscrapercity.
  • A EDP Renováveis registou lucros líquidos de 167 milhões de euros em 2015, 32% mais do que os 126 relativos ao exercício de 2014. Energias Renovables.
  • O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proibiu a «Nova» Cedae de cobrar pelos serviços de coleta de esgotos quando não houver tratamento ou destino adequado. O Globo, via Luiz Prado Blog.

Reflexão – Autarquias ainda ignoram que o glifosato é cancerígeno


Em Poceirão, um trator e dois funcionários à conta da Junta de Freguesia procederam, na segunda-feira, 22 de fevereiro, à aplicação de herbicida nas bermas das estradas locais. Conta Catherine Rique Roque que a aplicação foi feita perto de uma casa e que a roupa que estava a secar deverá ter ficado contaminada, acrescentando que os funcionários contratados pela autarquia repetiram a aplicação para aparentemente esvaziarem o depósito do herbicida. Tudo isto em Palmela, zona famosa pelas suas vinhas, quiçá também contaminadas.

Não bastará os responsáveis pela aplicação profissional de fitofármacos cumprirem certas normas legais como o uso de fato protetor, luvas, máscara e óculos e assinalarem, como aviso e medida de precaução, no princípio e no fim da via, que decorreu ou está a decorrer a aplicação de herbicida. 

Os responsáveis, neste caso as autarquias, deviam saber que não basta essa aplicação ser efetuada por pessoal devidamente formado. Os responsáveis deviam saber que esses produtos são considerados, pela própria Organização Mundial de Saúde, potencialmente cancerígenos

O glifosato, a sua substância ativa, é potencialmente cancerígeno, ponto final. A gente compreende que, para uma autarquia, será mais rápido e provavelmente mais barato aplicar herbicida nas bermas e valetas do que empregar gente para as limpar. Mas a gente também sabe que a saúde das pessoas não tem preço. É, pois, mais que tempo de as autarquias se consciencializarem de que existem e funcionam para bem do povo e que, de modo algum, podem colocar a sua saúde em risco.

Mão pesada

14 pessoas foram detidas na Guatemala acusadas de corrupção. Vários ex-funcionários do ministério do Ambiente são suspeitos de envolvimento numa negociata relacionada com a limpeza do Lago de Amatitlán. Os produtos adquiridos para a operação de limpeza revelaram ser uma simples mistura de água com sal. O Estado tinha pago 18 milhões de dólares. La Informacion.

Bico calado

 Talecake, Fiji. Foto: Brett Phibbs/AP

A agricultura de autoconsumo está isenta de formação para aplicação de produtos fitofarmacêuticos. E o ministério da Agricultura esclarece um pormenor muito curioso: fitofármacos com IVA a 6% é para uso industrial, que exige formação; fitofármacos com IVA a 23% é para amadores isentos da obrigatoriedade de formação. O Vilaverdense. Brilhante! O que não paga na formação acaba pagando no IVA, a suaves prestações sasonais.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Edifício de central colapsa 10 dias antes do previsto

Imagem captada aqui.
  • Um edifício da central de Didcot, em Oxfordshire, colapsou. Pelo menos uma pessoa morreu e cinco foram hospitalizadas. A central de Didcot tinha sido desativada em março de 2013 e o colapso deste edifício estava planeado para acontecer daqui a 10 dias. The Guardian.
  • O SS Jacob Luckenbach afundou-se há mais de de 60 anos atrás depois de colidir com um navio 17 milhas a sudoeste da Golden Gate, mas o cargueiro continua, do fundo do mar, a vazar óleo que contamina o mar e muitas aves marinhas. San Francisco Chronicle.

Mão pesada

Um tribunal de St Louis condenou a Johnson & Johnson a pagar uma indemnização de 72 milhões de dólares a uma senhora que faleceu com cancro nos ovários devido ao uso prolongado do pó talco de higiene íntima das mulheres, comercializado pela empresa. Fair Warning, NBC e Daily Mail.

Bico calado

Consequências da saída do Reino Unido da zona Euro, segundo Richard Murphy:

1 O papel do Reino Unido como paraíso fiscal poderá acentuar-se. Como consequência, haverá mais desigualdades.
2 Novos acordos comerciais, negociados a partir de uma posição de fraqueza com países como os EUA, vão provavelmente exigir a privatização dos serviços públicos, incluindo o Serviço Nacional de Saúde.
3 A liberdade de expressão, já em perigo, será ainda mais reduzida. 
4 Haverá escassez de mão-de-obra em áreas críticas.
5 Iremos assistir ao regresso em massa de reformados britânicos do estrangeiro, o que representará enorme estresse para o Serviço Nacionald e Saúde.
6 O custo das importações vai aumentar. As nossas exportações vão ganhar menos.

Richard Murphy in The Brexit mythsTax Research UK.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Que eurodeputados apoiam a fraturação hidráulica?

Imagem baseada nesta.
  • A União Europeia é acusada de má administração e de ter agido ilegalmente ao aprovar pesticidas para os quais não havia dados de segurança suficientes, considera o Provedor de Justiça da União Europeia. A União Europeia tem agora dois anos para se redimir dos erros e das ilegalidades cometidas. The Ecologist.
  • O Parlamento Europeu aprovou, por maioria, um documento apelando aos estados membros para que não licenciem operações de fraturação hidráulica. A votação foi a seguinte: 347 a favor, 298 contra e 49 abstenções. Saliente-se que os seguintes eurodeputados, todos do PSD e do CDS, votaram a favor da fraturação hidráulica: Carlos Coelho, José Manuel Fernandes, Nuno Melo, Cláudia Monteiro de Aguiar, Paulo Rangel, Sofia Ribeiro e Fernando Ruas. ASMAA.
  • O Tribunal Constitucional da Colômbia rejeitou um buraco legal que permitia a mineração e a extração de gás e petróleo em «paramos», um importante zona de ecossistemas de altitude, responsável por 70% da água que abastece todo o país. The Guardian.

Reflexão - Foi você que falou em ocupar o leito de uma ribeira?

Na Madeira, há uma Ribeira Grande. O povo chamou-a assim por algum motivo. Mas vieram inteligentes empreendedores atrevidotes e implantaram-lhe em cima um complexo desportivo. Emanuel Silva, do Funchal Notícias, jura a pés juntos que não está a meter-se com o Marítimo da Madeira, até porque as imagens dizem tudo.


Mão pesada

O patrão da Melksham Metals Recycling Ltd, de Wildshire, foi condenado a 18 meses de prisão, pena suspensa por dois anos, por gestão ilegal de sucata. GovUK.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Poluidores do Tejo na mira da Inspeção

Tejo poluído perto de Abrantes. Foto de Arlindo Consolado Marques 7fev2016.

A Inspeção-Geral do Ambiente (IGAMAOT) pediu ao Ministério Público a abertura de inquéritos criminais a duas empresas suspeitas de poluírem o rio Tejo e determinou a abertura de dois novos mandados de busca a duas onde foram detetadas infrações contra o ambiente. 
Se não cumprirem os prazos estipulados pelos inspetores para corrigirem a situação, duas das três empresas em causa poderão ser encerradas. Sobre a terceira pende apenas um novo mandado para averiguar os incumprimentos ambientais. Expresso, via O voo do corvo.

Mão pesada

A PetroPerú foi multada em 3,6 milhões de dólares por incumprimento de regras de manutenção do oleoduto Norperuano, o que provocou derrames e contaminação de rios amazónicos no Perú. La Informacion.

Bico calado

«Mas isto na semana passada, porque, já  nesta, Cavaco Silva condecorou Sousa Lara, um homem que entre os serviços que prestou à Nação se notabilizou imenso: enquanto membro de um Governo, sub-secretário de Estado da Cultura,  usou esse poder para tudo fazer para que José Saramago não fosse  o único português com um Nobel da Literatura e, enquanto gestor desse antro de tudo o que Portugal teve de mais podre, que se chamou Universidade Moderna, foi acusado de quatro crimes de apropriação ilícita, 1 de associação criminosa e 1 de administração danosa e acabou condenado a uma pena de prisão de dois anos e meio suspensa por dois anosFilipe Tourais in Uma despedida em grande, O país do Burro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Moda das selfies mata golfinho

Clube Nautico da Ilha de Luanda, Angola. Foto de Pedro Cristyina 17fev2016.
  • Uma central solar flutuante vai ser instalada no reservatório Queen Elizabeth II, arredores de Londres. Os seus 23 mil painéis fotovoltaicos vão produzir 5,8 milhões de quilovátios/hora para abastecer 1800 casas.
  • Que dizer, que fazer com gente que mata um golfinho por desidratação? Aconteceu na praia argentina de Santa Teresita. Tudo por causa da estupidez das selfies. El País.

Bico calado

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje, 29 de junho de 2015, em Braga, que o Governo está «de consciência tranquila» em relação aos processos de privatização da REN e da EDP. Foto captada aqui.

  • O relatório do Transnational Institute, agora publicado, chega às seguintes conclusões acerca da vaga de privatizações impostas pela União Europeia sobre os ativos públicos de economias debilitadas: A privatização tem sido justificada porque traria rendimento aos países endividados e aumentaria a eficiência. Porém, em quase todos os casos, apenas têm sido privatizadas empresas lucrativas a preços baixos. Análises do FMI e de universidades europeias têm mostrado que não há provas  de que as empresas privatizadas se tenham tornado mais eficientes. Pelo contrário: as privatizações provocaram a descida dos salários, precarizaram as condições de trabalho e fomentaram a desigualdade. Um pequeno grupo de empresas de advogados e financeiras está colhendo lucros significativos a partir da nova onda de privatizações forçadas. Nelas se incluem os assessores financeiros e legais e as empresas de contabilidade que aconselharam as privatizações e depois aproveitaram-se delas e ganharam imenso com elas. Apesar da retórica a favor da gestão privada, muitos daqueles que ganharam concessões e compraram ativos são empresas estatais. Empresas estatais chinesas dominam a aquisição de empresas europeias de energia, nomeadamente comprando participações em serviços públicos em Portugal, Grécia e Itália. O mesmo acontece com empresas estatais alemãs e do Azerbaijão que têm adquirido ativos privatizados em outros países europeus. Esta vaga de privatizações na Europa tem incentivado o crescimento da corrupção, com frequentes casos de nepotismo e conflitos de interesse, nomeadamente na Grécia, em Itália, Espanha, Portugal e Reino Unido. Na privatização da EDP e da REN, os conselheiros financeiros foram a Caixa BI, Perella Weinberg, Banco Espirito Santo de Investimento e o BBVA e os conselheiros legais foram Morais Leitão, Shearman & Sterling, SLCM, PLMJ, GA e Linklaters. Os negócios da venda de 21,35% da EDP à Three Gorges Corporation e de 25% de 40% da REN à State Grid Corporation of China enredaram-se numa teia de conflitos de interesses. O Banco Espírito Santo de Investimento foi convidado a avaliar se a privatização de ambas as empresas era possível. Mais tarde, no entanto, o BESI aconselhou ambas as empresas chinesas a comprar os ativos. Isto significa que as empresas chinesas poderia ter tido acesso a informação privilegiada durante o processo de licitação. Segundo um relatório de 2015 do Tribunal de Contas Português, o papel duplo papel do banco neste processo de privatização do setor elétrico não salvaguardou o interesse nacional. O relatório condenou a Parpública, a agência governamental responsável pelas privatizações, e sublinhou que não tinham sido tomadas as medidas necessárias para garantir que os conselheiros do estado mais tarde mudassem de lado e oferecessem os seus serviços a potenciais compradores. Além disso, o Estado português, ao vender o resto da participação que ainda detinha nas energéticas, ficaria sem dividendos futuros, qualquer coisa como 1,6 biliões da venda da EDP e 400 milhões da venda da REN. Só 3 anos depois é que o governo português aprovou uma lei que protegia os ativos estratégicos do Estado.
  • O Ikea é suspeito de evasão fiscal de 1 bilião! Ai sim? Só agora? Que chatice. Há 10 anos, a insuspeita Economist de 11 de maio de 2006, já ironizava dizendo que a empresa não passava de uma «charity» holandesa, mais precisamente, da maior «charity» do mundo. Em novembro de 2014, o JN aflorava o assunto e colocava a Ikea de mãos dadas com a Apple. Há 5 dias, a insuspeita Fortune contava a estória. O Guardian e a CNN faziam o mesmo, respetivamente há 4 e há 3 dias. Para melhores explicações, ver os desenhos animados aqui e aqui.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Fraturação hidráulica aumenta atividade sísmica

Covas do Monte, S.Pedro do Sul. Foto de Mário Araújo Ribeiro 16fev2016.
  • A Bulgária prepara-se para avançar com a construção de uma auto-estrada através do espetacular desfiladeiro de Kresna, famoso pelas suas águias douradas, abutres e falcões peregrinos. A estrada ligará a Alemanha à Grécia e a Europa já terá preparado 673 milhões de euros para a pagar, tendo em conta o seu potencial turístico. Os locais estão contra, alegando que a estrada contribuirá para a desertificação das aldeias, e os ambientalistas apontam para os enormes impactos que representam a implantação de 11 pontes, 11 viadutos, 7 túneis e dezenas de paredes de betão. The Guardian.
  • A polícia turca usou gás lacrimogéneo para dispersar centenas de manifestantes que tentavam bloquear a abertura de uma mina de ouro da Cengiz Holding em Artvin, no Mar Negro. Alega-se o alto valor de biodiversidade da região, critica-se o facto de os tribunais já terem dado razão aos ambientalistas e lamenta-se esta espécie de frete ao milionário Mehmet Cengiz, considerado íntimo do presidente Erdogan. The Guardian.
  • O Sierra Club processou 3 empresas de energia de Oklahoma (Devon Energy Corp., Chesapeake Energy Corp. e New Dominion LLC.), acusando-as de provocar o aumento da atividade sísmica no Estado devido ao uso da tecnologia de fraturação hidráulica. The Oklahoman.

Reflexão - Porque é que a indústria mortal de mineração e venda de amianto ainda está viva e de saúde?

Apesar das evidências científicas irrefutáveis denunciando os perigos do amianto, 2 milhões de toneladas da substância cancerígena são exportados todos os anos para ao países em vias de desenvolvimento, onde muitas vezes é tratada com pouca ou nenhuma regulamentação.

Para este episódio de Relatórios VICE, Milene Larsson viajou para a maior mina de amianto do mundo, na cidade do mesmo nome de Asbest, Rússia, para conhecer trabalhadores cuja subsistência girar inteiramente em torno deste mineral perigoso. Surpreendentemente, os riscos associados à mineração de amianto não parecem preocupar os habitantes; de facto, o amianto é o orgulho da cidade, celebrado em monumentos, canções, e até mesmo no seu museu. Depois, Larsson visita Libby, Montana, outra cidade mineira quase do outro lado do globo, onde os efeitos da exposição ao amianto são inegáveis: 400 moradores morreram de doenças relacionadas com o amianto, e muitos mais estão a morrer lentamente. Porque é que a indústria mortal de mineração e venda de amianto ainda está viva e de saúde?

Bico calado


«Em Portugal, os profissionais de rádio e de televisão, salvo raras exceções, pronunciam o apelido do jovem futebolista do Benfica Renato Sanches como se se tratasse de um mexicano – logo, "Sánchez", com z –, sendo responsáveis pela disseminação do erro entre os adeptos em geral, não obstante o jogador só aparecer em público com o nome estampado corretamente nas costas da camisola. Não saberão ler? (…) É incompreensível que seja mais fácil a um jornalista português tentar dizer bem um nome sérvio-croata do que uma palavra do seu próprio idioma, com mil anos de existência. Qual a razão para esta falta de rigor em contraste com as preocupações, muitas vezes ridículas e redundando em más emendas fonéticas de nomes eslavos, saxónicos ou, até, franceses e italianos? A explicação mais lógica é arrasadora para as competências de jornalistas e editores, que se copiam uns aos outros na maioria das opções editoriais e se mostram incapazes de corrigir erros primários – e diz muito sobre a falta de rigor e maus-tratos da língua que grassam pelas redações, onde foram reduzidos ao mínimo os serviços de revisão e controlo interno, em detrimento das preocupações com a imagem. (…)» João Querido Manha in Se o apelido é Sanches, porquê dizer Sánchez?!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Hamburgo: administração pública proíbe plásticos

  • A administração pública de Hamburgo proibiu a aquisição de cápsulas de café,  de garrafas, pratos e talheres de plástico e de ambientadores. DN.
  • Quem são os maiores poluidores dos lagos, rios, ribeiras e linhas de água dos EUA?
Fonte: TruthOut.

Mão pesada

O México multou a Volkswagen em 9 milhões de dólares por irregularidades ambientais detetadas em 40 mil automóveis fabricados por aquela marca no país. El País.

Reflexão - Querem matar o rio Tejo, mas o povo não deixará

Tejo poluído perto de Abrantes. Foto de Arlindo Consolado Marques 7fev2016.

Querem matar o rio Tejo, mas o povo não deixará
por Duarte Marques (PSD) in Expresso 16fev2016

«Andam a querer matar o rio Tejo. Têm andado a tentar, há anos. São quase sempre os mesmos, alguns tornaram-se mais conscientes mas outros insistem no crime. Têm estado a vencer, vão à frente neste campeonato, mas felizmente há gente que não se resigna, que não baixa os braços e admito que estamos cada vez mais perto de inverter o equilíbrio de forças. Porquê? Porque a razão está do lado do rio, porque há gente que se preocupa e porque há pessoas que não têm medo. Sim, o medo tem impedido muita gente de actuar e de falar. Há funcionários, ex-funcionários, reformados e autarcas locais que nunca falaram por temer o seu emprego, do seu familiar ou de um amigo. Chegou a altura de unir forças para salvar o nosso rio. Não pode haver mais hesitações.

Depois de vários desenvolvimentos, apesar de muitas fiscalizações, de uma resolução aprovada por unanimidade na Assembleia da República, de dezenas de audições e de análises, o problema da poluição do rio Tejo tem-se vindo a agravar.

Quando tocou a apontar o dedo, alguns acusaram as empresas instaladas em Vila Velha de Ródão, outros apontaram o dedo a Espanha, outros acusaram também o Estado de ser impotente. Aqui ninguém está inocente, uns por incúria, alguns por falta de meios, outros por incapacidade e alguns por crime puro e duro.

Há cerca de duas semanas, recebemos no Parlamento alguns autarcas de concelhos vizinhos do rio Tejo. Dois em particular, o edil de Castelo Branco [PS] e o de Vila Velha de Ródão [PS], quase que juraram a pés juntos que a água já chegava "preta" de Espanha. Achei estranho, mas admiti essa possibilidade. Passados escassos dias encontrei dois pescadores que me juraram a pés juntos que a água, acima de Vila Velha, estava muito mais clara, não límpida, mas não tinha comparação. Seria mesmo assim? Tendo em conta estes testemunhos, muito contraditórios, decidi meter-me ao caminho, ver pelos meus próprios olhos e dar o benefício da dúvida a ambas as teorias.

A pesquisa não deixou dúvidas. Antes e depois de Vila Velha de Ródão há uma diferença abissal, é como comparar preto e branco. Basta encher uma garrafa de plástico transparente com água do rio para notar a diferença. A água acima da descarga de efluentes da Celtejo está quase transparente, daí para baixo está escura, com um cheiro hediondo. Nem todos os dias está de tal forma escura que parece óleo, mas muitas vezes está assim.

Com o vídeo feito neste último fim-de-semana não ficam dúvidas, não me faltam provas para ter segurança em dizer que a Celtejo tem uma enorme responsabilidade na poluição do rio, sim, do nosso rio Tejo. Acrescento a todas estas evidências, os preciosos testemunhos, sob anonimato, de funcionários e ex-funcionários desta empresa, tendo cada vez mais certezas que o problema da poluição do rio Tejo está em Vila Velha de Ródão. A autarquia local bem tenta fechar os olhos, afinal a economia local depende destas empresas. As empresas em causa têm uma postura lamentável, que nada tem a ver com outros concorrentes que, sendo do mesmo sector, não revelam este tipo de comportamento para com a natureza.

A Celtejo tem, aparentemente, uma ETAR sem capacidade suficiente para tratar os resíduos produzidos. Aumentou a produção, iniciou o processo de branqueamento da pasta de papel mas não aumentou a capacidade da ETAR. Não é difícil resolver o problema, até é simples e fácil tratar do assunto sem afectar os importantes postos de trabalho na região. Para tal, basta actualizar determinados equipamentos da unidade industrial, investir em novos tratamentos dos efluentes, construir uma ETAR à medida da produção e, até lá, produzir ao nível da capacidade da ETAR. Há até fundos europeus disponíveis e dirigidos a tal objectivo. Ou seja, não há desculpas para continuar este crime.

Mas o problema não termina por aqui. E já agora, conto mais um pouco da história.
Ligeiramente mais acima, há uma pequena ribeira, a ribeira do Açafal, junto à qual uma empresa chamada CentroOliva usa o bagaço da moagem da azeitona para produzir energia. Eu vi com os meus próprios olhos as descargas contínuas que fazem na ribeira sem tratamento aparente, numa ribeira que desagua no rio Tejo. Acima da descarga a água está límpida, depois da descarga desta empresa a água cheira a azeite reles, tem manchas enormes de gordura em toda a sua largura, um cenário terrível de poluição. Os proprietários são reincidentes, têm um longo cadastro ambiental, famosos sobretudo em concelhos como a Mealhada [PS] ou Sta. Maria da Feira, concelho onde um deles foi até candidato derrotado à liderança da autarquia local. O dito empresário chama-se Alcides Branco [PS] e é um investidor a evitar em qualquer concelho do país. Fica o alerta. Cria pouco emprego, polui muito e, pelo "cadastro ambiental", não tem um pingo de vergonha na cara.

Qualquer uma destas empresas, além de estar a destruir o rio Tejo e, consequentemente a matar o meio ambiente, está a causar graves problemas de saúde às populações vizinhas, cujas verdadeiras consequências estão por determinar. No entanto, as consequências são visíveis também à escala económica perante os concorrentes, que investem no tratamento dos seus resíduos, na proteção do meio ambiente, ou seja, que têm custos de produção muito superiores. (…) »

Bico calado


Banana Land: Blood, Bullets and Poison (A República das Bananas: sangue, balas e veneno) – documentário acerca dos bastidores da indústria da banana na América Latina. Conheça todo um mundo de indescritível violência, ganância corporativa e política e de violações dos direitos humanos mais básicos. Veja como se abusa de pesticidas, se viola normas ambientais e laborais. Saiba como tem sido possível manter as gigantes da produção da banana através do apoio a regimes ditatoriais na América Central e de gabinetes de advogados que, nos EUA, fazem lóbi junto do Congresso. Youtube ou Vimeo (1:12:00)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Espinho é o município que menos recicla com a LIPOR


Aparentemente, os últimos dados disponibilizados, publicamente/online, pela Câmara Municipal de Espinho, referem-se a 2010 e a 2011.


Já se interrogou por que motivo não se recicla mais?

Ordene por ordem decrescente as seguintes razões possíveis para não se fazer a reciclagem de resíduos:

- inconveniente, o ecoponto está longe ou fora de mão
- não há espaço em casa para fazer a separação 
- não me pagam para isso
- não faz diferença nenhuma separar
- exige tempo e esforço
- o sistema é confuso
- o meu vizinho não separa

Ninhos de andorinhas e de morcegos contra os mosquitos

Portal do Inferno, S. Macário. Foto de Luís Mirtilos 27dez2015.
  • 20% dos espanhóis têm uma potência de eletricidade contratada superior à necessária. Bastaria baixá-la pelo menos 1,1 kW para poupar 4,83 euros mensais, 52,82 por ano. La Informacion.
  • O governo do País de Gales quer autorizar a captura de vieiras na Baía de Cardigan, uma área especial de conservação marinha. Para tal encomendou um estudo com conclusões tiradas por «cientistas» e feitas à medida: a autorização terá de ser dada, tudo para bem da saúde da vieira, porque há sobrepopulação. The Guardian.
  • O G8 está a investir fortemente no agronegócio nos «corredores de desenvolvimento» da Beira, de Nacala e do Vale do Zambeze. O processo tem implicado a expulsão de milhares de camponeses das suas terras para permitir monoculturas como a soja para exportação e abre as portas à importação e sementes transgénicas que vão exigir muito mais rega. Uma das empresas envolvidas neste programa é a Mozaco, um consórcio entre o grupo moçambicano João Ferreira dos Santos e a Rioforte do grupo Espírito Santo, entretanto atirada para o pote dos ativos tóxicos daquele grupo. ADECRU.
  • documentário intitulado “ProSavana: Terra Usurpada, Vida Roubada” mostra a resistência contra o programa Prosavana e as denúncias das comunidades atingidas pelos perversos impactos deste programa sobre os sistemas produtivos camponeses, a manipulação, intimidação e perseguição das comunidades e suas lideranças e, no fundo,  a violação da legislação de terra e de participação pública.

Reflexão: Tejo, o sonho austeritário para o sul da Europa

Rio Cavalum, Milhundos, Penafiel. Foto de André Gomes 14jul2011.

Tejo: o sonho austeritário para o sul da Europa
por Nelson de Carvalho in MedioTejo 13fev2016.


«Lembro-me de que, nos anos 90, a Câmara de Abrantes mandou fazer um Plano Diretor para o Saneamento Básico. O objetivo era que fosse o instrumento orientador para cumprir o objetivo de Bruxelas de atingir um nível de atendimento (população servida de tratamento de águas residuais) superior a 90%. Dele decorreu um programa de construção de ETARs, creio que entre 95 e 99, de que refiro, de cor, Martinchel, Souto e Carvalhal (a norte)  a que mais tarde outras se juntaram (Aldeia do Mato …), intervenções de requalificação da ETAR de lagonagem de S. Facundo e mais tarde a construção da de Vale das Mós, e um conjunto de redes de saneamento associadas. 

Desse Plano derivou um programa central de intervenção, candidatado e aprovado para financiamento comunitário o âmbito do Sub-programa B do QCA, chamado “Cuidar do Tejo”, e onde se incluíam as ETARs de Abrantes (Fonte Quente) e Rio de Moinhos na margem norte (mais tarde saneamento e ETAR em Mouriscas) e Tramagal, Rossio/São Miguel, Pego, Concavada e Alvega na margem Sul. De modo complementar avançou-se com o encerramento e a reabilitação ambiental e paisagística da antiga lixeira, ela própria situada na margem direita do Tejo. Isso no tempo em que Bruxelas (e o Estado Português) tinham como políticas centrais as políticas ambientais: saneamento e gestão de resíduos urbanos. 

É da mesma altura a construção do aterro sanitário e do ecocentro bem como a instalação da rede de ecopontos. E assim foi nos municípios do país. Todavia as coisas mudam. Bruxelas passou a querer outras coisas. A partir de 2009, com o estalar da crise financeira na sequência da crise dos bancos associada à nova guerra económica global que as economias emergentes  abriram, a Europa e Bruxelas passaram a sonhar outras coisas, particularmente para os países mediterrânicos: criar as condições para que se pudessem tornar no grande parque industrial da Europa para sediar o capitalismo desqualificado, livre das obrigações em matéria de custos sociais e ambientais (os países centrais e nórdicos ficariam com a economia “limpa”). 

E agora, sim, o Tejo. Há cerca de um ano, todos os dias, fotos e vídeos do Tejo inundaram as redes sociais. Poluição como nunca visto. E um fenómeno novo: as autoridades (o Estado) espanholas e portuguesas remetidas ao silêncio. Em Bruxelas os tecnocratas assobiavam para o ar. Tajo/Tejo? Isso é aonde? É o estrondo diário que corre nas redes sociais, em particular no Facebook, e um enorme trabalho de cidadãos e associações que coloca todos os dias o problema e exige soluções. Há dias, só há dias, uma delegação de parlamentares europeus visitou o Tejo, em Espanha. Não sei porquê, não havia deputados portugueses na comitiva. Os ministérios do ambiente e os parlamentos nacionais começam agora a olhar e a fazer coisas. Mas daqui a pedaço vamos ver novos vídeos com a data do dia.

CURIOSO. Parece que o problema está mesmo entregue apenas aos cidadãos e à sua cidadania activa. Persistente e insistente. Os Estados habituaram-se a estar de joelhos e Bruxelas sonha com outras coisas.»

Bico calado

  • «Durante o fim-de-semana, o Ministro da Cultura [João Soares] foi à Alemanha, para apoiar realizadores e actores portugueses, enquanto que todos os outros ministros do Governo percorreram o país, explicando o novo Orçamento de Estado em sessões de esclarecimento civil. Num país onde a Cultura foi cronicamente tratada como uma extravagância - o Governo anterior chegou a abolir o Ministério da Cultura - e onde a iliteracia financeira é um problema grave, o novo Governo aposta em defender a cultura nacional e em explicar o orçamento aos cidadãos. Comentário dos apoiantes da Direita: "Ah e tal, eles andam é a passear!", como se só existisse trabalho quando o trabalhador está agrilhoado a uma secretária, ou a uma linha de montagem. Esqueçam lá aquela época em que o Paulo Portas passou meses a percorrer o mundo, acompanhado pela comitiva da Mota-Engil, facilitando contratos para empresas privadas e vendendo empresas públicas. O importante é criticar ministros que andam pelo país a explicar o Orçamento de Estado. Fofos, não são?» Uma Página Numa Rede Social.
  • «(…) Finalmente, por cá há um patriota a quem a possibilidade de investidores chineses entrarem no capital da TAP está a incomodar fortemente. Chama-se Pedro Passos Coelho e afirma: “não sabemos de que maneira é que o interesse público está definido e defendido.” Por acaso este Pedro Passos Coelho é o mesmo que foi primeiro-ministro de Portugal entre 2011 e 2015. Por acaso foi durante o seu consulado que a empresa pública chinesa China Three Gorges se tornou o maior acionista da EDP; que a chinesa State Grid se tornou, com 25% das ações, a maior acionista da REN – Rede Elétrica Nacional; que o grupo chinês Haitong comprou o BESI; que o grupo privado (?) chinês Fosun comprou a Fidelidade e a BES Saúde, hoje Luz Saúde… Felizmente, nessa altura, Passos Coelho sabia muitíssimo bem de que maneira é que o interesse público estava definido e defendido. É uma pena que não tenha decidido partilhar essa definição e essa defesa com os seus concidadãos. Mas, claro, este caso da TAP é gravíssimo. Enfim, provavelmente há uma relação umbilical: com mercados em baixa, a hipocrisia política está em alta.» Nicolau Santos in Da hipocrisia na política europeia e portuguesa – Expresso Diário 15fev2016, via Estátua de Sal.
  • O Ocidente critica a Rússia pelos ataques que faz na Síria, mas ao mesmo tempo congratula-se pelo êxito dessas operações contra o Daesh e contra o terrorismo. Depois do envolvimento da Rússia no conflito, o ocidente passou a falar de vítimas civis, mas até aí, enquanto os EUA e os seus aliados bombardeavam o Daesh em 2014, nunca falou nisso. Porque será que agora, os mesmos que apoiaram a carnificina do Iraque e não tiveram pejo em divulgar cenas daquela carnificia, agora fingem ser humanitários preocupados? «Bombas ocidentais - boas, libertam pessoas; Bombas russas – más, matam civis inocentes» será isto o que querem dizer? RT.
  • O Toronto Star de 15 de fevereiro insiste numa estória publicada em 9 de janeiroSumário: Uma empresa de reciclagem público-privada para reciclar pneus recebe 4.25 dólares por cada pneu vendido, o que, num ano, representa 80 milhões de dólares. Á sombra desses milhões, não faltam jantares bem regados, passeios de barcos, estadias em hotéis de luxo e outras mordomias. E ainda donativos para as campanhas eleitorais do partido Liberal. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Lambretas que consomem energia solar atingem mais de 100 Km/h

Gerês - A caminho da Fonte Fria. Imagem de Luís Seara de Sá 14fev2016.

A Current Motor, uma empresa de Michigan, acaba de disponibilizar lambretas elétricas que podem ser carregadas em 5 horas através de painéis fotovoltaicos. As lambretas podem transportar 45 Kg de carga e atingir a velocidade de ponta de 112 Km/h. EcoWatch.

Reflexão: Os impostos não fazem os combustíveis caros. Eles são caros porque as petrolíferas impõem preços caros, que ninguém controla.

Alqueva. Foto captada aqui.

Preços dos combustíveis em Portugal sem impostos superiores aos da U.E., mas ninguém protesta nem atua, denuncia Eugénio Rosa em estudo publicado em 13 de fevereiro.

Toda a gente protesta contra o aumento do imposto de 6 cêntimos/litro sobre os combustíveis, mas ninguém protesta contra os preços e lucros exorbitantes da GALP e das outras petrolíferas. A duas entidades reguladoras, a Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis e Autoridade da Concorrência, não controlam nada, acabando os lucros exorbitantes das petrolíferas por não pagarem impostos em Portugal por terem sido transferidos para outros países.

Segundo os dados da Direção Geral de Energia do Ministério da Economia, os preços da gasolina e do gasóleo em Portugal foram, em 2014, sistematicamente superiores aos preços médios sem impostos praticados na União Europeia, e essa diferença tem aumentado perante a passividade geral.

Em janeiro de 2015, o preço do gasóleo sem impostos em Portugal era superior em 5,4% ao preço médio sem impostos praticado na União Europeia, mas em dezembro de 2015 já era superior em 10,8% (mais do dobro); e o preço da gasolina 95, sem impostos também, em janeiro de 2015 era superior ao preço médio da gasolina sem impostos na União Europeia em 5,4%, mas em dezembro do mesmo ano era já superior em 12,4% (mais do dobro). E ninguém protestou, e nenhum órgão de comunicação social denunciou esta situação escandalosa, nem os reguladores nem o governo atuaram contra esta prática que lesa os consumidores.

A causa principal do preço de venda ao público elevado dos combustíveis em Portugal não são os impostos, como as petrolíferas e os seus defensores querem fazer crer. A causa é o elevado preço sem impostos praticados pelas petrolíferas, o que lhes permitem obterem lucros exorbitantes, que ninguém controla e que ninguém denuncia.

Bico calado

  • José Azevedo Pereira, diretor geral dos impostos entre 2007 e 2014, sobre os contribuintes de alto rendimento: em Portugal, duzentas e tal famílias «especiais» só pagam 0,5% de IRS ao Estado, quando deveriam ser mil ou mais a pagar entre 20-25%, como em outros países.
  • «A nova administração da TAP prepara-se para vir ao Porto contar a história da Carochinha aos autarcas. Na mão, leva um papel segundo o qual os voos para Barcelona, Milão, Roma e Bruxelas dão um prejuízo anual de oito milhões de euros. E, num prodigioso exercício de fantasia, a administração da TAP reconhece que essa perda aconteceu apesar de as ligações terem taxas de ocupação entre os 78 e os 85%. (…) Era por isso bom que essa visão fosse assumida de uma vez por todas e não nos viessem com contas suspeitas como a dos prejuízos dos voos que vão ser suspensos numa altura em que se vai começar a viajar do Porto para Varsóvia por menos de 40 euros. Era bom que nos explicassem por que razão os voos para Barcelona ou Milão ou Bruxelas com partida em Lisboa dão lucro e os do Porto são prejuízo. Têm taxas de ocupação superiores a 85%? Mesmo assim não chegaria, porque no caso do Porto, diz a business intelligence da TAP, teria de chegar aos 116%. Têm preços mais caros? Não podem, porque assim perderiam lugares para a concorrência. Têm custos operacionais mais baixos? Mas como, se afinal não se cansam de nos dizer que o aeroporto da Portela está com problemas de sobreocupação? (…) Mais, a TAP não só quer colocar o Porto à margem da sua estratégia como desenhou até um plano para lhe disputar uma faixa significativa do seu mercado natural, o da Galiza, criando um voo diário entre Vigo e Lisboa. (…)» Manuel Carvalho in A Carochinha a voar na TAP – Público 14fev2016, via O voo do corvo.
  • «(…) Na qualidade de mecenas, gostaria ainda que, sempre que ajudo a resgatar um banco, me passassem factura. Creio que é o mínimo que podem fazer. Não sei que parte me cabe nos cinco mil milhões de euros usados para salvar o BES, mas tenho a certeza de que se trata de uma despesa que poderei descontar no IRS, juntamente com a conta da farmácia.(…)» Ricardo Araújo Pereira in Com factura, se faz favorVisão 11fev2016.
  • «O dr. Pedro Passos Coelho declarou, à puridade, ser social-democrata, ideologia que nunca praticou nos quatro anos e tal em que governou o país. Temo, aliás, que, dos fundadores do PSD, apenas dois, Francisco Pinto Balsemão e Magalhães Mota, possuíam noções do que era, ou seria, a social-democracia. Nem mesmo Francisco Sá Carneiro, porque demasiado autoritário, seria social-democrata genuíno. Quando muito, demoliberal. (…) O PSD foi estruturado numa mistura insólita de proveniências. Nele se acolheram republicanos sossegados, fascistas à procura de telhado, dissidentes do salazarismo à espreita de melhor futuro e desempregados da política. Esta "mixurucada" era uma confusão de tal ordem que o próprio Sá Carneiro com ela não se entendia. E disse-o a quem o quis ouvir. Afastou-se, foi a Londres, adoeceu ou não, e, depois, impôs o seu estilo e ânimo a um partido que, rigorosamente, não existia. O partido era Sá Carneiro, tal como ele concebia a sociedade e o mando. De social-democracia, nem o cheiro. Aliás, não é de estranhar: poucos sabiam o que a definição queria dizer. E nunca mais nenhum curou de saber. Os discursos e as notas políticas de Sá, reunidos em volumes, nada adiantam, e, pior, não esclarecem o seu pensamentoBaptista Bastos in Estamos todos em perigoJNegócios 12fev2016.