domingo, 4 de outubro de 2015

Bico calado

  • O Ayuntamiento de Sevilha multou a construtora Vcatrasa S.L. em 4.500 euros por esta ter demolido um edifício e não ter mantido a sua fachada. La Informacion.
  • «Pára de ficar rezando e batendo no peito. O que eu quero que faças é
 que saias pelo mundo e desfrutes da tua vida. Eu quero que gozes,
 cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz.
 Pára de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. A Minha casa está nas 
montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e
 expresso o meu amor por ti. Pára de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras
 um pecador.
 Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver
 comigo. Se não podes ler-me num amanhecer, numa paisagem, no olhar
 dos teus amigos, nos olhos do teu filhinho… não me encontrarás em
 nenhum livro…
 Pára de tanto ter medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me
 irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
 Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz… Eu te 
enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de
 necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso
 castigar-te por seres como és, se fui Eu quem te fez?
 Crês que eu poderia criar um lugar onde queimar todos os meus filhos,
 que não se comportassem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de
 Deus pode fazer isso?
 Esquece qualquer tipo de mandamento  que em ti só geram culpa, são
 artimanhas para te manipular, para te controlar. Respeita o teu
 próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti. A única 
coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que o teu estado
 de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua
 vida um céu ou um inferno.
 Pára de crer em mim… crer é supor, imaginar. Eu não quero que 
acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada,
 quando agasalhas a tua filhinha, quando acaricias o teu cão,
 quando tomas banho de mar.
 Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra acreditas que Eu seja? Tu
 sentes-te grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas
 relações, do mundo. Expressa a tua alegria! Esse é o jeito de me
 louvar.
 Pára de complicar as coisas e de repetir como um papagaio o que te 
ensinaram sobre mim. Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro de ti… aí é que estou.» Baruch Espinoza (1632-1677), Visão.
  • «O livro do não sei o quê [Livro do Desassossego] aborrece-me até à morte. A poesia do heterónimo Álvaro de Campos é uma cópia de Walt Whitman; a de Ricardo Reis, de Virgílio. Pergunto-me se um homem que nunca fodeu pode ser um bom escritor (…) o que me interessa nos prémios é o dinheiro e não o prestígio. Esse é dado pelos escritores, não o inverso». António Lobo Antunes, El País 19set2015.
  • «O estribilho: “Menos Estado, melhor Estado” tem sido o respaldo deste embuste, apoiado. Aliás, por uma Imprensa acrítica, por uma televisão emasculada e por uma rádio cada vez mais obediente, salvo nos casos em que as excepções confirmam a regra. Nada destes pormenores tenebrosos tem sido apresentado ao público. Tudo tem sido camuflado com números e estatísticas destinados a confundir a verdade dos factos. O pior é que jornalistas pagos pelo pouco escrúpulo servem estes amos tripudiando sobre os legados honrados de uma Imprensa que, mesmo nos tempos mais ominosos, manteve a dignidade operosa. Com mágoa e desalento indico a SIC como a estação que mais fretes tem feito ao poder. Digo-o com pena: trabalhei lá, nos tempos de Emílio Rangel, e senti a chama que só existe no contentamento e o ímpeto que só nasce da satisfação do trabalho que realizamos. Um equilíbrio que se perdeu e uma nebulosa que pretende confundir-nos com números e estatísticas, em detrimento do calor humano exigido e exigível. Perdeu a combatividade e a frescura determinada pela variedade dos preopinantes; agora, já sabemos, de antemão, o que vão dizer aqueles que aparecem. Uns chatos e uma chatice. (…) A perturbadora manipulação a que temos sido submetidos faz lembrar, e não muito tenuemente, tempos antigos, de que muitos de nós ainda se lembram. Há uma poderosa ofensiva contra a inteligência e contra a revelação dos factos. Os programas das televisões parecem tratados de bestificação. O futebol, esse, está a todas as horas e a todos os instantes: antes, durante, antes e depois. E provoca comiseração ver jornalistas que nos habituámos a admirar e a respeitar predispostos a colaborar na infâmia, a troco de uns tostões miseráveis. Não esclarecem, não criticam, não advertem. O que está por detrás de tudo isto é algo de tenebroso e de maléfico. É preciso e é urgente sacudir a ignomínia do nosso círculo. Estamos todos em perigo.» Baptista Bastos, JNegócios 2out2015.
  • «Como se tratava de uma fraude empresarial, com claro dolo criminoso, e atingia uma das maiores empresas privadas alemãs, cujo objectivo é, sem ambiguidades, ganhar mais dinheiro através da manipulação de um produto destinado a enganar consumidores, a lei e a regulamentação de vários estados, fui ao principal arauto do mundo empresarial, da “liberdade” das empresas, dos méritos das empresas privadas e dos malefícios das públicas, ou seja ao Observador. O Público e o Diário de Notícias tinham na primeira página com destaque as últimas notícias sobre a fraude e o elevado número de carros atingidos. O Observador nada em destaque, a notícia está lá para o fundo arquivada, e, pelos vistos, dos 18 artigos de opinião, ainda activos na página, ninguém considerava relevante falar da fraude da Volkswagen. Para grandes defensores do capitalismo, vulgo “economia de mercado”, o silêncio é interessante.» Pacheco Pereira, Sábado 2out2015.

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