quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Reflexão – cuidado com a RNAi


Já imaginou cortar uma maçã às fatias e elas não escurecerem com o passar do tempo? A tecnologia RNAi permite isso. O ministério da Agricultura e da Alimentação dos EUA já aprovou as licenças para a comercialização destesnovos tipos de de maçãs transgénicas apesar de várias preocupações manifestadas por investigadores e que ainda estão a ser analisadas pelo ministério do Ambiente. Os transgénicos tradicionais foram alterados através de manipulação genética - uma técnica que geralmente adiciona uma nova sequência genética de DNA da planta. Mas estes transgéncios RNAi não revelam quaisquer novos genes. Em vez disso, eles foram criados por desligar ou ‘suprimir’ determinados genes pré-existentes nos vegetais e frutas.
A RNAi não é novidade. Já nos anos 1990s  tinha sido utilizada na indústria alimentar e na biotecnologia para alterar certas frutas e vegetais, para retardar o amadurecimento numa variedade de tomate transgénico, para aumentar a produção de uma soja de ácidos graxos monoinsaturados saudável, e para fornecer feijão, a ameixa Europeia, e a imunidade papaia havaiana de vírus de plantas.
Esta tecnologia tem mãozinha de um luso descendente: Craig Mello, neto de emigrantes açorianos, biólogo, prémio Nobel 2006, cunhou o termo RNAi com Andrew Fire em 1998. 
Nessa altura, pensava-se que a tecnologia seria utilizada principalmente na investigação biomédica para desenvolver tratamentos para infecções virais, doenças cardiovasculares, cancro e outras problemas médicas (por exemplo, desligando genes-chave em patógenos ou silenciando um gene que causava níveis altos de colesterol no sangue etc). Posteriormente, esta tecnologia foi desenvolvida para combater pragas.
A gigante Monsanto apareceu com o milho transgénico SmartStax Pro, MON 87411, com esta tecnologia, armado de uma arma contra a diabrótica, um inseto que dizima culturas de milho. Ao comer esse milho transgénico, a diabrótica ficaria sem o Snf7, um gene essencial para a sua sobrevivência. O MON 87411 pode matar insetos, mas que impactos terá sobre setos bons que venham a ingerir esse milho transgénico? Que impactos haverá sobre o ambiente e a saúde humana? Essas são as questões que o ministérrio do Ambiente dos EUA deverá ponderar. A poderosa Monsanto já veio garantir que as moléculas RNAi não entram na corrente sanguínea pois são destruídas no ambiente ácido dos intestinos. Mas em 2011, investigadores da universidade chinesa de Nanking, descobriram que moléculas microscópicas de RNA inseridas em arroz e outras plantas tinham sido detetadas nas correntes sanguínjeas de ratos e de pessoas. Pior: essas moléculas tinham suprimido genes que reduziam o nível de cholesterol no fígado, efeito que poderia potenciar a subida dos níveis de colesterol no sangue e contribuir para doenças cardíacas. A idênticas conclusões chegou Vicki Vance, professora de biologia da University of South Carolina, pelo que recomendava muita cautela, apesar de ser publicamente defensora dos transgénicos. O prémio das suas revelações foi sido irradiada de comunicações científicas sobre segurança biológica e transgénicos. EIJ.

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